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História Per havere nasciuto. - Per havere nasciuto.


Escrita por: naru-chan

Capítulo 1 - Per havere nasciuto.


O sol se punha. A jovem permanecia em pé, em frente ao túmulo da pessoa com a qual durante tantos anos havia compartilhado sua vida. Enquanto isso, uma forte chuva caía, encharcando seus longos cabelos negros e manchando a maquiagem de sua linda face que parecia ser capaz de demonstrar apenas uma expressão vazia. Seu rosto imutável permanecia da mesma forma, enquanto memórias de um passado não muito longínquo invadiam seus pensamentos.
Como ela seria capaz de esquecer seu primeiro encontro? O primeiro olhar, aquele breve instante que pareceu infinito. Era um sentimento desconhecido, mas que lhe enchia de esperanças, acalmando seu coração e espírito de uma forma tão intensa que simples palavras não seriam capazes de descrever.
Mas agora tudo não passava de uma ilusão, de um passado que deixou marcas. Seria possível esquecer aquele amor? O único ao qual ela fora capaz de entregar seu coração... e todo seu ser.
Recordava-se dos tempos de menina, dos dias felizes que passaram juntos, inicialmente escondendo seu romance do mundo mas, mesmo secretamente, partilhando de um sonho em comum: permanecerem juntos para sempre. Jamais esqueceria as longas conversas que muitas vezes duravam toda madrugada, dos sorrisos dados com gosto, dos beijos apaixonados que lhe fazia tremer as pernas. Do jeito romântico dele de ver a vida... de suas sempre tão belas palavras, como se um poeta fosse parte de seu ser... da forma como ele via o amor... como apenas um nome, uma invenção da humanidade. Já dizia Shakespeare, "Jamais uma flor perderá seu perfume se nos referirmos a ela com outro nome". O verdadeiro significado do amor está por trás da palavra, encontra-se no sentimento, nas ações, no coração. Como ele era capaz de amá-la tanto? Seria realmente possível tamanho desejo de permanecer ao seu lado? De apenas acariciá-la, sentir aquele toque suave de uma mão tão delicada, ver seus belos sorrisos, beijar seus lábios. Por que uma simples mulher fora capaz de desarmar suas defesas daquela forma? Com apenas uma palavra conquistar seu respeito e admiração, com um sussurro surpreendê-lo, com um olhar subjugá-lo?
Seria concebível tamanha felicidade durar para sempre? Um afeto tão grande por outra pessoa, seria real? Talvez não passasse de um sonho magnífico. Era isto que ele se perguntava todas as noites deitado em sua cama... mas então se lembrava daquele dia maravilhoso, de seu casamento; não havia nada mais real do que o nervosismo da espera, a felicidade que tomou conta de seu ser no momento em que juras de amor foram feitas perante todos, na troca das alianças, simbolizando finalmente aquela união...
Ela se lembrava com afeto dos singelos comentários do marido, do brilho que seus olhos demonstravam. Aquele seu jeito sempre tão calmo, sua personalidade tão pacífica, sua mão sempre estendida, pronta para ajudá-la a superar os obstáculos que o dia-a-dia lhe impunha.
Memórias de um casamento feliz, do companheirismo, da cumplicidade. Ah! Como a vida era perfeita.Nada era capaz de desanimá-los, pois estavam juntos.
Mesmo as discussões tolas que às vezes apareciam em seu caminho, não tinham força suficiente para separá-los. Era como se uma linha inquebrável juntasse seus corações, de forma a torná-los um.Que fosse imortal enquanto durasse? Não, que apenas fosse imortal, superando as barreiras da morte... era esse o desejo que compartilhavam.
Tudo agora não passava de um sonho, de uma realidade distante que era capaz apenas de abrir uma ferida ainda maior em uma alma já destroçada.
Lágrimas silenciosas percorriam seu rosto... ela ansiava naquele momento por um abraço cálido do marido, de palavras de conforto... mas isto era impossível ... nunca mais os dois trocariam carinhos e olhares. Por quê? Sempre foram capazes de vencer qualquer batalha! Juntos eram invencíveis... sentia-se desamparada...
Ficaria marcado para sempre o fatídico dia em que ela descobriu a doença que pouco a pouco consumia a vida de seu anjo?
Ele recebeu a notícia, de cabeça erguida, sempre com um doce sorriso. Naquela noite, faltaram lágrimas a serem derramadas... pois todas as que tinha não foram suficientes para aliviar a dor que fora infligida a sua vida... a seu coração... a sua alma. Sua mais vívida lembrança, foi o abraço carinhoso e cheio de um verdadeiro sentimento que ele lhe deu... fazendo com que sua dor fosse abrandada ... transformando lágrimas de tristeza em um sorriso...
Por que a realidade tem de ser tão dura? Por que um amor tão perfeito não pode durar para sempre?
Seria aquela grave doença a responsável por uma separação precoce? Não... ela não seria capaz de viver sem seu anjo. E para salvar a vida dele, seria capaz de tudo.
Lutou como ninguém para salvá-lo. Ansiava protegê-lo. Percorreu o mundo em busca de alguém que pudesse ajudá-lo. E, a cada dia, sentia a força do marido diminuir. No entanto, o brilho daquele olhar tão gentil, continuava inalterado. No fundo daqueles olhos já marcados pelo cansaço, via a esperança, o amor, a gentileza de sempre. Seus sentimentos em relação a ela, apenas cresciam. Mesmo o corpo cansado, não abalava o espírito daquele homem-anjo... e nem seus fortes sentimentos... Mas em seu interior, a verdade lhe atormentava, pois sabia que logo sua vida chegaria ao fim. E não poderia mais protegê-la, tocá-la, ver aquele sorriso que o conquistou em seu primeiro encontro. Seus sentimentos eram feridos ao ver a esposa lutar tanto para salvá-lo, sabendo que seria em vão. Nada poderia ser feito, seu tempo esgotava-se, junto com suas forças. A morte era, para ele, apenas mais um caminho a ser percorrido... ele esperava continuar para sempre ao lado da mulher... no entanto, sabia que seu desejo, jamais se cumpriria.
Foi naquela tarde fria que enfim ele a impediu de continuar, segurou sua mão encarou aqueles olhos de uma mulher inconformada... Sorriu da mesma forma em que se viram pela primeira vez... despediu-se com uma palavra que jamais será esquecida por ela... e, por fim, partiu para sempre daquele mundo. O maravilhoso anjo se fora... finalmente desaparecendo...
Agora a esposa ferida estava diante de um túmulo. A chuva que há muito parara de cair, encharcou seu corpo, e ela continuava a perguntar-se o que tinha sido a existência de seu marido, qual foi o significado da perda de uma vida tão jovem... de alguém tão maravilhoso. Por que ele não pode viver mais, muito mais...??
Seu maior temor era que o tempo pouco a pouco lhe tomasse as preciosas lembranças que tinha daqueles dias felizes... Queria guardar para sempre em suas memórias o cheiro do doce perfume que ele usava, as gentilezas sutis que fazia, o jeito desarrumado de seu cabelo que teimava em crescer... Queria poder para sempre guardar cada detalhe, cada recordação, por menor que fosse... Mas sabia que o tempo é capaz de tudo, até mesmo de borrar a imagem da pessoa que mais amamos... lágrimas silenciosas continuavam a rolar por uma face marcada pela tristeza... a dor inconsolável, consumia suas forças... tirava-lhe a vontade de viver...
Talvez fosse melhor acabar com sua existência fútil... sabia que jamais voltaria a conhecer tamanha felicidade, seria mais fácil... bastaria apenas um segundo de dor, e então tudo estaria acabado... finalmente estaria livre. Quem sabe desta forma não pudesse reencontrar seu anjo?
Mas então aquele terrível pensamento foi envolto pela imagem do marido; este a olhava de uma maneira triste, decepcionada...
Ela se assustou... era como se tivesse retornado de um pesadelo distante. Fora mesmo capaz de pensar em tirar sua vida? Como aqueles pensamentos tão covardes foram cogitados?
Não... continuará a viver... buscará em sua existência uma razão para ser feliz em memória dele... em memória de seu anjo:

" - Lo sono gratta per havere nasciuto in questo mondo... In qua sono junto de te."

 



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