História Pierrette - Um baile... Um beijo...

Coringa ria e ria enquanto se olhava num espelho distorcido. Ele vestia-se com um vestido roxo de bolas verdes.
Assobiava e cantarolava com tanta alegria que, pensava eu, nem percebia que o observava.

Seu quarto estava completamente iluminado e alguns fogos de artifício estouraram, saídos da cabeça do palhaço.

Tudo parecia tão ridículo que não me aguentei e dei uma sonora gargalhada. Tampando minha boca, arrependida, tentei fugir das vistas de Coringa, mas ele parou em minha frente, sorrindo e tocando meu queixo com seus dedos longos, finos, gelados e translúcidos.

Para minha surpresa ele não falou nada, só ficou me olhando, olhando de uma forma que parecia que entrava dentro de mim e via tudo que eu pensava:

-- Provavelmente você acha que pode me enganar... Há Há Há!

-- Não acho nada disso!

-- Então explique, o que pretende me espionando?!

-- Eu vim aqui propor um acordo.

-- Não é meio tarde, meu amor?! -- disse Coringa, envolvendo minha cintura com seus braços e me pegando no colo.

-- Você podia ser mais.

-- Eu sempre me supero, e você sabe disso.

No fundo ele tinha razão, mas eu mesma não entendia nada do que ele planejava. Será que eu tinha mesmo que entender?!

Eu tentava pensar, mas o Coringa simplesmente não deixava, colando seus lábios nos meus e não saindo mais.

-- Não perca seu tempo, aproveite o prazer que é uma piada, minha belezura. Bruce simplesmente é mais um brinquedo, mas não é interessante que ele perceba.

-- E eu sou uma escrava sexual?!

-- Não, és minha Pierrette e nem faz ideia do que isso significa!!! Você é o meu oposto, aquilo que preciso para viver. Para existir.

-- E essa história de Julian.

-- Certas coisas necessárias de acontecer não tem lógica o Coringa fazer. -- E me beijou de novo, me carregando até sua cama. Onde simplesmente gastou muito de suas forças comigo.

De repente, já não estávamos no quarto do Coringa, mas sim no salão onde fui transformada em Pierrette.

E, no meio do salão estávamos dançando valsa. Nunca pensei que ele pudesse dançar tão bem.

No fundo, meu coração apertado estava pulando e, mais uma vez, Coringa trocava ou com a aparência de Bruce ou com a aparência de Julian, a cada vez que me beijava; como no final do filme da Bela Adormecida, que ia mudando a cor do vestido de azul e rosa.

Mas aquele não era o baile que Bruce prepararia, era... era pior do que parecia!

Bárbara, vestida com um lindo vestido azul apareceu e Coringa me soltou, fazendo com que eu fosse de encontro com Bárbara e, agora, do mesmo jeito que ele se transformava eu comecei a ir trocando de lugar, umas vezes era Rafaela, outras era Pierrette e outras era Bárbara.

No fim das contas, Coringa tomou minha mão, eu já voltando a ser Pierrette, dizendo:

-- Preste atenção, amanhã tudo pode acabar ou pode continuar. Até amanhã, meu amor!