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História Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - A Ilha Cinnabar


Escrita por: Valerei

Notas do Autor


Estou aqui, meses depois, para trazer um capitulo pra vocês.
Me desculpem pela demora, e por esse imenso hiatus, foram várias coisas que me levaram a me afastar do site, mas isso não importa agora.
Esse capitulo é BrendaXBecca. Pensei em já abordar as Ilhas Cinnabar para adiantar o ginásio, pois quando os personagens principais chegarem na ilha eu vou ter no minimo uns 3 plots diferentes para trabalhar, então já introduzir a ilha aqui ajuda bastante a acelerar as coisas, e claro, Red, Blue, Yellow e Green vão passar dois dias em Fucshia fazendo altos nada, então ao invés de cortar e iniciar com "Dois dias depois..." e fazer eles partirem pra Saffron, preferi usar esse tempo. Pra quem gosta dessas personagens, sugiro que curtam, pois acho que elas só vão aparecer aqui novamente na liga Pokémon.
Lembrando que o arco delas foi trabalhado em parceira com o @Rasoga, e agora eu mesma sou co-autora da fanfic dele, então vocês que me leem tem obrigação de ler a fanfic dele também! Vou deixar o link nas notas finais, passem lá e favoritem!

Capítulo 51 - A Ilha Cinnabar


Fanfic / Fanfiction Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - A Ilha Cinnabar

Horas antes, no S. S. Anne...

< Por Brenda >

Bufei pela quinta vez, chutando os lençóis para longe. Como esse lugar podia ser tão quente? Nem o pequeno ventilador de parede dava conta. É... digamos que a minha viagem no S.S. Anne não estava sendo nenhum cinco estrelas, talvez porque eu não tivesse pago o pacote da 1ª classe, e estava viajando de graça com o pacote de treinador, algo que não era nada confortável.

O S.S. Anne era um imenso navio de cruzeiros, que partia todos os dias da cidade de Vermilion as 16h00 e da Ilha Cinnabar as 8h00, indo e vindo entre seus destinos sem parar, levando e trazendo turistas e treinadores. A viagem era longa, durava a noite inteira e o dia todo, mas por ser um navio de luxo ninguém tinha muita pressa pra desembarcar, a não ser que você estivesse na 2ª classe, que era o meu caso.

O navio era dividido entre dois tipos de viagem. A 1ª classe tinha direito a jantar na ida, almoço na volta e café da manhã em um restaurante de luxo, bem como comes e bebes a vontade durante todo o dia. O quarto era uma suíte magnífica e ampla, com ar condicionado, frigobar com tudo o que estiver lá dentro incluso e uma TV de tela plana, bem como direito a piscina e ao show ao vivo no bar do navio. Já a 2ª classe – o pacote de treinador gratuito, financiado pelo governo – tinha direito apenas ao café da manhã no mesmo restaurante em que os funcionários do navio comiam, e a um quarto de solteiro minúsculo, só com uma cama, umas prateleiras pra por pertences, um ventilador e um banheiro microscópio. E, diferente dos quartos da 1ª classe que eram no meio do navio e tinham amplas janelas, os da 2ª classe eram na parte de baixo, que ficava submersa no mar, ou seja, não tinham janelas. O lugar era quente e claustrofóbico.

Como só saia um navio por dia do porto de Vermilion, eu sabia que Rebecca devia estar embarcada nesse, mas não a encontrei quando fui comprar algo pra comer no refeitório, nem no corredor dos quartos, ou na proa do navio. Isso só confirmou algo que eu já esperava: ela devia ter pagado a 1ª classe. Eu quase conseguia imaginá-la sentada a borda da piscina do navio com um bonito biquíni, comendo frutos do mar e se refrescando com um suco gelado, coisa que eu nunca teria condição de fazer.

Tentei deixar os pensamentos acerca de Rebecca de lado, as chances de eu encontra-la na CP da ilha ou até no próprio ginásio eram grandes e eu não sabia bem qual seria minha reação e muito menos a dela. Levantei da cama irritada, meu corpo e meu pijama encharcados de suor. Decidi tomar um banho frio e dormir seminua, pra ver se o vento daquele ventilador conseguia ao menos fazer cócegas no minha pele, e assim tentar dormir.

Na manhã seguinte, na Ilha Cinnabar...

Era muito bom pisar em terra firme, estava bem enjoada da viagem. Uma multidão desembarcava comigo no porto da ilha, entre eles jovens treinadores e turistas com roupas coloridas e florais, fazia muito calor nas Ilhas Cinnabar, por isso estava usando uma regata branca, um short jeans e tinha meus dreads presos em um coque. Segui o fluxo, passando do porto e seu chão de madeira, até pisar na areia da praia e mais pra frente entrar em uma vila, pequena demais para o tanto de gente que ocupava suas ruas de tijolos. Casinhas baixas ocupavam grande parte do lugar, sendo que era possível ver os hotéis mais um fundo da vila, de vários tipos, maiores do que as casas e atrás deles, ainda maior e ainda mais imponente, acima de todo e qualquer hotel estava o vulcão semi-adormecido Cinnabar, sendo ele que dava nome à ilha. Ele ainda tinha lava no fundo, mas não tinha risco algum de entrar em erupção.

Era quase impossível andar na calçada sem esbarrar ninguém, havia barracas vendendo todo o tipo de coisa, os moradores da Ilha ganhavam a vida com o turismo, provavelmente, armavam suas barracas bem ali na rua principal que levava aos hotéis para receber os turistas e tentar vender suas coisas, que eram desde comidas típicas, a biquínis e artefatos de praia, roupas bem coloridas e floridas da cultura local, jarros e peças de cristais, bijuterias, miçangas e pequenas lembrancinhas da ilha. Eu estava ao mesmo tempo perdida e fascinada, queria parar em cada barraca e dar uma olhada no que era vendido, mas sem comprar nada porque eu não tinha nem dez reais. Quando chegasse ao CP da cidade – que eu não fazia a menor ideia de onde ficava – ia pedir aos meus pais para mandarem mais dinheiro.

— Hey, minha jovem! – ouvi uma voz masculina gritar. – Venha cá! Venha ver essas maravilhas feitas do mais puro cristal! – me virei para a direita e um homem já de idade com a pele parda marcada pelas rugas que começavam a aparecer, estava gesticulando para mim e me chamando até a sua barraca. Aproximei-me automaticamente para olhar as brilhantes e cristalinas peças feitas de cristal, tinha vasos, taças, copo, pratos, travessas, esculturas, tinha de tudo.

— São muito lindos – sorri para o moço, enquanto olhava as peças, mas evitava pegar, pois não queria quebrar.

— Não só isso! São resistentes e extremamente raros! Esse tipo de cristal só é encontrado no arquipélago das ilhas laranjas, em uma caverna que é repleta de lagos de águas muito cristalinas, os cristais são extraídos de lá e trazidos de barco até a aqui! E o mais interessante é que a ciência não consegue explicar como os cristais se formam, o que eles não sabem é que toda pedra de cristal bruto extraída da caverna caiu do corpo de um Onix, um Onix de cristal que vive nas profundezas dos lagos que ainda não foram explorados.

— Um Onix de cristal? – franzi a testa sem entender absolutamente nada. – Que vive em baixo da água? Impossível, ele morreria se ficasse muito tempo dentro do lago.

— Mas esse Onix não é feito de pedra, entende? É feito de cristal e gosta da água. Imagine comprar uma peça feita do cristal do corpo de um Pokémon único no mundo e...

— Ora, Geraldo, para de dizer toda essa baboseira para a garota. Ninguém nunca viu esse bicho – a mulher da barraca ao lado que vendia miçangas reclamou. Ela usava um vestido florido e tinha seu cabelo preto amarrado e coberto por um lenço.

— Eu o vi! O vi com meus próprios olhos! – exclamou Geraldo nervoso.

— Naquele dia em que você e seus amigos foram passar umas férias lá no arquipélago, e aproveitaram para ir a caverna extrair cristais? Você mesmo não disse que tinha  enchido a cara naquele dia, não? – debochou.

Geraldo bufou, como se estivesse irritado com o comentário, mas não pudesse discordar.

— Se vai comprar as peças dele, compre porque são bonitas e feitas à mão e não porque ele diz que vem de um bicho que viu. Muitos vendedores dizem as coisas mais absurdas para vender suas coisas, principalmente quando se trata de lendas antigas – me explicou a moça, enquanto Geraldo revirava os olhos.

— Mas eu não vou comprar nada – expliquei. – Estou meio sem dinheiro no momento – me afastei da barraca de Geraldo e me aproximei da barraca da moça. Sua superfície era coberta com colares, pulseiras e brincos, todos de miçanga, feitos a mão, com os mais diversos tipos de pedras e cores diferentes.

Fiquei apenas olhando as miçangas, até uma me chamar à atenção. Uma pequena pulseira de couro, um pingente minúsculo em formato de estrela, era vermelho e bem brilhante. Instintivamente peguei a pulseira, sabia bem quem iria adorar ganhar uma dessa de presente e senti meu coração apertar.

— Quase ninguém se interessa por essa, está ai faz muito tempo. Fiz com uma sobra de uma pedra – explicou a vendedora.

— É bem simples – disse sorrindo. – Mas muito bonita.

— Eu já estava pensando em da-la de brinde para a próxima pessoa que comprasse um colar, mas já que gostou dela, pode ficar pra você.

— Não! – exclamei. – Não posso aceitar, é o seu trabalho... Merece receber por ele. Quanto ela tá? – perguntei, pegando minha carteira no bolso lateral da mochila, abrindo-a e não vendo mais que uma de cinco, uma de dois e algumas moedinhas.

— Quanto você acha que ela vale? – perguntou sorridente.

Eu não queria ficar sem dinheiro nenhum, de fato, mas a pulseira havia me encantado de alguma forma, não que eu fosse usa-la, pois esse tipo de coisa não fazia o meu estilo, mas eu sentia que tinha que compra-la. Peguei a nota de cinco e estendi para a moça, que me sorriu agradecida, pegou e dinheiro e a pulseira da minha mão, colocando-a em um saquinho e me dando de volta. Guardei a pulseira na mochila juntamente com a carteira.

— A propósito, moça, você sabe-me dizer onde fica o Centro Pokémon?

Alguns minutos depois...

Já avistava o CP da ilha, depois de seguir as instruções da moça e ir até o final da rua principal que ligava o porto com a parte turística da cidade, acabei saindo em uma rua ao final da vila, bem larga. As casinhas foram substituídas por grandes hotéis, alguns prédios bem grandes e chiques e outros mais simples que combinavam mais com o clima da ilha, as barracas dos vendedores que faziam as ruas se abarrotar de turistas, foram substituídas por restaurantes e grandes lojas que estavam igualmente cheias. O Centro Pokémon ficava ali naquela mesma rua, adentrei-o pelas suas portas de vidro automáticas, a recepção não estava tão cheia. Eu sabia que muitos treinadores preferiam enfrentar a líder de Saffron primeiro, antes de virem até a ilha para desafiar o líder daqui, sendo esta a ordem recomendada pela própria Liga Pokémon, com Saffron fechada muitos treinadores acabaram voltando pra suas casas e aguardavam a cidade voltar a abrir e isso fazia com que a Ilha Cinnabar ainda não tivesse recebido um grande número de treinadores para desafiar o líder. Como eu não estava a fim de perder tempo, vim direto pra cá.

Dirigi-me ao balcão para reservar um quarto e notei uma figura, magra e esbelta, de cabelos ruivos e curtos, usando um macacão jeans, uma camiseta amarela e um par de tênis Vans, cor de vinho. Rebecca virou-se para ver quem tinha entrado, quando me viu fez uma cara quase indecifrável. Eu sabia que ela fora bem explosiva na última vez que nos vimos e que podia estar mais calma agora e pensando com mais clareza. Eu podia tentar uma conversa.

— Ah... você... – falou quando me aproximei.

— A própria – respondi. – Como foi sua viagem no S. S. Anne?

— Foi ótima – deu um meio sorriso. – E a tua?

— Péssima, 2ª classe não é lá essas coisas...

— Se tivéssemos vindo juntas eu podia ter pago sua passagem pra 1ª classe – falou normalmente, como se não tivesse sido ela que tivesse gritado que não queria mais viajar comigo e foi embora. Rebecca era assim, dava seus chiliques e depois fingia que eles não tinham acontecido, o que fazia com que nunca se desculpa-se pelas merdas que fazia.

Eu estava pronta para retrucar esse comentário dela, que havia me irritado ligeiramente. Até a Enfermeira Joy chegar ao balcão e chamar nossa atenção.

— Está tudo bem com seus Pokémons – disse a Joy sorridente, estendendo uma bandeja com seis Pokébolas para Rebecca.

— Valeu, Joy – agradeceu a ruiva, pegando a esferas e guardando nos bolsos do macacão. – A propósito, você sabe me dizer onde fica o ginásio? E quem é o líder?

— O ginásio fica dentro do vulcão Cinnabar – respondeu.

— Dentro do vulcão?! – bradou Rebecca sem entender.

— Sim, o topo do vulcão é utilizado como ponto turístico, os turistas sobem até lá e apreciam a vista. Ao olhar para dentro da boca do vulcão, é possível ver, bem em seu fundo, o campo de batalha, construído sobre a lava. Os desafiantes que querem desafiar o líder têm que adentrar o vulcão, é lá que fica o ginásio – explicou.

— Mas que tipo de louco construiria um campo de batalha sobre a lava? – me intrometi na conversa das duas. Isso era tão surreal quanto à história do Onix de Cristal.

— Blaine, é o líder. Foi ele quem construiu o lugar. É um cientista aposentado, trabalhou por muitos anos no Instituto de Pesquisa da ilha, e sempre foi apaixonado pelo vulcão, tanto que escreveu dezenas de artigos científicos sobre o lugar. Ele é muito inteligente e uma boa pessoa, mas... – ela se aproximou de nós e começou a cochichar. – Não sei se é a idade, ou o fato de ter passado tanto tempo no calor escaldante do lugar, mas ele não bate muito bem da cabeça não.

— O que quer dizer com isso? – indaguei.

— Ora... ele é meio excêntrico, fala umas coisas que não dá pra entender muito bem, fala sozinho e conta umas história sem pé nem cabeça, que jura de pé junto que são verdades – explicou.

— Bom... tanto faz – Rebecca virou de costas e começou a rumar em direção saída do CP. – Vou desafia-lo agora mesmo. Tu vem? – parou ao pé da porta para olhar pra mim.

— Hãm... Preciso reservar um quarto...

— Deixa disso, já reservei um, tem duas camas. Vamos – ela saiu pela porta e mal esperou minha resposta.

Fui andando em direção à porta um tanto confusa. Acho que era mais fácil para Rebecca esquecer o que tinha acontecido, do que parar para conversar sobre isso e pedir desculpas, pois eu ainda estava muito magoada. Acelerei o passo para alcança-la, vê-la se afastando de mim assim de costas, me fez lembrar de quando ela foi embora.

< Por Narrador >

Cerca de três anos atrás, na escola municipal da cidade de Pewter...

Alguns meses haviam se passado desde que as Olimpíadas escolares haviam acabado. Apesar do bom desempenho de ambas as garotas, nenhum de seus times conseguiu juntar pontos suficientes para ganhar o troféu daquele ano. Mas aquilo já era passado, os dias de aulas foram se passando e elas acabaram por nunca mais se falar, apenas se encaravam de longe, vez ou outra. Isso até o último dia de aula.

O fim do ano e o inicio das férias de verão deixava a garotada agitada, ambos conversavam sobre os planos que iriam fazer, enquanto caminhavam pelos corredores da escola se despedindo e indo embora. Brenda conversava com um grupo de cinco amigas e amigos, sobre irem até a pequena praia de Pallet nadar um pouco e curtir o verão, foram se dirigindo para fora da escola, até que, já lá fora, uma cena chamou a atenção dela.

Rebecca era rodeada por um grupo de pré-adolescentes que pareciam extremamente tristes, alguns até choravam, davam longos abraços na garota, enquanto ela assinava seus cadernos ou suas camisetas do uniforme, e vice versa.

— Brenda, vamos ir à lanchonete tomar sorvete e combinar como será a viagem, você vem? – indagou uma das amigas, chamando a atenção dela que estava, até então, distraída com a cena.

— Vão na frente, eu alcanço vocês – respondeu.

O grupo de jovens chorosos foi se dispersando e Brenda começou a se aproximar da ruiva, não que fosse a intenção dela puxar papo, só estava curiosa para saber o que estava acontecendo.

— Está dando até autógrafos agora, princesa? – questionou ela debochada.

— Ah... você – disse Rebecca ao virar e perceber quem estava falando. – Na verdade, estou assinando as coisas dos meus amigos porque eu vou embora.

— Embora? – indagou. – Vai viajar?

— Não, eu vou embora da cidade – e foi então que Brenda percebeu que a ruiva tinha os olhos marejados, aos quais ela fez questão de enxugar rapidamente. Brenda se sentiu mal por ter chegado toda debochada, Rebecca podia não ser a melhor pessoa do mundo, mas devia ser difícil pra qualquer um se mudar para longe e perder o contato com os amigos.

— Pra onde você vai?

— Celadon... – disse, enquanto entregava seu caderno para outra menina assinar. – Uma marca de roupa fez um contrato comigo por uns meses, e a agencia deles fica lá. Vai ser muito difícil pra mim ter que ficar indo pra Celadon umas três vezes por semana durante meses para fotografar e fazer os ensaios, então meus pais decidiram se mudar, já que lá tem bem mais oportunidades pra mim nessa área, e meu pai ainda fica perto do imóvel que esta alugado, ele viaja pra lá quase todo mês pra conferir o local, agora fica mais fácil pra todo mundo.

— Hum... entendi.

— Além de que, eles vão me matricular na escola particular de lá, uma das melhores, escola de elite e tudo. A mais cara de Kanto.

Brenda revirou os olhos, Rebecca era muito mimada pelos pais, chegava a ser até meio materialista, o que fazia da garota metida e um pouco irritante. Estudando em uma escola de elite, então...

— Bom... acho que a gente se vê por ai, então... – respondeu Brenda, meio sem saber o que dizer.

— Na liga Pokémon, com certeza – Becca abriu um sorriso determinado.

— É... – Brenda olhou para o caderno nas mãos da garota por alguns segundos. – Eu posso... posso assinar isso ai? Se você não se importar.

— Claro – respondeu Rebecca, meio que automaticamente. Havia ficado muito surpresa com o pedido da garota. Entrou-lhe o caderno, ao qual Brenda abriu em uma pagina e, com uma caneta em mãos, rabiscou rapidamente alguma coisa.

— Bom, eu já vou indo! Meus amigos estão me esperando – respondeu, devolvendo o caderno para Becca.

— Ok, tchau então.

— Tchau e até qualquer dia – deu as costas e começou a correr.

A ruiva parou para ler o novo escrito em seu caderno, que dizia o seguinte: “Para você não se esquecer da sua maior dificuldade durante sua jornada! Por Brenda Rocha :P.”

A ruiva abriu um meio sorriso, enquanto guardava o caderno na bolsa e rumava para sua casa, para começar a arrumar as malas e partir com seus pais.

Voltaram a se ver cerca de três anos depois, Brenda havia acabo de chegar à cidade de Fuchsia, e adentrava o Centro Pokémon quando deu de cara com Rebecca no balcão, embora tenha levado uns bons segundos para reconhecer a garota.

As roupas e acessórios ainda eram no mesmo estilo, só mais adolescentes do que antes, mas o cabelo ruivo, sempre abaixo dos ombros em um penteado perfeito, estava agora tão curto quanto o de Green.  Brenda não a reconheceria se não fosse pelos mesmos olhos cor de mel atrás do vidro dos óculos, e as densas sardas.

— Rebecca? – indagou.

— Olha só quem apareceu... – falou, quando se virou para olhar quem tinha chamado. Reconheceu a garota de imediato e até se surpreendeu com o visual. – Gostei do cabelo – disse, levantando a mão para tocar os dread pintados de azul que Brenda possuía.

A garota sempre se irritava quando as pessoas pensavam que tinham o direito de tocar em seu cabeço sem pedir permissão, gostavam de sentir a “textura”, como se o cabelo dela fosse de outro mundo, ou ela fosse algum tipo de Pokémon recém-descoberto em exposição.

Mas não sentiu repulsa quando Rebecca estendeu a mão e tocou um de seus dread momentaneamente, a ruiva estava surpresa e elogiando a cor do cabelo, e Brenda não se irritou com isso. Foi então que notou que as unha da ruiva, antes sempre compridas e bem pintadas, agora estavam curtas e sem cor. Apesar disso, Rebecca ainda esbanjava muita feminilidade.

— Você também está bem diferente – disse Brenda. – Por que resolveu cortar o cabelo tão curto?

— Mudar o visual um pouco, enjoei do meu cabelo. Eu tinha tanto trabalho e perdia tanto tempo com ele pra nada, cortar foi libertador – explicou, enquanto recebia seus Pokémons de volta da Enfermeira Joy.

— Mas e ai... como está a jornada? – perguntou Brenda

— Ah... – a ruiva fez menção de começar a falar, mas acabou lembrando-se de algo. – Hey, eu tenho um ensaio fotográfico de uma marca de roupa pra fazer hoje, aqui em Fuchsia. Minha mãe normalmente me acompanha, mas hoje ela não pode vir. Que tal vir comigo, e ai a gente vai colocando a conversa em dia?

— Bom... – hesitou. Se alguém as visse assim, conversando animadamente no balcão do CP, pensaria que eram amigas de longa data, mas esta deve ter sido uma das conversas mais compridas que as duas já tinham tido. Teria toda aquela baboseira da pré-adolescência ficado pra trás? Talvez a falta do clima escolar e o fato de estarem rodeadas de diversas outras pessoas que formavam seus grupos de amigos, as tivessem feito perceber que não eram tão diferentes assim. – Tudo bem.

Saíram do Centro e foram caminhando lado a lado pela tranquila cidade de Fuchsia, enquanto conversavam sobre os últimos anos escolares que passaram em escolas diferentes e sobre como suas jornadas tinham ido até ali, os Pokémons que capturaram e as insígnias que conseguiram, esquecendo-se completamente que eram rivais.

Rebecca e Brenda se dirigiram até uma pequena casa branca, que tinha um banner na frente que informava que o local era um estúdio de fotografia. Parada na porta da casa estava a empresaria de Rebecca, que conseguia os ensaios para ela e a ajudava a decidir quais contratos assinar e quais não, bem como a acompanhava na maioria deles para saber se estava tudo nos conformes, já que a garota ainda era menor de idade. A empresaria tinha a pele parda, com traços indígenas e longos cabelos pretos e lisos. Parecia estar esperando na porta ansiosa. Vestia um terninho preto e segurava uma prancheta. Quando avistou Rebecca, desceu as escadas da casinha correndo, indo em direção as garotas.

— A mulher do fotografo entrou em trabalho de parto HOJE, uma semana antes do esperado. Ele está desesperado para ir para o hospital de Celadon, ou seja, nosso tranquilo prazo de uma hora e meia para o ensaio foi reduzido para meia hora – a empresaria falava rápido, enquanto andava apreçada, forçando elas a apertarem o passo.

— Não dá pra remarcar? – questionou a ruiva.

— NÃO! – bradou, como se só o fato de pensar nisso fosse um absurdo completo. – A coleção de roupas está completa, vai ser lançada em toda Kanto daqui a uma semana, e as revistas e os outdoors com suas fotos tem que estar espalhados pelo continente até lá. Não temos tempo. Precisamos ser rápidas – os passos da moça ecoavam pelo corredor da casa, quando seu salto entrava em contato com assoalho de madeira. – Você pode ganhar tempo nas trocas de roupa e ai as fotos não vão sair tão corridas – pararam em frente a uma porta e só então ela pareceu notar a existência de Brenda diante da tamanha afobação em que se encontrava. – Quem é você? – perguntou.

— É minha amiga – respondeu Rebecca, antes que a morena pudesse dizer algo. – Tudo bem se ela acompanhar o ensaio?

— Você pode ajudar ela nas trocas de roupa? Eu preciso acalmar o fotografo e convencê-lo a fazer o ensaio – perguntou a moça desesperadamente para Brenda, enquanto parecia não ter ouvido a pergunta de Becca.

 — Posso sim – disse, pensando que responder não poderia fazer a moça ter um ataque do coração.

— Ótimo! Trouxe o Pokémon? – perguntou a empresaria para Becca, que respondeu lhe mostrando uma Pokébola. – Aqui é aonde você vai se trocar. Os conjuntos de roupas já estão separados, não precisa seguir uma ordem, só não misture as peças! Você se troca e entra naquela outra porta – apontou para a próxima porta a direita. – Tira as fotos, volta e se troca, e assim por diante até TODAS as roupas terem sido fotografadas. Eu te ajudaria a organizar isso, mas agora não posso.

— Ok – respondeu Rebecca.

— No máximo trinta segundos para cada troca, pelo amor de Arceus! – e sem dizer mais nada ela se virou e entrou na porta que tinha apontado para as garotas.

Ambas adentraram o cômodo, que era bem pequeno. Tinha as paredes claras, um sofá de dois lugares, diversos cabides pendurados em uma barra de ferro, cada um contendo um conjunto de roupas com os calçados colocados no chão logo abaixo e um espelho de corpo inteiro, com um canto com diversos produtos para fazer maquiagem, algo que Rebecca não teria tempo de fazer.

A ruiva foi logo arrancando as roupas do corpo, primeiro os tênis, depois a calça e o colete. Brenda atravessou a sala e pegou um dos cabides, tirando o conjunto do lugar e colocando em cima do sofá para Rebecca vestir, quando ela se virou levou um susto ao ver que a ruiva já havia tirado a camiseta e estava com seus seios de tamanho médio a mostra.

Ela ficou extremamente desconfortável ao ver Rebecca só de calcinha, a menina tinha um corpo de modelo, era praticamente perfeito. Brenda sentiu seu rosto queimar e não entendeu muito bem o porquê de estar tão sem graça.

— O que foi? – indagou Becca, parecendo notar que Brenda tinha ficado um pouco abobada.

— Hãm... você não usa sutiã não? – se sentiu idiota ao pronunciar a pergunta, enquanto tentava inutilmente disfarçar.

— Não – respondeu fazendo uma careta, indo até o sofá e começando a vestir o conjunto que estava sobre ele. – É desconfortável de mais.

Brenda não respondeu, mas achou o silencio que se seguiu depois, a cada troca de roupa e a sessão de fotos muito constrangedor. No estúdio, enquanto Rebecca fazia as poses com as roupas ao lado de seu Porygon2 – já que as roupas tinham um todo um ar jovial, e tecnológico, com temas de games, fazendo com que o Pokémon realçasse esse traço – Brenda não conseguia desgrudar os olhos dela. Apesar de tudo ter sido bem apressado, Rebecca estava linda a cada novo conjunto que vestia, fazia as poses naturalmente, mal seguindo as ordens do fotografo, dava seu próprio toque em cada click da câmera, era como se fosse instintivo e natural.

Parte do pagamento de Rebecca foi entregue em suas mãos, com a moça responsável pela agencia, dizendo que o resto seria depositado em uma conta dos seus pais.

— Que tal tomarmos um sorvete? Eu pago – convidou à ruiva.

Pararam em uma sorveteria e foram caminhando em direção a um dos bancos que tinham espalhados pela verdejante Fuchsia. Mas antes que pudessem sentar, Brenda tropeçou numa pedra e seu sorvete de chocolate, a qual ela não tinha dado nem três lambidas, foi ao chão.

— Merda! – bradou, se levantando e batendo a terra dos joelhos da calça, enquanto Rebecca tentava segurar a risada.

— A gente divide o meu – falou, em uma tentativa de conforta-la.

Sentaram-se a lado a lado e começaram a observar o por do sol que tinha acabado de começar. Brenda, que tinha planos de ir ao ginásio logo quando reservasse um quarto no CP, acabou se esquecendo disso e nem viu o dia passar ao lado da Rebecca. Agora, iriam até dividir o quarto e já falavam sobre seguir viagem juntas, como se fossem melhores amigas, mas Brenda achava que o que sentia não era apenas uma amizade.

Rebecca segurava o sorvete entre as duas, enquanto elas conversavam. Na hora em que Brenda se inclinou para tomar um pouco mais do doce, Rebecca investiu na mesma hora e as línguas delas se encostaram por um milésimo de segundo. Brenda recuou extremamente assustada, querendo pensar que fora um acidente, mas isso era meio impossível.

— O que foi? – indagou Rebecca. – Não gostou?

— Não, eu... – mesmo sobre sua pele escura, era possível ver a vermelhidão aparecendo em suas bochechas.

— Eu vi como você estava me olhando durante o ensaio... Eu gostei. Achei que estivesse interessada em mim, acho que entendi errado. Desculpe.

— Não, Becca... Eu gostei, gostei sim – respondeu automaticamente, com medo da ruiva entender errado. Sentiu ela se aproximar, Brenda mal podia encara-la nos olhos, quando sentiu a mão livre de Rebecca segurar seu queixo e fazer com que seus olhares se encontrassem, em seguida, foram os lábios. Rebecca começou a beijar Brenda, que foi aos poucos retribuindo. O coração da morena batia tão rápido que parecia que ia saltar para fora do peito, e tentava entender como as coisas tinham acontecido. Uma hora elas eram duas garotas que mal se falavam na escola e nem se gostavam, na outra estavam se beijando em uma praça de Fuchsia.

Separaram-se quando o ar faltou, o sorvete já começava a derreter na mão da Rebecca. Elas trocaram mais um olhar, antes da ruiva voltar para o sorvete.

— Faz tempo que você...

— Beija meninas? – Brenda assentiu. – Faz um tempinho. É sua primeira vez?

— Com meninas sim – a ruiva se limitou a dar uma risada. – Seus pais sabem?

— Minha mãe sim, agora o meu pai... se souber que a princesinha dele é lésbica acho que ele surta.

Passaram o resto do por do sol tomando sorvete, e se beijando e quando escureceu foram em direção ao Centro Pokémon.

Atualmente...

< Por Brenda >

— Brenda? BRENDA!? – gritou Rebecca.

— Que foi? – respondi, ao ser tirada bruscamente das minhas lembranças.

— Chegamos! – exclamou, apontando para uma pequena fenda no meio de uma parede de pedras, que quando eu olhei pra cima notei ser o vulcão Cinnabar, gigantesco e imponente acima de nós. Ao lado da entrada havia uma placa com os dizeres “Ginásio da Cidade Cinnabar” e uma seta que apontava para a fenda. Haviam alguns avisos escritos em uma letra menor, a qual Rebecca ignorou completamente e foi entrando pela fenda. Me perguntei se ela não estava nem um pouco preocupada em entrar dentro de um ginásio que era um vulcão, sendo que seu líder não batia muito bem da cabeça, mas pelo modo que caminhava rapidamente, parecia que não.


Notas Finais


Bom pessoal, foi isso. Creio que no próximo capitulo teremos uma batalha incrível, escrita pelo Rafa, uma surpresa imensa pra vocês, mais um capitulo especial e ai sim: SAFFRON! Espero postar mais dois capítulos ainda esse mês, mas não vou prometer nada.
Muito obrigada por lerem até aqui, por favor não esqueçam de deixar aquele comentário que me incentiva a continuar fazendo o meu trabalho! E até o próximo capitulo.
FANFIC DO RAFA: https://www.spiritfanfiction.com/historia/desbravando-hoenn-5328234


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