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História Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - A barreira


Escrita por: Valerei

Notas do Autor


Dois dias depois, cá estou eu já trazendo mais um capítulo.
Como o capítulo passado acabou sendo um "filler" e eu venho prometendo o arco de Saffron a muito tempo, decidi trazer o capítulo hoje, pois eu o escrevi em praticamente três dias e amanhã voltam as minhas aulas e sabe se lá quando eu vou ter tanta disponibilidade para escrever assim.
Eu sei que eu poderia segurar o capítulo, mas não vejo sentido em fazer isso. Vou postando conforme eles ficam prontos, sempre foi assim e sempre vai ser.
E também, eu estou demasiadamente ansiosa para acabar essa primeira temporada (embora eu ache que isso ainda vai demorar para acontecer), então quanto mais rápido eu escrever, melhor.
Foi a primeira vez na minha fanfic que eu coloquei a letra de uma música no capítulo, fiquei até com receio de fazer isso, mas toda vez que eu ouvia essa música eu imaginava exatamente esse momento da fanfic, então está aí, depois me digam o que acharam nos comentários. O link da música está nas notas finais caso alguém queria ouvir para entrar no clima.
ATUALIZAÇÃO 1: Como teve gente que reclamou que não entende em inglês, logo a letra da música não fez sentido e ele queria ter entendido, estou adicionando a tradução e sempre que eu colocar uma música em inglês essa virá juntamente com a tradução também.
Não sei se vocês notaram (na verdade só o @SatoshiCarlos acabou comentando algo sobre), mas a capa da fanfic foi mudada (já faz um tempo). Desde que eu postava a fanfic eu nunca tinha mudado a capa dela, mas meu namorado @mathpassos desenhou essa capa especialmente para a minha fanfic como um presente de aniversário, tem eu nela e até meus personagens originais, ele fez um quadro do desenho pra mim e estampou ele em uma camiseta também! Ele faz várias fanarts das minhas histórias, então se puderem comentar o que acharam do desenho dele também, eu ficaria feliz. Muito obrigada por incentivar meu trabalho assim, amor <3
Sem mais enrolação, tenham uma boa leitura.

Capítulo 55 - A barreira


Fanfic / Fanfiction Pokémon Adventures: Rumo a Liga Pokémon de Kanto! - A barreira

< Por Red >

Nossos pés andavam apressadamente pela grama bem aparada da rota que saia de Fuchsia pela direita. Yellow e eu íamos de mãos dadas, do mesmo modo que Cris e Ingro, Blue e Green iam lado a lado mais na frente, enquanto deixávamos para trás a grande placa que dizia “Bem vindos a Fuchsia”. Era cedo, acordamos por volta das 6h00, arrumamos nossas coisas e tomamos café no CP da cidade às 7h00, saindo em seguida, pois o dia seria muito longo.

O único som era o de nossos passos e dos poucos Pokémons que começavam a despertar com a manhã, não havia outros treinadores a vista, o que era bom. Eu estava tão nervoso que se visse qualquer pessoa na minha frente, não teria dúvidas de que seria um Rocket disfarçado prestes a nos matar.

Ninguém conversava, talvez porque havíamos gastado os últimos dois dias falando exaustivamente sobre esse momento. Green revisou a primeira parte do plano umas dez vezes, sem brincadeira. Não tinha tanta necessidade, já que ele quem iria protagonizar tudo, mas parecia que gostava de ter certeza absoluta que tínhamos entendido.

Eu quase conseguia ouvir uma marcha fúnebre tocar conforme andávamos, o clima estava pesadíssimo e todo mundo estava pensativo de mais, até Cristofer que havia passado os últimos dias dizendo como estava ansioso para chutar umas bundas, estava calado e segurava a mão de Ingro com mais força do que deveria.

Tentei tirar os pensamentos ruins da minha mente e apreciar a paisagem, pois poderia ser minha última chance de fazer isso.

A rota pela qual estávamos indo era murada por uma cerquinha de madeira branca de ambos os lados, separando a vegetação que estava à esquerda e o mar-sul de Kanto, que estava à direita. Continuamos a caminhar em um ritmo apressado por mais uns vinte minutos, até uma nova rota se abrir a nossa esquerda e chegarmos até o final da cerquinha de madeira, sendo que o único caminho que podíamos seguir agora era pela estradinha de pedras que substituía o gramado. Se continuássemos por essa rota seriamos levados a virar novamente à direita, e chegaríamos até o inicio da ponte de madeira, aquela mesmo que meu Snorlax tinha destruído antes de eu capturá-lo. Essa ponte dava acesso às cidades de Vermilion e Lavender, sendo que a última era o nosso destino, na verdade, de alguns de nós.

Green começou a caminhar mais na frente, pois havia chegado à hora de nos separarmos. Puxou uma Pokébola do bolso da calça roxa e se virou para nos encarar.

—  Encontro vocês dentro de algumas horas na casa do Sr. Yang, não vão ao CP da cidade, não falem com ninguém pelo caminho e não hesitem em chamar seus Pokémons e ordenar que ataquem caso vejam algo suspeito. Suspeitem de todos, só baixem a guarda quando estiverem na casa dele e pelo amor de Arceus, não me liguem se eu demorar. Aguardem a minha ligação.

Nós assentimos para o Green, mostrando que tínhamos entendido novamente, pois ele vinha repetindo isso há dias. Eu não ficava muito confortável de receber ordens dele, mas ele quem tinha bolado a coisa toda, então fazer o que...

Green lançou a Pokébola que tinha em mãos para o alto, a esfera girou no ar e se abriu, permitindo que diante dos nossos olhos se materializasse um dragão com cerca de 1,70 m de altura. A criatura abriu suas enormes asas e rugiu, soltando fogo pela boca, pose típica do antigo Charmeleon de Green que havia evoluído após ele ter derrotado o Venomoth de Koga e estava diante de nós agora na última forma: um poderoso Charizard.

O Carvalho acariciou o focinho de seu Pokémon a fim de tranqüilizá-lo e estabelecer uma conexão entre eles, pois o que fariam a seguir iria exigir isso.

—  Se tudo correr bem, chegarei a casa do Sr. Yang primeiro que vocês – disse Green, nos olhando. – Tudo bem – inspirou profundamente. – Hora de partir. Pronto Charizard? – o dragão bufou em resposta e assentiu.

—  Green... – Blue deu alguns passos para frente em direção ao Carvalho. – Tome cuidado – e enlaçou o seu pescoço lhe dando um abraço, a qual ele retribuiu meio surpreso a abraçando pela cintura.

Cristofer fez uma cara de quem estava surpreso, animado e quisesse muito saber o que estava rolando, Yellow se limitou a encarar a cena com um meio sorriso, enquanto eu e Ingro apenas encaramos ambos se abraçando e rapidamente desviamos o olhar, para deixá-los mais a vontade.

Quando Blue se desvencilhou de Green, Charizard se inclinou para frente permitindo que o Carvalho subisse em suas costas. O imenso Pokémon dragão começou a bater as suas asas e levantou vôo. Blue segurou seu chapéu na sua cabeça para que ele não voasse com o vento produzido pelas asas do Pokémon de fogo. Nós cinco ficamos vendo Green se afastar pelo céu, e Blue tinha os olhos marejados. O Carvalho se virou para nos olhar uma última vez e colocou dois dedos na testa, fazendo seu típico aceno com a mão.

—  Não se preocupe – falei me aproximando de Blue juntamente com os outros. – Detesto admitir, mas ele dá conta.

Ela me deu um meio sorriso e voltamos a andar pela estrada, seguindo em direção à ponte de madeira.

< Por Green >

Eu tentava manter o equilíbrio e não me soltar do pescoço escamoso de Charizard, eu confiava nele e sabia que ele não me deixaria cair, mas eu também precisava passar a ele a firmeza de que não iria escorregar. Logo que ele evoluiu começamos a treinar em pequenos vôos pela cidade de Fucshia, mas voar assim era diferente, eu via as árvores, casas e ruas de Kanto passando a baixo de nós como um borrão, a velocidade que ele atingia era bem maior do que antes e soprava os meus cabelos para trás e por vezes o vento me cegava, mas ele sabia para onde estávamos indo, então eu estava tranqüilo quanto a isso.

Longos minutos se passaram. Quando avistei o S. S. Anne atracando no porto de Vermilion, eu sabia que não iríamos demorar muito para chegar. Sobrevoamos a cidade rapidamente, quando saímos dela toquei o pescoço de Charizard, fazendo sinal para ele voar mais baixo. Ele começou a descer para as árvores da rota que ligava Vermilion a Saffron, até entrar no meio delas. Tomei cuidado para não bater minha cabeça em nenhum galho. Ele manteve seu vôo baixo e estava atento para não trombar em nenhuma árvore pelo caminho, sei que era arriscado voar tão perto do chão, mas precisávamos nos aproximar sem sermos notados.

Alguns minutos depois, um imenso muro cinza tomou o meu campo de visão, conforme nos aproximávamos pude ver que ele devia ter uns 6 metros de comprimento, atrás desse muro estava à cidade de Saffron, com suas quatro entradas sendo guardadas pela policia o único jeito de entrar e ver o que estava rolando era por cima do muro, por isso eu precisava do Charizard. Eu tinha vindo aqui antes de todos apenas para checar a situação e sondar o inimigo.

O dragão aterrissou ao pé do muro quando chegamos perto o suficiente e ambos começamos a encarar o topo.

— Ok, voe o suficiente para que eu possa ver o que está rolando lá. – ele assentiu e começou a bater suas enormes asas nos levantando pouco a pouco do chão, subiu o suficiente para minha cabeça passar por cima do muro de pedra cinza e se manteve no ar da forma que pode.

A visão da cidade era de tirar o fôlego. Saffron era conhecida como o coração de cimento de Kanto, o centro do nosso continente, a cidade principal e mais importante de todas e conseqüentemente a maior. Quase toda a sua extensão era ocupada por prédios extremamente altos, e poucas casas, havia dezenas de pracinhas bem floridas e as ruas asfaltadas eram extremamente movimentadas de carros e ônibus. Tudo parecia normal no lugar: havia pessoas indo trabalhar, crianças indo para escola, Pokémons com seus treinadores, tudo estava nos conformes. O que mais chamava a atenção era o prédio espelhado em azul bem no centro da cidade, era o maior de todos e lá no topo dele havia o logo da Silph Company: Um imenso S preto.

— Parece que está tudo ok, mas precisamos olhar mais de perto. Acha que consegue voar por cima do muro e aterrissar do outro lado sem ser visto? – indaguei. Ele bufou em resposta e começou a fazer a volta no ar para passar por cima do muro, mas antes que pudéssemos fazer tal coisa batemos em algo que até então estava invisível aos nossos olhos.

Charizard urrou quando começou a levar um choque e fora possível sentir o cheiro de queimado. O dragão começou a lutar para se manter no ar enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. Uma parede invisível tremeluziu na minha frente, diante do impacto do corpo de Charizard contra ela, a tremulação começou a ondular a visão da cidade de Saffron, e ela se desfez: não havia vários carros na rua, não tinham crianças e treinadores, a cidade viva que eu estava vendo a pouco fora substituída por uma cidade completamente vazia, todas as casas e comércios fechados e dezenas de Rockets andavam em suas ruas, alguns armados até os dentes, mas eu só consegui ver isso por alguns segundos. Conforme a parede invisível se estabilizou, a ilusão da cidade voltou ao normal. Eu olhei para o alto e pude ver o contorno da parede se formando, conforme as ondas do impacto percorriam por sua extensão, então eu entendi que aquela coisa estava cobrindo a cidade inteira, além de causar uma ilusão de que estava tudo bem.

O dragão começou a urrar novamente, foi perdendo altitude e caiu de lado com um baque no chão. Por sorte, estávamos voando baixo. Eu caí na grama e me levantei em seguida um tanto perdido. Charizard se levantou também com muita dificuldade e começou a “chorar” em rosnados de dor, olhei para sua asa direita e vi que ela estava torta.

— Acho que ela quebrou quando você caiu por cima dela – falei pra ele, examinando-a de perto. Ele tremeu e virou seu pescoço um pouco para me mostrar uma queimadura enorme que ia até parte do tronco, a pele estava em carne viva e com diversas bolhas, sendo esse o cheiro de queimado que eu senti quando ele encostou na barreira. – Sinto muito por isso, mas tenho certeza que a enfermeira Joy consegue cuidar de você. Agora eu preciso...

— Alguma coisa bateu na barreira – ouvi uma voz masculina que parecia vir da minha esquerda dizer.

— É melhor verificarmos – respondeu uma voz feminina e comecei a ouvir barulhos de passos vindo para onde eu estava.

Recolhi Charizard na mesma hora e comecei a correr em desespero o mais rápido que pude, me jogando em um aglomerado de arbustos que havia ali perto. Cai de costas no chão e o ar me faltou, mas me esforcei ao máximo para não fazer barulho e torci para que eles não conseguissem me ver de onde eu estava deitado.

Por trás do muro saíram duas pessoas, um homem e uma mulher trajados com uniformes policiais. A mulher era loira, e tinha seu cabelo amarrado em duas compridas maria-chiquinhas que iam até o meio das suas costas, o cara tinha o cabelo verde claro e uma franja dupla esquisita. Ambos tinham a pele clara e os olhos castanhos.

Eles começaram olhar em volta do local, procurando o que poderia ter se chocado contra o que eles chamaram de barreira.

— Não tem nada aqui – constatou a mulher.

— Pode ter sido só mais um Pidgeotto – respondeu o cara.

— É, mas onde está o corpo dele? – indagou ela. – Qualquer coisa que tivesse o peso de um Pokémon de porte médio e encostasse na barreira seria frito vivo.

Engoli em seco, imaginando o que aquela coisa teria feito com o meu corpo se fosse eu que tivesse tocado nela ao invés de Charizard.

— Parece que foi só mais um incidente comum, mas é melhor colocarmos no relatório – concluiu ela por fim, respirando profundamente. – Não agüento mais ficar bancando a policial aqui, está ficando insuportável.

— Falta pouco agora, Cassidy. O chefe vem para cá hoje à tarde. Conseguimos fazer a guarita da cidade tão bem nestas últimas semanas que eu tenho certeza que seremos promovidos.

— É… Tem razão, Butch. Não vejo a hora de pegar meu uniforme preto – ela sorriu para o cara. – Bom, não podemos deixar o portão sozinho por muito tempo, vamos voltar – e ambos sumiram por onde tinham vindo.

Quando tive certeza de que eles já haviam ido embora, saí de meu esconderijo bem devagar, respirando pesadamente. Peguei o Pokégear no bolso da calça e disquei apressadamente, assim que começou a chamar me pus a andar para a direta, em direção a cidade de Lavender.

— Alô? Blue? Onde vocês estão? – ela disse que estavam chegando perto da entrada de Vermilion e continuariam subindo pela ponte de madeira até Lavender. – Eu já estou indo para lá, mas vou demorar um pouco, pois estou a pé… É… Aconteceu um lance com o Charizard, mas ele está bem, eu explico depois. Encontro vocês na casa do Sr. Yang, mas andem rápido, pois a coisa é mais grave do que eu imaginei – respondi, olhando para trás e encarando os muros da cidade uma última vez pensando o quanto poder eles deviam ter para conseguir cobri-la inteira com uma barreira.

Algumas horas depois, na casa do Sr. Yang em Lavender...

< Por Blue >

Green começou a tirar as coisas que estavam sobre a mesa da cozinha da pequena casa do Sr. Yang, deixando a superfície livre. Ele não havia falado nada desde que nos encontramos, parecia estar alarmado e não respondia as nossas perguntas.

Chegamos quase juntos a pequena casa, e já era hora do almoço. Sr. Yang ficou muito feliz em nos rever e em conhecer Cristofer e Ingro, só fora difícil lhe explicar do que se tratava a visita, mas ele não fez muitas perguntas, dizendo que podíamos ficar a vontade, enquanto ele trabalhava na sua floricultura ao lado.

Green estendeu o mapa da região de Kanto sobre e mesa. Esse mapa quem nos deu foi sua irmã Daisy, antes de nós três sairmos em jornada. Me impressionava o fato de nunca termos precisado do mapa, ao menos não até agora.

— Muito bem – disse ele por fim, pousando o dedo bem no centro da cidade de Saffron no mapa. – Sabemos que as quatro entradas, ao norte, sul, leste e oeste estão sendo guardadas pela policia, mas na verdade são Rockets disfarçados.

— O quê? – indagou Red.

— Ou Rockets infiltrados na policia... – começou a deduzir Yellow. – Ainda bem que não tentamos entrar por ali, iríamos ser capturados na hora.

— Como sabe disso? – voltou a perguntar Red.

— Ouvi dois deles conversando – disse Green. – E tem outra coisa... Quando fui tentar entrar na cidade por cima do muro, eu não consegui. Tem uma barreira invisível cobrindo toda a extensão do lugar. Quando você olha através dela pelo lado de fora vê que a cidade está normal, mas quando o Charizard se chocou contra ela, ela tremeu e a visão da cidade tremeu junto, se desfazendo, revelando a verdadeira situação da coisa toda: Há dezenas de Rockets no lugar, alguns armados, casas e comércios fechados, não há pessoas na rua. A barreira cria uma ilusão de que está tudo bem, além de ferir qualquer um que tente atravessá-la, ela deu um choque no meu Charizard quando ele a tocou, deixando uma queimadura muito feia na pele dele.

— O bagulho tá sinistro... – Cristofer deu um longo assobio enquanto passava ambas as mãos nos cabelos ruivos.

— E então, qual é o plano? Como vamos entrar? – indagou o catador de insetos olhando sério para todos nós que estávamos em volta da mesa. Ambos pousamos nossos olhos em Green.

— Que criatura sabemos que pode criar barreiras invisíveis? – começou a perguntar ele, querendo nos obrigar a raciocinar.

— Pokémons psíquicos – respondi.

— É, mas as barreiras que eles criam não dão choque ou queimam a pele, e eu só os vi criando barreiras em volta de si mesmos nas batalhas. Que tipo de Pokémon iria conseguir fazer uma barreira em volta da maior cidade do continente? – Red questionava eufórico.

— Eu não faço idéia... – admitiu Green. – Mas conheço alguém que talvez saiba.

Antes que qualquer um de nós pudesse perguntar, Green puxou seu Pokégear da calça e começou a fazer uma ligação, colocando no viva voz em seguida, largando o aparelho sobre a mesa de modo que todos pudéssemos ouvir a conversa. Chamou umas cinco vezes até alguém atender.

— Alô, Green? Quanto tempo. Você podia me ligar mais vezes – a voz do professor Carvalho ecoou através do aparelho, Green fez sinal para que fizéssemos silêncio, pois só ele iria falar com seu avô.

— Oi vovô. E aí, onde você está? Como estão as coisas? – perguntou ele, dando início a uma conversa casual, provavelmente para não levantar suspeitas no professor.

— Estão ótimas, estou aqui no laboratório do jovem Bill, o ajudei a dar um trato no lugar, porque estava péssimo. Estamos muito perto de catalogar o Pokémon que ele está pesquisando, conhecido como o Pokémon Origem. Com a minha ajuda a pesquisa dele avançou muito, precisamos só de uma boa foto do Pokémon e o DNA para levantar mais dados como tipagem e habilidades, ai podemos batizá-lo com um nome e registrá-lo na Pokédex...

— Professor Carvalho, diga para o Bill fazer um backup dos dados da pesquisa que ele tem no computador, salva-los em outro lugar e jogar a CPU no lixo! – bradou Yellow. Green deu um tapa na própria cara, pois ela havia revelado que a conversa não era particular.

— Quem é essa? – indagou o professor.

— É uma amiga, Yellow, eu te falei dela, estamos viajando juntos – explicou Green, lançando um olhar carrancudo na direção da loira.

— Por que ele tem que se livrar do CPU? – voltou perguntar o professor.

— Temos fortes motivos para acreditar que a pesquisa de Bill esta tendo suas informações roubadas por hackers – explicou Yellow.

— O QUÊ? – bradou outra voz do outro lado da linha. – MINHA PESQUISA HACKEADA? É O FIM DOS TEMPOS. PASSE ESSE TELEFONE PRA CÁ, PRECISO QUE ELA ME EXPLIQUE ISSO DIREITO.

— Não vovô! – bradou Green, já extremamente irritado com a situação toda. – Depois a gente explica o lance do hacker, apenas diga para ele salvar seus dados em outro lugar, preciso muito falar com o senhor agora.

— Ouviu Bill? – professor Carvalho falou do outro lado da linha. – Faça isso já, enquanto converso com meu neto. O que houve? – voltou à pergunta para Green.

Green respirou fundo e parecia estar pensando calmamente no que dizer.

— Preciso que me tire uma dúvida...

— Estou ouvindo – professor Carvalho falou sério.

— Existe algum Pokémon psíquico com poder suficiente para criar uma barreira em volta de uma cidade inteira?

— Uma cidade? Qual seria o tamanho dela?

— Ah... Do tamanho da cidade de Saffron, por exemplo – falou Green como se não fosse nada de mais.

— Não. Isso seria impossível – concluiu o professor. – Mesmo que fosse o Pokémon psíquico mais bem treinado do mundo, o mais forte deles, um lendário, ele só poderia usar a barreira em volta de si mesmo, e suponhamos que tivesse força o suficiente para cobrir uma cidade inteira, jamais conseguiria manter o ataque por muito tempo, isso exige muito, mais muito poder. O mais forte dos ataques tem sempre um limite para seu uso, sabe disso.

— Não poderiam ser vários Pokémons psíquicos combinando o mesmo ataque? – Green estava tentando encontrar uma resposta, lançando as hipóteses para ouvir a opinião de seu avô.

— Duvido. Uma coisa dessas levaria anos de treinamento para ser concluída. Os Pokémons seriam treinados por uma mesma pessoa, ou cada um teria um treinador? Porque isso poderia influenciar no tempo de treinamento. E caí na mesma questão, mesmo que dezenas de Pokémons conseguissem combinar o ataque, eles não conseguiriam mantê-lo por muito tempo.

— Tem que ter um jeito vovô, por favor, me ajude. – Green estava começando a perder as esperanças.

— Bom... – o professor respirou fundo antes de continuar. – A única forma, e eu estou dizendo a mais provável e não que seria possível, na qual eu consigo pensar é só se houvesse algo além do poder do Pokémon, algo não natural, uma tecnologia que estaria aumentando o raio de alcance de seus poderes, e suponhamos que exista algo assim, teria de haver um fonte de energia psíquica constante para alimentar a força do Pokémon que estivesse ligado a essa tecnologia, pois só a dele não bastaria. A força viria de algum lugar, alimentaria a força do próprio Pokémon e esta seria ampliada por algum tipo de máquina, mas mesmo assim Green, isso é ridículo de mais, não me parece provável.

— Vamos supor que seja real. Como podemos romper a barreira criada por esse Pokémon?

— Ora Green, essa é fácil. Que tipo de Pokémon tem vantagem contra o tipo Psíquico?

— Inseto, Fantasma e Noturno – respondeu na mesma hora.

— Isso mesmo. Um ataque do tipo Fantasma, ou do tipo Noturno pode abrir uma brecha na barreira, do tipo Inseto eu já acho mais difícil, porque normalmente eles usam ataques físicos. – Green e Yellow trocaram um olhar rápido quando ouviram a explicação do professor Carvalho. – Mas por que está me perguntando tudo isso?

— Ah... é só uma situação hipotética que pensei, queria ver o que o senhor achava – respondeu, tentando disfarçar.

— Você não perde tempo pensando em coisas hipotéticas, eu te conheço. Olha, não precisa me dizer está bem? Mas seja lá o que for, pense em mim e na sua irmã antes de fazer qualquer besteira. Desde a notícia do Cassino na TV, quando eu soube do seu envolvimento com a Equipe Rocket que eu tenho me preocupado muito com você. Por favor, Green... tome cuidado. Se você visse como sua irmã sente sua falta todos os dias... Não consigo nem pensar o que seria da gente se acontecesse algo com você.

— Eu também vovô, também sinto muito a falta de vocês – Green estava com seus olhos muito marejados como quem estivesse se esforçando ao máximo para não chorar. – Eu vou ficar bem, ok? Obrigado pela ajuda, agora eu preciso desligar.

— Tudo bem. Mande lembranças para Red e Blue.

— Pode deixar. Tchau – Green foi até o aparelho e o desligou, secando os olhos rapidamente em seguida. – Ok, se têm algo na cidade que está criando a barreira, seja um Pokémon ou uma máquina... – começou ele.

— Ou ambos... – sussurrei.

— ...Temos que entrar na cidade e desativar a barreira, esse é o único jeito. – concluiu Green.

— É, mas a cidade é imensa! – bradou Red. – Podemos entrar e passaremos dias procurando nas dezenas de prédios e centenas de casas, com o lugar lotado de Rockets. Até eu sei que é burrice. Temos que entrar sabendo onde está a coisa.

— Ou podemos ter só uma pequena noção... – Green falou para si mesmo, como se tivesse acabado de ter um insight.

— Quê? – indagou Ingro, sem entender.

Green foi até a estante da sala do Sr. Yang, pegou um pequeno caderno e rasgou uma folha, pegou também uma caneta que estava ao lado do telefone. Veio até e a mesa da cozinha e colocou a folha sobre o mapa, bem em cima da cidade de Saffron, desenhou um circulo apressadamente na folha, circulando assim a cidade.

— Suponhamos que essa seja a barreira, certo? – todos assentimos para ele. – De onde a força que a cria deveria estar saindo, para que a barreira seja uniforme?

— Do centro – respondeu Ingro. – Se é uma redoma, a sua força tem que vir do centro.

Green rabiscou um ponto no centro do circulo, e ao retirar a folha de cima do mapa revelou que esse ponto ficava exatamente sobre o prédio da Silph Company, que era bem no centro da cidade de Saffron.

— É daqui, daqui que está vindo o sinal que cria a barreira, provavelmente do último andar do prédio e pode ser daqui também que eles estão emitindo os raios de controle mental – concluiu ele.

— Claro, se é mesmo um Pokémon psíquico que faz a barreira, ele pode estar usando seus poderes para confundir a mente dos policiais – falei.

— E se nosso adversário vai ser um Pokémon psíquico poderoso, Ingro tem um time inteiro de insetos que podemos usar contra ele – Cristofer abraçou o catador pelos ombros, enquanto sorria orgulhoso.

— Você tem certeza disso, Green? É de lá mesmo que vem o sinal? – perguntou Yellow, com certo receio na voz.

— É o meu melhor palpite, sei que não estamos em condição de arriscar agora, mas é tudo que temos.

Um silêncio se abateu sobre nós, encaramos uns aos outros e ninguém parecia estar querendo fazer a pergunta inevitável.

— Tudo bem, e como vamos invadir o lugar, então? – fora Cris quem falou.

— Invadir não é bem a palavra... Eu diria... como vamos nos infiltrar. Quanto mais tempo passarmos lá sem sermos notados, mais tempo ganhamos. Eles são muitos e estão armados, não temos chance numa luta e com a barreira ligada, não teremos para onde fugir se formos descobertos. Precisamos entrar sem ninguém ver, desativar a coisa e... – Green se calou, como se não soubesse exatamente o que faríamos depois.

— E depois a gente improvisa? – indagou Red e ninguém respondeu. – Nem sabemos o que eles estão fazendo lá.

— Mas podemos descobrir – disse Yellow. – Temos o suficiente, vamos entrar no modo furtivo, subir até o último andar e ver o que tá pegando, o resto à gente improvisa.

— E como vamos passar pela barreira, mesmo? – perguntou Cris.

Yellow tirou uma Pokébola de dentro de um dos seus bolsos e sorriu para nós.

— Haunter dá um jeito – disse ela.

— Tudo bem quanto essa parte. Agora, ainda estou esperando alguém me dizer como vamos invadir uma cidade, andar até o centro, entrar tranquilamente no prédio da Silph Company, atravessar o hall de entrada, tomar o elevador e subir até o último andar com um lugar infestado de gente que sabe quem somos e querem nos matar? – Red estava quase surtando.

— É o seguinte... – começou a dizer Green.

Uma hora depois...

— Mas vocês já vão? – indagou Sr. Yang, quando começamos a juntar as nossas coisas. – O almoço está quase pronto, não querem comer?

— Valeu Sr. Yang, mas é melhor nós não estarmos de barriga cheia pra onde a gente vai... – disse Cristofer, forçando um sorriso.

— Essa pode ser a nossa última refeição – observou Red, alarmado.

— Não podemos perder tempo – falou Green, jogando a mochila sobre o ombro. – Ouvi os agentes dizerem que o chefe deles estaria chegando por lá hoje à tarde e que o lance de guardar a cidade já estava para acabar. Se demorarmos muito, pode ser que eles concluam seu objetivo, seja ele qual for.

Trocamos um olhar sério por alguns segundos.

— Então tá bom... – Red falou, atravessando a pequena sala e abrindo a porta. – Ainda dá tempo de desistir... Alguém?

Como ninguém respondeu, ele suspirou pesadamente e saiu de dentro da casa, sendo seguido de perto por nós.

— Muito obrigada Sr. Yang, a gente se vê – agradeci ele, antes de fechar a porta.

— Caras, eu tenho uma trilha sonora perfeita para esse momento... – começou a dizer Cris, enquanto caminhávamos para fora da cidade de Lavender.

— Não me diga que ele vai... – começou a dizer Green, mas Cristofer já tinha puxado o Pokégear do bolso e posto ele para tocar no último volume. Um som de guitarra agitado começou, e logo em seguida Cris começou a cantar animadamente junto com a música:

Living easy, livin' free
(Vivendo suavemente, vivendo livre)
Season ticket, on a one way ride
(Ingresso para a temporada, em um passeio só de ida)
Asking nothing, leave me be
(Sem perguntas, me deixe estar)
Taking everything in my stride
(Pegando tudo em meu caminho)

Don't need reason, don't need rhyme
(Não preciso de razão, não preciso de rima)
Ain't nothin' that I’d rather do
(Não tem nada que eu preferiria fazer)
Going down, party time
(Descendo, é hora da festa)
My friends are gonna be there too
(Meus amigos também vão estar lá)

Cristofer agarrou Green e Ingro pelo pescoço com ambos os braços e se colocou a cantar o refrão com todo fervor:

I'm on the highway to hell
(Estou na rodovia para o inferno)
On the highway to hell
(Na rodovia para o inferno)
Highway to hell
(Rodovia para o inferno)
I'm on the highway to hell
(Estou na rodovia para o inferno)

Eu comecei a rir da cena, enquanto Green fazia uma cara emburrada e tentava se desvencilhar dos braços do ruivo. Só o Cristofer mesmo pra conseguir ter um pouco de humor uma hora dessas. Eu estava me divertindo, mas internamente estava torcendo para Cris estar errado e não estarmos realmente rumando para o inferno.


Notas Finais


LINK DA MÚSICA: https://www.youtube.com/watch?v=l482T0yNkeo

Esse capítulo foi introdutório para a ação, espero que estejam no pique do Cristofer, pois as coisa daqui pra frente vão ficar tensas!
Muito obrigada a todos que leram até aqui. Por favor, não esqueçam de comentar deixando suas opiniões e expectativas, lembrem-se sempre de incentivarem o trabalho dos escritores aqui do site, feedback é importante! Muitas ideias que recebo pelos comentários acabam me inspirando para os plots!
Eu espero mesmo poder trazer o próximo capítulo o mais rápido possível, seria um sonho ter essa fanfic terminada até o final desse ano, mas vamos com calma.
Enfim, até o próximo capítulo.


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