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História Pokémon Story: A vida de Marc. - Vergonha


Escrita por: T_Shaman

Notas do Autor


Olá abigus. Desculpem pelo atraso novamente, mas além da minha preguiça normal, tive muito o que fazer nesse fim de semana. Compromissos da faculdade e talz, mas principalmente organizar a pior festa surpresa da existência pro meu caro amigo Matt. Meh, deu trabalho, foi uma surpresa bem mal feita, mas foi muito divertido e comemos bastante. :D

Anyway, sem delongas aqui está o novo capitulo. Espero que gostem muito :)

AH! eu prometi que essa semana eu postaria o link de divulgação de outro trabalho meu, e já que não achei nada contra isso nas regras, aqui está:

EDIT: O link estava aqui, mas o site disse que não posso postar. Quem quiser, é só procurar o site "Escrito Expresso" E clicar em "Thiago Mandarino" no canto direito onde lista os escritores. :)

eeeeeee \o/

Não tem absolutamente nada a ver com pokemon e é meu universo original. A pagina que passei é meu perfil dentro do site "escrito expresso" e mostra todos os escritos que já postei lá. Se vocês quiserem ler, saibam que a ordem está invertida: "Ekwan, o primeiro shaiman" é o primeiro :)

Anyway, é noix e até semana que vem.

Capítulo 21 - Vergonha


Oliver e eu caminhávamos pela cidade em direção à casa de trocas. Meu amigo tinha me acordado no dia após a humilhação do ginásio e dito que precisávamos conversar depois da sessão de treino habitual. Depois do treino, que foi bem proveitoso, ele disse que tinha feito uma boa negociação no golbat pelo aplicativo, e que já que precisávamos ir lá de qualquer jeito, poderíamos conversar no local.

Eu estava um pouco ansioso, querendo saber por que giratinas Oliver estava querendo conversar. Sim, eu fui babaca, mas ele não tinha ligado tanto, eu já tinha feito merd4s piores na cidade de Pewter e até rimos um pouco de algumas das coisas que falei durante a briga.

“Cara, ele esculachou o Fúria e a Olly.” Meu amigo brincou durante o treino, enquanto lembrava da minha cara de surpresa quando Fúria foi desmaiado num golpe só.

Na verdade eu nem estava tão put$ assim mais. O cara tinha pokemons mais fortes e treinava há mais tempo, só isso. Me de alguns dias para Fúria evoluir e ele vai esculachar aquela fada desgraçada. Depois de acalmarmos os ânimos, pudemos perceber que de fato até que tinha sido um dia proveitoso: tiramos informações do ginásio, vimos como funciona e quem possivelmente iremos enfrentar e Oliver aprendeu o princípio da técnica para ensinar pokemons à obedecer ordens sem falar. Inclusive, o squirtle dele caminhava ao nosso lado e recebia pequenas ordens com o apito de tempos em tempos, sempre sendo recompensado com um biscoito quando cumpria e fazendo o positivo padrão ao ser agraciado.

O dia estava frio ainda, algumas gotículas de chuva caiam em meu cabelo, ventos médios balançavam levemente os galhos das árvores e o habitual cheiro de chuva começava a se elevar do chão. Não havia muitas pessoas na rua, talvez estivessem assustadas por causa do acidente do Brock ou pela onda de vandalismos que assolava Cerulean. – que agora eu sabia ser culpa do culto de Darkrai – Seja lá o porquê, essa falta de gente fazia a cidade ser bem menos animadora do que o clima festivo que eu tinha sentido nos últimos dias.

Ótimo, era isso que eu precisava mesmo.

Chegando à casa de trocas, já me senti melhor ao ser recebido por aquele ar de malandragem que o lugar exalava, mesmo tendo menos pessoas e menos barulho do que no primeiro dia. Oliver foi andando logo para uma das mesas, onde supus que ele estaria esperando a pessoa que tinha fechado o negócio.

“Então...” Oliver começou assim que nos posicionamos na mesa.

“Digue.” Falei em tom distraído. Olhei em volta e procurei alguma oferta legal ou alguma cara conhecida, mas não encontrei ninguém. Aconcheguei meu ovo dentro da sacola de pano improvisada que tínhamos feito usando minha camisa velha destruída.

“Você sabe que nossa situação atual não está lá muito boa, né?” Oliver estava tranquilo, mas parecia estar incomodado com alguma coisa que ia falar.

“Você quer ter uma dr, é isso?” Ele começou a abrir a boca para se explicar, mas ri e sacudi a cabeça. “É só zueira cara, pode falar de boa.”

Meu amigo se empertigou na cadeira, limpou a garganta e disse: “Você acha que do jeito que estamos indo, vamos ganhar a Hanna de primeira? Aliás, nem digo a Hanna... Você acha que vamos ganhar o torneio?”

Aquilo me pegou de surpresa. Tudo bem que eu sabia que o torneio seria difícil e a Hanna mais ainda, mas no fundo eu sinceramente tinha esperanças de ganhar. “Hmm, bom... Eu achei que...”

“Sendo sincero cara, se encontrarmos algum outro treinador com o nível razoavelmente perto do Kami, estamos perdidos.” Ele disse, o que me fez ficar ligeiramente ofendido e ter ímpeto de responder, mas me calei quando Oliver levantou a mão e prosseguiu. “Não me entenda mal, cara. Não estou reclamando, eu também perderia tão fácil quanto você perdeu ali. A diferença não foi habilidade do treinador, mas simplesmente o pokemon dele ser evoluído e mais forte.”

“É... Sim... É verdade. Não temos chance de enfrentarmos alguém como ele.” Tive que concordar mesmo não sendo um pensamento agradável.

“Eu tenho pensado muito no que temos feito e no que podemos fazer para melhorar nossa perspectiva. Depois da crise na montanha, prestar atenção nos pequenos objetivos tem que ajudado a me manter focado e de humor melhor.” Ao dizer isso, ele pegou um caderno de dentro da mochila e uma caneta. “Aliás, obrigado por ter me aturado nesse tempo.”

Fiz com a cabeça que não foi nada. “E o que você tem em mente?"

“Primeiro eu quero que você entenda que precisamos ficar mais fortes urgentemente.” E vi ele rabiscar algumas coisas no papel. “Todos os nossos pokemons precisam evoluir, sem exceções. Sem isso, não temos a mínima chance de vencer nada.”

Concordei com a cabeça.

“Não só por causa do torneio e do ginásio, mas precisamos estar mais fortes se quisermos sobreviver as próximas merd4s que podem aparecer por ai.” Mais anotações. “Também precisamos de toda fonte de renda extra que pudermos. Teremos muitos gastos em breve: Evoluir a Olly; cuidar do que sair desse ovo; comprar equipamentos melhores para treino; pagar o passe do ginásio; estar mais preparados quando sairmos de Cerulean e talvez outras coisas que eu tenha esquecido.”

“Certo. E também vamos precisar de mais pokemons, o que adiciona o gasto das pokebolas.” Falei.

“Sim, isso também.” Mais algumas anotações. “Por ultimo, precisamos poder nos defender melhor contra os malucos do culto que descobrimos estar na cidade. Concorda?”

Concordei, mas comecei a achar estranha aquela conversa. Onde será que Oliver queria chegar com isso tudo?

Oliver terminou de rabiscar e levantou o caderno para me mostrar. Nele, um cabeçalho bem grande escrito ‘PRIORIDADES’ e em baixo vários items diferentes: evoluir pokemons; treinar mais; ganhar dinheiro; se defender melhor dos problemas. “Você concorda com isso tudo? Quer adicionar alguma coisa?”

“Concordo. Não consigo pensar em nada para adicionar agora...”

“Então... Eu pensei num jeito da gente conseguir tudo isso, mas talvez você não vá gostar muito...”

Mas antes dele poder falar, fomos abordados pelo cara que tinha fechado o acordo com Oliver sobre o golbat. Um sujeito comum que sinceramente não me marcou e que eu não lembrei mais alguns segundos depois que foi embora. Porém, no tempo que Oliver ficou dialogando com ele, fiquei sozinho em pensamentos temendo o que ele poderia falar. Afinal, se Oliver me preparou tanto antes de falar sobre algum tipo de estratégia, provavelmente envolvia alguma coisa que eu não ia gostar.

Enquanto pensava nisso, o squirtle veio andando até mim e me pediu um biscoito. Dei um cascudo nele e apontei para Oliver e para o apito, indicando que ele só receberia quando obedecesse. Isso me fez lembrar na hora da proposta que meu amigo tinha recebido no ginásio.

Merda... Eu tinha ficado tão put$ com a situação que esqueci isso, ou provavelmente minha mente deixou a informação para lá por que não queria ter que lidar com a possibilidade de Oliver ser treinado dentro do ginásio sem mim.

Não é só questão de inveja, se é isso que vocês estão pensando, mas ser treinado com a Hanna, apesar de positivo, significava uma série de implicações que poderiam ser bem negativas para nossa jornada, ou pelo menos, para nosso treinamento junto. Para começar, Oliver teria que ficar a disposição do horário da Hanna, o que podia significar horas e horas ou até semanas sem poder treinar comigo. Depois, tecnicamente, Oliver não poderia me contar sobre as coisas que aconteceriam lá e os métodos aplicados. – não que ele fosse obedecer isso, claro – Por ultimo, mas não menos importante, meu parceiro teria que se comprometer com no mínimo alguns meses de aprendizado aqui em Cerulean, o que poderia ser um impedimento se precisássemos sair daqui.

Oliver finalmente retornou com um sorriso no rosto depois de ter dispensado o cara.

“Mano, olha isso.” Declarou animado e jogou uma sacola na mesa.

Olhei a sacola rapidamente. 400 creditos. “Bem pouco hein.” Mas ele só respondeu com um aceno de cabeça indicando que eu deveria olhar mais. Remexi mais a sacola e vi duas revistas diferentes e um vidro de liquido estranho. “O que é?”

“Esse cara é dono de uma vendinha de maluquices exotéricas. Ele queria o Golbat pra fazer alguma espécie de poção de virilidade, sei lá.” Oliver disse fazendo cara de estranheza. “Ele não tinha dinheiro suficiente, mas me propôs trocar alguns itens da loja dele: uma revista sobre ataques do tipo dragão e como ensiná-los; uma sobre os hábitos do tipo dragão e como criá-los; um líquido especial para ajudar no período de incubação de ovos, que, segundo ele, ajuda o pokemon a nascer mais saudável.” Cada item foi enumerado com um dedo levantado e um estalo de boca.

Na real eu ainda não achava que a troca tinha valido tanto a pena, mas duas coisas me chamaram atenção o suficiente para que eu não fosse chato e falasse isso: Oliver comprando coisas sobre dragões e me dando um presente. “Hmmm... Parece que alguém vai seguir a meta de ter um dragão, não é mesmo?” Eu ri, peguei a poção e agradeci fazendo dois positivos. “Valeu pelo presente, cara.”

“Quem disse que é pra você?” Oliver inquiriu, em claro tom de brincadeira, depois apontou o dedo no meu nariz como fazia quando queria implicar comigo. “Meh... Eu não sei se vou ter um dragão um dia, mas saber mais ainda sobre não vai fazer mal, né?”

“Não, realmente não vai.” Sorri. “Mas agora fala desembucha logo o que você veio fal...”

Parei no meio da frase por que fui interrompido por um riso esquisito familiar. Quando me virei de costas para ver quem era, descobri Matt e Ryan se aproximando de nossas mesas. Olhei para Oliver, que me devolveu um sorriso amarelo.

“Err... Eu pretendia falar com você antes deles chegarem.” Ele disse em tom de desculpas enquanto Ryan ia sentando do meu lado e Matt do lado dele.

Depois que Ryan nos cumprimentou, todos mergulharam num silêncio constrangedor e num clima pesado. Até o squirtle que tava correndo alegre parou e se aconchegou no colo do dono. Eu só conseguia pensar na briga que tive durante o ataque da arbok e nem olhava para Matt direito. Provavelmente ele estava pensando a mesma coisa.

“Err... Bom... Eu e Ryan concordamos em nos encontrar aqui hoje por que chegamos a conclusões parecidas.” Oliver abriu a conversa, um pouco nervoso. “Nós quatro precisamos urgentemente de tudo aquilo que escrevemos no papel agora pouco e mais.”

Pensei em dizer que parte dos problemas que enfrentamos eram culpa de Matt e dos seus capangas que agora eram malucos fanáticos, mas fiquei quieto. Em vez disso, encostei a mão no ovo para me acalmar.

“O torneio e o ginásio são importantes, sim, mas provavelmente não estaríamos aqui se não tivesse algo mais importante...” Ryan interveio e continuou de onde Oliver tinha parado. “Acho que treinarmos juntos é muito relevante para o torneio, mas tem um problema muito maior que tenho certeza que você vai concordar, Marc...” Ele se virou para mim, falando do jeito meio rápido dele e puxando ar depressa no final. “O culto.”

“Exatamente.” Oliver interrompeu ele. “Nós irritamos um grupo de malucos religiosos que tem causado a onda de vandalismo na cidade. Não tem como ignorar isso.”

“São só um bando de malucos, daqui a pouco eles metem o pé de Cerulean.” Falei carrancudo, muito mais pelo mal humor do que por acreditar no que disse de fato.

Ryan e Oliver se olharam antes de responderem juntos. “Não.” Oliver prosseguiu. “Lembra quando estávamos na ponte e vimos aquele grupo passando?”

“Você quer dizer o grupo que tinha os dois otários que andavam com ele?” E apontei para Matt. Sim, foi só pra irritá-lo.

Matt suspirou forte quando ouviu isso e resolveu falar pela primeira vez. “Gênio, eu sei bem que eles estão no culto, por que você acha que eu parei de andar com eles?!”

“Não é esse o ponto!” Oliver falou meio alto, querendo evitar o começo de uma briga. “O que importa é que naquele dia eles falaram sobre o ‘arquiteto’ e que tudo tinha que estar pronto até o torneio, lembra?”

Confirmei com a cabeça. Na verdade eu não tinha esquecido isso e até tinha pensado sobre. Realmente era algo muito preocupante, mas a presença de Matt me fazia ficar automaticamente arisco.

De canto de olho reparei que tinha um sujeito vestido meio esquisito, – ainda mais esquisito que Ryan usando sua clássica bandana – interagindo com algumas pessoas e fazendo alguns truques de mágica. Torci para que ele não chegasse perto da gente.

“Então... Ryan e Matt aparentemente tem uma informação relevante que pode confirmar nossas suspeitas.”

Ryan pegou a deixa de Oliver e começou a explicar. “Bom... Semana passada nós estávamos caçando na parte norte da cidade, quando recebemos um aviso de um alerta numa propriedade privada ali perto. Já que queríamos dinheiro, aceitamos e corremos até lá.” Ele disse e puxou uma foto da bolsa. “Descobrimos que os pokemons do nosso contratante estavam numa espécie de frenesi por causa de um alucinógeno na água.” E ao falar isso, passou a foto até mim. Era uma marca de tinta um pouco mal desenhada no que parecia ser um tanque de água bem grande. Mesmo assim, dava muito bem para ver que era o símbolo do culto. “Depois que resolvemos a situação, o dono da propriedade nos contratou como seguranças particulares temporários. Ele tem bons motivos para acreditar que isso foi só um aviso e os malucos pretendem atacar mais a propriedade dele...” Ryan completou depois que passei a foto de volta.

“E o que nós temos a ver com isso tudo? O que vocês estão sugerindo?” Falei de má vontade.

Oliver e Ryan se entreolharam. “O que você acha que aqueles doentes vão fazer com a gente quando descobrirem que estamos na cidade?” Ryan inquiriu. “Nós torturamos dois deles... É só uma questão de tempo até sermos reconhecidos.”

Era um bom ponto. Mesmo que o outro cultista torturado tenha morrido na caverna também, não eram as únicas pessoas daquele bando de malucos que teriam um bom motivo para não gostar da gente.

“Ta, isso é verdade, mas e dai?” Respondi.

“E dai que eu e Matt não temos como proteger toda a propriedade do nosso contratante sozinhos. Precisamos de ajuda e vocês são as únicas pessoas que podemos recorrer.“ Ryan respondeu, falando mais rápido ainda do que o normal. “O que estou sugerindo é que vocês também trabalhem como seguranças do nosso contratante. Não posso falar ainda mais sobre isso, mas ele vai explicar tudo pessoalmente. ”

Eu devo ter feito uma cara de negação muito óbvia, por que Oliver se adiantou e argumentou mais. “Cara, lembra dos itens que coloquei no caderno? Se aceitarmos a proposta deles podemos trabalhar em todos eles de uma vez só...”

“Você deve estar pensando: ‘por que diabos eu me meteria no problema de vocês?’ Por que a não ser que você esteja disposto a fugir da cidade, também é seu problema.” Ryan completou. “Esses caras vão continuar aqui até conseguirem o que querem e andar sozinhos é o mesmo que colocar um alvo no peito.”

Era muita coisa pra digerir. Tudo bem, eles estavam certos na argumentação. Trabalhar em equipe faria nossa evolução ser mais rápida, teríamos o dobro de segurança para se defender do culto e ainda seriamos pagos. Por outro lado, eu não conseguia muito bem simplesmente esquecer minha raiva de Matt e todas as coisas que ele falou durante nossa luta. Não sabia se poderia confiar de verdade num cara desses. Ele parecia tão contradito quanto eu, com a mão apoiando o rosto e olhando para algum ponto da casa de trocas que não a nossa mesa.

“Cara, nós precisamos de ajuda se quisermos sobreviver a tudo isso. O culto, os deuses, os perigos normais das rotas... Demos sorte todas às vezes até agora, mas até quando? Nós precisamos aumentar nossa rede de confiança... Não só Matt e Ryan, mas Mikaol e quem mais nós pudermos considerar aliados.” Oliver insistiu.

“Além do mais, nós trabalhamos muito bem em equipe contra aquela arbok assassina e contra os dois caras do culto.” Ryan falou sorrindo.

Eu fiquei longos minutos com a mão na frente do rosto digerindo tudo que eles tinham falado. Na verdade, fiquei lutando contra minha parte mais rebelde que só queria xingar Matt e desafiar ele para uma revanche ali mesmo. Tinha sabedoria em tudo que eles falaram, e minha parte mais racional e focada na sobrevivência teria sugerido um plano parecido. “E ele vai concordar?” Falei finalmente, apontando para Matt.

“Sim... Eu conversei com ele antes.” Ryan respondeu por ele.

“O plano deles é bom e eu não sou tão inconsequente.” Finalmente ele se virou para a mesa para interagir.

Tomei aquilo como uma provocação e não consegui ficar quieto. “É... Eu vi bem lá na rota 3.”

“Ta de brincadeira... Você falando isso pra mim? Quase morremos por sua causa.”

“Minha causa? Agora é culpa minha se você deixa um pokemon solto no meio de uma rota?”

E obviamente uma briga generalizada começou depois dai. Matt jogando na minha cara todos os erros que cometi na situação da rota 3 e até o que fiz no esquema da floresta. Eu obviamente devolvendo as provocações e xingando. Até sugerimos resolver os problemas com outra batalha, apesar dos esforços contínuos de Oliver e Ryan para cessar a briga.

Só paramos de discutir quando o maluco vestido de médium se aproximou com o show merd$ de mágica dele e nos abordou. Fomos pegos de surpresa e voltamos a nos sentar, tentando dizer que não queríamos participar dos truques e que não tínhamos dinheiro pra doar a ele.

Já que ele continuou insistindo e eu estava sem paciência, me ofereci para que ele fizesse um truque comigo. Pensei que ele deveria ser um psíquico fraco e não conseguir ler minha mente o faria desistir de continuar a palhaçada.

O quão enganado eu estava...

Sim, o cara de fato era um psíquico fraco e não conseguiu ler minha mente nem fazer nenhum dos truques, mas o resultado disso foi muito diferente do que eu tinha imaginado.

“Ah meu arceus!” Ele exclamou depois que tentou entrar na minha cabeça. “Você é SOMBRIO!” Ele gritou horrorizado e bem alto, como se estivesse vendo o próprio Giratina na frente dele. “Arceus me salve! Tirem ele daqui!” E continuou gritando, alto suficiente para que toda a casa de trocas ouvisse. “Socorro! Tem um Sombrio aqui!”

Fiquei sem reação, não esperava esse chilique do cara esquisito. Várias pessoas fofoqueiras foram chegando perto da nossa mesa para ver o que estava acontecendo, o que só me fez ficar mais nervoso e puto com o idiota gritando.

Claro que eu resolvi isso do único jeito que eu conheço. Dei um belo de um soco na cara do médium.

Ryan e Matt me olhavam meio aturdidos. Oliver me olhava meio preocupado.  Todos os outros me olhavam como se eu fosse uma aberração.

Sai dali rápido, me sentindo sozinho como quando era criança...

 

 

 

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“AHHHHHHHHHHH!!!”

O silêncio da noite foi cortado por um berro de desespero e minhas tentativas pifias de correr de perigos invisíveis. No processo, me enrolei todo no lençol e cai da cama. Já era a segunda noite consecutiva que eu sonhava com as mesmas coisas: uma tempestade de raios assolando cerulean; eu correndo com medo e falhando em salvar meu pai e minha mãe; Oliver morto; Fúria morto; Olly morta; meu ovo perdido para sempre.

Depois de respirar arfando várias vezes e perceber que tinha sido só um pesadelo, verifiquei que ainda estava no meu quarto e não tinha nada de errado. Me acalmei sozinho por longos minutos sentado no escuro, até que resolvi levantar e caminhar em círculos. – mania que tenho desde criança para aliviar a ansiedade - Oliver ainda estava dormindo, esse moleque dorme igual um snorlax com asma...

De repente, senti o familiar instinto de ficar perto do meu ovo. Olhei para trás e o vi repousando no ninho improvisado na minha cama. Sentei ao lado dele. Ainda estava escuro lá fora, a pousada inteira estava quieta e só se ouvia os fracos sons noturnos da cidade. Um cenário que até então tinha me trazido calma e facilidade para dormir, agora piorava um pouco a opressão que é acordar de um pesadelo ruim.

“Nada vai te tirar de mim.” Falei acariciando o ovo. Até me surpreendi por ter falado isso do nada, não é o tipo de coisa emocional que eu falaria.

Talvez a situação na casa de trocas e tudo mais que tinha acontecido tenham mexido comigo mais do que eu pensei. Se tem uma coisa que eu sem duvidas sempre fui bom na vida, era brigar e me virar sozinho. Mas ultimamente, eu não estava me sentindo tão confiante assim. Perder tão facilmente pro aprendiz da Misty, se aliar ao Matt que me irritava tanto, ser exposto como sombrio na frente de tanta gente, ter que confiar em pessoas estranhas para não ser assassinado pelo culto... Eram coisas demais pra minha cabeça...

Um flash do sonho passou pela minha mente e me causou incomodo enquanto eu estava ali sentado com o ovo. Justamente a parte onde meus pokemons iam morrendo pelos raios. Não consegui me segurar e resolvi liberá-los das pokebolas.

“Olly, Fúria, podem relaxar, não tem luta nenhuma agora.” Falei quando vi meu rato subnutrido e minha bola rosa maldita. Os dois me encararam e relaxaram ao perceber que estavamos no quarto e não tinha nenhum pokemon hostil por perto. “Eu só queria... Eu só queria... Err... Como posso dizer? Eu só queria ver que vocês estavam bem e talz. Eu sou um pouco insensível as vezes, mas eu queria que vocês soubessem que não escolheria ter outros pokemons comigo.”

Senti alguma coisa entalada na minha garganta enquanto tentava falar isso e emudeci. Ficamos os quatro lá no escuro, sozinhos e sem um put$ som além do barulho habitual de vento que a cidade soprava constantemente. Fúria provavelmente percebeu meu estado de espirito, por que balançou a orelha duas vezes e se aproximou do meu braço sem gesso.

“O que foi, Fúria?” Perguntei, ao que ele respondeu empurrando minha mão com o focinho. Encostei minha mão no chão, então ele subiu por ela até meu ombro e até minha cabeça. Chegando lá, deu algumas voltas como se fosse um ninho e se deitou. Eu ri com isso. Olly também veio se aconchegando e se colocou no meio das minhas pernas cruzadas.

De todas as coisas que eu consegui nessa jornada, essa talvez fosse a mais curiosa e talvez a mais valiosa de todas, - por mais que eu não tenha me acostumado ainda - não ter que ficar sozinho todas as vezes que eu me sentia mal era algo completamente novo na minha vida. Agradeci mentalmente por ter Olly, Fúria e Oliver.

Uma lágrima solitária desceu por meu olho. Ta, talvez não tenha sido uma só, mas vocês por favor finjam que não viram isso. Tenho que manter minha reputação.

“Olly, você pode cantar pra mim hoje?” Perguntei ao perceber que provavelmente não conseguiria voltar a dormir naturalmente. Ela me olhou com ternura e começou um ronronar suave e bem baixo. Senti minhas preocupações ficando mais distantes e minha cabeça mais leve. Antes de cair no sono, pensei ter sentido meu ovo mexendo de leve e reparei que algumas das manchas começaram a ficar azul claro.

Cai no sono, dessa vez sem pesadelos.


Notas Finais


Esse foi grandinho hein.

Comentem ai o que acham dessa nova possível parceria. Flw galeris, até a proxima.


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