1. Spirit Fanfics >
  2. Pokémon Story: A vida de Marc. >
  3. Desconto.

História Pokémon Story: A vida de Marc. - Desconto.


Escrita por: T_Shaman

Notas do Autor


Olá amiguinhos.

Então, primeiramente eu queria pedir desculpas por não ter entregue o capitulo semana passada e atrasado um dia esse.
Infelizmente depois de 22 semanas entregando, eu não aguentei e precisei muito seriamente de uma semana de pausa no sabado passado. Mil perdões, eu odeio deixar vocês na mão, ainda mais com dois leitores novos chegando na fic na altura do capitulo 22.

Eu não pretendo que ajam mais pausas, espero que aquela tenha sido a unica mesmo e não pretendo atrasar mais (mesmo eu já tendo falado isso antes).

Muito obrigado a todos que leem, espero que esse capitulo esteja legal, mesmo eu sabendo que não é lá um dos melhores.

Divirtam-se :)

Capítulo 23 - Desconto.


Fanfic / Fanfiction Pokémon Story: A vida de Marc. - Desconto.

Ah, oi. Vocês estão ai de novo?

Faz um tempo que eu não falo com vocês, mas eu tenho um bom motivo pra isso. Ta, na verdade eu não tenho não, só estava cansado e de saco cheio mesmo. Fica difícil me concentrar em contar as coisas para vocês quando se fica desanimado igual eu fiquei esses dias. A verdade é que foi bem difícil lidar com tudo que tem acontecido ultimamente, e terem descoberto que eu era sombrio no meio da casa de trocas foi bem chato...

Fazer o que né? A dona Clotilde costumava dizer: “quando tem que ir... Vai filho. Não tem jeito não”, e eu acho que tem alguma sabedoria nesse bordão da velha gorda. Tendo isso em mente, eu decidi que não ia mais ficar deprimido, afinal eu não vou virar um mestre fod4lhão choramingando em casa como o viadinh3 do Oliver. Falando nesse desgraçado, foi a técnica dele de focar em coisas importantes e fazer uma lista que me fez animar novamente e sair do quarto. Resolvi que ia passar a limpo tudo que estivesse em aberto e precisasse ser resolvido, naquela semana mesmo.

Em primeiríssimo lugar, contatei o Patch e acelerei a venda a arbok. E meu Arceus, foi uma das melhores coisas que me aconteceu nessa maldita jornada de desgraça.

 

CINCO FUCKING MIL CREDITOS. CIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINCO. MIIIIIIIIIIIIIIIL. CREEEEEEEEEEEEDITOS.

Da pra acreditar que eu ganhei tanto dinheiro assim? Acho que é mais dinheiro que eu jamais tive na minha vida inteira. Aparentemente uma espécie tão agressiva quanto a arbok e com um golpe raro despertou o interesse de muita gente nas arenas dos ferais. Esse preço foi conseguido tranquilamente depois do Patch negociar um pouco com um dos vida boas engravatados, claro que ele já tinha tirado a parte dele, mas ainda sim, cinco mil créditos. Minha maré de sorte não parou por ai, por que eu consegui vender meu whismur e o do Oliver a 600 créditos cada. Somados aos 500 que tinham sobrado do meu ultimo ganho, – gastei mais 50 na estalagem – eu tinha um total de 6100 créditos em mãos. Éeeeee maneeeee, parece muito bom para um órfão de merd$ que saiu sozinho dos becos de Vermillion, não é mesmo?

Bom, essa quantidade impressionante de dinheiro não podia ficar por ai balançando no meu bolso, senão eu ia acabar gastando tudo com besteira, roupas legais, pokebolas chiques e entradas pro pute... Deixa pra lá. De qualquer jeito, eu fui até o banco da cidade e abri uma conta poupança de rápido acesso vinculada a minha pokedex. O gerente não gostou muito de mim, provavelmente pensou que eu tinha roubado alguém, mas quando viu que eu tinha uma licença de treinador e uma quantidade razoável de dinheiro, enfiou as dúvidas dele direto no c$ e me deixou abrir a conta sem mais problemas.

Agora eu era um órfão com algum dinheiro no bolso e mil possibilidades pela frente e vou confessar que foi muito dificil ter esse dinheiro na mente nos primeiros dias. Percorri o shopping da cidade com Oliver, ficando animado a cada loja com a possibilidade de torrar tudo em equipamento útil. Sério, com essa quantidade de dinheiro fica muito fácil pensar que uma roupa preta toda emborrachada é a coisa mais legal do mundo. Tm’s, pokebolas, sapatos especiais para corrida e escalada, varas de pescar, uma versão mais barata de um pokenav, vitaminas especiais para treino, equipamentos de treino diversos e muito mais... As oportunidades eram muitas e mesmo meu tão suado dinheiro era pouco se comparado a tanta coisa assim. No fim, meu lado desconfiado e racional venceu e eu não gastei um mísero centavo do meu dinheiro. Na real eu não precisava de verdade de nada dessas coisas que poderia comprar, pelo menos não agora. Seria muito mais sensato esperar até sairmos de Cerulean para decidir o que mais seria útil nos próximos planos. Eu até poderia comprar uma bike, que seria um investimento bem razoável, mas mesmo assim decidi esperar.

Bom, resolvido a questão das vendas e do dinheiro, restava curar a porcaria do meu braço engessado, - mas sobre isso eu não podia fazer nada – treinar meus pokemons para evoluírem e cuidar do meu ovo. Sendo assim, recomeçamos com mais vigor ainda o treinamento diário e as discussões sobre estratégia. Inclusive, recentemente eu descobri pesquisando na internet que Fúria podia aprender dois golpes sombrios diferentes. Melhor ainda, descobri que eu tinha uma facilidade enorme para ensinar qualquer golpe sombrio a qualquer pokemon, e isso se confirmou por que o squirtle de Oliver também podia aprender um desses ataques, e acabou aprendendo com a mesma facilidade que Fúria. Era quase instintivo entender os golpes e ensiná-los, muito diferente de outras técnicas comuns.

Agora nós tínhamos uma arma nova no nosso arsenal, mas não vou mostrar para vocês ainda, quero que seja surpresa.

Finalmente todas as minhas pendencias estavam resolvidas e eu só precisava focar em ganhar o torneio e a segunda insígnia, o que me leva ao inevitável fim que eu estava postergando desde quando entramos na rota 3: batalhas rankeadas. É, você ouviu direito, é essa merd$ mesmo. Sim, eu não queria ficar entrando nessas batalhas por diversos motivos, mas acabei dando o braço a torcer e admitindo que não tinha escolha, já que ninguém aceitaria simplesmente treinar com um estranho sem motivo.

Você deve estar se perguntando ‘por que você e Oliver não batalham?’. Por vários motivos: por que esse tipo de competição entre parceiros de viagem pode não dar certo, então nós temos uma espécie de acordo não verbal para não lutarmos entre nós; por que é muito mais interessante treinar nossos pokemons para batalhar juntos, e não um contra os outros; Oliver já tinha problemas o suficiente treinando o squirtle a obedecer sem falar e tentando fazer o pidgeotto voltar a respeitá-lo. É, o bixo ainda estava temperamental desde a caverna.

 Resumindo, eu tinha que lutar com outras pessoas e esse sistema bost$ era o único jeito.

Eu posterguei até não dar mais, o que me leva diretamente para o dia de hoje.

Hoje eu estava cheio de energia e pronto para começar o dia com mais uma sessão de treinamentos intensos, mas fui acordado com uma noticia extremamente broxante. Oliver veio me dizer que Hanna tinha finalmente voltado ao ginásio a alguns dias atrás, e aquele aprendiz esquisito dela tinha mandado uma mensagem pedindo que ele fosse até lá.

“Como é que ele tem teu contato?” Inquiri, meio brincando, meio enciumado de verdade.

Oliver só me respondeu com um sorriso amarelo e uma levantada de ombros.

Claro que eu não fiquei enchendo o saco dele e não reclamei mais até a hora que ele foi para o ginásio, não sou nenhum tipo de namorada adolescente chata, muito menos o tipo de gente que fica implorando alguma coisa. Se Oliver quiser passar um tempo no ginásio, ele tem o direito, não posso fazer nada.

A questão é que depois que ele foi embora eu fiquei extremamente entediado e sem nada para fazer. Fui completar o treinamento diário, sim, mas depois disso não tinha nenhuma outra tarefa durante o dia, então resolvi parar de enrolar e finalmente fazer a derradeira obrigação que tanto posterguei. Algumas centenas de xingamentos rogados ao ar depois, estamos aqui, no meio do famoso “chiqueiro”, o point onde todos os novatos vem disputar batalhas rankeadas aqui em Cerulean.

O chiqueiro, – assim que chamavam – era basicamente um monte de escavações improvisadas em algumas áreas da planície depois da ponte, na parte norte de Cerulean.  O interessante daqui era a variedade de coisas surpreendentes que foram colocadas nas diferentes arenas pelos participantes. Uma delas tinha pedras, outra tinha uma parte com gramado, outra tinha realmente um laguinho de lama e várias outras eram totalmente acimentadas. Os treinadores ficavam do lado de fora dos buracos e jogavam os pokemons lá dentro. Quinze metros de diâmetro aproximadamente, dois e meio de profundidade. Era o lugar perfeito para o tipo de luta sem lei que eram as batalhas rankeadas.

Hoje especialmente o lugar estava cheio, por que alguma espécie de sujeito famoso veio assistir a luta, ou pelo menos foi isso que eu entendi pelas reações e os olhares ansiosos que as pessoas lançavam a um cara estranho sentado bem no meio das arenas. Naturalmente eu caguei horrores para o que a massa de gente burra estava fazendo, só observei o local em silêncio tentando decidir qual seria a presa mais fácil de se abater de cara.

isso é, estaria em silêncio se não fosse por...

“Ai cara, isso vai ser tão legal!” É... O desgraçado do Mikaol veio comigo. “Imagina a gente ganhando de um monte de gente ruim com os outros olhando! Diva!”

“Por que você é super empolgado o tempo todo? Você tem algum problema hormonal?” Perguntei sem paciência.

“Por que você é tão rabugento o tempo todo? Eu hein, que cara amargo.” Ele respondeu no tom irritante dele.

Mikaol continuava representando para mim a mesma coisa que no dia que eu o conheci: alguém extremamente chato, barulhento e irritante. Claro que o jeito que Kami interagiu com ele durante nossa visita ao ginásio adicionava uma pontada de mistério e interesse, mas a personalidade desprezível dele conseguia me fazer esquecer isso. Enquanto estava andando de um lado para o outro, não consegui deixar de imaginar quem seriam seus pais e por que ele quis esconder. Talvez algum treinador famoso que pulou a cerca? Tem muitos bastardos por ai.

Não tive muito mais tempo de pensar nisso, por que um moleque remelento qualquer veio amigavelmente me dar bem vindo ao chiqueiro e sugerir uma luta casual para cada um de nós. Aceitei né... Quem ta no inferno tem que abraçar o Giratina.

 

____________________________________________________________________________________

 

 

Fúria arrastava pela cauda um pikachu desmaiado, como se estivesse querendo levá-lo para a toca e come-lo. Ri alto com a cena, e só mandei que ele largasse o oponente depois que ouvi o choro do outro treinador.

“Para de chorar, ele só está brincando com você.” Mas é óbvio que minhas doces palavras de conforto não adiantaram muito. Meu sagaz oponente desceu meio desembestado o barranco, pegou seu pikachu no colo e saiu correndo. “Próximo!” Gritei. A primeira vitória me deu algum gosto pela coisa.

Infelizmente o estilo agressivo do meu pokemon espantou algumas pessoas. Não posso culpá-lo, a maioria dos treinadores que está aqui é realmente iniciante, com uma insígnia no máximo, pouquíssimos deles já passaram pelas provações quase mortais que eu e Fúria tivemos que superar.

Mikaol estava no buraco do lado, tentando inutilmente ordenar que seu magikarp fizesse alguma coisa.

“Ai! Usa water gun!” Mas é claro que o magikarp só ficava lá se debatendo e apanhando do pequeno paras que o enfrentava.

“Eu ainda não acredito que você comprou um magikarp daquele pescador otário.” Não tinha bem um bom motivo para eu provocar o Mikaol. Eu só não gostava dele mesmo. “Eu já vi muita gente idiota, mas você está de parabéns.”

Ele me ignorou, mas pude reparar que minha provocação não passou despercebida, já que ele fechou a expressão alegre do rosto e esqueceu de dar ordens pro magikarp por alguns segundos. O paras continuava a golpear a esmo, acertando o pokemon peixe uma vez ou outra.

Perdi meu interesse rapidamente em sacanear Mikaol e prestar atenção na sua luta, – até por que estava um saco – então olhei em volta procurando algum novo oponente que me desse uma batalha melhorzinha. Não achei ninguém que me chamasse atenção, mas finalmente pude reparar melhor no suposto sujeito famoso que tinha causado a comoção nos frequentadores do Chiqueiro. Era um coroa na casa dos 40, baixinho, com cabelos castanhos longos e presos num rabo de cavalo, barba curta e roupas simples, e o mais curioso, estava de olhos fechados. Isso mesmo... Pude notar por que estávamos razoavelmente perto dele. O cara estava sentado com as pernas cruzadas e olhos fechados, sem nem ao menos se dar ao trabalho de ver todas as crianças remelentas que prestavam atenção nele.

Que piada...

Depois de um tempo Mikaol finalmente teve que recolher seu magikarp e acabou perdendo a batalha.

“Até que ele combina com você...” Continuei a provocar. “Já que a unica coisa que faz é ficar pulando igual idiota.”

Eu juro que achei que ele ia explodir.

“Olha aqui, garoto! Você é muito chato!” Ele finalmente resolveu responder, ficando vermelho e falando o mais alto que podia. “Só fica reclamando e falando mal de mim desde que eu te conheci. Eu salvei sua vida! Você é muito ingrato!”

“Salvou minha vida? Não lembro disso.” Claro que eu sabia do que ele estava falando, mas esse exagero na interpretação dos eventos era da parte dele.

Isso pareceu irritá-lo mais ainda. “Você só fica ai tirando pose de machão, mas tomou uma surra do Kami lá no ginásio.” E depois de falar isso riu de um jeito forçado e escandaloso. “Esse rato feio ai tomou só um tapa na cara!”

Normalmente esse tipo de resposta fraca só me faria continuar provocando a outra pessoa até ela não aguentar mais... Só que ele resolveu mexer com uma ferida que não estava completamente cicatrizada ainda, então é óbvio que eu não podia deixar assim. Olhei para meu ratata, que me devolveu o mesmo olhar de maldade que eu gostava tanto de ver...

Depois que ele terminou de rir, falei maldosamente. “Já que eu sou tão ruim, por que você não mostra pra eles?” Mikaol me encarou sem entender direito. “Batalha rankeada, agora.”

Algumas pessoas já estavam prestando atenção em mim depois da luta, outras passaram a olhar para nós depois que começamos a trocar farpas. Agora, boa parte dos presentes voltava a atenção em nossa direção por causa do desafio proferido. Mikaol ficou extremamente nervoso com isso, dava pra ver no rosto dele que ficava ligeiramente mais corado a cada segundo. Agora não era só uma simples questão de recusar e perder pontos, era uma questão de passar vergonha e não bancar o discurso.

Talvez eu esteja sendo meio chato? Talvez. Mas a verdade é que esse jeito peculiar do Mikaol me irritava mais do que o normal por algum motivo que eu não entendia direito. Talvez por que ele teve a presunção de assumir que eu precisava de ajuda no dia que nos conhecemos, coisa que por sí só já teria me irritado num dia normal, pior ainda depois de ter o ego ferido duas vezes seguidas.

Existe a possibilidade de eu simplesmente querer maltratar alguém para aliviar meu stress? Existia, mas vamos fingir que o motivo é mais pessoal e psicológico para que vocês não achem mais ainda que eu sou um babaca, ok? Ok.

Reparei que enquanto o barulho dos curiosos subia, o estranho de cabelo cumprido finalmente tinha aberto os olhos e agora me observava com evidente interesse e curiosidade.

“V... Vamos.” Mikaol respondeu finalmente, tímido. “VAMOS!” E depois gritou, voltando ao estado de empolgação costumeiro dele.

Eu já estava numa das pontas da arena, então fiquei esperando até que Mikaol fosse até a outra ponta. Lá, ele me encarou meio intimidado, meio tentando me enfrentar e mostrar que não era covarde, pegou uma pokebola da bolsa e liberou o mesmo pokemon desconhecido que eu vi no dia que nos conhecemos. Nosso foço em particular tinha algumas vinhas de cipó, uma parte gramada, algumas pedras e um poço de lama bem no meio. O pokemon quadrupede foi andando devagar até o fundo da arena, começou a cheirar a terra alegremente e mordiscar a grama. Era preocupante eu não conhecer a espécie ou saber de suas capacidades, mas pela cor esverdeada e a clara aparência vegetal, eu chuto que é algum tipo de bulbasauro de outra região, nada demais.

“Batalha oficial. Apostando 300 créditos.” Declarei pausadamente, querendo causar impacto. Várias pessoas soltaram uma exclamação, era muito dinheiro por uma batalha de leveis baixos.

Mikaol parecia que ia travar, mas me surpreendeu ao responder. “Por que você não aposta 500 logo?” E mais uma onda de exclamações de surpresa da plateia.

Eu ri forçado. “Imagino se você está corajoso assim de nervoso ou é de maluquice mesmo.” E antes que ele respondesse. “Aceito.”

O barulho se elevou incrivelmente quando eu aceitei a aposta, tanto que eu nem consegui o apito de confirmação da pokedex quando eu registrei a batalha. Acenei com a cabeça para Fúria, que já estava com seu típico olhar assassino e pelo eriçado. Meu pokemon desceu o poço e se manteve a uma distancia razoável, encarando e estudando seu oponente.

“Ta pronto, moça?”

“Sim.” Foi tudo que ele conseguiu responder.

“Eu vou ser gentil e deixar você começar.” Adicionei num tom de escárnio e ri no final. Mikaol realmente acreditou nisso e ameaçou dar uma ordem meio embolada. “Quick Attack!” Só que é claro que eu não estava falando sério.

Fúria disparou pelo campo freneticamente, quicando em cada uma das pedras de propósito só para confundir o outro pokemon e parecer mais impressionante. - esse rato estava cada dia mais parecido comigo - Mikaol gritou uma ordem pela metade, desesperado, o que não foi o suficiente para que seu pokemon reagisse a tempo. Fúria acertou o pokemon de planta direto na cabeça, o que o fez rolar alguns metros para trás.

“Será que já acabou?” Abri os braços, querendo provocar Mikaol e incitar a plateia.

O pequeno quadrupede levantou sem problemas, agora com uma expressão temerosa de vingança no rosto. Mikaol estava parecido com ele, com a cara vermelha e os punhos cerrados.

“Turtwig, razor leaf!” E ao ouvir a ordem, o pokemon abriu a boca e cuspiu uma torrente de folhas afiadíssimas.

Fúria recuou rápido e correu em zigue zague instintivamente, desviando da torrente continua de folhas cortantes. “Como vocês podem ver, a estratégia principal do nosso convidado é fazer com que meu pokemon dance.” Arranquei alguns poucos risos da plateia, mas deixei Mikaol ainda mais put$ comigo.

Ele continuou repetindo a ordem e a torrente de folhas continuou cortando o ar sem parar. Eu não estava preocupado por que confiava na velocidade de Fúria, que tinha sido tão severamente treinada desde sempre. Por uns momentos a batalha continuou igua, turtwig atirando projeteis e Fúria pulando de um lado para o outro desviando facilmente. Foi quando eu estava prestes a fazer outra piada provocativa que meu ratata vacilou de leve e tomou um corte na perna.

“HAAAAAA!” Mikaol comemorou, riu e apontou o dedo para mim.

O corte nem tinha sido muito profundo nem nada, mas o sangue espirrou generosamente na grama, causando um efeito que parecia muito pior do que era de verdade. Mikaol continuava rindo de um jeito extremamente irritante, comemorando como se realmente tivesse ganhado a luta ou algo do tipo.

Respirei fundo e finalmente perdi minha paciência. Chega de brincadeirinhas ou provocações. “Olha aqui, moleque. Eu estava disposto a brincar com você e com seu pokemon de merd$ por um tempo, mas já deu.” E enquanto falava, senti a estranha serenidade que as vezes se apoderava de mim recentemente. “Eu vou te ensinar sobre o que é batalhar com pokemons.”

Ele ia responder, mas minha ordem o fez desistir e engolir a seco. “Fúria, mata.”

Relaxem, ‘mata’ é só o novo codinome para o nosso velho golpe ‘arranca rabo’. Eu pensei que ficaria muito mais maneiro, mais agressivo e mais simples um nome como esse, então mudei durante os treinamentos nos últimos dias. Meu ratata tinha instinto assassino e estava olhando o turtwig com o mesmo olhar que ele me dava depois dos treinos? Até estava. Mas não é nada preocupante.

A partir de agora minha irritação tinha sumido. Só existia a batalha, a arena e o problema a ser batido na minha frente. Fúria disparou num padrão diferente fez uma finta ao redor do turtwig e girou no ar para poder usar o hyper fang.

“withdraw!” Mikaol se recuperou logo e deu a ordem, seu pokemon se recolheu o máximo que pode dentro do pequeno casco, o que o protegeu do que provavelmente seria um golpe definitivo para acabar a luta. “Razor leaf!”

A tartaruga de planta rolou para o lado depois de bloquear a mordida de Fúria com seu casco, colocou a cabeça para fora e se preparou para cuspir mais folhas.

“Bite!” Foi a hora que resolvi usar um dos ataques novos que Fúria tinha aprendido. Antes que a torrente de folhas começasse a voar novamente, meu ratata se adiantou e mordeu a cabeça do oponente, direto nos pontos de pressão.

O resultado foi imediato e cumpriu minhas expectativas, o outro pokemon gemeu em protesto, balançou a cabeça e se debateu debilmente até que Fúria o soltasse. Ele ainda ficou se debatendo por uns poucos segundos antes de voltar ao normal. Esse é o poder da maioria das técnicas sombrias, todas elas envolvem algum tipo de prejuízo indireto ao pokemon que recebe o dano. No caso de bite, era uma mordida que mirava os pontos de pressão do oponente, o que comummente podia deixar o outro pokemon atordoado e tonto. Funcionou muito bem.

Levantei rapidamente os olhos para ver como meu oponente estava. Me surpreendi ao ver que Mikaol estava menos agitado e parecia finalmente concentrado no que estava fazendo. “Absorb!” A ordem me pegou de surpresa.

Fúria se afastou instintivamente, mas só depois eu notei que o pokemon estava mirando o golpe de absorção nas plantas que rodeavam a pequena poça de lama da arena.

Maldito...

“Focus energy!” Resolvi aproveitar meu erro para tentar criar vantagens, mas Mikaol respondeu imediatamente, me pegando de surpresa de novo.

“Pisa!”

Pisa? O que seria pisa? Antes que eu pudesse pensar ou meu ratata focar sua energia, novamente uma torrente de folhas cortantes voou pelo ar até ele, mas dessa vez num padrão bem fácil de desviar. Nem precisei mandar, Fúria correu para a direita desviando com facilidade.  Era exatamente isso que Mikaol queria. O turtwig veio correndo desenfreado justamente na direção óbvia que o golpe isca incentivava o oponente a desviar, e deu uma cabeçada extremamente violenta no meu pokemon em pleno ar.

Eu ri, mas dessa vez não de escárnio. Estava realmente me divertindo com essa luta. Quem diria que o idiota saberia até dar ordens diferentes ao seu pokemon.

Fúria se levantou, gemendo de dor pela cabeçada no tórax. Provavelmente se a luta prosseguisse nossas chances de perder eram razoáveis. Decidi terminar logo atacando com tudo e usando nosso outro novo golpe.

“quick attack.” Ordenei, o que foi respondido novamente com a ordem para que o turtwig se recolhesse ao casco. Fúria acertou e fez o oponente rodar para longe alguns metros. Mikaol tentou aproveitar essa brecha para encaixar outro ataque, mas eu já estava contando com isso. “Pursuit!”

Por um breve momento até eu fiquei desorientado. Pursuit era um golpe que lembrava muito uma técnica de ilusionismo, e eu mesmo não consegui acompanhar com os olhos o padrão errático que meu ratata se moveu para chegar nas costas do outro pokemon. O turtwig foi pego totalmente de surpresa e sofreu um corte feio nas patas dianteiras. Antes de se recuperar, dei a ordem novamente “Quick attack!”

Sozinho, o quick attack é um golpe facilmente bloqueável, já que a velocidade extra exigia rotas memorizadas de movimento que qualquer bom treinador entenderia rápido. Do mesmo modo, pursuit exigia um certo tempo de preparo para que funcionasse, e era muito mais eficiente em pokemons que estão tentando desviar ou correr. Juntas, uma técnica supre as brechas da outra, criando uma sequencia devastadora de golpes ininterruptos.

Fúria não conseguia manter esse padrão por muito tempo, mas eu só precisava machucar o turtwig seriamente antes que ele ficasse esgotado. Um borrão roxo cruzava de um lado para o outro, batendo em várias partes do pokemon tartaruga e cortando outras. Mikaol olhava seu pokemon apanhando sem dó de todos os lados e não sabia muito bem o que fazer, e a cena continuou assim por um longo minuto, até que Fúria não aguentou mais e parou arfando.

“Acho que já chega, não é?” Declarei em voz alta. O turtwig estava sangrando em várias partes, arfando e tentando inutilmente se levantar. As constantes porradas de Fúria nele tinham-no jogado direto no poço de lama.

Mikaol estava pálido, irado e com o lábio tremendo. Eu sinceramente achei que ele ia chorar. “Não!” Ele gritou, apertando os punhos furiosíssimo.

“Seu pokemon não está aguentando ma...” Tentei falar, minha raiva já tinha passado totalmente depois da adrenalina da luta.

“Earth power!” Mikaol me interrompeu, causando espanto geral na plateia.

Earth power é um golpe extremamente poderoso e raro, não acreditei de primeira que aquele pokemonzinho de planta insignificante poderia fazer isso. O turtwig se levantou com muita dificuldade gemendo em protesto e raiva. Por um segundo, eu vi a luz característica do golpe rodear o pokemon e partículas de terra se levantarem. Pensei que não tinha  a menor chance de Fúria sobreviver a isso depois de estar tão cansado, mas no momento seguindo a luz apagou e a poeira baixou. Turtwig estava desmaiado.

Minha pokedex apitou, mas o burburinho das pessoas comentando a luta abafou tudo isso.

Desci o poço, desembrulhei um frasco de poções – aquele que comprei na promoção lá no MT.moon – e tratei Fúria rapidamente. Olhei para cima e notei que Mikaol vinha descendo totalmente cabisbaixo e derrotado.

Aff... Sinceramente, tem horas que eu até me arrependo das merd#s que faço.

Estendi uma das poções na direção dele. “Quer? Seu pokemon precisa de primeiros socorros antes de ir pro centro.”

Ele me olhou desconfiado e passou as mãos no rosto, provavelmente disfarçando o princípio de lágrimas. “Por que você ta me oferecendo isso?”

Meu arceus, ele não podia simplesmente aceitar? “Arrrrgh. Olha... Eu fui meio babaca mais cedo. Digamos que eu não estou no melhor dos meus dias, ta? Mas isso não é desculpa pra deixar seu pokemon sofrer atoa.” Me esforcei para falar do melhor jeito possível, mas tenho certeza que ainda saiu meio indelicado.

Mikaol soluçou de leve e pegou a poção, se debruçou sob seu pokemon e tratou de cuidá-lo. “Você lutou muito bem... Esse jeito de usar as duas técnicas juntas é muito melhor do que a minha...”

O elogio dele me pegou de surpresa, o que possivelmente me influenciou a amolecer o coração de leve e fazer o que estou prestes a fazer... Eu não acredito que estou prestes a fazer isso...

“Você também lutou muito bem, eu nunca tinha visto outra pessoa usar comandos customizados antes.” Sim, eu encorajei o anão irritante de volta. Alguém me mata por favor.

Mikaol ficou extremamente satisfeito por ter ouvido a primeira palavra de incentivo que eu dei a ele na vida, por que ele voltou ao trejeito super empolgado de sempre.

Meu arceus, dai-me paciência.

“Olá. Será que posso interromper só um minuto?” Uma vez desconhecida me chamou atenção vinda das minhas costas, quando me virei, encontrei o estranho famoso atrás de mim.

“Err... Claro.” Coçei a cabeça, um pouco confuso, reparando que todas as pessoas olhavam para dentro do poço agora.

“Meu nome é Bill, eu sou responsável pelo centro de pesquisa de Cerulean. Eu gostaria de fazer uma proposta que tenho certeza que você gostaria de ouvir.”

Bill? O BILL? O Bill em pessoa que ajudou Red durante sua jornada?

C@.

r@.

lho.

Volto a falar com vocês quando meu queixo voltar a minha cara e meu cérebro deixar de ser geleia na minha cabeça.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Essa semana n tem perguntas mas em breve nós vamos chegar novamente na resolução dos problemas desse arco. Ai sim o bicho vai pegar x)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...