História Polisipo - Imagine Tengen Uzui - Capítulo 21

O jovem ruivo suspirou depois de um longo dia andando entre vilas para exterminar pequenos demônios que apareciam ele queria apenas poder se deitar, tomar um banho e comer uma boa refeição.

Mas não foi bem isso o que aconteceu.

- O que está acontecendo? – Perguntou assustado ao ver as três garotas ansiosas do lado de fora da mansão enquanto muitos barulhos eram escutados de dentro. – É um demônio?

Tanjirou já sacava a lâmina pronto para a batalha, quando Naho o parou antes de fizesse alguma besteira.

- Não é nada disso, Tanjirou-san! – Bloqueou a porta com os braços. – É apenas a (S/N)-san limpando a mansão. Ela tem estado assim desde muito cedo, não sei sequer se ela dormiu.

O garoto devagar guardou a espada tentado entender o que estava acontecendo para que a mulher estivesse nesse estado, talvez ela fosse como sua mãe que descontava todos os problemas e ansiedades na faxina? Ele se lembrava claramente de todas as vezes que era obrigado a correr com a vassoura de palha velha para que sua mãe não ficasse sobrecarregada.

- Posso tentar falar com ela? – As meninas se olharam como se pensassem se essa era uma boa ideia ou não, no fim todas assentiram ao mesmo tempo. Devagar ele depositou no chão a caixa que carregava a irmã, talvez fosse melhor se ele fosse sozinho.

Deu duas batidas suaves sobre a porta de madeira leve, mas talvez ela não tivesse escutado.

- Com licença, (S/N)-san? – Colocou apenas a cabeça para dentro da sala, de fato ele nunca havia visto a mansão tão limpa e organizada antes. Todos os móveis estavam em posições diferentes e uma mulher tentava puxar um armário cheio de remédios enquanto segurava um pano sujo na mão. – Ah, eu te ajudo!

- Tanjirou, você chegou? – A mulher não havia percebido a presença do garoto até que ele estivesse a sua frente, realmente ela parecia ter muito no que pensar. – Desculpe, não queria te incomodar tão cedo, você chegou a muito tempo?

- Não, cheguei agora mesmo, encontrei as garotas do lado de fora. – Arregaçou as mangas e ajudou a puxar o grande armário até que a menina estivesse satisfeita na posição. – Elas pareciam muito preocupadas com você, aconteceu alguma coisa?

- O que?! – Os olhos dela se arregalaram, uma reação muito incomum de ver de sua parte, Tanjirou pensou. – Eu apenas queria que elas pudessem descansar mais, já que são crianças acho que deveriam passar mais tempo brincando.

- Tem razão, mas esse não parece ser o único caso, está realmente tudo bem? – Os olhos femininos se desviaram e as bochechas se tonalizaram num leve rosado, era adorável nos olhos do Kamado. – Você sabe, não quero te pressionar a dizer nada, apenas acho que faria bem conversar as vezes.

- Ah... – (S/N) levou as mãos até a fita que prendia seu cabelo e novamente refez o laço mais firme. – São apenas alguns problemas pessoais, acho que logo tudo se resolve.

Não é que a mulher não confiasse no jovem rapaz, ela apenas não era acostumada a conversar sobre seus problemas pessoais e na verdade ela tinha muito receio do que outros poderiam pensar sobre ela.

Uma prostituta que poderia estar tentando seduzir um exterminador de demônios para ter uma vida melhor?

- Hum, o que é tudo isso? – A voz abafada pela porta chegou ao ouvido de ambos, (S/N) pareceu entrar em pânico e logo jogava o pano sujo no chão e corria em direção a lavanderia. – Quem está ali dentro?

- Desculpe Tanjirou, vou lavar o pano sujo! – A mulher correu antes que o garoto pudesse avisar que ela havia jogado o pano no chão. Suspirou e se agachou pegando o pedaço de pano no mesmo instante que Uzui entrava no cômodo.

Ah, agora talvez ele entendesse um pouco melhor as aflições da amiga. Não pode deixar de sorrir, ele queria muito poder ajudar mas talvez a melhor ajuda fosse torcer pela felicidade de ambos.

- Tengen-san, você tirou a faixa? – Percebeu que o homem já não cobria a cicatriz que estava marcada em seu olho. O platinado sorriu com a grande percepção do garoto. – Tem algum motivo em especial?

- Eu apenas senti que já era hora de tirar aquilo. – Falou orgulhoso de si mesmo enquanto jogava os cabelos para trás com a mão. – Como foi a viagem? Alguma novidade da sua irmã?

- Acabei de chegar, acredito que logo vamos conseguir fazer a Nezuko voltar ao normal, obrigada por perguntar. – Apontou em direção aos fundos e estendeu o pano em sua direção. – A (S/N)-san acabou de ir para a lavanderia, acredito que tem muitas cobertas pesadas, poderia a ajudar por favor? Preciso me lavar primeiro.

- Claro! – Tão rápido quanto ele apareceu, ele se foi. Talvez o garoto poderia ao menos dar uma pequena ajuda para aqueles dois atrapalhados.

- Eu disse para que ficasse longe de mim, não disse?! – Falei do outro lado do lençol branco que estava pendurado, conseguia apenas ver sua alta silhueta sob o sol. Eu queria me enterrar viva, a vergonha me consumia por dentro e eu sequer era capaz de olhar para Uzui nesse momento, ou talvez por alguns anos pela frente.

- Você estava falando sério mesmo sobre isso? – Ele disse incrédulo enquanto tentava atravessar a horda de lençóis para chegar até mim.

- É claro que estava! – Puxei uma coberta grossa que estava pendurada para ficar entre nós dois. – Será que pode ir embora agora?!

- Tudo isso por causa do beijo? – Vi sua sombra colocar as mãos na cintura, meu rosto ficou vermelho ao lembrar da cena de ontem a noite. Ainda conseguia me lembrar da sensação das suas mãos firmes sob minha cintura e a quente língua passeando pelo meu pescoço.

- Não diga isso em voz alta! – Tentei acertar um soco nele sob a coberta mas não o acertou tão forte quanto eu queria.

- O que? Você abusou do meu corpinho ontem a noite, e agora quer que eu esconda isso de todos? – Aumentou o tom de voz, eu tinha certeza que pessoas de outras cidades conseguiam escutar ele.

- Será que você pode falar baixo?! – Chiei em sua direção, e se as crianças escutassem? – Eu não abusei de nada, você que veio pra cima de mim!

- Agora é assim? Porque eu tenho certeza que você estava gostando muito quando me puxou para o chão e nós quase tran... – Rapidamente puxei a coberta para o lado e tapei a boca do homem com as mãos. Tudo aconteceu muito rápido, em uma hora eu estava morrendo de vergonha e agora eu estava admirada ao o ver novamente sem a faixa cobrindo seu olho, e eu tinha certeza que ele sorria enquanto eu tentava cobrir sua boca para o impedir de dizer asneiras.

- Você não está usando a faixa. – Disse apenas, o tecido cheio de pedras extravagantes combinava muito com ele, mas com certeza ele ficava melhor sem ela.

Senti uma pequena mordida na palma da mão, o que me obrigou a solta-lo.

- Gostou? – Piscou com o olho direito. Eu estava prestes a discutir com ele, não era certo ele brincar tanto com meu coração e sentimentos, mas Kiyo apareceu correndo em nossa direção.

Eu soube que havia algo errado quando percebi seus olhos cheios de lágrimas.

- Kiyo, o que aconteceu? – Me afastei do homem, a garota tinha dificuldades de falar, seu soluço era desesperado e suas mãos gesticulavam.

- (S/N).... A-A... A senhora Hisa... – Disse entre soluços, então eu soube exatamente o que havia acontecido. – Ela faleceu.