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História Powerful - A queda de Myoui


Escrita por: RocMo

Notas do Autor


LEIAM ISSO, POR FAVOR <3

Oi, gente, bom dia.

Como vocês sabem, esse é o antepenúltimo capítulo de "Powerful" então, eu gostaria de pedir que todos deixassem um comentariozinho após ler ele, porquê, né, é o finalzinho, a despedida da fic rs.

Vocês conhecem aquele meme? "Seu pai chora no banho"? É mais ou menos essa a situação do Haru com a Mina a partir de agora rs, desculpa, é só uma piadinha pra descontrair.

Eu queria também já adiantando minhas desculpas a todos os Mina biased e ultimated que gostam dessa estória, por esse capítulo tão pesado pra nossa bailarina, e também adiantar que até o final vai ser assim, então desculpa, eu amo a Mina, eu juro rs.

No mais, boa leitura <3

Capítulo 18 - A queda de Myoui


 

... “Você está me dizendo que aquele monte de bosta forçou a nossa filha...” Ele nem quis terminar a sentença, só de imaginar aquele tipo de coisa era uma grande tortura.

“Não, não foi isso. Mina se entregou a ele.” Haru sentiu como se o mundo inteiro estivesse vindo abaixo ao ouvir aquilo. “Ela mesma me confessou.”

“Não...” Ele murmurou querendo não acreditar naquilo. Seu coração estava sendo tomado por um ódio descomunal.

“Não haveria mais casamento, Mina foi desonrada.” Kimi reforçou.

“Isso não pode ser verdade...” Haru falou baixo, já sentindo seu coração acelerado e tremendo de ódio. “Ele fez de propósito, aquele desgraçado!” Ele falou alto se levantando da cama.

“Haru, onde você vai?” Kimi o questionou, mas ele nem sequer conseguiu ouvi-la de tanta raiva que sentia.

“Eu devia ter matado aquele merda quando tive oportunidade!” Ele praticamente gritou, enquanto jogou no chão com raiva tudo o que havia em cima da penteadeira de Kimi, quebrando dois frascos de seu perfume favorito.

“Haru!” Kimi falou assustada. Seu marido estava com o rosto vermelho, assim como os seus olhos, e respirava de forma ofegante, parecia até possuído. “Haru, por favor, pare com isso.” Kimi insistiu, quase implorando. Ela estava acuada e com medo da reação do homem. Se ele atacasse Mina ela não seria capaz de contê-lo.

“Como ela pôde fazer isso conosco, Kimi? Com Yoshiro?” Ele perguntou olhando para a esposa, lembrando-se do rapaz morto, e toda a sua ânsia para voltar a ver Mina.

“Ela foi envenenada por eles, Haru... Aqueles malditos coreanos, eles conseguiram colocar Mina contra nós!” Kimi falou, chorando.

Haru não podia acreditar naquilo. A filha que ele criou com todo o amor e carinho do mundo, por quem ele daria a vida e a quem ele deu tudo o que o dinheiro podia comprar havia traído sua família da maneira mais baixa que poderia existir.

Sua filha, sua menininha, sua princesa havia ido para a cama com um rato coreano. Isso era demais para a cabeça e o coração de qualquer pai. Ele só queria morrer ou matar alguém.

“Haru, meu amor, venha aqui, se deite, tente dormir.” Kimi falou, mas Harunão iria conseguir dormir e ela sabia disso. “Esse maldito já está morto, não há mais o que fazer.”

“Ele pode estar morto, mas o estrago que ele causou é para sempre.” O General falou baixo, sem saber o que iria fazer com Mina e com sua vida dali em diante.

“Por favor, Haru, tente se acalmar, é madrugada, se continuar alterado, vai acordar a casa inteira, e os vizinhos também.” Kimi insistiu.

“Danem-se todos!” Ele respondeu com impaciência. “Nunca pensei que Mina fosse capaz de me dar tanto desgosto na vida.” Haru caminhou de volta para a cama, onde sentou-se. “Minha filha, na cama com um daqueles ratos... Juro que preferia ser torturado e morto por qualquer rebelde do que suportar uma coisa dessas, pelo menos morreria honrado.”

Tortura maior era a ideia de todos os seus comandados e companheiros no Exército do Sol Nascente saberem que a filha do General Myoui havia se entregado para um coreano. Nunca mais conseguiria olhar nos olhos de nenhum deles, e sabia que eles também nunca mais o respeitariam da mesma forma, e até mesmo fariam piadinhas e zombariam de sua filha desonrada.

Haru colocou as duas mãos no rosto e começou a chorar.

A queda do General Myoui não veio de nenhuma bala coreana ou chinesa, mas sim através de sua própria filha, que o apunhalou pelas costas de uma forma tão traiçoeira, que daria inveja a mais mortal das víboras.

Kimi se sentou ao lado do marido, e o abraçou.

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No dia seguinte, quando Mina chegou na sala, encontrou Haru em pé em frente a lareira, esperando por ela.

Na noite anterior ela tinha ouvido ele gritando e quebrando coisas dentro de seu quarto, então já estava imaginando que era algo a ver com ela, e por essa razão, havia se preparado mentalmente para enfrenta-lo.

Haru olhou para ela com uma expressão que nunca olhara antes: em seu olhar havia um misto de decepção e ódio, fazendo parte da coragem que Mina havia criado para encará-lo desaparecer em questão de segundos.

Kimi chegou ali também, nervosa e temendo o que poderia acontecer naquele embate entre pai e filha.

“Como você pôde?” Haru perguntou em um tom de voz baixo, porém intenso. Mina baixou os olhos, e não disse nada. “Como você pôde?!” Dessa vez seu tom de voz foi mais alto, e ele jogou uma foto de sua e de Kimi no chão, quebrando o quadro. Mina estremeceu com aquilo. “Vamos! Me responda!”

Haru estava assustador. Parecia até outra pessoa para Mina, e ela ficou pensando em como ele devia agir quando estava servindo no exército, e em como Chaeyoung, ainda criança, se sentiu com um homem tão bruto e odioso invadindo sua casa e matando toda a sua família.

Seus pais eram verdadeiros monstros, e só depois de adulta ela foi capaz de ver suas verdadeiras cores. Aquele Haru e aquela Kimi tão maravilhosos eram apenas personagens que eles criaram para iludi-la.  Seus verdadeiros pais eram pessoas horríveis.

“Você não entenderia.” Ela respondeu baixo, após respirar fundo e tomar coragem. “Você não entende nada de sentimentos, só conhece ódio e mentiras!”

“Como é?” Haru perguntou irritado, não acreditando que Mina teve coragem de dizer aquilo em sua cara.

“Você não me engana mais, General.” Mina continuou com a coragem que ela nem sabia de onde tinha tirado. “Eu sei quem você... Vocês dois.” Ela olhou rapidamente para Kimi. “... são de verdade, e se eu sou uma vergonha para vocês, isso é algo bom, saber que me consideram diferente de vocês é a melhor coisa que poderia me acontecer.” Kimi fechou os olhos, sentindo o peso daquelas palavras, já Haru ficou ainda mais possesso.

“Como ousa...” Haru falou enfurecido, e partindo para cima da filha, com um punho fechado, pronto para lhe dar um soco.

“Haru, não!” Kimi gritou, e correu para intervir, e colocou suas mãos contra o peito do marido, fazendo força para contê-lo. Mina apenas se encolheu e colocou as mãos sobre a cabeça, mas o homem parou antes de chegar a agredi-la por vontade própria, pois nem com toda a sua força, sua esposa seria capaz de contê-lo.

Na cozinha Chaeyoung e Somi ouviam a discussão, e quando a mais nova imaginou que Haru estava agredindo Mina, ela ficou tão nervosa que cortou o próprio dedo com a faca, enquanto picava cenouras.

“Ai, merda!” Ela exclamou, e chamou a atenção da outra mulher.

“O que houve, Chaeyoung?”Somi perguntou, enquanto a jovem pegou um pano de cima da pia e enrolou o seu dedo ensanguentado.

“Eu cortei o dedo, nada demais, Somi unnie.” Ela respondeu, demonstrando nervosismo.

“Fique calma, eu sei que você está assim por causa do que está acontecendo na sala, mas isso não é da nossa conta.” Somi falou para a garota, mas Chaeyoung não conseguia não se preocupar com Mina e Somi nunca entenderia isso.

“Eu sei, mas é que eu odeio esse homem, só de ouvir a voz dele eu já me sinto mal.” Ela falou paraa mais velha.

“Eu sei como é, eu me sinto do mesmo jeito, mas tente fingir que não está ouvindo nada, para não se machucar como agora.”

“Sim, Somi unnie.” Chaeyoung concordou, mas seu coração estava aflito e não havia nada que ela pudesse fazer para evitar esse sentimento.

Na sala, Haru abaixou sua mão e se afastou de Mina, que lentamente voltou a sua posição original.

O homem olhou para os quadros em cima da lareira e com um único movimento os jogou todos no chão, fazendo o maior barulho.

“Eu não me arrependo de nada que eu fiz em todos esses anos como soldado.” Ele começou e virou-se para olhar para a filha. “Eu matei muitos deles, aqueles ratos coreanos e chineses. Eles não valem nada, são animais.” Mina sentiu um nó na garganta ao ouvir aquilo. “Matei e continuarei matando até que o mundo seja um lugar melhor sem essa gente nojenta!”

“Você é um monstro!”Mina falou, já chorando.

“Mina, cala essa boca!” Kimi a repreendeu nervosa, temendo que dessa vez Haru não se contivesse, e acabasse agredindo a jovem. Um soco dele seria capaz de arrebentar a própria filha.

“Posso até ser, mas sempre serei seu pai, e se eu matei esses miseráveis, foi para que você pudesse crescer e viver em um mundo melhor!” Haru respondeu.

“Você pode até dizer que tem vergonha de mim, por eu ter sido desonrada, mas eu é quem tenho vergonha de usar esse sobrenome nojento de um assassino!” Aquelas palavras de Mina deixaram Haru irado, e ele perdeu totalmente o pouco de calma que ainda o segurava, partindo para cima da filha, e lhe acertando um forte tapa no rosto, que a fez cair no chão, tamanha foi a violência. Kimi deu um grito.

“Haru, é a nossa filha, não a machuque!” Kimi tentou intervir, mas foi empurrada para longe pelo marido, que se ajoelhou ao lado de Mina, que estava caída, e pegou com violência em seu cabelo, forçando a encará-lo. O tapa de Haru fez o lábio de Mina se cortar, e ela estava sangrando, para o horror de Kimi.

Na cozinha, ouvindo tudo o que estava acontecendo, Chaeyoung pegou a faca e partiu em direção a sala, mas foi contida por Somi que segurou em seu braço.

“Onde você está indo com essa faca?” A mulher perguntou assustada.

“Eu vou matar aquele desgraçado, ele bateu nela.” Chaeyoung respondeu tão enfurecida que seus olhos lacrimejavam. Só queria matar o General por ele ter tido coragem de agredir Mina.

“Chaeyoung, você enlouqueceu? Ele está fora de si, se você for lá só vai piorar tudo, e ele pode até te matar!” Somi alertou a jovem. “Ele não vai matar a própria filha, mas você ele mata, fique aqui, vai ser melhor para todos, inclusive para Mina.”

Somi tirou a faca da mãe da jovem, que começou a chorar. A mulher mais velha não entendia aquele carinho todo da coreana pela japonesa, mas ela respeitava, porquê era notório que era muito verdadeiro e sincero.

Na sala, Kimi se via diante de uma das cenas mais terríveis de sua vida: Haru e Mina no chão, e o homem segurando a filha pelos cabelos, e com tanto ódio nos olhos, que parecia até estar possuído por alguma entidade demoníaca.

“Sobrenome nojento? Eu deveria era te botar para fora dessa casa, sua devassa!”Haru falou alto, enquanto Mina só chorava.

“Haru, não faça isso...” Kimi suplicou, baixo e também em lágrimas.

“Você não é nenhum pouco diferente dessas chinesas e coreanas que servem em bordéis!” Mina sentiu aquelas palavras doerem mais que o próprio tapa que havia levado. “Deveria viver como uma delas, já que gosta tanto desses ratos malditos!”

Haru soltou Mina e se levantou do chão, sem dizer mais nada foi para o seu quarto, onde bateu e depois trancou a porta.

A garota permaneceu estática por alguns instantes, assim como Kimi, e então ela começou a se levantar ali do chão, devagar, e assim que passou a mão pelo rosto, viu o sangue que saia de sua boca.

“Olha o que você fez, minha filha, destruiu nossa família.” Kimi falou em prantos, mas a jovem bailarina não respondeu nada, apenas se levantou e foi para o seu quarto.

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Mina estava deitada em sua cama, abraçada ao travesseiro, quando ouviu barulhos na maçaneta.

“Mina, sou eu.” Era a voz de Chaeyoung, então a bailarina prontamente se levantou e foi atender a jovem, destrancando a porta de seu quarto. “Posso entrar um pouquinho?”

“Sim, venha.” Mina respondeu e assim que a coreana entrou em seu quarto, ela trancou a porta novamente.

Chaeyoung trazia consigo uma bandeja com yakissoba, suco e dois pêssegos. A coreana sentiu seu coração se partir ao notar o machucado no rosto da jovem japonesa.

“Desgraçado...” Ela murmurou baixo e em coreano, deixando Mina confusa.

“O que foi?” A outra lhe questionou.

“Nada, deixa para lá.” Chaeyoung respondeu, era melhor não falar daquilo naquele momento.

“Foi minha mãe quem mandou você me trazer isso?” A bailarina perguntou, já que era tarde e ela nem punha os pés para fora do quarto desde manhã.

“Não, fui eu mesma quem preparei tudo para você, vi que não almoçou e fiquei preocupada.” A jovem esclareceu, e Mina passou a mão em seus cabelos curtos de forma carinhosa.

“Eu agradeço pela preocupação e carinho, mas eu não vou conseguir comer, pelo menos não agora.” Mina respondeu. “Eu não sei mais o que fazer, nem sei nem mais o que pensar, às vezes sinto que estou no meio de um pesadelo sem fim, e eu só quero acordar.” Mina desabafou. Sua vida estava um caos, era como se o mundo estivesse desabando sobre sua cabeça.

“Eu sei como é, é exatamente assim que me sinto há dez anos.” A coreana respondeu, deixando Mina ainda mais entristecida.

Mina pegou a bandeja das mãos de Chaeyoung, colocou em cima da cama e depois lhe abraçou forte.

Mina amava Chaeyoung, e ter conhecido a pequena foi, com certeza, a melhor coisa que aconteceu em toda a sua vida, mas sempre que se lembrava das circunstâncias que trouxeram a jovem coreana para seu mundo, seu coração doía. Ela amava Chaeyoung, mas preferia que Haru nunca tivesse matado sua família, mesmo que isso significasse nunca conhecê-la.

“Promete para mim que vai comer pelo menos um pouquinho, por favor.” Chaeyoung pediu. “Sei que as coisas estão terríveis, mas nós vamos dar um jeito, eu te prometo.”

“Tudo bem, eu prometo que vou comer, por você.” Mina respondeu, abriu um pequeno sorriso e depois colocou as mãos no rosto de Chaeyoung e lhe beijou.

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Vários dias se passaram. Mina nem conversava com Haru e Kimi, na verdade, ela vivia enfurnada em seu quarto e só saía de lá para ensaiar e para comer, e sempre comia em horários que seus pais não almoçavam, nem jantavam.

A família Myoui estava destruída.

“Inbok ficaria feliz se visse isso.” Chaeyoung comentou com Somi, enquanto as duas limpavam o quintal.

“Eles estão colhendo o que plantaram.” A mais velha respondeu. “Tudo o que é construído com mentiras e em cima do sofrimento dos outros desaba cedo ou tarde.”

Chaeyoung achava que aquela situação era um castigo ainda pequeno para Haru e Kimi, mas sofria por Mina, e sabia que a garota era quem estava segurando a barra mais pesada dos três. Além do mais, desde que o homem voltara da China ela não mais havia dormido com Mina. O General insone vagava pela casa de madrugada feito uma assombração, e Chaeyoung não poderia arriscar a sua pele e a da bailarina tanto assim.

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Haru olhava fixamente para o espelho e nem se reconhecia mais. Seu reflexo agora mostrava um homem acabado, com expressão cansada e olheiras tão grandes e profundas que denunciavam o estado caótico que estava sua vida.

Ela já não era mais o mesmo homem viril e imponente de outrora, agora não podia se dizer nem que ele era nem mesmo a sombra do que ele costumava ser. Estava destruído, assim como sua família.

Myoui Haru era um verdadeiro fracassado.

Achava que a pior dor que uma pessoa poderia sentir em sua vida, era perder alguém que se ama para a morte: foi assim com seu pai, quando ele ainda era menino, e anos mais tarde com sua mãe, mas ele estava enganado.

Nada doeu mais em seu coração do que perder sua filha. Sim, Mina estava viva e saudável, mas ele havia perdido a menininha que o amava e o adorava, aquela que sempre corria para abraça-lo toda vez que ele voltava de viagem. Aquela que o beijava e passeava com ele.  Essa menininha não existia mais, agora, Mina era a filha que o achava um monstro, que o desprezava, e que achava seu nome de família nojento e o havia desonrado.

E agora, além de tudo isso, ele iria passar por mais uma humilhação: ter que ir a um psiquiatra, médico de loucos.

“Haru, vai ser bom para você, meu amor.” Kimi argumentava calmamente. “Não há nada de errado em precisar tomar algum ansiolítico depois de todo o estresse que passamos nos últimos dias.”

Haru mal conseguia dormir, e quando o sono vinha, estava sempre tendo terríveis pesadelos, muitas vezes com Yoshiro morto. Isso quando não assustado acordava com sons de tiros e gritos.

“Kimi, não precisa fingir que isso é normal, eu sei que não é.” O General tinha plena convicção que sua esposa só estava falando aquilo para fazê-lo se sentir melhor, mas não ia adiantar.

A ex-bailarina se aproximou do marido e lhe abraçou. Era muito doloroso para ela ver Haru naquele estado.

“Eu te amo, Haru.” Ela falou próximo ao ouvido dele e depois lhe deu um beijo com ternura, mas nem essa declaração de amor tão carinhosa foi capaz de lhe arrancar um sorriso.

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Após a visita de Haru ao psiquiatra, ele começou a tomar um ansiolítico para regularizar seu sono, e agora ele já não vagava mais todas as noites pela casa, porém, durante o dia, ele ficava sonolento e se encontrava cada vez mais depressivo e já não quase saía de casa. Passava a maior parte do tempo sozinho, trancado em seu quarto.

Kimi sentia seu coração sangrar ao ver seu marido naquele estado. Era muito difícil para ela vê-lo definhando emocionalmente daquela maneira. Ele estava abatido, pálido e visivelmente perdendo peso. Era outro homem.

“Você não sente nenhum peso na consciência de ver o que fez ao seu pai?” Kimi questionou Mina, que se arrumava para o seu ensaio. A bailarina nada respondeu. “Eu não te reconheço mais!”

Kimi deixou o quarto, e Mina prendeu o cabelo enquanto se olhava no espelho.

Apesar de tudo, ela se sentia bem entristecida ao ver o seu pai daquela maneira. Ele podia ser uma pessoa terrível, mas ainda era seu pai, e ela não conseguia odiá-lo verdadeiramente. Não o admirava mais, mas ainda o amava, e tinha quase certeza que não conseguiria deixar de amá-lo, mas ao mesmo tempo que foi ele mesmo quem trouxe todo aquele sofrimento em sua própria vida. Ele machucou muita gente, destruiu muitas vidas, e uma hora seria cobrado por todo o rastro de sofrimento que deixou.

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Naquela noite, Chaeyoung e Somi arrumaram uma série de coisas para levar para Inbok. Além de comida, elas arrumaram também roupas e cobertores, já que o verão estava chegando ao fim, e logo as noites ficariam muito frias.

“Nossa, é muita coisa.” Inbok comentou ao ver a jovem trazendo consigo cobertores e roupas, com até um pouco de dificuldade de se equilibrar. “Acho que vou precisar fazer duas viagens para conseguir levar tudo.”

“Eu posso te ajudar a levar, Inbokoppa.” Chaeyoung sugeriu. “Vai ser mais rápido e mais prático também.”

“Tem certeza?” Ele questionou. “Não está muito cansada?”

“Não, estou bem.” Chaeyoung garantiu.

Os dois seguiram pelas ruas de Osaka, e Chaeyoung estava, pela primeira vez, durante muito tempo, vendo lugares diferentes e que não eram as paredes da casa dos Myoui.

“Essa cidade é até bonita, pena que está escuro e você não vai poder ver direito.” Inbok comentou ao perceber como a garota olhava com certo encanto para os prédios e casas. “Nada vale mais a pena que a liberdade, Chaeyoung.”

“Sim, eu nem sabia mais como era a sensação de poder andar livremente assim.” Ela concordou.

Após alguns minutos de caminhada, eles finalmente chegaram ao seu destino: um prédio velho e abandonado. Ao entrar no local Chaeyoung se sentiu muito mal por saber que Inbok estava vivendo naquela situação.

Ele dormia no chão, em cima de um lençol fino, e só tinha travesseiro porquê Somi havia mandado um velho para ele. A iluminação do local era algumas velas que ela tinha furtado em uma loja.

“Eu sei que não é nada digno, mas ao menos eu tenho um lugar para viver.” Ele comentou, percebendo pelos olhos da garota o quanto ela se sentia incomodada com o lugar.

“Queria que você tivesse pelo menos um colchão.” Ela comentou, comovida.

“Não se preocupe com isso, Chae, eu sou um sobrevivente, você sabe.” Eles sorriram um para o outro, mas era difícil aceitar que qualquer pessoa merecia viver naquelas condições.

“Bom, pelo menos aquele maldito do Haru está pagando pelo o que fez.” Chaeyoung falou, como se aquilo servisse de consolo. “Ele está sofrendo, todos os Myoui estão.”

“Isso ainda é pouco, eles têm que pagar com a vida o mal que nos fizeram.” Chaeyoung se arrepiava quando Inbok falava aquelas coisas.

“Acho que ver a família ruir como está acontecendo já é doloroso demais.” Ela argumentou, e então se aproximou do rapaz. “E além do mais, Inbok oppa, você não é como eles, você é um bom rapaz, não um assassino como o General.” Inbok sorriu carinhosamente e inesperadamente a abraçou.

“Você é tudo para mim, Chaeyoung.” Ele falou de um jeito acalorado. Chaeyoung estava um pouco desconfortável com o gesto, mas o retribuiu, também abraçando o rapaz. “E se para você significa tanto que eu não siga com meus planos contra Mina, eu digo que vou não vou machuca-la.”

“Ela já está sofrendo o suficiente.” Chaeyoung com um grande alívio em seu coração por ouvir aquilo. Essa ideia de Inbok lhe atormentava dia e noite.

“Mas não é por ela que faço isso, é por você.” Ele falou e segurou nas mãos da jovem. “Entenda isso como uma prova de amor.”

Chaeyoung corou com aquilo, e então Inbok se curvou para beijá-la, mas ela se afastou no mesmo instante, colocando suas mãos no peito dele, para mantê-lo afastado.

“Por favor, não...” Ela pediu, receosa que ele tentasse algo e ela não pudesse fugir dali, já se achando uma estúpida por ter se enfiado naquele local com ele, mas o rapaz continuou parado.

“Eu te amo.” Ele falou, entristecido, e Chaeyoung sentia por não amá-lo de volta, provavelmente seria mais fácil para todos, mas não temos o poder de escolher por quem nos apaixonamos, isso simplesmente acontece, e no seu caso aconteceu com Mina.

“Me desculpa...” Ela falou baixo, evitando olhar para o rosto de Inbok, para não ver seu olhar machucado. “Eu preciso ir.”

“Eu vou com você.” Ele falou rapidamente. “Não é bom uma garota ficar andando sozinha por aí, além do mais esses japoneses não prestam, eu não confio neles.”

“Vai ficar tudo bem, Inbokoppa, não precisa se incomodar.” Chaeyoung garantiu, mas ele percebeu que ela estava com medo.

“Eu nunca faria nada para te machucar, Chaeyoung.” Ele garantiu. “Você pode confiar em mim.”

E assim os dois voltaram para a casa da família Myoui. Não trocaram quase nenhuma palavra pelo caminho. O silêncio era constrangedor e torturante.

“Obrigada pela companhia.” Chaeyoung agradeceu o rapaz com um sorriso tímido.

“Eu é quem agradeço pelo carinho e por estar me ajudando.” Ele respondeu e passou a mão pelo rosto de Chaeyoung, de forma delicada, mais uma vez deixando-a sem-graça. “Então, até qualquer dia desses.”

“Até.” Chaeyoung abraçou rapidamente o rapaz, e entrou pelo buraco da cerca, enquanto Inbokcomeçou a atravessar a rua, para voltar ao seu novo lar.

Ao caminhar lentamente até a direção da janela do seu quarto, Chaeyoungse assustou ao ver que havia alguém do lado de fora da casa. Seu coração disparou, e ela se escondeu atrás de uma árvore até notar que se tratava de Mina.

Ela saiu de trás da árvore e caminhou em direção a garota, que se surpreendeu ao vê-la ali.

“Chaeyoung, o que você está fazendo aqui?” Ela sussurrou, se aproximando da coreana.

“Eu estava com Inbok, eu fui levar algumas roupas e cobertor para ele, logo começa o inverno e ele não tinha nada...” Chaeyoung começou a se explicar, pois tinha consciência do ciúme de Mina, e notou a expressão dela quando a outra jovem confessou que estava com seu amigo coreano.

“Está tudo bem.” Mina respondeu, bem desanimada.

“E você? O que faz aqui?” Se Haru ou Kimi a vissem ali, ela com certeza teria grandes problemas.

“Não consigo dormir, rolei de um lado para o outro pela cama, mas é tanta coisa na minha cabeça, que eu nem consigo descansar.” Mina comentou, já cansada de toda aquela situação. “Queria que estivesse comigo.”

“Posso ficar agora.” Chaeyoung sugeriu e as duas sorriram, se abraçaram e trocaram um beijo rápido, porém carinhoso.

Do lado de fora da casa, espiando pelo buraco da cerca, estava Inbok, chocado e incrédulo com o que acabara de ver. Ele havia dado meia volta e agora estava olhando para se garantir que Chaeyoung chegaria bem até seu quarto, já que Haru estava de volta da China.

Não podia ser, aquilo não podia estar acontecendo... Chaeyoung e Mina juntas?

Agora estava tudo claro para ele. Estava óbvio o motivo pelo qual Chaeyoung se esquivou de todas as suas investidas românticas.

Ele sentiu um ódio enorme invadir seu coração e só conseguia pensar em vingança. Sua vontade era de entrar na casa naquele instante, e acabar com as duas ali mesmo, mas ele precisava ser cauteloso.

Ele pelas ruas com passos descompensados, quase como um maluco, ainda não podendo acreditar no que os seus olhos haviam visto

Assim que chegou em sua nova “casa” e começou a socar as paredes, e a chutar as roupas e os cobertores.

Como Chaeyoung teve coragem? Como ela podia ter mentido para ele? Mentido para Somi? Depois de tudo o que aconteceu? Como podia ter traído as pessoas que ela dizia ser sua família?

Como ela tinha coragem de beijar a filha de duas pessoas que só lhe fizeram mal, a filha mimadinha daquelas duas víboras sem coração?

Como ela pôde preferir Mina a ele, que sempre esteve ao seu lado, que sempre lhe apoiou e lhe defendeu enquanto os pais daquela garota maldita destruíam sua vida?

“Mentirosa! Traidora!” Ele vociferava para si mesmo. “Ela deve me achar um palhaço, mas eu vou ensinar uma lição para ela! Para as duas!”

Chaeyoung era uma cobra rastejante assim como os Myoui. Havia tentado enganá-lo, dizendo que se importava com ele, por isso não o queria perto de Mina, quando na verdade ela lhe disse todas aquelas coisas somente para proteger sua amante.

Mas aquilo não iria ficar assim. Não mesmo.

Haru havia tirado seu pai e seus irmãos dele, e agora a filha dele estava roubando o seu amor, porém, ele não era mais um garotinho indefeso e amedrontado, agora ele era um homem que não iria mais aturar nenhum Myoui tirando algo que lhe pertencia.

Mina iria pagar caro por isso.

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No dia seguinte, Mina havia ensaiado a tarde toda. Em duas semanas seria a sua grande apresentação. Finalmente ela estava conseguindo não deixar seus problemas pessoais não afetarem sua dança, e estava muito feliz com isso.

Ela saiu do ensaio junto de Kenzo, ambos conversavam animados, quando Inbok cruzou seu caminho, e os encarou com ódio.

“Toru.... O que houve?” Mina perguntou, mas o rapaz nada respondeu, simplesmente começou a andar rapidamente na direção deles, e ao se aproximar o suficiente tentou segurar Mina, mas foi impedido por Kenzo.

“O que está fazendo, cara?” O bailarino japonês perguntou, segurando o braço do coreano, que sem muito esforço, conseguiu se soltar.

“Fica fora disso, seu maricas!” Inbok falou com raiva, e deu um soco no rosto de Kenzo, derrubando-o no chão.

“Corre, Mina!” Kenzo gritou para a amiga, que assim o fez. Inbok deu um chute na cabeça do rapaz no chão, machucando-o e foi correndo atrás de Mina.

Mina tinha físico para aguentar muito tempo de corrida, mas Inbok era mais alto, e tinha pernas mais compridas, então não demorou muito para que ele conseguisse alcança-la, e lhe segurar pelo braço.

“O que está fazendo?” Ela perguntou, chorando e desesperada. “Por que está fazendo isso?”

“Cala a boca!” Inbok esbravejou e segurou firme em seu cabeço, tirando a faca do bolso e colocando-a no pescoço de Mina. “Você vai ficar bem quietinha e vir comigo, como se fosse minha namorada.”

“Toru, por favor...” Ela sussurrou, sem entender o porquê de Inbok estar fazendo aquilo com ela.

“Nós temos contas para acertar, Myoui Mina.” Mina viu o ódio nos olhos do rapaz, quando ele lhe disse aquilo. Seja lá o que fosse, aquilo era um sinal que estava em grandes problemas e iria sofrer muito nas mãos dele.

E assim ele a levou para longe dali. Kenzo, com alguma dificuldade se levantou, e sem pensar em mais nada, correu para avisar aos pais de sua amiga o que havia acontecido.

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Quando alguém bateu desesperadamente na porta da casa dos Myoui, foi Chaeyoung quem atendeu. Era Kenzo, com a cabeça machucada e o rosto inchado.

“Chame o General, Mina está em perigo!” Ele falou, extremamente desesperado, deixando Chaeyoung nervosa.

Kimi apareceu ali, para ver quem era a visita.

“Quem está... Kenzo! Céus, o que houve? Onde está Mina?” A mulher perguntou preocupada se aproximando do rapaz machucado.

“Mina foi sequestrada, aquele coreano daqui, ele a pegou.” O rapaz falou com dificuldade. Chaeyoung sentiu seu mundo cair ao ouvir aquilo.Inbok?

“Toru? Ele está morto!” Kimi rebateu.

“Não, não está.” Chaeyoung falou, aflita. “Ele conseguiu fugir daquele soldado.” Kimi não pôde acreditar naquilo. Então Aoki havia mentido para ela?

“Haru! Haru!” Kimi gritou desesperada, e logo o homem apareceu ali.

“O que está acontecendo, Kimi? Para quê esse escândalo todo?” Ele perguntou, mal-humorado e sonolento.

“Mina está com Toru, ela foi sequestrada.” Kimi falou para o marido.

“Achei que tivesse me dito que esse rato estava morto” Haru comentou, confuso. Será que os remédios fortes já estavam confundindo seus pensamentos?

“Aoki mentiu, ele não matou Toru.” Kimi esclareceu. “Haru, pelo o amor de Deus, olha o que ele fez com Kenzo, Mina está em perigo!” Ela apontou para o rosto machucado do bailarino.

“Eles não eram amantes?” Haru perguntou, completamente desanimado e entristecido, por imaginar que sua filha havia lhe dado o golpe final, deixando de vez sua família para viver com o amante coreano.“Provavelmente ela deve ter fugido com ele.”

“Não!” Chaeyoung quase gritou com o General, tamanho era seu desespero. Inbok havia quebrado sua promessa, ela sabia que ele iria matar a bailarina. “Mina nunca foi amante de Inbok, ela mentiu para vocês!” Kimi e Haru se entreolharam, e o General estava confuso e sem entender de onde a garota sabia de tudo aquilo. A jovem coreana não queria fazer aquilo, mas ela não tinha outra escolha diante daquela situação desesperadora. Era isso ou deixar Mina morrer nas mãos de Inbok. “A amante de Mina era eu!”

Aquela confissão de Chaeyoung caiu como uma bomba na casa da família Myoui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Pesado, né? Tadinha da Mina...

Não sei se vocês perceberam, mas o Inbok foi sendo construído como um vilão desde o início da fic. Eu sempre pensei nele assim, desde o capítulo que ele ainda é um menino e oferece biscoito amanteigado pra Chaeyoug.

Eu tenho planos de uma nova fic Michaeng, num universo bem diferente, inspirado pelo MV de "TT". Mina uma pirata tentando conquistar o amor de uma sereia filha de Poseidon (que upgrade pra Chaeyoung, né? De escrava orfã pra filha do deus dos mares, né? rs)

Obrigado a todos, e até a quarta! E preparem o coração porquê o Inbok é um louco rs.


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