– Capítulo 4.
– Beijinhos não são o problema.
Chanhee ouviu o despertador do celular porém o deixou tocando e mais uma vez esticou-se naquela cama que não era sua cama, mas, era sua cama, um dilema muito do atípico, e lembrou automaticamente que após sair do quarto em que Younghoon estava, somente jogou-se no sofá vendo Changmin entrar no quarto de onde havia acabado de sair e lá ficar por um bom tempo.
O Choi pensou realmente em espiar atrás da porta pra ouvir um pouquinho que fosse da conversa que os dois estavam tendo – pois, estava silencioso demais, então brigando eles não estavam – depois de perceber que aquilo não seria invasão de privacidade, uma vez que querendo, ou não querendo era casado com aqueles dois, mas, desistiu quando Sangyeon ligou para o telefone fixo dizendo que no dia seguinte Chanhee tinha que trabalhar, sem desculpas, porque um dia era fácil de driblar a chefe, mas se faltasse mais ela mesma iria vê-lo, então era melhor dormir.
Mas, voltando aos pensamentos atuais do rosado, ele lembrava-se nitidamente de ter dormido no sofá e não na cama, mas, ok, não iria esquentar a cabeça com isso.
Diferente da noite anterior não estava sozinho e praticamente pulou da cama pelo susto quando braços o rodearam por trás. Ele literalmente ainda não estava apto a acostumar-se com esses carinhos repentinos e assustadores – não que fossem ruim, pelo contrário e provavelmente era isso que os tornavam assustadores.
E teve quase certeza que o carma de sua vida adulta fosse ter alguém jogado em cima de si quando sentiu um peso extra sobre seu corpo e a voz bonita de Younghoon soar alta demais para ouvir tão de perto as sete horas da manhã.
– É só eu dormir no quarto ao lado um dia que vocês já se atrasam, incrível, quero ver se eu precisar viajar mesmo com minha mãe no próximo mês.
Ouviu os resmungos de Changmin ao seu lado e abriu os olhos a tempo de ver o Ji puxando Younghoon para o seu lado e dizendo um arrastado "você não faz falta", mas contrariando suas palavras o abraçou forte e recebeu um beijinho na bochecha.
Chanhee olhava aquela cena de demonstração de afeto com um brilho inconsciente nos olhos, "eles formam um belíssimo casal" foi o que veio em sua cabeça assim que viu a forma apaixonada com que Younghoon olhava para Changmin. Ele já havia visto um olhar como esse algumas vezes, um deles e o seu maior exemplo, com certeza era dos seus pais, lembrava de vezes em que eles apenas paravam e ficavam se olhando e sorrindo e depois de um tempo alguém sempre dizia "eu te amo tanto".
Mas, os olhos de Younghoon não ficaram muito tempo no homem que ainda dormia, pois, eles desviaram-se exatamente para o seu e quando cruzaram-se viu o sorriso largo que apareceu no rosto bonito do Kim, e viu-se em um dilema de "Ele é seu m-a-r-i-d-o não precisa ficar com vergonha de receber olhares assim" mas, ele conseguiu até mesmo sentir quando suas bochechas esquentaram e apenas conseguiu desviar o olhar fazendo o Kim rir alto.
– O que é isso, Chan? – perguntou se aproximando por baixo do cobertor e grudando-se a si em um abraço de urso, pondo uma perna de cada lado do corpo do Choi, que cobriu o rosto com as duas mãos – Parece até o começo do nosso namoro quando você negava de toda forma que gostava de mim, mas, que eu não podia te olhar que você ficava igualzinho a uma pimentinha. – Younghoon tirou as mãos que cobriam o rosto do outro as prendendo contra a cama ao lado do mesmo – Fofo.
E então recebeu um beijinho na ponta do nariz e outros na bochecha direita, para depois a esquerda e então desviou da boca descendo para o queixo, onde Chanhee recebeu uma mordida fraca e então um beijinho casto e rápido foi depositado em seus lábios, aquele era seu primeiro beijinho trocado com o Kim.
– Ah, eu ninguém acorda assim, né? Ok, eu sempre soube, seus traidores.
Younghoon virou-se para Changmin novamente dando espaço para o que estava a baixo de si sair da cama indo direto ao banheiro. Mas, ainda conseguiu ouvir quando Younghoon disse:
– Agora eu faço falta é?
E então fechou a porta, indo direto a pia para lavar o rosto e escovar os dentes e após a higiene feita, ele viu um tubo de protetor solar na bancada a frente dos outros produtos, muito provavelmente Younghoon havia o usado, pois lembrava de ter organizado tudo ontem quando limpou a casa. Pegou o tubo e resolveu passar em sua pele também, uma vez que podia ver o sol brilhando lá fora pelas frestas da janela, e sempre cuidou com isso, lembrava-se de quando era criança e odiava que sua mãe o enchesse do creme protetor e sempre acabava emburrado por sua mãe o dar uma bronca.
E quando finalmente saiu do banheiro, a cena que viu o fez quase voltar para dentro, mas, isso se não fosse bem mais animador e cativante ficar a olhando – mas, se alguém perguntasse ele negaria até a morte.
Younghoon estava sentado na cama com um Changmin apenas de moletom em seu colo e eles trocavam um beijo tão fervoroso que Chanhee quase podia senti-lo em si.
O Kim tinha uma das mãos segurando firme a coxa e a outra aplicando a mesma força na cintura do Ji, que tinha ambas as mãos puxando os cabelos negros do outro e eles tornavam aquele beijo cada segundo mais quente, tanto para eles mesmos tanto para Chanhee que podia jurar que não queria estar ali olhando, mas que não conseguia desgrudar os olhos da cena.
Uma das mãos de Younghoon subiram até os cabelos de Changmin puxando os fios com uma força aparente para trás deixando o pescoço livre para que beijos e mordidas fracas fossem depositadas e fazendo com que os arfares fossem ouvidos com cada vez mais clareza.
O Kim ergueu o rosto e deixou um selinho nos lábios que já se encontravam vermelhos e um pouco inchados devido a força usada no beijo que trocavam e então falou.
– Hoje você vai trabalhar as nove, mas eu tenho que estar na clínica antes das oito. – e então tirou o corpo magro de cima de si e saiu do quarto correndo.
– AH YOUNGHOON, VOLTA AQUI – ele jogou o corpo para trás até estar com o corpo esticado sobre a cama – eu não acredito que ele fez isso comigo. – disse com um biquinho nos lábios e virou para Chanhee que ainda estava parado olhando para a cama – Você tá vendo né, amorzinho? Como eu tenho razão pra reclamar. – esperou uma resposta, mas, o Choi apenas ficou o olhando com uma famosa cara de tacho – Não vai fazer nada por mim também?
O Choi nao sabia ao certo o que dizer ao olhar a cara de indignado de Changmin, então achou que um "Bom, eu tenho que trabalhar também" e sair em direção ao closet seria o suficiente, mas, ainda assim conseguiu ouvir Changmin gritar um "eu odeio vocês" e ainda repetir duas vezes aquela ameça "vocês me pagam".
Depois de se vestir – com uma roupa que nao tinha certeza se era sua ou não – saiu do quarto pedindo aos céus para que Changmin não estivesse no quarto e realmente não estava e Chanhee tirou a conclusão de que ele estava tomando banho, julgar pela barulho do chuveiro.
Saiu em direção a cozinha e viu que Younghoon estava com o seu celular em mãos.
– Sangyeon está te esperando lá em baixo, ele acabou de chegar. – disse ao que lhe entregava o celular – Vou avisar o Min que a gente já vai, me espere lá fora.
E ele fez o que lhe foi pedido e esperou o outro em frente ao elevador e ele não demorou a aparecer segurando sua mão e apertando o botão de direito ao térreo.
– Ontem não nos falamos direito, mas, as fichas dos novos modelos já chegaram? – Younghoon perguntou assim que as portas do elevador se abriram, e Chanhee se perguntou sobre o que o mesmo estava falando, até lembrar que o amigo havia comentado sobre isso no dia anterior.
– Creio que Sangyeon esteja com elas. – respondeu sem ter muita certeza do que falava.
– Que bom que vocês conseguiram, lembro do pânico de vocês quando Hyunbin e Dongmin se demitiram, eles eram seus melhores modelos.
Ótima informação isso com certeza era importante para o trabalho de Chanhee.
– É, espero que dê tudo certo – respondeu, mas, com certeza ele não estava se referindo aos novos modelos e sim sobre si mesmo.
Após o elevador se abrir ele recebeu um beijinho carinhoso e o outro avisou que o buscaria no trabalho naquele dia, e apenas concordou, não tinha muito o que fazer também.
Quando abriu a porta do carro do amigo a primeira coisa que ouviu foi:
– E aí? Como foi? – Sangyeon perguntou animado sorrindo virado para o amigo.
– Foi horrível. – respondeu choroso – Não tanto quanto eu pensei, mas, não sei foi um dia estranho.
– Ah, não pode ter sido tão ruim – respondeu ligando o carro e rumando a agência.
– Ontem o Younghoon gritou comigo disse que eu sou um egoísta que só penso em mim mesmo.
– Ele estava mentindo?
– Não, mas, eu fiquei magoado, ok? – ouviu o amigo rir e então continuou – Não, o pior não foi isso, hoje de manhã, eu só sai para escovar os dentes e quando entrei no quarto os dois estavam... – gesticulou e continou a falar – eles, nem ligaram de eu estar vendo eles praticamente fazendo sexo. – e então Sangyeon riu ainda mais alto – para de rir idiota.
– Olha, Chanhee, o fato é que normalmente você faz isso com eles, entende? Casais normais, fazem sexo, e vocês são muito normais, muuuito normais mesmo, se é que você me entende. – Chanhee sentia seu rosto pegar fogo com os comentários do amigo.
– Claro que não, eu nunca fiz isso.
– Já fez sim, seu antigo eu não é mais você, entendeu?
– Eu preciso me acostumar com isso, mas, caramba na minha cabeça eu tenho dezoito anos e ainda estou trabalhando com meu tio, saca?
Eles ainda conversaram um pouco mais, até chegar na agência, ele descobriu que o nome de sua chefe era MoonHee, e que ela era um amor de pessoa, porém levava o trabalho dela muito a sério, então provavelmente iria pedir um relatório sobre o motivo da sua ausência em uma reunião importante.
Quando chegaram, Sangyeon o acompanhou até sua sala, que não era grande e como esperado de si mesmo era organizada.
– Bom dia, amados – ouviu uma voz animada soar na sala e virou-se para ver um garoto bonito de cabelos claros – Chanhee, tudo o que Sangyeon me falou é verdade? Você esqueceu e acredita mesmo que viajou no tempo?
– Bom, eu acho que sim. – respondeu confuso vendo o mesmo ligar um dos computadores que estava na mesa.
– Ah, ele é Jacob. Meu namorado, seu ajudante, bom, vocês conseguem se virar aqui, eu tenho que ver meus meninos, tem uma sessão de fotos hoje às nove, estejam atentos ao horário.
– Sim capitão, pode deixar – o loiro respondeu, sorrindo grande.
– Mas, e aí chefe? Como está sendo?
– Eu estou sabendo lidar, eu acho, é complicado, mas talvez eu me acostume.
– Você vai ficar bem, Sangyeon e eu estamos aqui por você – ele respondeu sorrindo, e Chanhee sorriu de volta, mesmo que ainda parecesse que aquilo era uma grande pegadinha de mal gosto – Bom, eu terminei as edições das fotos que você tinha começado, o Sangyeon me contou o que havia acontecido então, tirei a conclusão de que não as terminaria, elas já estão nas mãos da Moonhee, então está tudo certo, claro que isso não faz parte do meu trabalho então, já sabe, tá me devendo uma.
– Tudo bem, obrigado!? – sentou-se na cadeira a frente de Jacob e pensou alto – Eu estou tão confuso.
– Mas, tirar fotos, ângulos, ainda lembra?
– Bom, eu trabalho... Trabalhava, eu trabalhava com meu tio, desde os quinze anos, então eu sei.
– É você já me falou disso, então está tudo ok' para as fotos de daqui a pouco?
– Eu acho que sim.
– Então vamos subir para o estúdio, separar as lentes e checar o conceito, iluminação e cenário uma última vez, só para ter certeza.
E assim fizeram subiram, checaram as coisas e logo depois as fotos começaram, saiu quase tudo dentro do planejado, as fotos ficaram boas e Chanhee perdeu o foco – literalmente – bem menos do que achou que iria, mas, Jacob o ajudou e fez várias anotações necessárias para si mesmo.
Já eram umas cinco horas quando a tal Moonhee apareceu em sua sala os liberando e perguntou como ele estava da pressão – provavelmente a desculpa que Sangyeon deu a ela – e ele afirmou que estava melhor – mesmo que continuasse constantemente a surtar internamente.
Ainda ficou na sala por mais um tempo olhando para o nada e se perguntando onde encontraria as tais respostas que a Madame René afirmou que deveria encontrar sozinho, mas a resposta que queria naquele momento era se devia se comporta como se lembrasse de tudo ou se contava a verdade e simplesmente dava um jeito de ir embora sem nem tentar.
Começou a por algum motivo a olhar suas redes sociais, que descobriu depois de começar a lidar no computador de sua sala – como se não tivesse mãos de duzentas fotos para editar – e vendo as fotos de seu Facebook reparou que, é talvez ele realmente tivesse uma vida feliz e realizada.
A primeira foto que viu foi uma foto em que ele, Changmin e Younghoon estavam tomando sorvete aparentemente era na sala de seu apartamento, passando por várias outras – praticamente todas ao lado de seus maridos – uma em especial lhe chamou a atenção, Changmin estava no centro da foto com um sorriso largo e os olhos fechados enquanto o Choi e o Kim lhe beijavam as bochechas, um de cada lado e a legenda foi com certeza o que lhe deu resposta para a principal pergunta do dia "Em dias ruins e em dias bons também, beijinhos não são o problema, são a solução", e suas linhas de pensamento e a viagem pot suas fotos só foram cortadas quando ouviu batidas na porta e então viu a cabeleireira negra de Younghoon ser posta para dentro da sala e logo ouviu um "boa tarde" baixinho, acompanhado de um sorriso radiante.
Respondeu o outro e o pediu para que entrasse, meio que no automático, vendo o outro entrar e encostar a porta.
– Já acabou por aí? – perguntou lhe depositando um beijo no topo da cabeça, e depois sentando-se a frente do Choi.
– Já, e eu estou tão cansado. – respondeu fechando a tela do notebook que ainda tinha seu perfil aberto.
– Então, vamos pra casa. – respondeu levantando e estendendo a mão para si que prontamente a segurou resolvendo naquele momento que iria no mínimo se jogar de cabeça naquele louco relacionamento – Podemos passar naquela padaria que você gosta para compra aquela torta de frutas vermelhas, faz tempo que não à comemos.
Concordou com a cabeça e teve o corpo abraçado de lado e recebeu mais um beijo na bochecha enquanto saiam da sala.
E, realmente, com toda a certeza, absolutamente, comprovou a si mesmo que beijinhos não eram o problema.
._______ BÔNUS ________.
Jacob se virou mais uma vez na cama, aquela já era no mínimo a milésima vez que ele se ajeitava no móvel, tentando ficar confortável o suficiente para dormir, mas nada que o loiro fizesse o ajudava a conseguir pegar no sono.
A história toda de Chanhee mexeu realmente com ele. Viagens no tempo, linhas temporais e etc não são coisas cotidianas a nós, claro que uma história dessas pegaria qualquer um de jeito, mas a preocupação do americano era outra.
Pensava muito sobre seu próprio futuro, isso era até um problema pra ele as vezes, tirava completamente o sorriso praticamente inquebrável do seu rosto.
Começou a pensar demais sobre se no futuro tivesse que voltar a América e isso o separasse do seu amor, da pessoa que ele queria para o resto da vida.
E percebendo o quão brusco foi o movimento de Jacob, Sangyeon que até então dormia ao seu lado acordou, acendendo a luz do abajur e perguntando baixinho.
– Está tudo bem, amor?
– Só estou pensando demais, a história do Chanhee me pegou de surpresa. – ele respondeu enquanto se aproximava do namorado que o esperava de braços abertos para um abraço.
– Ele vai ficar bem, sabe como ele é cabeça dura e temos que considerar que esse Chanhee ainda acha que é um jovem de 18 anos. – beijou o topo dos cabelos do outro – Ele está com duas pessoas que ele ama, logo ele vai perceber isso.
Um bom momento de silêncio se espalhou por ali, fazendo que mais pensamentos invadissem a cabeça dos dois.
– Ainda vamos ter um ao outro no futuro não é? Se eu viajar no tempo você ainda vai estar lá me esperando não vai?
– Não importa por quanto tempo, hoje, amanhã, daqui 10 anos, na próxima vida, eu vou sempre estar lá por você. – ele segurou firme o queixo do outro levando o rosto perto, beijando os lábios doces com calma, passando a verdade das suas palavras – Amor, por que você está com esse medo?
– Minha mãe ainda está lá, na América sozinha, se ela precisar de mim...
– Ei ei ei, eu já te falei sobre isso, quando nossa casa estiver pronta, esse apartamento vai ser inteiro dela, vamos trazer ela pra cá, mas caso você precise ir, eu vou te acompanhar, não importa onde.
– Se você não puder ou algo der errado...
– Jack, nossa vida acontece no agora. – ele se virou de uma forma que conseguisse deixar o outro deitado,o olhando no fundo dos olhos. – Eu estou aqui,e eu sempre vou estar, suas preocupações só te fazem mal. – abraçou o corpo do outro, deitando sobre ele – Eu te amo, mais que tudo.
Os lábios foram conectados e embora os pensamentos conturbados não parecessem querer ir embora, por aquele momento eles só iria aproveitar aquele momento gosto e recheado de beijos, seguindo exatamente o ensinamento de hoje, pois você não consegue resolver os problemas do mundo com beijos, mas consegue esquecer boa parte deles.
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