– Capítulo 10
– Decidir é o problema.
É comprovado, que muitas pessoas – talvez a grande maioria – nunca é feliz quase, ou até em nenhum momento da vida, focamos tanto nos problemas todos os dias que esquecemos do quanto é revigorante dar um abraço na pessoa que se ama, ou olhar para o céu azul e pensar "que bom que hoje não vou trabalhar com chuva". Problemas, problemas, tornamos eles tão grandes que ficamos cegos para todo o resto.
O Chanhee de 18 anos com certeza era parte dessa grande maioria, mas naquele momento, meses – ou anos depois dependendo do ponto de vista – aos seus 27 anos, ele poderia dizer que encontrou essa felicidade, que para ele havia deixado de ser o inferno na terra, e se tornado o seu bem mais precioso. Poderia dizer com 100% de certeza que estava muito feliz.
Seu trabalho era ótimo, sua família era perfeita, estava com amigos por perto, estabilidade financeira, tudo estava perfeito.
– Mas então você desistiu?
Essa pergunta foi feita de Sangyeon, direcionada a Chanhee.
– Eu me encontrei, eu não desisti, eu achei razão pra continuar tentando. – ele colocou mais uma batata frita na boca, seu semblante era feliz, realizado.
– Uau, o Chanhee de alguns meses atrás bateria com um martelo em você se ouvisse isso. – o amigo disse rindo, sabia o quando o amor mudou o humor do mais novo.
– Eu realmente me recusava, mas eu não posso mentir pra mim mesmo, eu estou feliz, eu estou em casa, eu amo aqueles dois, como nunca amei a nada na minha vida, é como se meus problemas apenas fossem migalhas, que eu nem enxergo mais.
– Quem diria que eu te veria agir assim um dia.
– É, eu mudei, agora eu amo e me amo.
Aquela conversa, na praça de alimentação do shopping, durou muito mais tempo, eles se entendiam, realmente, melhores amigos.
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Kevin estava deitado no sofá de seu apartamento, fazendo um carinho leve nos pelos pretos da felina que um dia tanto assustou Sangyeon, ele lembrava da primeira vez que fez o outro segura-la, ele pegou ela no colo, visivelmente com medo, mas seu corpo foi relaxando a cada esfregada que a pequena cabecinha dava em seu peito, com os dias, ele foi se acalmando, e a gatinha o adorava, sempre o esperava na porta. Era engraçado, de um supersticioso medroso, para alguém que compra tiscos e roupinhas.
E Kevin podia saber que sua campainha seria tocada, pois ela levantou a cabecinha e ficou alerta, depois desceu de seu colo e foi até a porta, no exato segundo em que ouviu o som pela sala, ele levantou e atendeu a porta, como era de se esperar, Sangyeon estava lá parado, com a maior cara de bobo apaixonado e dando um pacinho para frente deixou um selinho noa lábios do americano, que com certeza ainda não estava acostumado com esses carinhos, mas não tinha como negar, ele adorava.
– Boa noite, docinho. – disse enquanto entrava na casa, ouviu a porta ser fechada bem levemente. – Trouxe jantar, temos que comemorar.
– Primeiro, boa noite, docinho, segundo, comemorar o que exatamente? – Kevin perguntou enquanto entrava na cozinha logo atrás dele.
– Ué, nossa primeira semana de namoro, ideia do Jack. – ele pontuou, porque sabia que o americano iria rir disso e ele realmente riu.
– Vocês são muito emocionados.
– Apaixonados, docinho, apaixonados.
Acontece que depois daquela fatídica conversa, o americano avermelhado só levantou e saiu, sem responder nada, ele só podia pensar "como eles podem brincar assim comigo?", ele foi até seu apartamento, se trancou e ficou lá, todo o resto do final de semana, sem atender a porta, ou ligação, sem responder mensagem, nenhum contato eles só viram o mesmo novamente, na segunda feira.
Ele não parecia exatamente bem, porque não estava, ele ainda pensava em como os dois fizeram uma brincadeira sem graça, sem cabimento apenas por diversão. E ele evitou os dois por todo o tempo que conseguiu, até ter uma sessão de fotos com Jacob e Chanhee, então ele não poderia escapar, teria que olhar para ele, talvez até falar com ele. Ele jurou para si mesmo que seria profissional, nao se deixaria levar, por nada.
Estavam apenas os três, fazendo fotos de uma coleção independente, a tensão estava clara, até Jacob começa a falar, em inglês, Chanhee sabia que devia deixar eles se resolverem, não estava entendendo nada mesmo, então não iria abrir a boca.
– Por que você esta fugindo, Kevin? – Jacob perguntou olhando fixo na câmera que capturava a imagem bonita do outro.
A resposta demorou, mas veio.
– Não estou fugindo, apenas, brincadeiras tem limites. – ele não fugiu da regra do profissionalismo, apenas mudou sua posição, olhando fixo para a camera, sorrindo docemente.
E então Jacob sacou, é claro, ele estava certo, era óbvio pra ele, não tinham assustado o Kevin e sim magoado, mesmo sem querer, tinham machucado seu pobre coraçãozinho.
Jacob ficou por um tempo em silêncio, não sabia o que falar, tinha medo de arruinar ainda mais as coisas, então ele arrumou parte da iluminação a mando de Chanhee e foi para mais perto.
– Por que brincariamos com uma coisa dessas?
– Eu não sei, e me desculpa, mas eu estou trabalhando, aqui não é lugar pra isso, quer conversar, meu horário na agência hoje é até às 17h, posso arrumar um tempo para você, senhor Bae.
E então ele apenas concordou e saiu, pode ouvir os chamados de Chanhee dizendo que ainda não haviam terminado, mas ele queria chorar, não tinha feito nada errado, mas o Moon o estava tratando como um monstro, ele queria provar não era aquilo que o outro estava pensando, eles gostavam dele, gostavam de verdade queria provar isso,não iria desistir tão fácil.
E para Kevin, ele queria uma explicação, ele queria saber porque os dois estavam o fazendo de idiota, ou só queria uma prova de que não seria enganado, não seria abandonado, afinal, eles já tinham um ao outro, ele seria o intruso ali, por isso ele mandou uma mensagem simples para o outro quando as fotos acabaram "sala 19, 7º andar, 15h".
E as 15h faziam pelo menos 10 minutos que ele já estava na sala a espera do Bae, mas passaram-se dois, três, cinco, dez minutos, até ele receber uma mensagem do outro um simples "estou subindo" e menos de dois minutos depois a porta abriu, Jacob entrou, fechou a porta com a chave e falou tudo muito rápido.
– Kevin, nós estamos apaixonados, nós queremos você, só uma chance, você pode dizer sim, e nós vamos tentar te fazer o homem mais feliz do mundo, mas se você disser não, eu saio e prometo que nunca mais nós vamos tentar nada, porque...– seu "porque" foi prontamente interrompido pelos lábios do outro nos seus, colados como se todo o ar do mundo tivesse acabado e fosse isso que eles precisavam para viver, foi um beijo desesperado, e doce, com gostinho de paixão.
– Se vocês estiverem me enganando eu vou denunciar vocês para a Moonhee antes de voltar pra América.
Mas eles não estavam, Kevin era tudo que eles mais precisavam.
Deixando as lembranças de lado, ele ouviu a voz de Sangyeon perguntando se o Jacob já tinha chegado.
– Ele passou aqui, mas disse que ia tomar banho e trocar de roupa em casa e já viria, isso faz uns quinze minutos. – ele abriu as sacolas que o mais velho tinha colocado na mesa, vendo que além de comida tinham chocolates, ele queria acabar ckm sua dieta, mas não se importou, "data comemorativa pode" foi o que ele justificou sorrindo.
– Ele não deve demorar então, mas o que você acha de me dar um beijinho bem gostoso enquanto ele nao chega? – Sangyeon perguntou retoricamente, já puxando a cintura do outro pra inicar um beijo gostoso e caloroso.
Sim, esses três com certeza foram feitos um para o outro.
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Chanhee chegou em casa muito cansado, parecia que um rolo compressor havia passado por cima de sua cabeça, ele não tinha forças pra quase nada, mas ainda sim foi até a cozinha, tomou um comprimido, sentindo a cabeça quase explodir a cada passo que dava, então se dirigiu ao banheiro, encheu a banheira, e resolveu apenas relaxar.
Ele deitou na água, seus sais de banho favoritos estavam na água, aquele cheirinho gostoso cítrico na medida certa e o cheiro leve de mel no final eram uma combinação bastante calmante para ele. Por fim ele colocou uma música baixa em seu celular, respirou fundo e calmamente encostou sua cabeça de uma forma bem confortável sobre a borda da banheira, pensando em apenas tirar um tempo em silêncio, ouvindo aquele som de piano e o som baixo que a água fazia quando se mexia, mas mesmo fora de seus planos ele dormiu, e dormiu profundamente.
Mas não demorou muito para ele acordar, assustado, como se tivesse caído no chão, isso mesmo, no chão, sem abrir os olhos ele passou a mão ao lado do corpo, sentindo uma grama baixa na sua palma, a folhagem fez cócegas em seus braços e então ele abriu os olhos, o sol brilhava forte, mas a temperatura estava mais que agradável, a sua volta tinha um campo verde, flores, algumas árvores, ele sentou, estranhando "eu estava na minha banheira a dois minutos" pensou. Ouviu um riso baixinho atrás de si, então virou o tronco, vendo um garoto, fofinho, de bochecha rosadinhas, parecia com ele quando criança.
– Quem é você? Você está perdido? – Chanhee perguntou para o pequeno ser a sua frente.
– Não, não estou perdido, Chanhee, você está, ou estava, se você esta aqui, você encontrou a resposta.
– O que? Como assim? – ele estava confuso, mas a criança sorria doce para ele, quase se pacificador.
– Você sabe, sabe a resposta – ele estava confiante no que dizia – E sobre quem eu sou? Eu sou o destino Chanhee, tenho vários rostos, como você me vê? – ele perguntou curioso.
– Você parece comigo, só que criança.
– Eu deveria imaginar, você é tão previsível – ele riu de novo – Você fez sua escolha, basta selar – ele estendeu a mão e perguntou – Está pronto?
Sem responder com palavras, Chanhee apenas estendeu a mão, a encaixando com a de seu pequeno eu, então tudo começou a ficar muito claro, mas ele ouviu uma última frase.
– Você escolheu bem! – e aquele riso de novo.
E então, tudo voltou a ficar escuro.
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