História Public - Eight

                     Changkyun nunca se sentiu tão zonzo como naquele momento. Jooheon estava, provavelmente, segurando as mãos de uma fã no pequeno fanmeeting, logo após ter feito uma bela declaração pública. Obviamente o rapaz não diria por quem estava apaixonado, mas aquela confirmação fez as pernas do escritor amolecerem. Jooheon ainda estava ferido pela rejeição, mas agora acreditava fielmente que tudo havia sido um mal entendido. Céus, era como se o toque da mão do melhor amigo ainda estivesse em sua mão, mesmo que tivesse que segurar nas mãos das suas fãs. O dia estava bom demais para ser verdade, e se ele estivesse certo, sairiam dali resolvidos ou ao menos melhor do que ja estavam. A ideia de ser correspondido lhe deixou empolgado e por isso acabou soltando que estava apaixonado na frente de um monte de adolescentes ciumentas. Desde que não descobrissem por quem, tudo estava certo. O Youtuber estava feliz, aquela era a primeira vez que tinha um contato tão direto com seus fãs, e estava ainda mais feliz por ver alguns rapazes indo falar consigo e seus amigos. Acabou se distraindo com a energia boa que aquilo transmitia, quase como ser recompensado ao saber que aquelas pessoas o amavam de alguma forma e eram gratos por seus simples vídeos na internet, e por isso acabou se desligando de encontrar o amado no meio da multidão. Sequer estava incomodado por estar ao lado de Sojung, seu humor estava inabalável como a saúde de um cavalo.

Por tal distração, não notou que Changkyun havia escapado para a sessão onde vendiam alguma guloseimas: de comida tradicional coreana à petiscos e lanches japoneses. Não havia se alimentado direito, então parou para comer qualquer porcaria que lhe parecesse agradável e em seguida resolveu enviar uma mensagem de texto para Kihyun. Sua mente estava um caos. Estava prestes a se confessar e Jooheon havia feito o mesmo, e quando o estudante de engenharia ouviu tais palavras, sua ficha finalmente caiu. Haviam inúmeras perguntas rondando sua mente e quem sabe o amigo lhe desse algum auxílio, já que estava saindo com um rapaz e talvez estivesse passando pelo mesmo problema. Changkyun notou que não tinha ideia de como o relacionamento de Kihyun com Hyunwoo estava, já que esteve ocupado com trabalhos no fim de semana passado e durante a semana passou noites mal dormidas ansiando pelo evento e escrevendo em seu blog. Cogitou até pedia a ajuda de Hoseok para fazer uma "surpresa" para Jooheon com uma resenha sobre seu canal ou algum jogo novo que houvesse gostado, mas acabou se enrolando com seus horários e seu plano foi por água abaixo.
O escritor estava nervoso, principalmente, por tais perguntas:

Primeiro, ele vai me beijar?

Ou... Sou eu quem tenho que beijar ele?

Ah, e se eu tiver entendido tudo errado? Quer dizer, ele me deu todos os sinais e provas, mas... Posso ter me confundido, não posso?

Segundo, como eu vou me confessar antes de voltarmos para casa se não teremos privacidade alguma aqui?
 

Terceiro, meu Deus... O que eu falo?!
 

Changkyun se sentia uma adolescente toda vez que ousava pensar em Jooheon. Já havia destruído o copinho de plástico que tinha em mãos usando seus dentes e estava prestes a roer suas unhas quando decidiu o que enviar para Kihyun. Precisava ao menos se distrair ou explodiria antes de conseguir se mexer. Caminhou lentamente até uma área aberta do edifício para receber um pouco de luz solar e quem sabe seu cérebro funcionária melhor com um pouco de vitamina D. Digitou calmo e pacientemente.

Hyung? Você está ocupado? - Changkyun, 15:42

Eu sei que talvez esteja, mas me dê um sinal se for o caso TT - Changkyun, 15:43

Soltou um suspiro e chacoalhou seu corpo. Havia um grupo de garotas comprando pelúcias engraçadas e uma em específico lhe chamou a atenção: Um boneco do alien Stitch. Se antes ele estava se sentindo um adolescente, agora se sentia uma criança mimada por sentir raiva de si mesmo, já que não havia levado dinheiro o bastante para comprar aquilo; e pior ainda, por querer comprar aquela pelúcia! O escritor acabou caminhando até um stand de quadrinhos e passou lá vinte minutos, não sem antes sair com cinco revistinhas diferentes de Super herói. Precisava por suas sagas em dia, afinal de contas. Foi quando estava pagando para o senhor rabugento que era o vendedor das obras que seu celular vibrou. Changkyun quase derrubou sua carteira no velhinho de expressão azeda com a surpresa. Depois de ter seus quadrinhos colocados em uma sacola, pegou o aparelho eletrônico em seu bolso e deu graças aos céus por ser Kihyun.

Eu estava - Kihyun, 16:06

Calma, me deixe explicar melhor. Eu estava em um "encontro". Mesmo que Hyunwoo não tenha chamado assim, é o que é, não é? - Kihyun, 16:08

Ele me levou para o cinema, hehe - Kihyun, 16:08

Por favor, me diga que vocês se beijaram - Changkyun, 16:09

Aish, qual o seu problema? Foi a segunda vez que saímos juntos. - Kihyun, 16:10

Changkyun se preparou para lhe responder que aquilo estava demorando mais que em um dorama entediante quando seu celular vibrou novamente. Não era Kihyun, e pode ver pela notificação no topo da tela que quem havia lhe enviado a mensagem era Jooheon. Seus dedos congelaram e não soube o que fazer por no mínimo trinta segundos. Enviou qualquer resposta para Kihyun sem ter certeza se havia digitado corretamente, apenas lhe respondeu de forma apressada para ver logo o que o Youtuber havia lhe enviado. Changkyun sorriu ao ler a mensagem que pedia para que voltasse para a sala 7, onde estiveram anteriormente. Respondeu-lhe com um "ok" e pregou novamente o crachá de convidado vip para ter acesso a sala sem criar problemas com oa seguranças. A sua curiosidade estava lhe consumindo e naquele momento o escritor era um misto de ansiedade, curiosidade e um monte de perguntas não respondidas.

Passou pelos seguranças e entrou no grande corredor de antes, não tardando em abrir a porta de uma só vez. Não queria que ninguém lhe visse parado em frente a uma porta enquanto refletia se girava ou não a maçaneta, seria constrangedor, no mínimo. Foi recebido por uma Dayoung dez vezes mais agitada do que antes, se é que isso era possível, que pulou em suas costas soltando gritinhos de pura felicidade. Usou dos seus reflexos para não deixá-la cair, segurando em suas pernas com cuidado. Acabou sorrindo por ser invadido com a energia positiva daquela sala, até seu olhar cair no canto onde Exy e Jooheon conversavam. Sem soltar a nova amiga, buscou por Hoseok, que estava ocupado trocando oa números de celular com o rapaz que nao conheciam e que também estava presente na sala. Dayoung deve ter notado sua confusão, pois soltou uma risadinha abafada antes de se inclinar um pouco para a frente para alcançar o ouvido de Changkyun.

- Eles formariam um belo casal, não?

- O que?

- Sinceramente, Jooheon oppa e Exy unnie combina bastante. - A loira constatou, fazendo Changkyun erguer uma sobrancelha ao sentir uma pontada de ciúmes. - Mas sabe... Eu ainda prefiro que o Jooheon oppa fique com você.

- O que?! - Questionou mais alto dessa vez, chamando a atenção de Hoseok. Soltou as pernas da garota com cuidado e se virou para lhe observar com cuidado. Teria ela notado algo? Jooheon havia lhe contado alguma coisa? - Do que está falando?

- Aish, vocês são muito lentos, não é? Até o Hoseok percebeu. Jooheon oppa nunca precisou nos contar nada, até por que é bem óbvio.

Changkyun olhou para os lados em pânico, com medo de mais alguém ouvir aquela conversa. Eles eram tão óbvios assim? Primeiro Kihyun notou antes de si mesmo que estava apaixonado por Jooheon, e agora Dayoung e Hoseok notaram sinais no seu melhor amigo. Eles foram tão cegos assim ao ponto de deixaram claro e evidente para todos que estavam apaixonados um pelo outro, mas não para eles mesmos? Sua expressão deveria estar muito engraçada, já que a garota riu mais uma vez, puxando um Changkyun congelado para um canto onde ninguém os ouviria com total certeza. O escritor parecia mais com uma estátua do que com um ser vivo e aquilo era engraçado demais, porém a Youtuber contolou seu impulso de tirar uma foto do acontecimento para dar uma forcinha ao casal.

- Oppa? - Chamou sua atenção.

- Desde quando vocês perceberam?

- Eu não sei, Kungie. - Usou o apelido com o qual estava acostumada. - Mas um de vocês precisa tomar uma atitude.

- Eu... Eu vou. Quer dizer eu ia. Não, eu ainda vou. - Parou para por os pensamentos em ordem e voltou a falar, como se estivesse desfazendo um nó em seu cérebro. - Eu vou falar o que sinto pra ele ainda hoje. Eu já ia fazer isso.

- Aleluia! - Dayoung falou alto demais e Changkyun quis se esconder em um buraco para o resto da vida. - Hm... Exy unnie está saindo e ele está vindo para cá então eu vou indo antes que meu namorado faça alguma besteira. - A jovem falou rápido demais, deixando o garoto mais velho que ela ainda mais desnorteado.

Quando Changkyun conseguiu desembaralhar as palavras na sua cabeça, Dayoung já estava nos braços de Wonho e Jooheon já tinha uma mão pousada com cuidado em seu braço. O estudante de engenharia mentiria se dissesse que não se arrepiou com o contato. Sentiu pouco dos dedos de Jooheon em sua pele, já que boa porte lhe tocava por cima da camisa. Se virou para o amigo que tinha o mais radiante dos sorrisos estampado em seu rosto, deixando sua covinha ainda mais saliente. Changkyun quis encher o rosto do homem a sua frente de beijos, não conseguindo imaginar como um ser humano conseguia ser tão bonito.  Se ele tinha qualquer dúvida, ela havia escorrido como água corrente, ele definitivamente amava a pessoa a sua frente. Por impulso, o abraçou. Queria lhe desejar parabéns pela realização do seu primeiro evento, por ter chegando onde havia chegado, por ter sido tão maduro ao lado de Exy. Queria lhe dizer que está a orgulhoso e muitas outras coisas. Porém, apenas o abraçou.

Jooheon sentiu cada centímetro do corpo do mais novo que tocava no seu e não queria esquecer aquele abraço jamais. Aproveitou cada segundo que mantiveram ali, na sua própria bolha, ignorando todos os outros ali presentes. Ele foi o primeiro a se separar dos braços alheios, voltando a sorrir e iluminando a sala com sua animação. O dia estava sendo bom demais para ser verdade, por isso temia que quando piscasse, tudo fosse um sonho muito bom. Changkyun sorriu de volta e Jooheon mordeu os lábios, tentado a lhe tirar dali e falar tudo o que sentia. Porém, se contentou em respirar fundo, aliviado.

- Você foi bem hoje, hyung.

- Você estava me vendo? Eu estava tão nervoso que acabei te perdendo no meio da plateia.

- Eu fiquei durante toda a entrevista e uma parte do fanmeeting também. Mas então eu...

- Ficou entediado? - O mais velho brincou, mesmo sabendo que aquela era a verdade.

- Por aí. - Comentou, desconcertado.

- Relaxa. Você fez alguma coisa legal hoje?

- Eu comi e comprei algumas coisas. E conversei com o Kihyun hyung. - Resumiu seu dia com perfeição, omitindo o fato de quase entrar em combustão espontânea pelo seu nervosismo.

- Eu acabei de ligar para Jiyeon. Ela disse que queria ter vindo. - O Youtuber comentou casualmente, cruzando os braços enquanto ainda tentava acalmar seu coração.

- Oh, entendo. Ela realmente faz falta nessas situações. Ela seria a única ajuizada naquele carro. - Jooheon riu, se encostando na parede ao lado do amado.

- Você está certo. - Passou a língua pelos lábios, pensativo. - Nós... Nós precisamos conversar sobre o que aconteceu no carro. - Despejou, se sentindo aliviado ao mencionar o assunto.

- Nós precisamos conversar sobre muita coisa, hyung. - Changkyun concluiu, se sentindo igualmente mais leve por não ter sido aquele quem puxou o assunto.

- Hm... Você não quer ir com aqueles dois - apontou para Hoseok e Dayoung - jantar, quer?

- Não é uma proposta recusavel. - Enfiou as mãos nos bolsos, pensando que realmente precisava de alimento.

- Então nós vamos jantar. - Jooheon respondeu animado, erguendo sua mão.
Changkyun entendeu o recado e deu um sorriso frouxo com a atitude do mais velho. Entrelaçou seus dedos novamente aos dele, se sentindo quente da cabeça aos pés. Ambos sorridentes e com expectativas altas.

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Jooheon dirigia tranquilamente enquanto conduzia o carro de Hoseok até sua casa. Hoseok precisava dormir um pouco e o único além dele com carteira de motorista era o próprio Jooheon. Changkyun se sentou no banco de passageiro dianteiro, afinal, não queria ficar de vela. O casal conseguia ser extremamente doce até mesmo quando estavam dormindo - juntos e abraçados, é claro - e isso era demais para que pudesse aguentar. Changkyun sentia seu estômago cheio pela comida que Jooheon lhe pagou. Se sentia mal por ser a segunda vez que Jooheon lhe dava algo sem a promessa de que retribuisse o favor. O escritor não funcionava assim. Estava distraído, embora ainda ansioso, enquanto observava as ruas de Seoul pela janela do carro. Por isso se surpreendeu quando chegaram em frente ao prédio que moravam. Acordaram os dois amigos com cuidaram e se despediram. Haviam marcado de se verem no dia seguinte para mostrarem a cidade com mais calma para o casal, afinal já eram quase nove horas e estavam todos exaustos.

O caminho para a residência que Changkyun e Jooheon compartilhavam foi silencioso, mas nem por isso foi constrangedor. Havia ali um clima agradável, como se soubessem o que estava prestes a acontecer. Quando a porta se fechou, Jooheon jogou sua mochila e boné no chão, logo após se livrar dos seus sapatos e de checar se não havia nada de estranho na sala - em outras palavras, se esconder de prováveis monstros que moravam na sala do apartamento. Changkyun riu baixinho. Aquele er um hábito que o mais velho não perderia facilmente. Sua empolgação era alta, portanto não ficou surpreso quando a voz do mais velho se fez presente enquanto tirava seus sapatos com cuidado e colocava seus quadrinhos ao lado da mochila do mais velho.

- Então... Sobre o que eu falei, quer dizer, respondi. Sobre o que respondi para aquela fã, eu só...

- Hyung. - O interrompeu, agora determinado. - Me deixa falar, certo?

O mais velho assentiu. Jooheon esperou que Changkyun falasse alguma coisa, mas tudo que obteve foi o silêncio. Dessa vez, um silêncio incômodo e assustador. Paranóico como sempre era, começou a imaginar que aquela conversa não seria assim tão boa. Contudo, antes que começasse a criar teorias e mais teorias sobre como aquilo poderia dar errado, Changkyun se aproximou de si, o olhar conectado ao seu. O Youtuber quase saltou para descontar todo o seu nervosismo com aquela proximidade.

O mais jovem levou ambas as mãos até o rosto do mais velho e, sem saber ao certo se aquela era a atitude correta a seguir, finalmente uniu seus lábios aos de Jooheon.