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História Punhos trocados - Prólogo


Escrita por: CairParavel

Notas do Autor


Estou louquinha pra responder os comentários :3, não tive um bom natal, mas quero que você tenham, esse é meu presente atrasado.

Capítulo 3 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Punhos trocados - Prólogo

Sentado na beirada do cais, com os pés descalços balançando, quase tocando a água do mar, estava Naruto à espera de conquistar seu jantar, segurando um graveto comprido que tinha na ponta uma linha amarrada a um anzol — esta era sua vara de pesca improvisada.

Esperando seu jantar morder a isca, ele observava o leito do mar. As ondas estavam calmas naquele dia.

Distraído com o mar, Naruto se surpreendeu quando, do nada, um homem (já de cabelos brancos e rugas nítidas) aparece em seu campo de visão, boiando sobre a superfície da água. O velho tinha os olhos fechados. “Será que está morto?” foi o que Naruto pensou, acompanhando o trajeto que o corpo magro fazia ao ser levado pelas ondas até a praia.

— Ei, seu peixe irá fugir.

Naruto quase soltou a vara de suas mãos ao perceber que fora o cadáver-... ou melhor, o velho que o advertiu. E o velho estava certo, um peixe tinha mordido a isca e estava tentando se soltar.

 

Já era fim de tarde quando Naruto conseguiu o número de peixes suficiente para saciá-lo. E foi assistindo ao pôr do sol, que lhe era tão fascinante, que Naruto começou a assá-los em meio as brasas de uma pequena fogueira. Ele estava acomodado sobre os rochedos, um pouco mais acima do nível do mar. A luz do fogo, que crepitava na madeira seca, refletida em seus cabelos loiros deixava-os com um aspecto mais escuro do que realmente eram. Daquele ponto, era possível vislumbrar a praia e o horizonte, no momento alaranjado, sem qualquer problema.

Batendo o punho direito na mão esquerda, Naruto grita animado ao ver que os peixes já estavam assados: — Certo, vamos comer!

Mas antes que ele atacasse a comida, um som estrondoso, semelhante a um trovão, ecoou pelo local. Naruto reconheceu o som, estava habituado a ouvir seu próprio estômago o produzi-lo. O menino se virou para procurar a pessoa que estava com fome, qual não foi sua surpresa ao se deparar com um senhor parado em pé ao seu lado.

— Uwah! — gritou tombando para o lado.

O homem se aproximou da fogueira, inclinando-se para cheirar os peixes que estavam presos em gravetos fincados na areia.

— Quem é você?

— O quê? Eu sou só um velho dando uma volta — disse o homem enquanto alisava a barba de seu queixo.

— Ei, era você que ‘tava parecendo morto no mar hoje, ‘tô certo! — Naruto falou com os olhos esbugalhado e apontando para o homem.

— Morto? Oh, não. Eu estava apenas aproveitando a maré. — Virou-se sorrindo para Naruto, mas logo fechou a expressão sorridente para ganhar uma coloração nas bochechas ao ouvir seu estômago roncar mais uma vez.

Naruto piscou os olhos algumas vezes antes de cair na gargalhada, levando o velho a rir também.

— Ei vovô, coma isso — disse oferecendo um dos espetos assados, o velho agradeceu pegando-o logo em seguida.

— Oh, parece muito gostoso. — Naruto sorriu e lhe disse orgulhoso que era ele quem tinha pego, então só poderia estar delicioso.

Aquele final de tarde havia sido a melhor parte do dia para o Uzumaki, ele havia conseguido uma boa refeição e uma ótima companhia — o que não era muito comum. Naruto não tinha amigos, as poucas pessoas que com ele se importavam eram Iruka-sensei e o Tio Teuchi do Ramen Ichiraku. A maioria das pessoas o ignorava ou o desprezava; ele não sabia o porque, mas pelo que ouvia nas conversas dos pescadores no cais, ou mesmo entre os moradores do bairro litorâneo, deduzia estar relacionado com a origem de sua família — parecia que por ali ninguém gostava muito de raposas.

Naruto sabia, pelo pouco que entendia das aulas, que haviam pessoas melhores que outras, melhores no sentido do sangue — algo como pessoas que nasciam para liderar, pessoas que nasciam para obedecer e pessoas que nasciam para sofrer. Não que ele concordasse, ele ainda não entendia muito bem, afinal estava apenas no seu oitavo ano de vida, contudo, sentia que aquilo não era verdade, pois tanto Iruka quanto Teuchi eram de classes diferentes, um beta e um alfa, mas mesmo assim eram igualmente ótimas pessoas, cada um tinha suas qualidades e defeitos — e, na opinião de Naruto, isso não atrapalhava em nada.

Naruto ainda não sabia, porém, nem era o fator classe que causava o asco das pessoas ao ouvir o nome Uzumaki, era algo relacionado a espécie — o sangue animal que definia que forma zoan alguém teria.

A família Uzumaki há muito carregava em seu histórico genealógico o sangue de raposas. E graças a lenda de ter sido o Deus Raposa quem amaldiçoou a raça humana (após ser exilado pelo pai das divindades), os filhos e seguidores de Kurama, o Deus de Nove-Caudas, sempre foram perseguidos.

 

 

Nessa sociedade organizada após o caos ocasionado pela doença do chakra, muitas formas de discriminação morreram; pelo menos esse foi o slogan¹ utilizado pela organização Kage — esta assumiu o controle do poder após derrubar o antigo governo mundial. A humanidade há poucos anos antes do Chakra (a.C.) estava dividida em várias ordens sociais, na qual pretextos como a cor da pele, posição política, gênero, religião, companheiro escolhido para se relacionar (o que antes denominavam como sexualidade), riquezas etc., eram suficientes para motivar guerras, extermínios massivos. Acontece que isso não morreu realmente, o que era antes distinção por cor da pele, hoje é por sangue zoan, o que antes era distinção por gênero, hoje é por classe ABO (α β Ω), o que antes era homofobia, hoje é o preconceito sofrido por aqueles que se relacionam com pessoas da mesma classe (mas espere... Esse não é praticamente o conceito de homofobia?).

O mundo não mudou tanto desde antes da doença do chakra. Uma organização que derrubou um governo, este que estava fadado a autodestruição, também não interferiu na forma como a sociedade se organiza, como haviam proposto. Mas há algo bom nessa não-mudança, o sonho das pessoas também não mudou...

 

(A Lenda de Um Ninja Determinado, p.5)

 

 

***

 

Era começo de ano; o inverno não tinha acabado ainda.

Naruto estava eufórico. Quando Iruka lhe trouxe a notícia de que tinha sido chamado para o teste de inscrição na Academia Ninja de Konoha, ele mal acreditou. Iruka-sensei, seu professor do primário, havia o indicado para uma academia de lutas e lógico que o garoto surtou de alegria, afinal ele amava esportes e meio que ser bom de briga (tanto para arrumar uma quanto para lutar em uma) já estava no sangue Uzumaki. A mãe de Naruto, Kushina Uzumaki, sempre foi uma pentelha esquentada, foi o que Teuchi uma vez comentou com o menino ao aparecer com um olho roxo em seu restaurante.

Naruto, mesmo sendo baixo em comparação aos outros garotos (coisa que ele odiava quando mencionavam), tinha um corpo forte pela vida difícil que levava. Era uma criança de oito anos, mas já tinha suas cicatrizes para contar história. E Iruka, sabendo disso, queria ajudá-lo a não se meter em maiores confusões, pensou que se Naruto treinasse com um professor de artes marciais de verdade ele entenderia melhor a si mesmo e criaria juízo. Além do que a academia funcionava no período oposto ao da escola, isso faria com que Naruto ficasse o menos possível na rua.

E agora lá estava ele, o menino de fios loiros e risquinhos nas bochechas, parecendo bigodes, tão incomum nas espécies canídeas (ao qual as raposas pertenciam). Naruto havia passado no teste de inscrição, agora era oficialmente um aluno da academia pertencente à família Hyūga. E isso não o impedia de estar apreensivo.

Naruto se forçou a tomar uma posição de destemido, ajeitou seus óculos especiais (eram óculos de piloto, presos por uma faixa verde) de uma forma que ficassem bem fixos em sua testa, e entrou no dojô segurando sua mochila de sapo pela alça felpuda.

Ao passar pela entrada, um hall² decorado com máscaras e pergaminhos em respeito aos 8 Deuses de Cauda legitimados pela sabedoria dos Seis Caminhos, Naruto teve seu queixo no chão ao dar de cara com um dos salões de treinamento.

— Que maneiro, ‘tô certo! — exclamou com os olhos brilhando ao correrem do tatame³ para as armaduras, katanas (espadas bem interessantes, essas) e diversos objetos de armamento ninja.

Naruto estava tão distraído com as novidades que seus olhos descobriam que nem percebeu que estava barrando a passagem no corredor. Só notou que ainda não tinha entrado quando um garoto com uma expressão séria (quase emburrada) passou por si, trombando seus ombros.

— Ei, não ‘tá me vendo não, é?! — quando percebeu, já tinha escapado. Não era a sua intenção criar inimizades logo no primeiro dia, muito menos nos primeiros segundos que colocasse os pés na academia. Mas Naruto tinha o sangue quente, era desatento e descuidado.

O garoto parou sua caminhada resolvendo se pronunciar: — O cego deve ser você para não se enxergar. Está no caminho, idiota.

O tom era indiferente e sua postura petulante: as mãos no bolso da calça, a franja negra caída por cima dos olhos, esses pretos como ônix, porém opacos como o nada.

O garoto abusado, como Naruto bem o definiria, voltou a caminhar, sumindo pelo corredor que levava ao pátio da academia.

Naruto ficou surpreso com olhar que o menino lhe dirigiu, ele parecia ter a mesma idade que si, contudo, a aura que rondava aquele garoto... Só então o loiro se tocou da resposta mal-educada que o moreno lhe dirigiu.

— Ei! Seu bastardo, era só pedir licença! Arg, eu quero socá-lo! — Naruto podia sentir sua têmpora se retorce em raiva.

— Naruto, o que faz aqui? — Naruto se virou ao reconhecer a voz.

— Ah, Shikamaru! Eu sou aluno dessa academia agora! — disse sorrindo abertamente, esquecendo momentaneamente o garoto seco que havia encontrado.

Naruto seguiu ao lado de Shikamaru Nara, seu colega de turma na escola, pelo caminho que um dos responsáveis pelo dojô o indicou. Pelo que tinha entendido da explicação entediada do Nara — quando lhe questionou sobre o seu motivo para se matricular em uma academia de artes marciais ninja —, a mãe do mesmo havia o inscrito afim de que ele, como o próprio Shikamaru havia dito, “aprendesse a ser mais ativo”.

Ao entrarem no pátio, já estavam todos organizados em fileiras, prontos para ouvir as palavras do diretor da academia — este se chamava Hiashi Hyūga, porém, como apresentado no discurso do próprio Hiashi, seria Hizashi, seu irmão gêmeo, quem coordenaria os cursos.

Quando as turmas foram decretadas, Naruto nem pôde acreditar, entre tantos alunos, Sasuke Uchiha (havia descoberto o nome do garoto insuportável que esbarrara anteriormente) estaria na sua turma. Shikamaru, que também havia caído na turma de Naruto, logo estranhou o garoto que o loiro tanto fuzilava com o olhar, enquanto todos se apresentavam.

“Hum, o que será isso?”, Shikamaru se perguntava.


Notas Finais


1 expressão concisa, fácil de lembrar, utilizada em campanhas políticas, de publicidade, de propaganda, para lançar um produto, marca etc.
2 salão ou vestíbulo espaçoso em prédios particulares ou públicos; saguão.
3 superfície de combate, esteira de palha ou tapete quadrado sobre o qual se praticam certas artes marciais orientais.

E então, alguém notou minha inspiração no ep. 480 do Shippuuden? Só amei esse episódio. Espero que tenham gostado. E desculpem qualquer erro, eu sempre posto antes de corrigir, pois fico muito ansiosa.

- A imagem desse capítulo foi confeccionada por mim a partir de imagens retiradas da busca do Google.
- Acredito que a partir do próximo capítulo seguirá um ritmo mais sequenciado. Provavelmente já começarei com eles mais velhos.
- Às vezes faço sutis alterações nos capítulos, nada que realmente interfira, mas apenas para corrigir alguns erros meus.


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