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História Punhos trocados - Na luz: dia de sol poente


Escrita por: CairParavel

Notas do Autor


Kyah! Feliz ano novo! (atrasado, também)
Sabem das boas novas? Punhos tocados tem uma beta maravilhosa zelando por sua sobrevivência aos erros dessa autora irresponsável! Isso é show!!!! E a outra boa, é que a fic 'tá tendo uma resposta positivassa! Fico muito feliz... ah, mais uma nova! Meu plano de responder comentários só depois de postar esta dando resultado, nunca escrevi tão sofrido e tão rápido... 'tá, o sofrimento não é bom. T.T Fazer o que, é difícil escrever.

Ps: Tiah-Nana, estou amando a sua fic ABO, quase chorando aqui! Ela me deu motivação nesse capítulo, eu ficava com dor de cabeça por forçar a escrita, ai tirava um tempo pra ler ela... só deu certo!

Capítulo 4 - Na luz: dia de sol poente


Fanfic / Fanfiction Punhos trocados - Na luz: dia de sol poente

 

“A luz que navega na escuridão (...)”

 

Suas pernas chegavam a doer, tamanha era o esforço que fazia para continuar a correr. Ele estava atrasado, muito, na verdade (perdera as primeiras aulas daquela sexta-feira), aquilo já virara rotina. Mas não era sua culpa, trabalhando a noite, estudando no período da manhã e treinando de tarde (mesmo que já não esteja na academia), pouco tempo lhe sobrava para descansar – e quando conseguia esse tempo, o maldito polvo não o deixava dormir. Ter sua audição evoluída, em momentos como esse, era uma maldição.

Naruto podia ouvir o sinal do intervalo tocando, e ele ainda estava a alguns quarteirões de distância da escola. — Droga! — ralhou frustrado, precisava chegar a tempo, antes que o professor da próxima aula entrasse na sala. — Eu vou matar você, polvo desgraçado. Ah se vou!

Apesar de Naruto já estar em seus dezessete anos, ele não tinha descoberto ainda qual a classe, ou mesmo a espécie, a qual pertencia – o que era muito estranho, pois normalmente se descobria essas coisas aos quinze (época em que a puberdade atinge seu auge). Naruto nunca se atreveu a pisar em um hospital, pois se o fizesse, estaria correndo o risco de ser delatado à ANBU. Assim, não havia como saber por exame médico¹ se era um beta ou um alfa – Naruto acreditava ser um beta por nunca ter sentido a febre que tanto era causa de fofocas e alardes no colégio, mas, quando ainda estava na Academia Ninja, muitas pessoas lhe diziam que seria um bom alfa, por isso ele imaginava se haveria algum problema com seu corpo. Podia sentir suas habilidades, provavelmente advindas de seu sangue animal, já estavam começando a aparecer, contudo, de uma forma demorada – desde o início do ano (há seis meses) que seus sentidos (audição e olfato) vinham melhorando, dia após dia.

 

A verdade é que após tanta exposição à radiação que bombas, remédios, gases e até mesmo o próprio sol (conforme a camada de ozônio era destruída) causaram, houve uma urgência evolutiva. Em uma pesquisa, capaz de levar a vida, um famoso biólogo descobriu que a espécie humana, caracterizada por um forte potencial adaptativo, se modificou geneticamente após o grande ataque de Uzushiogakure, em plena Terceira Guerra Mundial, quando a união de três grandes países varrera Uzushiogakure do mapa com a explosão da mais letal arma (tão poderosa que mudou até mesmo as correntes marítimas) já produzida pelo homem: A.R.C. Shinobi.

É realmente muito interessante o fato de que A Raiz do Chakra se era escrita como hoje se escreve a palavra "suportar" ².

 

(A Lenda de Um Ninja Determinado, p.3)

 

Naruto nunca pensou que conseguiria estudar em uma escola prestigiada como aquela – ainda mais porque Naruto sempre tinha problemas com documentações, porque morava sozinho, e isso era contra a legislação do País do Fogo –, por isso sabia que não poderia ter tantos problemas em seu histórico, todavia não significava que ele não os tinha, e, muitas vezes, os causava, mesmo que sem querer.

Quando Naruto chegou, finalmente, em frente aos portões da escola, com cuidado ele espiou pelas grades para ver se tinha algum inspetor ou funcionário por perto. Vendo que não havia ninguém, arremessou sua mochila por cima dos portões e escalou as grades. Ao saltar para o chão, já dentro do colégio, Naruto sorriu, tinha conseguido entrar.

— Agora vem a parte difícil. — falou já um pouco apreensivo.

— É realmente um perdedor.

Ao se virar, Naruto pôde ver o dono daquela voz grave, e detestavelmente conhecida, sentado abaixo de uma das árvores mais à frente (próximas aos bancos do pátio externo). Escorado no tronco grosso, ele parecia ler um livro de capa verde que se encontrava em seu colo.

Ah, aquele olhar desdenhoso, aquele penteado metido... – claro, por que quem mais deixaria uma franja repicada e os cabelos da parte de trás da cabeça arrepiados se não por frescura? Pelo menos era isso que Naruto achava.

Sasuke observava Naruto arrumar o uniforme (amassado pela correria) em seu corpo. — Arg, se enxerga, seu maldito! — o loiro pegou a mochila, que outrora fora lançada, e olhou-o enquanto torcia os lábios em um bico que estampava seu desagrado por se encontrarem. — Que foi? Matando aula, Uchiha? Vai perder seu posto de aluno perfeito.

— Tsc... — Sasuke estalou a língua e sorriu de canto; um sorriso debochado. — Idiota, não sou como você que precisa contar as faltas para não repetir.

— Claro, claro, afinal você é um riquinho boa pinta que não precisa se preocupar com nada. — conforme Naruto falava, a expressão de Sasuke se fechava. O que antes era deboche, agora se tornava ódio. — Além de ter garotas legais e bonitas correndo atrás de você. Eu realmente não sei o que elas vêem em você.

— E o que é que você sabe sobre mim? — Sasuke, que antes estava sentado, com os olhos escondidos pela franja, agora estava de pé, com os olhos negros e irados confrontado os azuis, ligeiramente arrependidos.

Mesmo que não entendesse, naquele momento, o motivo – pois o que de tão grave ele tinha dito? Nada que não fosse verdade, certo? Naruto sentia como se não pudesse ter colocado Sasuke, seu maior rival, naquela posição. Porém Naruto tinha seu orgulho, o suficiente para tentar quebrar o clima tenso com mais uma “briga”.

Com punhos fechados, socando o ar, vez ou outra, Naruto saltitava de um lado para o outro (brincando de que lutava boxe). — Que é? Vai encarar, alfa metido?

Sasuke tinha um olhar intenso e indecifrável. Por um momento, Naruto pensou ter visto a sombra de uma tristeza sufocada, mas que ele tratou de ignorar ao ouvir as últimas palavras de Sasuke antes de sair do local:

— Tsc, patético.

— Ah, vai se ferrar! Isso mesmo, seu maldito! — Naruto gritou enquanto via o rival sair de seu campo de visão.

Aquilo era estranho, Sasuke costumava ceder a suas provocações, ‘tá que aquela não foi a melhor alfinetada que já dera, mas né... Naruto se lembrava de brigas por muito menos, uma vez até brigaram porque Sasuke havia insultado os conhecedores e seguidores da doutrina do lámen – e, puxa, como foi uma briga... olho roxo, alguns outros hematomas, duas costelas fraturadas e um pulso deslocado (a cara de Sasuke era verdadeiramente dura) –, Naruto realmente se ofendera.

— Eh? Naruto! O que faz aqui? JÁ PRA SALA! Quer pegar uma suspensão, é?! — era um dos inspetores na patrulha por alunos desavisados querendo matar aula.

— Epa, é melhor eu correr!

 

Ao observar, discretamente, pelo vidro da porta da sala, Naruto pôde ver o professor de costas para a sala, ele escrevia alguma coisa (que Naruto não fez questão de saber o que era) no quadro negro.

Esgueirando-se pela sala, por entre as fileiras de carteiras, tentando ao máximo ocultar sua presença, o garoto chegou até seu lugar.

— Naruto, gostaria de ler em voz alta o que acabo de escrever?! — não, aquilo com certeza não foi uma pergunta.

É, parece que suas habilidades ninjas não eram tão dignas quanto as que eram retratadas nos livros pervertidos que seu mestre, Ero-senin, gostava de citar – o velho pervertido teimava que seu discípulo (Naruto, no caso) deveria aprender os sábios caminhos por trás dos provérbios de Icha Icha.

O homem de expressão séria e carrancuda, que estava à frente da lousa, era Ibiki Morino, um beta de aparência robusta e misteriosa. Ibiki costumava vestir um sobretudo escuro e um gorro em sua cabeça (e isso mesmo no verão), porém o que mais intrigava a quem o visse eram duas cicatrizes longas que atravessavam sua face.

Com apenas quatro anos lecionando, já estava em Konoha no Sato, a melhor escola da cidade capital do País do Fogo, uma escola central era financiada pelo Hokage – um dos cinco grandes líderes da Nação Aliança (estabelecida logo após 1 ano d.C.) –, que atendia a um público bem diversificado. Contudo Ibiki já tinha uma grande (e péssima) fama: um professor que não deixava a desejar quando o objetivo era frustrar, e até mesmo irritar seus alunos. Ele era, praticamente, capaz de torturá-los psicologicamente.

Segurando sua incontrolável vontade de dizer “não ‘tô a fim”, Naruto ficou de pé e, ao olhar para a lousa, quis se enterrar vivo.

— “Sou um idiota, pois cheguei atrasado...” — olhou para o professor, como se perguntasse se era para ler o último pedaço também (como se o “idiota” não bastasse), vendo Ibiki assentir, completou: — “Novamente”.

— Pois bem, já que o idiota número 1, hiperativo e cabeça oca chegou, podemos começar a prova surpresa. — disse com uma leve entonação de ironia.

A sala de aula é preenchida com os “O QUÊ?” e os “Oh, não!” proferidos por quase todos os adolescentes da turma 2-7.

 

Quando a aula terminou, uma massa de aluno se espremia pelos corredores, tentando alcançar a saída – obviamente, Naruto era um deles. Ibiki assistia da janela da sala dos professores seu aluno atrapalhado discutir, brevemente, (de forma “amigável”) com um de seus colegas para depois sair em disparada pelas ruas.

Sendo órfão de pai e mãe, Ibiki conheceu os males de uma infância difícil – uma “infância” regada com treinos intermináveis, e, muitas vezes, correndo risco de morte –, com certeza uma infância muito diferente da maioria das pessoas.

Ele, mais do que ninguém, conseguia entender o que se passava na cabeça de uma criança ignorada pela sociedade. Por isso Naruto o intrigava.

— Apesar de termos raízes parecidas, você não se parece nada com o moleque que eu fui um dia.

 

Naruto terminava de guardar a última caixa de remédios na estante dos fundos da loja, quando começaria a trancar as janelas, a senhora que era responsável pela loja disse:  — Pode deixar garoto, eu fecho a loja hoje.

— Ah tem certeza, velhota?

— Claro, vá logo menino, a noite é mais perigoso, tome cuidado.

— Certo, e obrigado!

Naruto suspirou pegando suas coisas no fundo do balcão, ele estava exausto. Essa semana tem sido bem puxada, havia trabalhado os dois períodos (tarde e noite), pois nessa época a loja tinha muito movimento.

Naruto trabalhava em uma loja de artigos farmacêuticos especializados na área hormonal, e era nessa época do ano que os lucros, juntamente com o trabalho, aumentavam, pois era a semana que véspera o feriado de Akatsuki – uma semana especial para os ômegas e alfas. Nesse período, quando a lua se torna vermelha, é sempre muito comum os cios das duas classes coincidirem.

— Tchau, Vovó Chiyo. — despedindo-se, Naruto tratou de se apressar; já estava tarde, queria chegar em casa e dormir até dizer “chega”.

Quando estava próximo do ponto de ônibus, Naruto para de andar ao ver uma cena que lhe tirou a razão. Correu, sem sequer pensar duas vezes, ao perceber que a coisa estava ficando séria.

O que Naruto vira era uma cena já um pouco recorrente: Iruka sendo maltratado pelo namorado alfa, Mizuki. Ah, mas aquilo só tirava o pouco de racionalidade que o loiro tinha. Acontece que dessa vez foi a gota d’água, Mizuki tinha empurrado o beta no chão e começou a gritar como um louco.

Quem aquela escória pensava que era? Fazer aquilo, essa imundice, com alguém tão bom e importante para Naruto quanto Iruka?

“Ah, mas isso não ficará assim!”

— Ei, seu bosta, o que pensa que ‘tá fazendo, hein? — falou colocando sua mão sobre o ombro do homem de cabelos brancos e escorridos.

Mizuki se virou, e, com ira nos olhos, puxou Naruto pelo braço, que, surpreso, foi lançado contra os sacos de lixos dentro do beco ao qual aquela cena toda se passava.

— Mizuki, PARA! — Iruka gritou, ainda caído no chão (ele havia machucado a perna quando foi empurrado por um Mizuki bêbado), ao ver que o namorado partia para cima de Naruto, que se levantava.

Mizuki, veloz, corre em direção a Naruto tentando socá-lo, mas este percebe a tempo satisfatório para uma esquiva. Improvisando ao ter uma brecha na postura do agressor (ao errar o golpe, socando o ar), Naruto apoia uma de suas mãos no topo da cabeça de Mizuki e impulsiona suas pernas com força moderada para pular o homem enquanto o forçava para baixo – fazendo com que Mizuki se desequilibrasse e caísse com a cara no chão.

Ter um corpo leve facilitava na agilidade necessária para se encarar pessoas de porte grande como aquele alfa. Naruto era forte, ele sabia disso, mas aquele local, aquele momento, e o fato de Mizuki ser um chūnin (membro da divisão urbana da Força Policial de Konoha) não facilitavam as coisas para o seu lado.

Parado de costas para o alfa (porém, ainda atento), Naruto tenta se aproximar de Iruka – precisava chamar uma ambulância ou algo parecido; não era só a perna que estava machucada, só pela aparência de seu rosto, os hematomas que ali estavam estampados, Naruto podia dizer que ele tinha tantos machucados quantos Mizuki merecia ter (muitos). 

— V-você... Realmente acha que me derrotou? — a voz grossa, e um tom mais grave que o normal, alcança os ouvidos apurados do loiro.

Os passos de Naruto cessam; olhando por sobre o ombro, ele pôde ver Mizuki assumindo sua forma híbrida. “Heh, um tigre, hein”.

O corpo de Mizuki estava completamente modificado (mesmo não sendo sua transformação completa), seus bíceps e peitoral estavam tão inchados, eram músculo puro, sua meia-forma incluía, também, a pelagem laranja decorada com listras negras, ele ficava sobre duas patas, mas tinha uma calda, além de presas em suas fortes mandíbulas.

— Nunca mais se atreva a colocar essa sua pata suja no meu sensei ou eu acabo com você! — com a face envolvida em ferocidade, Naruto quase soletrou aquele aviso.

Mizuki riu com a audácia do fedelho. — E você pensa que pode com um alfa sangue-de-tigre?

— EU ‘TÔ ME FODENDO PRO SEU SANGUE! — grita, já domado pela raiva, se virando para o zoan felídeo³. — Pessoas como você não passam de lixo.

Iruka mal acreditava no que seus olhos viam; “Eu nunca vi o Naruto assim. Seus dentes estão trincados, ele quase rosna e seu olhar... É frio”.

— Vem com tudo, seu merda. Vou esfregar esse focinho torto no chão, ‘tô certo!

As coisas pareciam estar ficando mais intensas do que o esperado.


Notas Finais


1 É um exame que diagnóstica a classe pertencente a partir das hemácias do sangue, mas não se pode ser feito antes que o indivíduo tenha completado 15 anos. Será aprofundado mais a frente.
2 A palavra "Shinobi" e "suportar" ambos têm o mesmo caractere de kanji. Referencias: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Shinobi
3 Referente a linhagem animal sanguínea.

- Imagem do capítulo retirado do site http://www.zerochan.net/ créditos ao usuário Usuratonkachi_: 3 (2014).
- Talvez eu acabe por escapar da personalidade dos personagens, mas como é uma outra realidade, eles não passaram pelas mesmas experiências, em si, então é impossível que sejam os mesmos. Porém, não se preocupem, o cerne eu sempre tento preservar.


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