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História Qual a cor do amor? - Wenclair -Wandinha Addams Wednesday - Doce canto da morte


Escrita por: NaruDebochado
e HinaDebochada

Notas do Autor


Hey, esse capítulo não teve muitas alterações, mas enfim, é um ótimo capitulo. Rico em detalhes, bem divertido de se ler.
Boa leitura amores!

Capítulo 2 - Doce canto da morte


Fanfic / Fanfiction Qual a cor do amor? - Wenclair -Wandinha Addams Wednesday - Doce canto da morte

“Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem.”

—Stephen King

•••

Um grito exasperado captou toda atenção da diretora e aluna paradas no meio do corredor de pedras, mármore e enormes quadros. 

— Wandinhaaaaaa, AAAAA, te encontrei. — ofegante como se tivesse correndo, Enid apareceu do nada. — Estava te procurando! — novamente como uma janela que é aberta em um quarto escuro pela manhã, sua empolgação, o seu sorriso de canto a canto da boca incomodava de verdade a novata. — Estamos na mesma sala,  Botânica de Plantas Carnívoras. — pressionava sobre seu corpo sua bolsa com a alça passando pelo ombro.

— Hum, vejo que já se tornaram amigas, expendido, Wandinha Addams.   — comentou Weems.

— Ela não é minha amiga! — afirmou, rebatendo a diretora. Qual a parte do não quero criar vínculos Sinclair não entendeu? 

— Ahh, vocês são tão diferentes que se completam. — divagou a mulher como quem sente prazer em comer algo. — É por isso que os opostos se atraem.  

Que baboseira!, pensou a morena revirando os olhos e em seguida girou o corpo, direcionando-se pelo trajeto do mapa auto-explicativo de cada sala daquela escola. A loira  deu um tchau pra diretora, sorrindo, feliz,  e como um cachorrinho animado,  seguiu a novata.   

Mas não era possível! 

— A direita. — apontou a direção para a colega de quarto e antes que Wanda dissesse algo continuou. —  A estufa muda de lugar conforme a estação. 

— … — Addams lançou-lhe um olhar de tédio. 

Muitas coisas em Enid chamavam a atenção da Wednesday, todavia a mais irritante era seu jeito de falar gesticulando, era como se ela tivesse atuando em uma ópera, totalmente escalafobética — extravagante —, em todos os pontos; fala, jeito, visual. Sua companheira de dormitório conseguia ser o completo oposto dela em tudo. “É por isso que os opostos se atraem.” Relembrou-se da fala da diretora. Impossível!!! Que teoria mais insignificante. 

— Sinclair o que eu te disse ontem sobre não invadir meu espaço? 

— Bem, em primeiro lugar, isso é uma escola! Então será impossível eu não invadir o seu espaço! — sim, a loira debochou. — E em segundo, você disse sobre o dormitório e não os limites fora dele. 

Debochada e inteligente… Hum… Nada mal! 

— Certo, então a partir de agora vale para os limites fora do quarto! — satirizou.

— AAA, qual é o seu problema? Tem problema com lobos? 

— Não, eu não tenho problema com o fato de você ser uma excluída só com o fato de que está no meu caminho.  —  encarou a loira firmemente. 

— Hum… — difícil, difícil…

Em silêncio, o que é um milagre diga-se de passagem, Enid caminhou ao lado Wandinha. Que a ignorando friamente deu uma rápida analisada em sua grade: as matérias disponíveis na Nevermore; entre disciplinas comuns, como geografia, história, matemática, português, ciência entre outras normais, haviam as excluídas.

História dos Objetos Místicos, teórica e prática, a parte escrita ensinava sobre os objetos que carregam energias, sendo elas boas, ruins, naturais, feitiços entre outros como por exemplo a famosa lâmpada que aprisiona um gênio entre outros artefatos místicos ou dimensionais, livros, pirâmides, quadros, espadas, cordões, etc…

Vodu - Mortos vivos, matéria que de cara chamou muita atenção da Wandinha, disciplina que tem como abordagem as maldições, pós-vida. 

Magia - Disciplina que inclui o uso de porções, conhecimentos anatômicos, ervas, projeção astral entre outras coisas que também caia no gosto da Addams. 

Botânica - Apesar do nome comum, uma das aulas mais perigosas com os alunos expostos a plantas venenosas e carnívoras. 

Também tinha algumas matérias extra curriculares, como esgrima, arco e flecha, coral, apicultura, pintura, entre outros, a escola Nunca Mais realmente oferecia um mundo bem diferente do que estava acostumada, o que a fazia odiar o fato de ter que aceitar que seus pais estavam certo sobre o lugar e que estava gostando.

Wandinha estava tão concentrada lendo a pastas enquanto andava que nem se deu conta que havia chegado na estufa. Também com Sinclair quieta, era satisfatório demais. 

O lugar em questão é enorme, construído por materiais transparentes, lotadas de plantas, arbustos, flores, entre outras vegetações. Ao centro havia carteiras de dois lugares, duas fileiras  de frente a uma mesa maior e o quadro logo atrás. A professora era a mesma que levou Wandinha para o dormitório, a ruiva de óculos, Marilyn Thornhill que com um sorriso no rosto recebia a todos. 

A novata, foi se afastando de Enid, na realidade,  estava começando a gostar daquele lugar, mas não podia, não queria, não pretendia dar o gosto da vitória aos seus pais, principalmente sua mãe. 

— Olha pra frente, sua sem cor! —  Wandinha levou um empurrão, e a autora da agressão sem razão foi uma garota, com a voz doce e melódica  como de uma canção de dormir. Ela era alta, sua beleza hipnotizante, a pele negra, como se a cor estivesse viva, vibrante e brilhante. Seus olhos fluíam mistério, eram esbranquiçados, contudo, ao mesmo tempo lembravam um azul gelo. Acompanhada de um grupo de meninas, logo Addams assimilou que deveria ser a popular, toda escola tinha esse modelo deprimente de hierarquia por beleza.  As outras seguidoras, iam atrás da principal,  como servas, medíocres, rindo e debochando da cara da Wandinha que não se  intimidou por nenhum segundo, se manteve encarando-as, uma por uma.  

— Bianca. — o rapaz sentado à esquerda, deu o nome da outra aluna.  —   Elas são sereias,  estão sempre se achando.  —  chegou para o lado em sua carteira sugerindo para que ela se juntasse a ele  — Prazer, Xavier Thorpe. 

Eu perguntei alguma coisa?, foi a resposta que quis dar, porém manteve seu ódio por hora na tal da sereia que se achava a rainha dos 7 mares. Antes de se sentar,  ela rodeou toda a sala com seu olhar gelado,  preferia sentar sozinha e excluída em algum canto, mas pelo visto isso não iria acontecer ali, e seja dito de passagem, a espécime era agraciado de beleza também. Pele branca, um olhar um tanto triste, cansado que não dorme tão bem, traços,  boca, nariz, queixo finos e  desenhados.   Não que fizesse questão,  mas caras como aqueles costumavam passar bem longe dela. 

— Com licença.  — o veterano se  surpreendeu,  estava esperando por um fora, rumores se espalharam entre as paredes  de pedras  da escola que  diziam que Wednesday era puro mau humor.  — Wanda Addams! — se apresentou, mesmo sabendo que não era preciso, apenas por educação.  

— Hum… — Xavier abaixou a cabeça, umedeceu o lábio e  deu um sorrisinho. 

— Classe, recebam com carinho nossa nova colega de classe, Wandinha Addams. — gentilmente a professora Marilyn Thornhill a exibiu para turma. — Seja bem vinda! — ajeitou o óculos de armação na cor azul em seu rosto, e pegou um pequeno jarro no tamanho de uma caneca com uma flor de pedicelo — corpo da planta—, bem fino em um tom de verde musgo e  as pétalas pretas. A ruiva caminhou em passos firmes, energéticos, parando na frente da aluna nova e lhe dando o presente. 

— Rainha da noite. — entregou a Addams que já conhecia.

— Obrigada. 

— Não por isso querida. — girando o corpo e dando passos longos de volta a sua mesa, iniciou sua aula. — Alguém pode me dizer as características únicas da Rainha da noite além das sua coloração.

Alguns alunos levantaram as mãos acima da cabeça  com empolgação, porém, assim que  viram que Bianca Barclay estava com o dedo para o alto, foram, vagarosamente recuando,  a última a descer o braço foi Enid Sinclair. Era como se a garota pudesse persuadir a todos apenas com sua existência. 

— Ela tem sua ori- 

Foi o interrompida pela Wednesday: 

— Origem no Oriente. É uma flor mística, encontrada no século XIX. Suas propriedades são de acordo com sua idade, quando alcança três anos ela passa a produzir um  veneno hemotóxico poderoso e complexo, capaz de fazer o sangue se liquefazer, destruindo as células sanguíneas, causando hemorragias internas.  Seu uso por um curandeiro ou bruxo de alto nível  é capaz de curar inúmeras doenças e o seu uso sem conhecimento é capaz de matar um ser humano em menos de 30 minutos. Estima-se que suas pétalas seriam capazes de matar 100 homens. — como uma enciclopédia a garota fez um pequeno resumo perfeito. 

— Isso foi muito bom Wandinha. — a professora enalteceu a novata.

— Esqueceu um detalhe. — seguiu Bianca um tanto puta por ter sido interrompida. — Extremamente tóxica, capaz de entristecer o meio que vive e matar toda a vegetação ao seu redor. 

— Perfeita, Barclay. — aplaudiu as duas alunas,  que travaram uma batalha feroz entre seus olhares. 

A aula seguiu sob murmúrios e vistas, nas outras escolas geralmente depois de um tempo os outros estudantes paravam de ficar observando com um animal extinto e excêntrico, e passavam a ignorá-la,  era como se ela nem existisse, entanto, Nunca Mais a fazia sentir como se tivesse holofote sobre si. Não eram olhares de pessoas que a  queriam fora dali,  e sim olhares de pessoas que a queriam caçá-la, matá-la. No mínimo! Instigante. Empolgante. “Como um estalar de dedos!” Outra vez teria que lutar contra si, pois estava gostando. 

— Amanhã, os alunos que quiserem acampar para colher as tulipas de choradeiras estaremos saindo da escola cedo;  às 7 horas.   — comentou a professora antes da turma se dispensar. — Sinclair está encarregada da- 

— Professora, não é melhor repensar essa expedição. —  um dos alunos a interrompeu. — O xerife Donovan interditou a floresta por causa dos últimos assassinatos. 

Assassinatos!!! Pois é, aquela escola não parava de deixar Wandinha esperançosa.  

— Tanto as autoridades, como a prefeitura já garantiram que foram ataques de Usos, não temos porque continuar espalhando pânico. 

— A senhora é uma padrão,  admirável a sua coragem. — Bianca zombou.  — Por que não vai sozinha? Não é correto contar com as habilidades que não são suas e sim dos seus alunos. 

— É só uma expedição, vai quem quer ir, Barclay. — apesar de rebater uma das  alunas mais importante da instituição, descendente da  longa e soberana linhagem de sereia, ficou perceptível seu desconforto. 

— Eu vou no próximo ano. — disse um dos alunos se retirando. 

— Professora, mesmo que seja só um urso, temos a lua vermelha se aproximando, a floresta vai ficar fedendo a cachorro molhado. —  a fala de um garoto pálido fez um outro grupo se agitar do outro lado. Não demorou muito para uma guerra de  dentes afiados e rosnados começarem.

— Parece que os mortos vivos querem ter suas cabeças separadas dos pescoços.  — vociferou um dos lobisomem, fazendo todo o seu grupo ruivar.

Mas que escola doida!   Wandinha se entretia com a cena. 

Como fogo que alastra em folhas secas, um túmulo começou ali na estufa. Os excluídos, de bando diferentes, se atacaram. Mas que desgraça, a novata quase sentiu vontade de rir. De Repente um dos copos gelados foi jogado contra ela e o mínimo contato a fez receber um choque que a rasgou de cima para baixo, todo seu corpo se endureceu, ficando tão imóvel quanto uma estátua, as suas mãos abertas, espalmada na lateral do corpo e a cabeça para trás olhando para cima. Wanda Addams teve a sua segunda visão, dentro daquela escola.

“O lugar era um quarto,  cama, beliches, armários, escravaninha de madeira rústica e paredes escuras; sem janelas, provavelmente o dormitório masculino. Havia três rapazes de pele pálidas, beleza atraente e lábios carmesim, todos bebericando um saquinho transparente com um líquido denso de cor vermelho vivo. O cheiro de ferro da bebida deles se impreginava no cômodo.

— Não sabemos se foi realmente um deles que matou Vinícius. — ressaltou o que estava sentado na cama, ainda duvidoso sobre o plano. 

— É Claro que foi, você não viu as marcas de unha no peito dele? — os dentes afiados sobressaiam entre os lábios.  

— Hum... Ainda assim, não sabemos qual deles foi! — havia ódio e sede por vingança. — Esses pulguentos desgraçados! 

— Não me importo com isso, apenas quero sentença, dente por dente, vamos matar a garota. — bateu o pé determinado.  

— E qual diferença vai fazer? Ninguém se importa com a loba que não se transforma. — zombou, rindo sozinho de suas palavras.

— A questão não é eles se importarem com ela, a questão é que de todos, Enid  é a única que não consegue ruiva, a mais fraca do bando, então não vai chamar ajuda. Vamos mandar o nosso recado,  matando a filha do chefe do clã deles, e todos os outros serão punidos por não conseguirem tomar conta da cachorrinha.  Vamos extinguir esses cães fedorentos de Nunca Mais.”

— Wanda!,  Wanda!  — Xavier a segurava assustado entre seus braços,  a novata parecia  morta, porém com os olhos abertos, bem abertos.  — Você está bem? 

— Eu vou! — levantou a mão. — Eu vou amanhã nessa expedição. 

Sinceramente, não queria se envolver quando chegou, porém, sua colega de quarto tinha problemas demais, e problema é o sobrenome extra de Wednesday.

•••


“Eu vou!"  

No dia seguinte, à frente do ônibus amarelo havia uma fila de alunos, com mais do que o número esperado, logo após Wednesday confirmar sua presença de um jeito icônico como quem volta dos mortos,  Xavier um dos rapazes mais populares afirmou que ia também e assim outros alunos que não possuíam o mínimo de interesse antes, passaram a se manifestar confirmando presença no passeio. 

— Aproveitem bem! — assenava a diretora para os alunos conforme eles iam entrando no ônibus.  — Wandinha Addams, fiquei surpresa em saber que você faria parte da excursão. — Larissa sorriu amigavelmente. — Seus pais adoravam passeios no meio do mato. 

Hum... Chegava ser nojento o fato de imaginar o motivo. E como era desgaste ter que ouvir a todo momento  estórias sobre a passado expectacular de sua mãe.   

— Hm... — os olhos expressivos, as sobrancelha arqueadas falavam. 

Evitando dar continualidade ao assunto infame se adiantou em subir no ônibus. A viagem de ônibus levou aproximadamente 1:50 minutos,  com 2 professores, 3 alunos veteranos como  monitores e mais 16 alunos. 

Sem novidade alguma, grupos eram formados, cada excluído ficava em seu aglomeramento, até tinha alguns que ainda conseguiam enturmar-se com mais de uma panelinha, mas logo retornava aos seus. Enfim, o transporte de padrões deixou todo aquele povo estranho na entrada da Floresta do Perdidos, ela possuía esse nome pelo número alto de aventureiros que adentraram o acampamento para fazer trilhas, fotografar, entre outras coisas e nunca mais retornarem. As enormes árvores, exigiam que se levantasse a cabeça para conseguir enxergar seus  topos, pelo menos as que eram possíveis admirar logo no acesso. O lugar é rodeado de lendas, um santuário de árvores, plantas, cachoeiras, rios, animais e muitas coisas desconhecidas. Jericó era de fato uma cidade diferenciada, era horrível assumir, mas os seus pais tinham razão sobre Nunca Mais, o fato de viverem os melhores anos de suas vida lá não se dava por atoa. 

A senhorita Addams, colocou a enorme mochila nas costas — da qual a própria escola forneceu aos alunos —, enchendo seus pulmões do ar pesado, com uma neblina tão densa que parecia ser palpável, se misturava à fumaça gelada. Quando saiu da escola o tempo ainda estava agradável, mas, por agora, parecia até ser outro dia, tanto que o clima mudou. O ar frio passava pelas suas narinas rasgando-as com uma leve ardência. A jovem Addams assim como muitos dali, esfregaram as mãos em seus braços, fazendo atrito para gerar um calor e aliviar a sensação de choque térmico, o qual não demorou muito para  deixar  a  garganta dolorida, os lábios trêmulos, ressecados e   a boca um tanto seca  com um gosto cinzento, como inalar cheiro de cigarro. O vento também trazia sons, a impressão deixada era que a floresta sussurrava, lembrava uma criança resmungando, chorando baixinho. O lugar é amedrontador, ou seja: lindo.  

O semblante sempre endurecido da Wednesday se tornou mais leve, por alguns segundos, Enid chegou a acreditar que aqueles lindos lábios carnudos, bem desenhados e de coloração acerejada, não exatamente um vermelho de batom, era uma cor rubra incrivelmente convidativa, combinando com a labilidade carnuda e natural, como; maçã do amor, fossem capaz de se abrir em um sorriso. 

Bem, desde que a colega de quarto nova apareceu começou a sentir umas coisas diferentes, que não conseguia distinguir, nem explicar o que é, só sentir, é como se o coração batesse mais rápido, e isso é assustador porque o  coração de  um lobisomem já bate rápido, muito rápido, muito mais rápido, rápido, rápido, rápido. Ai meu Deus! Estaria doente? Talvez seja o perfume natural que Wandinha tem. Calma Enid! 

Todos tem um cheiro de sua própria natureza, os animais se comunicam facilmente por esses aromas assim como os lobos que conseguem distinguir qualquer sensação que uma pessoa está sentindo pelo o que sua pele emana. Um lobisomem possui o olfato 100 vezes mais aflorado que um humano padrão,   ao ponto de enxergar as fragrâncias com cores. O perfume natural de uma pessoa possui duas fases para um lobo:  a primeira sentindo no próprio instante, é sempre a primeira impressão, se a pessoa está triste, alegre, como medo, com fome, cansada, esse cheiro  também se dissipa rapidamente. E a segunda ou a do fundo  é o da alma e espírito, antigos chamam de notas do coração porque sua frequência  lembra batimentos cardíacos. A nota da alma, espírito e  coração, se trata da personalidade da pessoa é uma  fragrância permanente que  evolui com o tempo, por isso não sentida, de início. 

Esses cheiros podem ser escuros ou com cores suaves, os mais obscuros  costumam ser sufocantes, incômodos, e muito semelhante a animais que matam por caçar e não para se alimentar e outro  é revigorantes, pode lembrar cheiro de mar, de chuva, de terra molhada, de grama bem verde, de rios, de madeira, cheiro de água cristalina, pós sim, lobisomens são capazes de sentir cheiros de coisas que os padrões acreditam não ter.  No caso da garota Addams, mesmo parecendo estar sempre pronta para um velório, seu cheiro possuía uma coloração entre o branco gelo e o azul muito, muito claro,  era como o cheiro de  chuva no final da tarde.  Ao mesmo tempo que conseguia ser melancólico era aconchegante. Talvez estivesse gostando mais da fragrância dela!  Talvez fosse só coisas de lobo, então deixa quieto.  

— Wandinha? —  chamou a atenção da garota para si. 

— … —  linguagem verbal era quase que extinta da Addams. Apenas virou a cabeça na direção de Sinclair e arqueou  as sobrancelha com seus olhos negros bem firme sobre a loira.  

— Ei! Por que quis vir a expedição? — por sua vez, franziu o olhar esperando não ser ignorada como todas as outras "infinitas" vezes. 

Wednesday, não  poderia assumir que a razão de está ali era ela, exatamente a doidinha escalafobética e que aliás o seu fã club desejando matá-la era dar inveja.

— Achei que seria interessante — e estava realmente sendo, não dava pra negar. Hum, a  temperatura baixa trazia boas lembranças da  vez que seus pais lhe fizeram uma festa surpresa em um necrotério; seu aniversário de 8 anos. Wandinha nunca se divertiu tanto, chegou a tirar um cochilo em umas das gavetas geladas que guardavam mortos. Bons tempos! 

Uma linha começou a surgir nos lábios da Addams, aquela expressão, que parecia ser um sorriso nascendo, fez o ventre da loba gela contrariando a temperatura do seu corpo metabolicamente quente. Digamos que, era um sorriso, um meio sorriso, apenas uma expressão singela de algo que a fez desgraçadamente feliz. Enid, por sua vez, abriu um sorrisão, sem medo de mostrar todos seus dentes brancos e alinhados em um sorriso de ponta a ponto que fazia seus olhos fecharem. 

Hum… 

Geralmente esse tipo de expressão causava enjoo na Wandinha, ao ponto de realmente querer furar seus olhos pra não ver pessoas sorrindo, mas hoje, hum, hoje apenas sentiu-se indiferenteUm grande avanço, um bom começo…

Com o passar dos minutos o caminho passou a ficar cheios de desafios, uma hora com subidas, outras cheias de pedras, poças de lama, entre outras coisas estranhas; galhos caídos  que grudam em  botas, outrora suas descidas, às quais precisavam pôr a bunda no chão e escorregar. E nas partes, com menos altos e baixos, a trilha se torna escorregadia, estreita, traiçoeira e coberta de grama e pedra úmida, com  árvores envelhecidas e desfolhadas. 

— Wandinha — uma voz masculina fez a morena procurar por quem a chamava. — Como vocês conseguem andar tão rápido? — dando passos longos, parou, inclinou-se e colocou as mãos no joelho, buscando recuperar o fôlego com a respirando ofegante. 

Addams até estranhou a aproximação do rapaz, mas vê-lo com seus pulmões tendo dificuldade em respirar era bem satisfatório. — Como estão? — mesmo a pergunta envolvendo as duas, estava claro que interesse era na Wednesday que mordendo o lábio descorado — agora pelo frio —,  não esboçou expressão, exceto a de sempre:  

— … —  tédio.  

O mediu de cima para baixo  demoradamente e o rapaz  não  suportou a intensidade de seus olhos negros.  Enid  segurou o riso, por mais difícil que fosse. A vontade era de soltar boas gargalhadas da cara do rapaz. A maioria das garotas matariam para ter Xavier por perto, mas Wandinha era a encarnação daquele antigo bordão usado pelas mães quando um filho diz que quer algo porque todo mundo tem, ou quer ir a algum lugar, porque todo mundo vai: “mas você não é todo mundo!” Além do mais, o rapaz exalava o mesmo cheiro de quando um animal macho quer impressionar uma fêmea. Não que fosse da sua conta, mas perceber as intenções do Xavier para sua colega de quarto era um tanto, hum… estanho? Incômodo? Vale lembrar que lobos — assim como  sua espécie canina: cães, chacais, coiote, raposa —, são extremamente territoriais, então, mesmo que  a relação delas fossem um pseudo amizade, o instinto de posse, proteção e fidelidade, nasceu no momento que Wandinha a protegeu. Por isso, sem saber, a novata estabeleceu um vínculo naquele instante com Sinclar, e mesmo que a relação delas fossem ainda rasa, um pseudo amizade, isso já é o suficiente para a loba vê-la como do seu bando. 

— ENID! Enid! Enid! — a voz da professora ecoou pela trilha, fazendo os outros alunos olharem para cena. — Venha cá, venha cá! — a planta carnívora foi encontrada, rápido até demais. — Um dente do leão — para um humano padrão, o arbusto que tinha pequenos dentes brancos, lembrando até alho, jamais imaginaria que aquilo pudesse lhe arrancar a pontinha do seu dedo. 

Marilyn Thornhill aproveitou para coletar pequenas mudas, e alimentar alguns desses dentes com pedacinhos de carne moída. Uma planta carnívora pode viver sua vida inteira sem se revelar, mas algumas espécies se manifestam apenas pelo cheiro de sangue, e aqueles pequenos e traiçoeiros dentinhos, eram assim. 

— Isso é uma loucura né! — comentou baixo Xavier para Wandinha, que deu o ombro, observando o que a professora fazia. — Você prefere as carnívoras ou as venenosas? — continuou o rapaz, tentando encontrar uma abertura com a novata. 

— Depende — com os olhos ainda fixos na cena, o que lembrava sua mãe e o seu jardim onde Mortícia sempre cortava as rosas vermelhas para ficar com a melhor parte: os espinhos. — Se fosse pra me livrar de você, eu preferia as venenosas já que não temos nenhuma espécie carnívora grande o suficiente pra te digerir inteiro. 

— Caramba. — o rapaz arqueou a sobrancelha com os olhos arregalados. —   Essa é a primeira vez da minha vida que alguém diz que quer me ver morto assim tão rápido — desviou o olhar murmurando. —  Geralmente leva algumas semanas…  — de todo jeito não iria desistir de se aproximar da  novata, havia algo nela que o fascinava tanto quanto uma obra de arte.

Com mais alguns minutos de caminhada chegaram a um lugar onde as árvores vistosas pareciam pessoas. Havia uma lenda que assombrava toda a cidade de Jericó no qual dizia:  que os indivíduos que desapareciam na floresta dos perdidos, se tornavam parte dela, ainda vivos. 

 Mas para os excluídos o lugar era mais perfeito; maravilhoso; lindo. A professora Marilyn Thornhill,  parecia uma  criança feliz  no parque de diversão,  ela corria entre os troncos de formatos um tanto macabros com sorriso largo no rosto. Wandinha parou de frente a uma que o seu tronco parecia ter sido esculpido de tão perfeito que era suas formas femininas.  Sinistro! Belo! 

Mas a frente outros tipos de plantas foram encontradas, o perfume doce e aparência fascinante seriam capazes de enganar facilmente os curiosos. Lindas e mortais. Bastava apenas um toque, em qualquer parte da planta e logo em seguida uma esfregada nos olhos, na boca, próximo algum machucado, um contato mínimo para o veneno entrar na rede sanguínea da vítima e provocar ataque cardíaco, parada pulmonar, paralisia temporária, efeitos alucinógenos, entre outros sintomas. 

Como a natureza pode ser obscura, perigosa e ainda assim magnífica em toda sua plenitude. 


A turma fez uma parada assim que o céu denunciou a chuva. As nuvens escuras passaram a ser repartidas por raios. Para pessoas normais aquilo seria verdadeiramente ruim, mas para o grupo excluído a diversão parecia estar perto de começar.  Os alunos encontraram um rio que contrariava o clima frio por sua água subir fumaça, era quente. A professora não teve muita escolha a não ser propor que o grupo  arrumasse suas cabanas e depois ficassem livres para interagir com a natureza como desejavam, até porque não daria pra continuar procurando plantas caso caísse uma tempestade. Algo interessante sobre aquela floresta, é que em alguns pontos as árvores são tão cheias e densas que a chuva é incapaz de atravessar suas folhagens. 

Sendo assim, enquanto a chuva não caia do céu, Sinclair arrumava a barraca com a tediosa ajuda de Wandinha, os alunos foram divididos em dupla do mesmo modelo que funcionam os dormitórios, duas moças e dois rapazes. Depois de aproximadamente uma hora, com quase tudo pronto, uma discussão no acampamento chamou a atenção de todos, Bianca segurava uma folha branca com algo desenhado, completamente raivosa e descontrolada. 

— Qual é o seu problema, Xavier?!

— Me devolve Bianca! 

— Então foi pra isso que você quis vim? Para pintar uma… — suas mãos se fecharam de ódio, não a deixando nem terminar sua fala. Todos sabem muito bem, que o jovem artista só pintava pessoas quando ele realmente gostava do que via, fora isso, Thorpe nunca fazia realismo em seus cadernos.

— Já chega Bianca, eu não tenho nada com você! NADA! 

Deu ruim!

Eles estão brigando mesmo? 

Nossa que fora! 

Ui! 

Quando a sereia se deu conta todos estavam assistindo aquela cena patética: o showzinho do seu ex.  Mesmo que não fosse possível ver quem Xavier havia pintado, o fato dele aumentar seu tom de voz foi o suficiente para gerar murmúrios, risadinhas e até mesmo zuações. Uma DR entre o casal mais  popular, e a garota mais encantadora de Nunca Mais, e ainda levando um fora. 'Ual, ual, caraí! Não demorou muito para os alunos que haviam gravado tudo se movimentarem ansiosos a procura de uma rede de internet para jogar nas redes.  

— Eles são namorados? — pela primeira vez Wandinha puxou assunto com a loira que estava pasma ao seu lado. 

— Pelo visto não são mais… — Sinclair tinha 99% de certeza de quem era o retrato pintado pelo cara mais desejado da escola. 

A garota popular se moveu com passos pesados, empurrando quem via pela frente, Wednesday sentiu sobre si o seu olhar raivoso, sua respiração feito a de um touro bufando quando ela chegou próximo.  Bem… ter alguém encarando com um olhar tão mortal deixava o passeio ainda mais empolgante. 

A noite havia caído e Wandinha precisava admitir, estava sendo legal. Se afastou um pouco do acampamento, adentrando a floresta escura e caminhando um tanto  hesitante não pelo medo, mas porque a  grama úmida fazia com que seu andar ficasse lento e em certos momentos o pé afunda direto em algo gosmento que não parecia ser lama. Seguiu a trilha, sozinha, em paz, no meio da escuridão e dos sons assustadores que eram como música ao seu ouvido. Em um certo momento, o ruído estridente de um trovão interrompeu seus devaneios a fazendo encarar o céu desenhado por  linhas de relâmpago. O cheiro de terra preta molhada e de chuva voltava a ganhar força, apressou o seu andar sem rumo, apreciando tudo à sua volta. Como era bom estar a sós, como era bom admirar a noite sombria. 

Wandinha chegou a um ponto onde deu fim a sua trilha, à frente de um rio, com o som da água quebrando nas bordas, o breu se iniciava no ponto onde a água se estreitava  dando a sinistra impressão que o céu escuro e o rio era tudo a mesma coisa. Havia um som atraente, e naquele instante se deu conta que não havia andando por caminhar, não havia caminhando sem rumo; o destino sempre foi aquele. Sem nada de valor em seu corpo, tirou suas botas, sentindo o falso conforto e mergulhando seus pés naquela água turva, que por incrível que pareça estava numa temperatura agradável, nem fria, nem quente, a sola dos seus pés sentiu a areia fina, sensação estranhamente boa e hipnotizante. Addams experimentava de uma estranheza sem igual, a qual, ao seu lado observador e investigativo não era capaz de supor o que poderia ser. 

Sentiu-se observada pela escuridão e mesmo que não houvesse medo nela, também não havia sua tradicional empolgação por momentos sinistros. Era como se fosse um encanto. 

Wandinha, venha Wandinha! 

Wandinha, venha Wandinha! 

Wandinha, venha Wandinha

Wandinha, venha Wandinha! 

Wandinha, venha Wandinha! 

Wandinha, venha Wandinha! 

Wandinha, venha Wandinha! 





Notas Finais


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