História Que bobeira pensar que você um dia gostaria de mim - Nós somos como linhas paralelas, Jongin

Eu observei as folhas caindo quando o outono veio. E constatar o ciclo da vida foi essencial pra entender sobre quem éramos, somos e jamais seremos. 

Porque, como ao natural, as flores desabrocham, as pétalas caem, a chuva precipita, eu me apaixonava e você se fazia inalcançável.

Na nossa beleza fora dos padrões, eu curtia sentir o teu cheiro de cigarro nos meus cabelos, de ter o teu gosto de tabaco nos lábios e de escrever poemas sobre tudo que eu lia no brilho dos teus olhos. Nem mesmo tua complexidade digna de Dostoievski era capaz de me impedir de interpretar cada tonalidade do teu olhar. Você odiava ser tão transparente para mim, mas eu amava o teu arco-íris.

E você era profundo, cheio de oceanos dentro de si. A turbidez da tua água era um fascínio para meu coração curioso e aventureiro e um convite para que eu mergulhasse sem qualquer restrição. 

Mas quando me afoguei nas tuas amarguras, no teu descaso e na tua ausência, você fez questão de dizer que me avisou sobre a tua inconstância.

Só que eu sempre fui teimoso, você devia saber, porque a tua consciência sempre berrou que foi a minha teimosia que nos levou tão longe, nos construiu tão fortes e nos manteve tão certos na incerteza.

Mesmo que os teus olhos tivessem dito, desde o começo, que você havia vindo para me desfazer em pedaços de sentir tua falta e não conseguir nunca te esquecer.

E você dizia que achava engraçado como virávamos artistas quando nossos corações se partiam e eu soube que era verdade quando me tornei poeta da saudade que eu sentia de você.

Você dizia que amava tempestades, Jongin, mas abria seu guarda chuva de rejeições quando meus sentimentos choviam sobre a sua cabeça.

Você dizia que amava arte, mas eu fiz do meu amor por você uma galeria inteira e eram as pinturas de outras pessoas que prendiam a tua atenção.

Você dizia que odiava despedidas e eu soube disso quando você simplesmente foi embora sem dizer adeus. Não havia hesitação nos seus olhos. Não havia mais as promessas que um dia me fizeram querer segurar a tua mão e te dar meu coração, porque você as quebrou como fez comigo e espalhou os cacos delas para que eu as juntasse, machucasse meus dedos e tentasse aprender a conviver com a tua ausência.

Você também me disse que amava minhas cores e as minhas flores. E eu te deixei criar raízes dentro de mim, achando que era uma via de duas mãos, sem nunca saber que nós somos mais como duas linhas paralelas que não importa o quão próximas estejam, jamais vão se encontrar, porque essa coisa de se cruzar no infinito não existe para nós dois quando você foi o balde de água fria na chama que eu lutei para manter acesa.

E, ora, que bobeira pensar que você um dia gostaria de mim.

Que tolice pensar que eu era a única flor no teu jardim.