História Querido Professor! - Minhas Meninas

[CAP. BETADO]

Saciava-me muitas das vezes com passatempos durante os intervalos, ler ou até mesmo saía de carro enquanto as horas de descanso dos alunos passavam-se. Nesse caso tratando-se de uma escola pacata como esta, a opção fugia-me conhecer a cidade. Naquele meu primeiro dia de aula eu não conseguia reprimir-me a qualquer outro afazer, tudo o que tinha de ser feito, fiz antes mesmo de chamarem-me para dar aula na escola.

Tinha o habito de nunca deixar coisas para a última hora. Minhas distrações além decorrer as moças, eram organizar e reorganizar tudo. Consumo uma leve tendência à TOC; nunca fui uma pessoa bagunçada. Pelo contrário, não consigo resistir a ver uma louça suja em uma pia qualquer, ou até mesmo uma cama bagunçada. Mantenho tudo uniforme e limpo, minhas roupas são padronizadas por dias semanais, tudo deve estar em seu devido lugar; sinto-me desconfortável em um lugar diferente do que eu costumo exigir.

Mais o dia havia se passado como um passe de mágica e, eu conseguia concentrar-me em duplos afazeres enquanto corrigia uma atividade em folha separada para uma classe; certamente não gosto disso. Ao passar de duas a três folhas eu já me cansei. Ainda mais quando haveria aqueles alunos com letras ilegíveis e sem o maior conhecimento básico de gramáticas. Isso irrita qualquer um.

Estava em minha sala fazendo-o quando escuto a porta ser aberta levemente, o barulho incrivelmente estridente da dobradiça daquela porta velha, fez-me direcionar a visão para a mesma. Uma cabeça com cabelos loiros quase esbranquiçados adentrou curioso o lado de dentro. Minha boca semi-virada (onde no qual tenho uma mania de morder o lado inferior dela, até mesmo a carne ficar na carne viva), deu um ar de introspecção. Mesmo sem querer, revirei os olhos e ao mesmo tempo dei glória pela interrupção.

─ Senhor Tomlinson? ─ Diretora Sarah disse procurando-me. Ela não tinha lá uma visão muito solúvel pela sua idade já avançada.

─ Estou aqui Senhora! ─ Levantei os braços para que ela ao menos visse meu reflexo.

─ Oh, sim! Espero não estar atrapalhando. Bem, como sabe o colégio Weschartin tem o objetivo de proporcionar tanto o ensino na sala de aula como prazerosas feiras de ciência ─ Ela dizia e eu apenas ouvia aparentemente atento, ─ Estamos juntando alguns professores aqui na escola para organizar este ano.

─ Alguns professores? ─ Pergunto sem nenhuma preocupação ou interesse no assunto.

─ Sim, esta matéria é pouco ensinada e além disso, cada classe tem apenas duas aulas por semana, como já está ciente. Contando com o senhor, temos mais um professor de ciências e biologia e um que lesiona física e química, então estou pedindo a vocês para organizar a feira deste ano já que não fazemos uma a meia década.

─  Acha que com apenas 3 professores é possível fazer uma feira? ─ Ironizo pois para faze-la necessita-se de todos os professores.

─ Bom, óbvio que todos os demais iram colaborar, mas para uma feira de ciências precisamos de professores no ramo principalmente para a avaliação. Posso contar com o senhor?

─ Sra. Sarah, eu acho...

─ Eu insisto Sr. Tomlinson, ─ ela me interrompe antes que eu possa terminar a frase, ─ uma ou duas vezes por semana o senhor está liberado para juntar alguns de seus alunos do grêmio estudantil a organizar uma reunião e debater sobre o assunto da feira. Decorações e outros detalhes serão de sua escolha e vamos arcar com todo o custo... Por favor, professor Louis, a maioria dos professores recusam meu pedido, e nossos alunos ficam sem uma atividade anual nesse colégio.

─ Está bem! ─ Sorrio, ─ Embora tenha que ficar aqui até às 22:00hs, disse que eu poderia escolher qualquer aluno?

─ O certo seria os do grêmio estudantil, mas a maioria é uma perdição, só estão nele para matar aula... Então, fique a vontade. ─ Ela disse com um sorriso de orelha a orelha, ─ contanto que não seja apenas "meninas" e seja um grupo variado.

Essa observação que ela fez referente a não serem apenas meninas foi uma indireta? Deduzi ter chegado aos seus ouvidos os comentários de algumas alunas. Em todas as escolas que trabalhei um boato sobre eu estar me envolvendo com alunas se espalhou. Tamanho absurdo foi que quiseram me dispensar. Eu não estava a fazer isso, mas óbvio que não iriam acreditar em mim.

─ Claro, senhora! ─ Falo após fuzila-la da acusação feita, ─ Escolherei 4 meninos e 2 meninas... de classes diferentes!

─ Esta bem! ─ Ela me olha séria e depois se retira fechando a porta atrás de si.

─ Esta bem! ─ falo sozinho com um sorriso maroto no rosto.

Ri com meus pensamentos. Eu estava sendo acusado particularmente de algo apenas um dia na escola... Tem como não rir? Mas dentre a filosofia da questão, tinha lá suas verdades. Novamente dizendo: eu e as moças. Não estava nem um pouco entusiasmado em ser responsável por uma feira de ciências e, sim pelo fato de eu escolher “alunas” que no qual eu pretendia para passar a noite comigo em uma reunião com outros alunos sem importância.

Anny! Esta foi a primeira que minha mente escolheu.

[...]

Há dois dias que Anny não ia à escola, e era mais um dia estressante de aula sem ela. A única palavra que no qual dirigíamos um ao outro era um "bom dia e boa tarde" ou escutar sua voz na hora da chamada. Era incrivelmente inteligente, em seu histórico prevalecia à postura de uma boa aluna e notas exemplares; uma prendada e tímida jovem. Em seus olhos perdidos e perspicazes eu via um escondido segredo medonho.

A feição angelical e imaculada transmitia inúmeras superstições a seu respeito. Entretanto, ainda havia aquele cheiro hormonal, devo dizer assim? Eflúvio hostil e delirante. Não é um aroma de perfume, sinto referir-me aquela sensação na qual sente ao esgueirar-se perto de alguém que ama. Chama-se feromônio humano.

O problema é que não tinha culpa de causar isso num homem... Em mim!

Voltava para mais um dia de aula, dessa vez cheguei atrasado, o que não era de meu costume.

Ao entrar em minha sala, vejo uma bela professora substituta─ de nome Charlotte ─ em meu lugar.

─ Com licença? ─ Digo interrompendo-a dar aula, ─ Sou o professor Tomlinson de biologia. Desculpe atrapalhar mais... Eu já estou aqui.

─ A diretora pensou que você não viria, então me pôs como substituta! ─ Se explicou com o olhar "sacana". Seu habito de me chamar informalmente está me deixando bravo. Trocar o "Senhor" por "Você" me incomoda a cada dia. São flertes indagáveis e desnecessários.

─ Bom, como pode ver eu não faltei! Estou aqui. ─ ri de lado e ela pegou suas coisas e saiu deixando-me no Vácuo. Ela notou minha indireta, ─ Bom dia, povo!

─ Bom dia! ─ todos falam em coro.

Caminho até minha mesa prestando atenção na menina e sua típica postura ereta. Anny levanta sua cabeça e me olha, dou-lhe um sorriso curto, recompensado por outro. Foi isso que eu vi? Um sorriso? Ganhou meu dia com o subliminar sorriso que esperava.

─ Antes da chamada eu devo dizer que escolherei dois alunos desta classe para me ajudar na feira de ciência desse ano! ─ digo olhando para cada um.

─ Feira de ciências? Faz meia década que não tem uma aqui no colégio... E pelo que ouvi dizer, todas foram um fiasco! ─ John, o aluno que no qual chamava muita atenção pelo cabelo esverdeado disse.

─ É por isso que eu quero escolher alguns alunos para que este ano saia algo que preste! ─ ironizo, ─ Os alunos que eu escolher terão de participar do conselho de classes, ou seja todas as terças e quintas ficaram na escola até 8 horas para as reuniões.

─ ME EXCLUI DISSO PROFESSOR! ─ Marcus gritou ao fundo.

─ Marcus, você será o primeiro! ─ Digo para o menino que me deu problemas desde de sempre.

─Droga! ─ ele xinga.

─ E...─ procuro na sala outra pessoa, mas é claro que eu já sabia qual era, ─ Anny Willians!

CONTINUA____~