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História Rascunhos Euleta - Nosso maior segredo


Escrita por: Mandxs_

Notas do Autor


Rascunhos de uma mente que fervilha com situações do nosso casal apaixonado e rendido ❤

(texto em itálico são memórias)

Capítulo 1 - Nosso maior segredo


Eugênio estava concentrado na leitura do contrato de possível parceria com um fornecedor internacional. Gastara tanto tempo no documento, que o dia passara num piscar de olhos, só dando-se conta do final do expediente, quando sua secretária o informou que estava indo embora. Contudo, dera-lhe tchau e voltara a se dedicar aos papéis a sua frente, perdendo novamente a noção do tempo. Nem a forte chuva que caía há uns bons minutos havia chamado a atenção do homem, até que um grito agudo o fez levantar a cabeça, segundos após o barulho de um trovão.

- Violeta? – questionou, sozinho, levantando-se e indo em direção a voz que ouvira.

Na sala há alguns metros de distância, o cenário não era muito diferente. Violeta se dedicara integralmente a possível parceria, buscando entender detalhadamente cada cláusula. A mulher havia estabelecido a meta de só ir embora após finalizar essa pendência. Contudo, vencida pelo cansaço de mais uma noite mal dormida devido aos surtos do marido, Violeta adormecera sobre os papéis e acordara assustada com o estrondoso barulho de um trovão que rasgara o céu.

- Violeta, está tudo bem? – Eugênio perguntou, abrindo a porta e adentrando o local.

A mulher respirou fundo e, ainda que estivesse atordoada pela forma como acordara e que o medo que sentia de trovões ainda fosse latente, não daria o braço a torcer.

- Claro que estou bem. Não precisa se preocupar. – respondeu, forçando sua melhor entonação.

- Eu ouvi seu grito e fiquei preocupado com você. – aproximou-se lentamente da mesa onde Violeta estava – Não sabia que ainda estava aqui... Já é bem tarde! – completou, olhando em seu relógio, antes de voltar a olhá-la.

- Eu já disse que estou bem e que não precisa se preocupar, Eugênio. Há uns bons anos, já sei me virar sozinha. – disse, ríspida – E também não preciso lhe dar satisfações sobre estar ou não na tecelagem nesse horário. Assim como você, também tenho muito trabalho a fazer.

O homem a olhava entristecido. Para ele continuava difícil acreditar que, depois de tudo que viveram e apesar de claramente existir amor entre os dois, Violeta o tratava daquela forma. Como se fossem dois estranhos. Seu coração apertava a cada vez que tal situação acontecia. Iria lhe responder, quando um novo estrondoso trovão pode ser ouvido, fazendo com que a mulher se sobressaltasse na cadeira em que estava sentada e transparecesse o medo em seus olhos.

- Agora se me dá licença, tenho muito trabalho pela frente. Com essa chuva, será difícil chegar em casa mesmo... – ela soou o mais firme que conseguia, fingindo organizar alguns papéis sobre a mesa, enquanto sentia o medo correr por suas veias.

- Violeta, não precisa fingir para mim que não tem medo de trovões... – ele começou – Se quiser, para não ficar sozinha, pode vir para minha sala ou posso vir para cá. Também não conseguirei ir embora, com esse temporal lá fora...

- Você não tem vergonha, Eugênio? – ela indagou, levantando-se, e recebeu um olhar confuso do homem a sua frente – Eu sei muito bem o que você quer com essa historinha de ficarmos na mesma sala. Como pode usar disso para tentar obter alguma vantagem? Você...

Eugênio a olhava incrédulo e com o coração ainda mais apertado. Como Violeta poderia pensar algo assim dele? Como ela poderia imaginar algo assim, enquanto ele estava verdadeiramente preocupado com ela? Não. Tudo tinha limite.

- Por Deus, Violeta... – cortou-a, enquanto balançava a cabeça em negativa, olhando-a e deixando claro sua tristeza, antes de sair da sala dela e retornar para a sua.

A mulher deixou que seu corpo caísse na cadeira, suspirando audivelmente. Foi inevitável que seus olhos se enchessem de lágrimas. Quão difícil foi ter dito aquelas palavras. Quão difícil foi esconder a sua própria tristeza. Quão difícil foi conter seus impulsos de jogar-se nos braços de Eugênio. Quão difícil era a situação em que se encontravam. Por mais que fosse o certo a se fazer, em sua opinião, o fato em nada diminuía a dor e a tristeza que sentia. Amava-o com todo seu coração. Mas, era um amor impossível. Uma história que não foi feita para acontecer e que ela mesma havia interrompido.

- Eugênio? – Violeta chamou, entrando em sua sala e encontrando sua filha e o homem por quem procurava.

- Mamãe, vejo que também já encontrou seu presente! – Isadora sorriu – Veja que delicada pulseira Eugênio me presenteou! – mostrou a caixinha aberta, com o objeto de ouro reluzindo dentro dela – Não é linda?

- Sim, filha. Muito linda. – sorriu para a filha, buscando rapidamente o olhar do homem que assistia a interação entre as duas.

- E você? O que tem aí dentro? – apontou para a pequena caixa que sua mãe segurava – Um broche de diamantes! Que precioso, mamãe! – exclamou, ao ver o conteúdo – Eugênio, parabéns, o senhor tem muito bom gosto!

O homem riu, levemente envergonhado pelo elogio. E, num gesto discreto de cabeça, agradeceu a observação da menina.

- Bem, agora deixem-me ir, que preciso conversar com Olívia sobre a produção. Até mais. – a mais jovem se despediu, saindo da sala e fechando a porta atrás de si.

Violeta e Eugênio acompanharam a saída de Isadora com o olhar e o homem suspirou audivelmente quando a porta foi fechada.

- Gostou do presente? – questionou, sorrindo abertamente para a mulher a sua frente – Quis lhe fazer uma surpresa!

- Eugênio... – começou – Eu não posso aceitar. Me desculpe. – estendeu a caixa em sua direção.

- Mas, como não? – perguntou, confuso – Eu trouxe especialmente para você, pois assim que bati meus olhos nesse broche, sabia que ele teria que ser seu. Para lhe deixar ainda mais bela, - tocou a ponta de seus cabelos e passeou com suas mãos, até estarem uma em cada lado do rosto da mulher – e também ser um lembrete de que sempre estarei com você. Cada vez que você olhar para ele, é de mim que se lembrará.

Violeta o encarava com os olhos emocionados, tamanho cuidado e amor que transbordava das palavras e do olhar que Eugênio lhe dirigia. E não se esquivou, nem evitou, quando ele colou seus lábios, num beijo carregado de ternura e também de saudade. Afinal, o homem passara os últimos sete dias viajando e aquela era a primeira vez que se viam desde seu retorno.

- Sentiu saudades de mim? – ele perguntou, baixinho, ainda sentindo a respiração dela sobre si.

- Você sabe que sim.

De imediato, Eugênio quis beijá-la novamente. Porém, dessa vez, Violeta apenas selou seus lábios, antes de se afastar.

 – Mas, isso aqui, nós dois, não podemos acontecer, Eugênio. Por favor, aceite de volta o presente que me trouxe. – estendeu novamente em sua direção a pequena caixa.

O homem baixou o olhar e respirou fundo, antes de tornar a encará-la.

- Fique, Violeta. Se não o quer como um presente meu, pelo menos fique para que Isadora não desconfie, caso me devolva.

Violeta concordou, ambos entristecidos, e saiu de sua sala.

--

Eugênio encarava a janela, observando a grossa chuva que caía lá fora, enquanto bebia mais um gole do whisky que preparara, buscando esquentar seu corpo e amenizar a tristeza que sentira após o acontecido na sala de Violeta. Que grande maçada estava metido! Aparentemente, a mulher havia tomado sua decisão e nem ao menos sua solidariedade era vista com bons olhos, tamanha a vontade dela em mantê-lo longe. Era mais do que claro que ele havia tentado viver essa história de todas as maneiras, mas tudo tinha um limite. Viajava em seus pensamentos, quando ouviu passos adentrarem sua sala. Olhou de soslaio e lá estava a mulher, abraçada ao próprio corpo.

- Eu posso ficar aqui? – ela perguntou, baixinho.

Embora sua vontade fosse ir até ela, abraçar-lhe e garantir que tudo ficaria bem, enquanto a mantinha aninhada ao seu peito, Eugênio permaneceu onde estava, apenas dando de ombros e continuando a encarar a janela. “Tudo tem limite”, repetia mentalmente para si mesmo. Por sua vez, Violeta sentiu os olhos inundarem de lágrimas com a reação indiferente do homem. É bem verdade que era o que merecia após o tratamento que lhe dirigiu, mas a justificativa em nada lhe amenizava a dor. Ficou ali em pé, parada próxima a porta, sem saber como iniciar o que pretendia dizer... Céus, só queria abraçá-lo e ouvi-lo sussurrando que ela não estava sozinha, enquanto sentia o cheiro tão característico dele. Em passos vacilantes, aproximou-se de onde ele estava, parando na lateral da mesa escura.

- Me desculpa, Eugênio. Desculpa pela forma como te tratei agora há pouco. Na verdade, desculpa pela forma como venho te tratando nos últimos dias. Como você mesmo diz, as vezes, eu sou uma chata de galocha. – brincava com seus dedos, tentando controlar o nervosismo e o nó que começava a se formar em sua garganta – Eu queria muito que tudo fosse diferente entre nós... Queria que pudéssemos viver nossa história por completo, queria me jogar de cabeça sem receios. Mas, eu não posso. Tem muita coisa em questão... Minha filha pode me odiar se descobrir algo assim, fora minha reputação que iria por água abaixo. E também... – respirou fundo, tornando-se quase impossível conter a emoção que queria transbordar – eu não posso arriscar te perder, não posso arriscar ficar sem você de vez... Matias te deu uma facada e isso quase aconteceu e eu... – soluçou baixinho, com lágrimas escapando de seus olhos – e eu achei que tinha te perdido para sempre e, céus, como doeu!

Eugênio ouvia a tudo em silêncio e ainda de costas. Porém, à medida que Violeta ia falando, lhe era notório o quanto ela também estava sofrendo com tudo aquilo. Ao perceber que o choro a venceria, conseguindo transbordar, quis imediatamente acalmá-la. Mas, talvez aquela fosse a primeira vez que a mulher lhe expunha tantos sentimentos e sua ação poderia interromper aquele momento, no qual claramente, ela estava desabafando tudo que guardava dentro de si. Assim, permaneceu onde estava e apenas quando ouviu seu soluçar e virou-se, vendo-a chorando, foi que ele se aproximou, envolvendo-a com seus braços. Dane-se os limites. Ele era totalmente rendido por aquela mulher.

- Carambolas, Eugênio, te amo tanto que a mera possibilidade de que algo de mal te aconteça, me tira do eixo. – disse, prendendo o tecido do paletó dele em suas mãos.

- O que? – ele perguntou, sem acreditar que ela abertamente dissera que o amava. – Você me ama?

- Ainda duvida, homem? – olhou-o, com um leve toque de zanga no olhar. – Eu te amo, Eugênio, de uma forma tão intensa, que nunca havia sentido isso em toda minha vida.

Mal terminou de falar, Violeta uniu seus lábios num beijo cheio de saudades e amor. Suas línguas se encontraram, numa dança natural e conhecida. E suas mãos deslizaram, até se encontrarem na nuca do homem, envolvendo-o pelo pescoço. Por sua vez, as mãos de Eugênio passearam pelas costas da mulher, até se depositarem firmemente na curva da sua cintura, prendendo-a contra si.

- Eu te amo, Violeta. – olhou-a intensamente – Me deixa te fazer feliz, meu benzinho.

- Eu não vou mais te afastar. Esse será nosso maior segredo. – ela concordou, beijando-o novamente.


Notas Finais


Até a próxima, quem sabe!


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