[—Subaru—]
Eu me lembro daquele dia...
Me lembro de meu desespero... me lembro de minha tristeza...
Quantas vezes os vi morrendo... quantas vezes eu a vi morrer nos meus braços... e quantas vezes senti meu corpo sendo tomado pelo frio da morte...?
Vinte vezes...
Vinte vezes esse mundo me mostrou o quanto eu era fraco... o quão pouco as pessoas se importavam comigo...
Vinte vezes tive que enfrentar as piores dores para conseguir algo.... vinte vezes tive que ver ser em vão todos meus esforços para ajudar aquelas que tinham sido os únicos gentis comigo... e vinte vezes tive que sentir a traição de todos aqueles que pensei terem um pingo de bondade e humanidade dentro de si...
Até que me afundei...
Me afundei na minha tristeza... na minha raiva...
E foi quando ela apareceu... sua figura etérea... estendendo sua mão para que eu a ajudasse...
Foi graças a ela que pude entender a verdade do mundo...
Foi graças a ela que pude me libertar das amarras em que estava... foi graças a ela que pude perceber o quão pouco importava realmente aqueles que diziam-se superiores...
Foi graças a ela que encontrei um novo propósito... foi graças a ela que encontrei o meu desejo de preservar aquilo que importava para mim e só porque desejo isso para mim... foi graças a ela que pude encontrar a minha [Vaidade]...
E pude reencontrar o meu antigo eu...
[F... l]
—[X]—
Reinhard andava pelas calçadas ao lado das hidroruas. Olhando ao redor, vendo a destruição causada pelos ataques acontecidos a pouco tempo; Prédios com janelas quebradas, buracos nas ruas, partes encharcadas, além de copos de cavaleiros e soldados e civis pelas ruas.
Uma cena lamentável.
A grande cidade das águas, Priestella, agora se encontra em uma situação verdadeiramente desesperadora. Uma situação criada por um ataque surpresa do Culto das Bruxas; Especificamente, os Arcebispos do Pecado junto de um grande grupo de cultistas. Um ataque repentino que aconteceu instantaneamente em pontos diferentes.
E ele não conseguiu fazer nada. Quando os ataques começaram, ele não conseguiu proteger ninguém desde o inicio.
O incidente do inicio de tudo na torre mostrou isso.
Um dos bandidos recrutados por Felt havia sido morto naquele momento, por conta da dita Arcebispo da Ira, Sirius, cujo poder explodiu a cabeça de várias pessoas no inicio do ataque deles a cidade.
E tudo só piorou quando eles assumiram o controle das quatro torres que controlam o fluxo da água.
Em uma demonstração para levarem a sério, eles abriram por alguns instantes, já causando grandes estragos as estruturas e as pessoas da cidade. Causando dezenas de mortes de civis, soldados e cavaleiros. Derrubando alguns prédios. Coisas que Reinhard via ao redor conforme pelas ruas em direção a prefeitura.
Na prefeitura tinha uma Metia; Esse Metia pertencia a Muse Company para comunicar-se com toda cidade. O dono dela, Kiritaka, usava-a para comunicações diárias para eles se acostumarem, para quando acontecesse alguma emergência como aquela.
O que não demonstrou-se realmente útil para eles em si.
Pois no inicio do ataque, a prefeitura foi tomada por eles. E a Arcebispo da Lúxuria fez um anuncio.
Alertando-os.
Eles deveriam enviar o Santo da Espada para Prefeitura para negociação com o responsável pela liderança do ataque dos Arcebispos a cidade. Ele deveria ir sozinho, mesmo que armado, mas sozinho. Se não toda cidade seria submersa pelo ato de não seguirem tal simples pedido.
Reinhard estava fazendo isso.
Não daria oportunidade para continuarem o ataque se ele pudesse evitar, especialmente sendo sua responsabilidade como o herói conhecido como o Santo da Espada. Ele tinha que atender tais expectativas de todos que dependem dele, especialmente sua senhora, seus companheiros e os inocentes que ainda estavam vivos naquela cidade.
O rapaz de cabelos vermelhos parou na frente do lugar.
Ele olhou para entrada do lugar.
Com passos curtos, mas rápidos, ele cortou a distância entre onde estava e a entrada vazia. Rapidamente ele adentrou no lugar, passando pelo caminho até entrar completamente no lugar. Normalmente ele gostaria de apreciar ver o novo lugar em que estava; ver a estrutura elegante da prefeitura. Mas ele não poderia fazer isso agora, não quando estava concentrado em cumprir o exigido.
Reinhard passou pelo último par de portas para entrar no lugar do Metia de comunicação, vendo um espaço bem aberto com o dispositivo na parede do fundo da sala. No centro dela estava uma figura... uma figura bastante familiar para o rapaz de cabelos vermelhos...
[Reinhard: Su... baru?
[Subaru: É bom vê-lo novamente, Rein. Faz um tempo desde nossa última conversa, não? Desde a Capital há mais de um ano atrás. —— Cara, foi um ano? O tempo passa tão rápido. Imagino que muitas coisas devem ter acontecido com você e os outros neste tempo, certo? Imagino. É bem empolgante pensar nas possibilidades. Para mim é. Apesar de eu saber uma coisa ou outra, graças a minha rede pessoal de informações para manter-me atento ao modo de vocês agirem.]
Subaru falava casualmente. Andando pela sala, como se não tivesse se passado tanto tempo desde que se viram, como se não tivesse acontecido tanta coisa nesse espaço de tempo e como se ele não tivesse revelado que os observava com uma rede de espionagem.
[Reinhard: Su-S-Subaru? O que a-aconteceu? Você está bem? Eles te forçaram a——]
[Subaru: Não. O Culto não me forçou a nada que eu não estivesse disposto a fazer. —— Se eu tivesse que dizer. Desde minha entrada, foi quando me senti mais livre para agir da maneira que eu prefiro agir, Rein. O que é bem engraçado, não acha?]
[Reinhard: —— Subaru. Não quero perguntar, mas...?]
[Subaru: Se fui eu quem organizou tudo isso? Sim. Sim, Rein. Sou o responsável pelo planejamento desse ataque, incluindo aquele exemplo que demos para saberem que podemos submergir essa cidade.]
[Reinhard: ——]
O cavaleiro de cabelos vermelhos engoliu em seco. Pela primeira vez em muito tempo, ele se viu em uma situação que deixou-o nervoso e preocupado. Quando alguém que ele considerava seu amigo casualmente revelou ter ordenado o ataque que tirou várias vidas.
[Reinhard: Por que você pediu para que me chamassem?]
[Subaru: Para conversarmos, obviamente. Queria rever uma das únicas pessoas boas que eu conheço. Como um banho para alma, entende? E você serve perfeitamente para isso. Dar alivio aos cansados, como o grande herói que você é. —— Ou o herói que você deveria ser, deveria representar. Mas não é, não é mesmo?]
As últimas palavras carregaram clara zombaria contra o Santo da Espada.
[Reinhard: As últimas noticias que tivemos de você e seu paradeiro vieram de uma das empregadas de Mathers-San, Rem-San, quem relatou seu sumiço na Capital há mais de um ano. Ela ainda procurava e procura você, como eu tenho feito.]
[Subaru: Eu sei... eu sei. Rem-rin sempre foi... alguém leal. —— Aposto que a Nee-Sama deve me odiar por eu ter fugido do serviço.]
Brincando na última parte, ele esboçou um pequeno sorriso sincero. Como se lembrasse de algo particularmente especial.
Vendo tal oportunidade, Reinhard deu um passo a frente, com um brilho esperançoso nos olhos.
[Reinhard: Subaru, por favor. Se você estiver com problemas... se você estiver sendo forçado a isso... Deixe-me ajudá-lo. Como amigo, deixe-me oferecer uma mão para os seus problemas.]
E por um momento ele sentiu que poderia ter alcançado aquela pessoa.
Aquele rapaz de conheceu na Capital, que fechou a distância entre eles e o tratou como um velho conhecido. Um amigo de verdade, que nem parecia temer a diferença de posição entre eles.
Reinhard tinha essa esperança... que foi arrancada após alguns instantes.
[Subaru: Pfft! Hahaha... AAAHAHAHAHAHAHAHA!!!]
A gargalhada de Subaru ecoou por toda sala. O ambiente pareceu esfriar de tão distorcida que era tal risada, assim como os brilhos nos olhos de Reinhard pareciam estar sumindo conforme ela continuava.
Como se algo estivesse muito errado.
Subaru riu mais um pouco, antes de colocar uma mão sobre a face e arrastá-la por ela. Perdendo a expressão divertida. Um olhar frigido, penetrante, intimidante perfurou a alma de Reinhard, o fazendo sentir um leve receio de estar na mira daqueles olhos assustadores, instintivamente colocando a mão sobre o cabo de sua espada.
O garoto de olhos assustadores agora parecia diferente, irritado.
[Subaru: —— Há um ano atrás. Eu precisava de ajuda. Precisava de ajuda em todos os sentidos. Mas, o que vocês fizeram? Nada. —— Você não estava lá, Rein. Se estivesse tenho certeza de que tudo seria diferente... porque você é você. O glorioso Santo da Espada. Alguém cuja própria existência é abençoada pelo mundo para ter quase tudo o que quer, menos o amor da sua família. —— Mesmo seu pai sendo um fracassado conhecido pro todos, um bêbado imprestável, teria capacidade para ter o que quisesse na hora que quisesse. Mesmo sendo um desrespeitoso que todos pensam ter assassinado a própria mãe no passado, junto do seu precioso filho. Alguém que se ordenasse algo, conseguiria.]
[Reinhard: ——]
[Subaru: Eu pedi ajuda, Rein. Acredite em mim, eu pedi ajuda... para salvar as pessoas... para ajudar as pessoas... porque eu vi as piores coisas que poderiam acontecer. E o que eu recebi? Negação. Negação de todos. —— Uma Valquíria que viraria o rosto para as mortes de inocentes, a menos que lhe fosse dada a chance de enfrentar um animal que iria esmagá-la. Uma Raposa gananciosa que pensa na vida como um grande negocio sem pensar mais nos sentimentos, a menos que isso lhe desse lucros ou informações relevantes para obter mais e mais para seus bolsos. Uma Princesa do Sol que pensa que o Orgulho deve ser mantido a todo e qualquer custo, e que não perderia seu tempo estendendo a mão para ajudar os inocentes se não senti-se com vontade para fazê-lo. —— Um bando de pessoas cobiçando um trono de madeira, ouro, jóias. Felizes em sentar-se lá, mesmo que os seus pés e mãos estivessem manchados de sangue.]
[Reinhard: ——]
[Subaru: Eu precisava de ajuda, Rein. Por que... eu estava sozinho. —— Quando você me conheceu, foi meu primeiro dia na Capital. Eu tinha chegado lá e não tinha... nada. Não tinha amigos, família, conhecidos. Nada. Mas naquele mesmo dia eu tinha conhecido alguém... alguém que me fez sentir coisas estranhas qe nunca sentiu e me fez querer ajudá-la. Eu, um NEET preguiçoso. —— Mas eu era incapaz. Foi graças a você, que pude salvá-la. —— Cara, como eu queria ser você. Ter suas habilidades. Ser capaz de proteger todo mundo, de me defender sozinho. Não viver a mercê da bondade dos outros. Não ter que ficar provando; de novo, de novo e de novo que sou digno de confiança para que não tentem me matar ou me tratar como um objeto... Onde tenho que dar alguma coisa para que olhem para mim, como eu já olhava para todos da mesma forma. —— Ser tratado com o respeito que eu já tentava dar a eles.]
[Reinhard: ——]
[Subaru: Mesmo aquela pessoa não confiou em mim, acredita? Fiz o meu melhor possível para retribuir o favor que ela me fez. Salvá-la. E então dei o meu melhor para ficar ao seu lado, superando outros desafios que qualquer um teria desistido. Para ficar ao seu lado. Tentei defendê-la, mesmo eu sendo fraco... quis defendê-la e ser algum tipo de herói igual a você... mas eu era fraco. Perdi tudo. —— Perdi a única pessoa que eu achei ser meu porto seguro naquele momento. —— Sabe como me senti? Depois de tudo o que passei por ela, depois de tudo o que já fiz? Para simplesmente ser descartado em meu primeiro erro... como se eu não tivesse lutado o bastante para ganhar a confiança que ela dizia ter em mim? —— Mas também percebi meu erro. Queria me sentir um herói, para justificar tudo o que havia enfrentado até aquele momento. Só que eu não sou um herói, Rein. E pude perceber isso mais de uma vez naquela semana que sumi...]
[Reinhard: ——]
[Subaru: Talvez não acredite em mim. Mas enfrentei o perigo daquela semana mais de vinte vezes. Mais de vinte vezes! Vi o caos que se seguiria sobre todos, vi as mortes que cairiam sobre os inocentes e pessoas que eu amava, vi todos me rejeitarem por acreditarem serem bons demais. E até... morri para eles. —— Crusch e Priscilla tem lâminas bem afiadas... Otto me empurrou umas cinco vezes para Baleia e só em três eu morri devorado por ela... —— Então, alguém apareceu. E me ofereceu sua mão para me ajudar a cumprir meu desejo de proteger as pessoas. Para proteger Rem e as pessoas de Arlam, para salvar a vida deles. —— Foi me entregando a ela, que pude garantir a sobrevivência deles. Pois percebi que não tinha nenhum herói ou justiça que pudesse protegê-los, então precisei encontrar outro caminho para tal.]
Reinhard não sabia como reagir as palavras dele. Pois graças as Proteções/Benções, ele era capaz de ler Subaru. Desde suas emoções, sua mente e até saber se ele estava dizendo a verdade ou não.
E tudo indicava que sim.
Pelas palavras dele, pelas coisas que ele lhe dissera, Reinhard, graças ao seu foco e pensamento rápido, poderia concluir que; Subaru sabia do ataque da Baleia e tentou pedir ajuda as Candidatas para salvar a vida de pessoas. Mas foi recusado e até... morto por elas. Mesmo que ele estivesse ali, o Santo da Espada não descartou tal possibilidade, sentindo a intensidade que vinha do garoto de cabelos negros.
O que ele tinha passado? O que aquela semana de um ano atrás dele tinha feito com o rapaz bondoso que ele tinha conhecido antes? O que havia acontecido por debaixo dos panos da realidade para transformar aquela pessoa nesta que tinha tanto ódio e tristeza?
Seus pensamentos foram cortados por um som. Um som que vinha do metia que Subaru puxou de seu bolso, uma espécie de metia retangular.
[Subaru: Bem a tempo... Urfs. Foi bom desabafar com você, Rein. Realmente precisava disso. Hahaha! Você é um bom amigo, Rein. Então vou lhe oferecer uma ajuda, certo?]
Em um passe de mágica, Subaru tinha desaparecido da frente de Reinhard.
[Subaru: Venha.]
Das portas abertas atrás do Santo da Espada, ele ouviu o chamando. Deixando-o ainda mais surpreso ao virar-se e ver seu antigo amigo parado naquele lugar, como se estivesse ali desde o inicio.
Quando o Santo da Espada se moveu até ele, o garoto tinha sumido novamente. Deixando-o mais intrigado e confuso. Subaru sumiu novamente e Reinhard pode ver sua figura no lado de fora, através da luz do Sol criando uma sombra para dentro através do par de portas abertas na entrada no lugar. Reinhard o seguiu até sair do lugar.
[Subaru: Rein...]
Ao seu lado na calçada na frente da Prefeitura, Reinhard virou-se para encarar seu amigo apoiado na pilastra. Ao mesmo tempo que ele via luzes sendo lançadas no ar. Magia de Fogo, Goa, usadas como sinalizadores.
[Subaru: Nós conseguimos o que queríamos aqui. Os restos da Bruxa do Orgulho... Então... não precisamos mais de uma trégua. —— Em trinta segundos, as quatro comportas vão ser abertas por alguns dos meus queridos cultistas descartáveis. Quando o fizerem; a cidade vai ser submersa... a menos que um herói seja capaz de os impedir a tempo. —— Rein, você tem trinta segundos. Pode tentar me capturar, salvar sua Lady ou tentar salvar a cidade. Espero que possa decidir a tempo.]
Novamente Subaru desapareceu do centro da vista de Reinhard,
[Subaru: Foi bom vê-lo novamente, Santo da Espada! Aqui eu quero que marque minhas palavras: Eu vou esmagá-lo junto de todos se isso ficar no caminho daquela que eu agora sirvo! E que este dia seja marcado para que o mundo saiba: O Arcebispo da Vanglória tomara tudo o que ela desejar!]
O grito dele veio do topo de um prédio. Mesmo distante tais palavras foram ouvidas em sua totalidade por Reinhard. E ele o viu sumir novamente.
Aquele dia foi marcado na mente e no coração de Reinhard...
Seu primeiro amigo... Aquele que ele agradecia por ter o permitido conhecer sua Lady... A pessoa quem ele sentiu-se orgulhoso ao ver defender Emilia...
Tinha abandonado tudo para juntar-se ao Culto... Tinha se juntado como o Arcebispo da Vanglória...
Aquilo destruiu-o por dentro ao pensar que... seria culpa da sua falta de ação?
Seria culpa de sua Preguiça?
E enquanto pensava nisso, ele também tentava não pensar. Já que as palavras de seu amigo tinham sido claras. Mas mesmo quando agiu, não foi rápido o bastante. Parte da cidade de Priestella foi inundada naquele ataque, muitas pessoas morreram, parte de todas as estruturas foram destruídas e causou uma evacuação em massa pelo quão contaminado aquelas águas estavam por um estranho Sangue de Dragão envenenado.
Pois o Santo da Espada não era poderoso de verdade o bastante para salvá-los.
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