—[Subaru]—
Despertar, observar o teto, suspirar.
Mover-me para fora da cama, esticar os braços, suspirar novamente. Cansado. Mesmo que essencialmente eu não tivesse feito nada além de dormir a quantidade de horas diárias para descansar a mente, senti como se meu corpo estivesse pronto para cair de cara no chão no instante em que me levantei.
Andar até o armário para vestir demorou mais do que normalmente faria. Me trocar, colocar roupas, que agora era diferente de meu agasalho comum; Uma blusa branca de botões de gola alta e um pouco amarrotada, debaixo de um colete preto de botões dourados com um pequeno bolso na altura do peito esquerdo, assim como uma calça escura e sapatos pretos. Roupas novas que recebi depois de tudo.
Não que eu desgostasse de me vestir de uma maneira elegante como os nobres metidos do reino, mas me ver assim é muito estranho. Mas foi porque eu tinha perdido todas as minhas roupas na Mansão naquele loop.
Toc, toc
[Subaru: Estou indo.]
Ir até a porta, a mesma rotina de sempre ao ver a primeira pessoa do meu dia.
[Rem: Bom dia, Subaru-Kun.]
[Subaru: Bom dia, Rem-rin.]
Aquele sorriso. Aquele sorriso triste que tinha em sua face desde aquele dia, um sorriso que me dava forças para querer recuperar aquele sorriso verdadeiro que eu tanto amo. Mas esse desejo, por enquanto, esta bem distante.
[Rem: Subaru-Kun vai sair hoje novamente?]
[Subaru: Sim. Estou em uma boa negociação de um novo produto, que pode ser bastante lucrativo para todos nós. E vamos conseguir ter mais fundos de segurança para nossa vida aqui.]
[Rem: Subaru-Kun sempre é tão esforçado. Rem fará um bom jantar para quando voltar. E deixarei tudo pronto.]
E isso é mais do que jamais poderei agradecer nos dias de hoje, desde a mansão.
Agora vagamos pelo corredor de madeira, onde só á algumas portas, dos quartos; Meu, de Rem-rin e das outras duas pessoas da casa, o mais no fundo seria o considerado mais importante entre todos os nossos pela pessoa que vive lá. E chegando até a escadaria, começamos a descer degrau a degrau até o andar inferior.
Não é uma casa muito glamorosa, mas é essencialmente uma casa boa o bastante para viver.
Ela é grande, com uma cozinha/sala de jantar. Sempre limpa pelo trabalho diligente de Rem-rin para preservar o lugar que vivemos e ela faz as melhores refeições do mundo naquele lugar. Refeições que deixariam o coração de qualquer homem satisfeito, feito pelas mãos mais delicadas da possível empregada mais fofa do mundo. Me sinto muito abençoado pelas oportunidades de receber as refeições feitas por ela.
[???: Subaru-Sama, descansou bastante, espero que sim, Nya~!]
A nossa terceira figura da casa. Com orelhas e caudas de gato, um vestido azul bem cuidado, e uma aparência jovial. Esse demi-humano parece uma garota, mas é um garoto. Um ex-Cavaleiro (?) com o antigo titulo de: Azul. Alguém que conheci no passado na antiga mansão Mathers e depois quando fui para Capital cerca de três meses atrás com Emilia-tan, Ros-Chi e Rem-rin.
Ele se aproximou de mim com alguns saltos e aquele sorriso animado, agarrando minha mão. Massageando de um jeito reconfortante com suas mãos macias.
[Subaru: Sim, Ferris. Eu tive uma boa noite de sono. A cura que você me deu foi essencial e pude descansar muito bem. E combinado com acordar todos os dias com Rem-rin me despertando... não tem forma mais relaxante de despertar.]
[Félix: Ow~ Por que você faz isso com Ferris-Chan, Subaru-Sama~? Você poderia falar mais elogios para Ferris-Chan dessa maneira também, sabia, Nya~? Eu deveria me vestir de empregada também para despertar seu interesse~?]
[Subaru: Sinto muito, mas não adianta. Rem-rin tem o charme natural para as roupas de empregadas.]
[Rem: Hihi~ Rem agradece as palavras doces de Subaru-Kun~]
[Félix: Tsk! Rem-Chan realmente consegue ser uma fofa sedutora sem nem tentar, que injustiça! Nyo~! Ferris-Chan vai superar os charmes naturais dessa empregada! —— Mas Ferris-Chan fica triste que ele tenha de fazer essa mesma promessa todo dia, toda manhã, Nya~]
Ele saiu para se sentar de novo na mesa da sala de jantar, com uma expressão derrotada fofa. Graças a ele por alguns instantes nessa conversa pude ver aquele pequeno sorriso e aquela risada doce de Rem-rin.
[Subaru: Eu vou sair. Tenho aquela reunião agora de manhã, vou comer junto deles. Ferris, por favor, continue com suas aulas, sim? E Rem-rin pode ficar a vontade para fazer o que achar necessário para nossa casa, pode usar o dinheiro para comprar o essencial... ou pode comprar algumas besteiras para se alegrar, só não gaste demais, certo?]
[Félix: Certo, Subaru-Sama, Nya~!]
[Rem: Tenha cuidado, Subaru-Kun, sua Rem vai cuidar de tudo para estar pronto pra quando você chegar.]
Coçando minha nuca, sai.
Ao deixar nossa pequena casinha, me vi nas ruas. Seguindo pelo caminho de sempre.
Mesmo que a reunião de hoje fosse tão importante quanto nos outros dias, eu não queria participar para ficar junto deles. Só para relaxar um pouco.
Infelizmente, não posso.
Tenho minha própria função para cuidar da vida de todos desde que chegamos nessa grande cidade. Picoautatte; Uma cidade que essencialmente tem alguns toques árabes, como suas arquiteturas das estruturas e os códigos de vestimentas da maioria que vive aqui. Mesmo que tenhamos permissão para nós vestirmos da maneira que quiséssemos.
Pela história que ouvi de Picoautatte é uma grande cidade de comércio e cheia de energia e tumulto. Ruas cheias de lojas, barracas abertas, passando mais da energia de um mercado aberto vinte e quatro horas por dia.
O lugar para onde fugimos meses atrás.
Naquela época; Fomos atacados pelos membros do Culto das Bruxas: Petelguese Romanee-Coti Desu~, o Arcebispo da Preguiça. Basicamente eu decorei a introdução daquele maluco de tantas vezes que reiniciei aquele dia.
No mínimo, pelo que me lembro, durou dias, semanas.
Meu ponto de salvamento era de três horas antes do ataque deles. Três horas! Por que eu tive tanto azar?! Tantas vezes eu fui morto por aqueles caras naquele lugar! De novo, de novo, de novo, de novo, de novo. Se eu tivesse que contabilizar, morri no total de vezes o suficiente para completar metade de um mês inteiro tentando (cento e vinte uma vezes) até conseguir me livrar de tudo.
Só de lembrar, estremeço.
Pensar na forma que morri, pensar na quantidade de destruição que eles causaram. Foi terrível vivenciar aquilo, especialmente as coisas monstruosas. As coisas que não podia apagar da minha mente... ou do mundo.
Eles nós atacavam, eu morria. Rem-rin, Nee-Sama, Emilia-Tan, Ros-Chi, Beako.
Todos morríamos.
E sempre que Emilia-tan morria, Puck aparecia para matar todo mundo.
Não conseguia pensar em uma forma de salvar todo mundo com o tempo que tinha, tendo que usar alguns dos loops só para pensar. E não importava quanta ajuda pedisse para Ros-Chi e Beako, eles não faziam quase nada. Só se deixavam morrerem por não verem mais sentido na própria vida.
Uma coisa que irritou-me muito. Eu podia morrer e voltar, mas eles tinham uma vida só e deveriam aproveitar e mesmo assim se entregavam sem nem tentarem sobreviver. Morrer, ver eles morrendo, saber que estávamos vivendo só para morrermos logo depois.
Meus ossos quebrados, minha pele arrancada, minha carne rasgada. Queimado, desmembrado, esmagado. Meus olhos, minhas línguas, minhas orelhas arrancadas. Tudo por aqueles monstros e aquele doente de pele e cabelos verdes, com aquelas mãos invisíveis idiotas que podiam matar qualquer um em apenas um golpe — falo por experiência própria sobre tal assunto.
[Subaru: Não quero mais levar soco nenhum...]
Era um desejo pessoal para sobreviver.
Enquanto andava pelas ruas, então me vi em frente ao grande edifício dos meus principais sócios atuais, os Suwen, que eram os que compravam e vendiam meus objetos. Entrando no lugar, vi a aquele homem.
[Mazeran Suwen: Bom dia, Natsuki-San. É um prazer vê-lo novamente, trouxe mais um dos seus itens maravilhosos?]
[Subaru: Sim, sim, Suwen-San e espero que esteja pronto para continuarmos nossos negócios. Hoje eu trouxe só mais um item comum.]
[Mazeran: Dado o que você considera comum, me sinto surpreendido e curioso para saber mais de onde você realmente vim.]
Um homem vestindo roupas comuns nessa grande cidade: Cabelos e bigode marrons com alguns pontos grisalhos para mostrar o quão mais velho ele é, sendo alguém bem cheio. Carregando alguns cordões, enfeites, jóias para deixá-lo mais elegante, coisa que é bastante funcional.
Aquele que mais negocia comigo nessa cidade.
Meu principal comerciante, comprador, vendedor. A pessoa que cuida da Suwen Company, uma das, se não a principal, companhia na cidade comercial.
Sendo levado para dentro guiado por ele, estávamos já na sala de reunião principal dele. Na minha mão esquerda estava o objeto de metal que busquei ontem; Um objeto longo, dourado, com uma pequena marca de dragão. Um isqueiro.
[Subaru: O que tenho aqui não é um pedaço de ferro qualquer. Este pequeno artefato é um isqueiro. Como funciona? A magia disso, meu amigo, não vem de encantamentos... mas de engenhosidade. No interior, há uma pedra chamada sílex e uma pequena roda serrilhada. Quando giro essa roda com o polegar... —— o sílex se choca contra o metal, criando faíscas. A faísca incendeia este pavio embebido em óleo refinado, que arde sem pressa.
[Mazeran: E como ele é feito?]
[Subaru: Observe bem; Essa estrutura é feita de latão ou bronze, metais que não enferrujam facilmente. Primeiro, fundimos o metal em moldes e depois polido para ganhar esse brilho dourado. A roda serrilhada é feita de aço temperado, para que o atrito com o sílex produza faíscas. O sílex em si é lapidado até ganhar bordas afiadas, colocado em um suporte com uma mola para manter a pressão constante. O pavio é feito de linho trançado, embebido em óleo refinado de baleia ou óleo vegetal especial, para queimar lentamente sem se apagar com facilidade. —— O óleo é o coração disso tudo... deve ser puro e sem impurezas, extraído com cuidado e filtrado várias vezes. Se for grosso demais, o pavio não o absorve. Se for fino demais, arde rápido demais. É preciso equilíbrio... como tudo na vida. Claro, não é algo barato. O óleo precisa ser refinado, o metal bem moldado... e o sílex... bem, poucos ferreiros sabem lapidá-lo da maneira correta. Mas para os viajantes ou aventureiros que vagam pelas estradas gélidas... isso pode ser a diferença entre a vida e a morte.]
Foi minha jogada de marketing ao conseguir enfim mostrar minha maior produção até agora. Comecei com coisas pequenas; Maionese, por exemplo, e outros condimentos, além de comidas e outros objetos. Tudo para arrecadar fundos e ligações com algumas pessoas da cidade, para conseguir os materiais necessários para produção desse meu primeiro isqueiro.
[Mazeran: Isso é fantástico, Natsuki-San! Com esse objeto, muitos que não usam magia e aqueles que precisam de fogo rápido vão amar isso! —— Novamente tenho que agradecer pelos negócios que você tem feito comigo e a companhia da minha família. Nos últimos tempos, nossos lucros tem crescido. Até a Muse Company em Priestella e a Anastasia Company que atualmente tem tentado estabelecer uma base solida na Capital.]
[Subaru: Fico mais do que feliz em fazer negócios com você, Suwen-San. E se lembre da minha única exigência.]
[Mazeran: Nunca revelar seu nome ou localização. —— Natsuki-San, isso me preocupa um pouco. Não entendo porque alguém como você gostaria de esconder seu talento. Desde que chegou, seu único pedido foi que deixássemos você e seus companheiros ficarem escondidos. Desejo não pensar em você como alguém perigoso, mesmo que você não seja tão suspeito.]
[Subaru: —— Suwen-San.]
[Mazeran: U-Hum?! Desculpa, desculpa. Sem perguntas, sinto muito.]
Meu olhar. Meus olhos já eram assustadores, mas tive que treinar o bastante para ser capaz de intimidar as pessoas quando preciso negociar com alguém e prosseguir com meus negócios. Mazeran é alguém com grande experiência nesses casos, mas ainda consigo fazer isso; fazê-lo recuar.
Alguns até descrevem meus olhos como mortos e sem vida nesses casos; como se eu fosse um monstro sem emoções que enfrentou o pior de tudo. Não posso dizer que eles estão errados, porque realmente o fiz.
Foi tudo graças a aquele loop, tudo o que aconteceu por culpa do Petelguese. Todas aquelas mortes. E o final dele foi o pior; Só tinha conseguido convencer Rem-rin a fugir, enquanto Roswaal e Beako escolheram permanecer por não terem mais do porque lutar — e não importava o que eu dissesse, Beako escolhia sempre ficar, sempre morrer —, Nee-Sama sempre escolheu ficar com Ros-Chi, ficando na Mansão até o fim. Só eu, Rem-rin e Emilia-Tan escapamos daquele lugar de terror.
Mas não só escapar da mansão.
Ver o que aconteceu na Vila de Arlam me quebrou de vez, porque eu vi o que eles tinham feito com aquelas pessoas inocentes. Aqueles monstros terríveis! Petra, a pequena Petra. Não consegui salvá-la, não conseguiria salvar nenhum deles. Porque meu loop estava preso em ponto que era tarde demais para fazer diferença, o que esmagou cada vez mais meu coração destruídos.
E tudo porque, aparentemente, Petelguese estava usando um tipo de livro para atacar-nos para chegar até Emilia-tan e matá-la por algum motivo idiota. Por isso precisamos nós manter no anonimato mesmo aqui nessa grande cidade para pouparmos a todos que aqui vivem.
Para protegê-los, nós devemos permanecer como desconhecidos.
[Subaru: Nem quero pensar no que eles fariam se chegassem nessa cidade. Só para matar mais e mais pessoas...]
Sempre era minha linha do pensamento quando terminávamos nossa reunião e íamos almoçar juntos. Mais especificamente, no final da tarde, saia andando do prédio e de volta para nossa casa na parte mais nobre que tinha na cidade, graças ao dinheiro que eu conseguia no lucro de meus negócios com a Suwen Company.
Mazeran é alguém legal.
Ao que parece, ele tinha três filhos: Oslo, Otto e Regin Suwen. Dois que ele tive o prazer de conhecer, mas aparentemente um deles, Otto, não está mais presente na cidade e atualmente, pelas noticias que recebemos, esta numa armadilha de dividas com um homem chamado Russell Fellow.
Se bem que, eles foram capazes de diminuir as dividas com os negócios que fizemos. Pelo menos o bastante para ele não vender o Dragão Terrestre que ele possuía desde o inicio da sua jornada.
[Subaru: Será que seriamos bons amigos? —— Talvez. —— Por agora, tenho outras pessoas em quem me concentrar. Rem-rin, Emilia-tan e... Ferris.]
Ferris foi um acréscimo repentino em nossa fuga. Tínhamos passado dois dias em fuga, até encontrarmos ele naquele campo de batalha devastado. Um olhar quebrado, sua roupa de cavaleiro manchada de sujeira e sangue, sem ferimentos e chorando desesperadamente. Murmurando que não se lembrava de alguém importante e sobre uma baleia.
A Baleia que apagava todas as pessoas da memória do mundo, pelo que Rem-rin me contou sobre tal Besta.
Não pude deixá-lo ficar ali, daquele jeito, abandonado em meio a um mar de corpos mortos e sangue. E eu também tinha visto suas habilidades de cura. Por isso, o resgatamos; Para salvá-lo e para nós salvar depois. Não podia também deixá-lo naquele estado, e tinha que ajudá-lo da maneira que podia. Mas acho que ele começou a substituir aquela figura importante do passado pela minha e agora ele se referia a mim como se eu fosse seu senhor.
Isso me enche de vergonha. Sentia-me manipulando ele, me sentia me aproveitando dos seus problemas, da sua tragédia e dor. Só que não podia deixá-lo. E atualmente, ele parece melhor do que estava no inicio, voltando àquela empolgação das vezes que o vi.
[Subaru: Sinto muito. Ferris e você, quem quer que tenha sido, por fazê-lo ficar dessa forma. Sinto muito mesmo. Vou encontrar uma forma de compensar tudo isso, ao máximo que posso e no que está ao meu alcance. Sinto muito.]
Digo de novo, mais um dia. Desculpando-me novamente com Ferris e com a pessoa que foi apagada. Porque isso me enche de tristeza ao pensar no quão importante ela era para ele e o quanto ele foi quebrado pela sua perda.
Quando já estava anoitecendo, pude voltar para nossa pequena casinha.
[Subaru: Boa noite pesso——]
[Emilia: Subaru~!]
Assim que entrei, aquela figura de cabelos prateados correu até mim para me abraçar com força. Muita força até arrancar o ar dos meus pulmões.
[Emilia: Subaru, Subaru, Subaru~! Eu pratiquei muito com Ferris-Chan hoje! Fui uma boa garota, não é~? Nem tentei matar a Rem também! Eu pedi desculpas por isso no passado, lembra? Então eu sou uma boa garota, não é~? Subaru! Subaru!]
[Subaru: Emilia-tan.]
Ela despejou aquele monte de informações em nosso único abraço depois da minha chegada em chegada, como quase sempre acontecia quando saia para fazer negócios.
Dando alguns tapinhas na cabeça dela, a ouvir soltar um barulho fofo e animado, significando que ela estava feliz e satisfeita. Fazendo isso mais um pouco, ela começou a diminuir a intensidade do abraço, mas sem me soltar, como se eu fosse desaparecer de alguma forma. Coisa que não faria.
[Félix: Subaru-Sama! Emilia-Sama, não coloque força demais no abraço. Ferris-Chan fica muito irritado em ter que concertar os ossos dele por sua causa, Nya~]
[Rem: Subaru-Kun seja bem vindo. Emilia-Sama, por favor.]
[Emilia: Grrr. Rem está sendo muito invejosa, viu, Subaru~? Ela é muito ciumenta~ E o Ferris-Chan está sendo muito maldoso com essas palavras, não acha~?]
[Subaru: Emilia-tan, por favor. Não comece nenhuma confusão, tá bom? Vamos todos jantar juntos e aproveitar nosso tempo juntos, certo?]
Com isso, mesmo fazendo um beicinho fofo, ela me libertou. Ainda que seu olhar nunca me deixasse. E eu podia ver bem seus olhos ametistas; sem mais aquele brilho e uma cor opaca estranha que ela tinha desde nossa fuga da Mansão. Nela eu não via mais aquele colar que era onde Puck deveria estar, pois a muito tempo ela o deixou.
Quando fugimos, ela pareceu ter deixado aquele colar para trás.
A falta do colar e do Puck, gerou grandes mudanças na mente dela, como o que ela dizia e fazia. Depois daquilo o comportamento a doce Emilia-tan mudou completamente para algo que era bastante complicado, de um jeito ruim.
Ela ficou mais grudada em mim, às vezes tinha pesadelos, tinha alguns ataques violentos de ciúmes contra Rem e a atacava quando esse ciúmes saia do controle e eu tinha que reiniciar, querendo ou não, e fazia tudo o que eu mandava quase sem questionar, exigindo recompensas depois.
O que eu mais eu pedia para ela fazer seria treinar magia de cura com Félix.
Sentávamos juntos, comíamos, então saiamos para nossos quartos.
Encarava-me no espelho, via aquele homem inútil que foi incapaz de fazer algo simples como ajudar as pessoas. Aquele ser que desesperadamente tentava ajudar as pessoas e falhava. E arrependia-me de não poder deixar Félix ou Emilia saírem de dentro dessa casa, deixando-os sozinhos enquanto eu e Rem-rin podíamos deixá-la.
Tirando eu e Rem-rin como os que sustentam essa casa, seria melhor manter os dois em segredo na maioria dos casos: Por conta da identidade como Azul e da Meio-Elfa caçada pelo Culto. E é assim que vivemos, toda noite jantando juntos, com algumas brincadeiras parte, mas sabia ler o clima.
Sabia que Rem-rin está tentando ficar feliz e sabia bem a verdade por trás daquela face com um sorriso triste.
Ela perdeu seu lar novamente para o Culto, viu pessoas sendo mortas, viu sua queria irmã ficando para morte ao lado daquele que a abrigou após perder tudo e agora vivíamos em uma situação bastante complicada entre todos nós, principalmente as vezes que ela tinha de lidar com as confusões de Emilia-tan quando eu não estava e como tinha que sobreviver a fúria dela quando se descontrolava.
Queria ser capaz de resolver isso...
Sabia que Félix parecia estar feliz e sabia também a realidade por trás daquela felicidade.
Ele perdeu o lugar em que vivia, viu um enorme massacre, perdeu a possível pessoa mais importante que o moldou naquela figura que ele era quando o conheci e no Cavaleiro que ganhou o titulo de ‘Maior Curandeiro’, se viu no meio de mortos e teve parte da sua vida apagada e moldada por conta da minha influência nelas, que também tentava ajudar Rem-rin a cuidar de Emilia-tan quando eu estava fora.
Queria ser capaz de resolver isso...
Sabia que Emilia-tan parecia estar feliz e sabia também parte dos motivos por trás das suas palavras doces para mim.
Ela perdeu Puck, a figura paterna que cuidava dela até minha aparição, ao forçar uma quebra do contrato deles sem ambas as partes desejarem — de um jeito anti-natural, que Rem-rin explicou ser algo que a machucou psicologicamente já que Puck poderia ter controle sobre algum aspecto importante como seu controle de Mana e memórias, algo bastante questionável feito por aquele monstro que mataria todos por conta da morte dela — e ver tudo o que aconteceu por “culpa” dela quando fugíamos juntos.
Queria ser capaz de resolver isso...
Mas não posso. Mesmo quando tentei, tentei, tentei. Eu não podia voltar para aquele dia na Capital que Ros-Chi tinha planejado tudo.
A culpa foi minha.
Eu tenho que mantê-los bem, mantê-los vivos. Encontrar um jeito de concertar tudo. E até lá, tenho que mantê-los felizes de toda forma possíveis.
Toc, toc
[Emilia: Subaru!]
Toc, toc
[Emilia: Subaru!]
Toc, toc
[Emilia: Subaru!]
Toc, toc
[Emilia: Subaru!]
Toc, toc
[Emilia: Subaru!]
Como um ritual e um padrão, ela batia na porta. Eu sabia o porque.
Ao abrir a porta, eu pude vê-la de pé ali, usando aquele pijama semi transparente.
[Subaru: Emilia-tan.]
[Emilia: Subaru~! Eu tive um sonho ruim de novo. Posso ficar aqui, por favor~? Eu fui uma boa garota hoje, sabia? O Félix me elogiou muito e disse que minhas habilidades melhoraram! Eu mereço uma recompensa, não acha~?]
[Subaru: —— Sem problemas, Emilia-tan. Você sabe que estou aqui por você.]
“Você sabe que estou aqui por você.” era como um código de controle que a fazia perder aquele desespero quando ela começava a falar direto, desesperada, tentando me convencer. Como fez muitas vezes em outros loops. Em um, me lembro de como... de como... de como ela acabou me matando como Puck, congelado vivo.
Por isso não podia magoá-la de forma alguma.
Então, eu tinha que controlar isso de alguma forma, já que tudo parece ser por minha culpa em relação à Emilia-tan. Como tudo.
Quando ela pedia uma recompensa; eu dava. Quando ela pedia para eu pentear seus cabelos; eu dava. Quando ela pedia para trocar suas roupas no lugar de Rem-rin; eu trocava. Quando ela pedia para que eu a beijasse; eu beijava. Quando ela pedia para dormir no meu quarto; eu deixava.
Deitando-me com ela na cama, novamente a deixei fazer o que quisesse.
Abraçar-me, como se quisesse que nós ficássemos grudados demais. Beijar-me, me dar pequenas mordidas, me lambendo. Sentia suas mãos percorrendo meu corpo de maneiras que no passado eu teria ficado envergonhado e feliz de ser tocado assim por uma garota — especialmente por ela. E sabia até onde isso iria nos levar, sabia que não teria escolha.
Mas se fosse para deixá-la feliz, agüentaria. Só ficaria ali, parado, deixando-a fazer o que quisesse para ficar feliz. Para que não tivéssemos que reiniciar de novo.
Pois eu prometi... e eu tinha que cumprir minha promessa.
Porque eu tenho que cumprir minha promessa.
Para sempre cumprir minhas promessas.
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