|Diário Pessoal Secreto de Subaru — Dia XX|
Estou escrevendo novamente neste diário minhas experiências desde minha volta para completar meus estudos. Ainda que eu sinta um pouco de saudades de ficar deitado o dia todo ou jogando ou lendo mangás de Isekai...
Não. Acho que não sinto tanta falta.
Minha vida de Hikikomori começou por uma forma de tentar conseguir atenção dos meus pais... eu acho. Porque eu já estava cansado de todos meus esforços normais não funcionarem. Não conseguia ser o mais forte, não conseguia ser o mais rápido, como também não conseguia ser o mais inteligente entre todos na minha classe ou na minha escola. Nem o mais popular como meu pai sempre foi.
E sempre senti vergonha por isso.
Queria ser mais do que a sombra de Kenichi Subaru. Meu pai sempre foi alguém incrível, alguém maravilhoso que sempre me superava em tudo. Sentia-me só uma copia mal-feita que não conseguia atender as expectativas que sentia todos colocarem sobre mim para ser igual a ele. E isso só piorou quando eu percebia que meus comportamentos — quando tentava imitar meu pai — afastavam os outros de mim. Foi até eu perceber, com a explicação do meu pai, que ele não agia com os outros da forma que ele agia comigo.
Por falar na conversa que tive com eles...
Foi uma conversa incrível, na verdade. Um momento que me senti realmente conectado com eles.
Não fizeram piadas ou me trataram como criança, não me senti pressionado ou obrigado. Me senti livre. Eles só se sentaram comigo, me perguntaram se eu queria me abrir com eles sobre meus problemas, e... como mágica consegui botar tudo o que me frustrava para fora.
Me frustrava como todos nossos conhecidos me comparavam ao meu pai, sem eu conseguir corresponder. Me frustrava como todos pareciam conseguir fazer amizade mais facilmente do que eu quando me esforçava, quando tentava agir como ele. Me frustrava como eles não pareciam se sentir decepcionados por me terem como um filho e uma copia mal feita, e que me tratavam normalmente apesar de eu aparentar ser claramente alguém inútil.
Acho que me lembrando agora. Eu devo ter gritado tudo isso.
E se gritei, eles não disseram ou discutiram comigo por isso. Mas eu os vi fazendo algo que raramente vi eles fazendo.
Chorando.
Expressões tristes, quando eu esperava decepção ou desgosto. Lágrimas profundas e eu me lembro como seus olhos não tinham nenhum indicio de algum sentimento negativo deles para comigo quando eu estava me abrindo. Eu também estava chorando de raiva e frustração naquele momento, mas também de tristeza como eles também estavam. Acho que foi a primeira vez em muito tempo que nós três choramos juntos. Nem me lembro quanto tempo passamos ali, chorando, abraçados, depois de eu simplesmente ter explodido sobre meus problemas pessoais com eles — pensamento arrogantemente que compreendia-os completamente desde o inicio.
Eu percebi que não os compreendia. Porque o jeito que eles agiram foi diferente de tudo o que esperava.
Eles não gritaram as palavras que eu queria ouvir.
Simplesmente me abraçaram então me pediram para ouvir o que eles tinham a dizer. E a primeira coisa que eles fizeram foi pedir desculpas. Me surpreendendo. Já que eu até aquele momento é quem tinha feito coisas egoístas, agido como um filho ingrato, sem merecer as coisas que me davam. Não compreendia, mas eles se desculparam por nunca terem notado meus problemas mais cedo.
Sentia que a culpa era minha e ainda assim eles sentiram como se fosse deles. Pediram desculpa por terem me deixado afundar tão profundamente na minha auto-desprezo e meus hábitos de Hikikomori . Mas novamente isso tinha sido escolha minha, e eles ainda assim se culparam — por serem pais bons demais e acreditarem que deveriam me ajudar.
Depois disso meu pai começou a conversar comigo.
Fiquei muito surpreso com as palavras que ele me disse naquela noite.
Me disse como nunca quis que eu tivesse o pensamento de que era para ser igual a ele; Como nunca quis que eu fosse uma copia de Kenichi Natsuki... mas que eu fosse Natsuki Subaru. Esperando que eu me desenvolvesse da forma que eu escolhesse me desenvolver, onde eu não precisaria fazer tudo o que ele era capaz de fazer, e que desejava apenas que eu fosse feliz com a vida que eu levasse...
...
...
Nunca pensei desse jeito.
Pensava que era um pensamento ou palavras genéricas que alguns pais diriam, e que eu via muito em mangás, mas... ouvindo dele... ouvindo como ele falou comigo naquele tom paterno sério tão raro que quase nunca aparecia...
Me senti bastante feliz.
Ele até me lembrou de que nem ele era perfeito naquilo o que fazia. Especialmente como pai.
Me lembrou então daquele evento com um cigarro.
Eu tinha pego um cigarro que ele estava fumando e parecia para ele como se eu estivesse prestes a fumar. Ele me explicou como agiu impulsivamente, como me bateu exageradamente. Apesar de que eu ache que ele não fez nada tão ruim, como pai era direito dele me bater daquele jeito. Mas quando eu falei tal coisa, o olhar que ele me deu... era difícil de se explicar. Como se estivesse desapontado comigo, mas também consigo quando disse minhas palavras naquele momento quando contei minha opinião sobre aquele acontecimento — e de alguns outros.
Ele continuou a me explicar como meus pensamentos sobre uma figura paterna perfeita estava errada, que ele era uma pessoa falha que, como eu, estava sempre tentando seu melhor para parecer legal na frente dos outros.
Meu pai... igual a mim?
Nunca que esse pensamento passou pela minha cabeça na minha vida. Pois sempre pensei que éramos diferente, como Sol e Lua. Já que ele sempre se demonstrou extremamente melhor do que eu em tudo o que era possível ser.
E depois daquela noite, eles me impulsionaram a voltar a estudar.
Por eu ter perdido três meses direto dos meus estudos, precisaria repetir de ano. Algo que não era incomum para muitos alunos no ensino público japonês — mesmo que isso afetasse minha matricula futuramente em uma boa universidade se eu não me mostrasse talentoso nas minhas notas.
Quando recomecei meus estudos, estava em uma turma nova e em uma escola nova. Sem ninguém me conhecendo foi bastante proveitoso para mim.
Pude recomeçar meus estudos como também minha vida social.
Foi um processo complicado.
Mas com o tempo pude me acostumar com tal processo. Graças ao apoio dos meus pais e eu realmente colocar empenho para tal, pude fazer bastante progresso acadêmico e melhorar minhas notas que antes não eram realmente tão horríveis na minha escola anterior. Como com os ensinamentos pessoais de meu pai, comecei a me dar muito melhor com as pessoas de minha sala como até com os professores e pessoas que não eram de minha turma. Uma coisa que não teria conseguido há bastante tempo se não fosse pelos dois que mais me apoiaram.
Eles até me pediram para que eu escrevesse nesse diário.
Quando eu não conseguisse me abrir, ou só quisesse me expressar sozinho. Mesmo que eu tivesse um pensamento de que isso fosse ridículo no inicio, se mostrou algo bem divertido de se fazer.
Registrar meus dias tem sido como escrever uma história de aventura escolar.
Até sinto que você, SEU VELHO IDIOTA, está lendo meu diário, não é?! Porque as vezes você fala de assuntos de que eu nem falei abertamente, IDIOTA!
Como quando eu disse que eu achei uma colega de classe minha fofa. VOCÊ ME PEDIU FOTOS DELA E DISSE PARA EU TROCAR MEU NÚMERO COM ELA NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE! Eu gostei do conselho? CLARO! Mas eu gostaria de receber quando eu tivesse me aberto LIVREMENTE, não com vocês vasculhando minhas coisas, sabia?
POR QUE ME PEDIU PARA ESCREVER UM DIÁRIO PESSOAL SE VAI LER ASSIM HEIN?!
Caramba. Espero que ao ler isso, você perceba o quão idiota isso é.
Bom... não tenho nada mais que eu queira registrar...
Foi mais uma revisão, acho. Porque meu dai hoje foi chato. Menos por aquela garota ter aceitado me dar o número dela e atualmente estarmos trocando mensagens. Sei lá... ela é tão fofa.
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