[Kamadoro: Wow! Garoto, você está aqui sozinho?!]
O homem que vendia Appa’s naquela rua tão tumultuada observou bem o jovem na sua frente com surpresa. Ele viu esse garoto no passado; Um jovem alegre, estranho, usando roupas estranhas — que usava algo semelhante atualmente —, mas com um corpo bem saudável.
Mas a partir da segunda vez, ele o viu em um estado diferente.
Ele estava preso a uma cadeira de rodas. Um olho, um braço, uma perna. Um de cada par arrancado de seu corpo como de um boneco. E ele não esperava que isso acontecesse com aquele jovem alegre e estranho que conheceu em uma rápida troca de palavras no mesmo dia que ouviu noticias de luta nas Favelas da Capital — sobre uma assassina atacando uma Candidata e que foi derrotada pelo Santo da Espada — e teve uma sensação de este jovem teve algo haver. Pensando assim, ele deduziu que tinha sido isso o que tinha acontecido.
Kamadoro compadeceu-se com o jovem.
Muitas vezes, acompanhado, sendo trazido em uma cadeira de rodas pro duas figuras que ficaram bastante conhecidas conforme passeavam pela cidade junto deste: Reinhard van Astrea e Felt, o Santo da Espada e uma das Cinco Candidatas. E não só eram nomes famosos; Como o nome deste jovem este se tornando mais e mais conhecido por suas façanhas de planejamentos: A Baleia, o Preguiça, onde o próprio Santo da Espada divulgou que foi capaz de derrotá-los com a ajuda desse garoto.
E teve os recentes acontecimentos de Priestella. Isso o tornou um herói na cidade, como quase no resto do país inteiro pela defesa que ele foi capaz de criar, como os Arcebispos eliminados.
Mostrando a força de sua mente apesar da sua prisão de sua cadeira de rodas.
[Subaru: Então... o que... acha...?]
Ele apontou para onde deveria estar sua perna real; Agora estava lá, o que este garoto tinha nomeado a pouco tempo como uma “Perna Protética” feita de madeira e metal. Uma que se assemelhava a sua outra perna apesar do material obvio do qual era feito. Os olhos do homem Appa estavam levemente arregalados de surpresa.
[Subaru: Foi... necessário um bom esforço... como investimentos... Mas consegui fazer os artesões... criarem tal coisa para mim.]
Explicou ainda na sua voz arrastada, machucada.
Kamadoro abriu um sorriso animado com isso.
[Kamadoro: Então eu talvez não preciso mais ficar olhando para baixo quando conversar com você, hein? Não estou reclamando. Fico feliz com isso.]
[Subaru: Eu também...]
[Kamadoro: E quem são aqueles...?]
Ele lançou um olhar de lado.
Uma dupla de pequenos empregados estavam, no canto de sua visão, tentando se disfarçar perto de uma barraca não tão distante da dupla que conversava casualmente.
[Subaru: Eles estão me seguindo... Rein pediu para eles ficarem de olho... no meu primeiro dia voltando a andar sozinho... —— Voltando ao ponto principal, vou querer 5 Appas.]
[Kamadoro: Claro. —— Aqui, por conta da casa! Só porque me deixou feliz, garoto!]
Dizendo naquele tom de quem não aceitaria um não como resposta, ele entregou a sacola com Appas para o garoto de cabelos negros. Subaru não negou por sua vez, lhe retribuindo com um sorriso que passava sua gratidão por tal ato.
Virando-se, ele foi na direção dos pequenos.
[Subaru: Flam, Grassis. Vamos? Já consegui o que queria.]
[Flam e Grassis: Certo, Subaru-Sama!]
Com o grito de concordância da pequena dupla de crianças, eles seguiram pela rua. Passando pelas pessoas.
Com passos pesados, um pouco lentos, Subaru acostumava-se com sua nova perna.
Mesmo que fosse difícil, ele estava superando as dificuldades a sua frente. Pois agora ele conseguia andar quase como andava antes de ter sua perna arrancada. Ele levantava a perna protética alto, batia contra o chão, dando um passo de cada vez, e seguia pelas pessoas — algumas que davam um olhar para sua perna — e abriu um pequeno sorriso.
Foram Felt e Reinhard que lhe deram tal presente.
Mesmo após tudo o que tinham passado, ele sempre ainda se sentia preocupado com os dois — como com todos — até receber tal presente. Aquilo lhe arrancou uma quantidade vergonhosas de lágrimas quando a recebeu. E os próximos dias desde que recebeu, foram eles ajudando-o a treinar para andar, ajudando-o a colocar força em seus passos.
Cada passo que ele deu, como dava agora, estava sendo graças a eles.
Pois ele o que tinha sido destruído estava sendo... Concertado.
—[X]—
[Emilia: Eu estarei... deixando minha candidatura real...]
Essas simples palavras destruíram completamente a mente de Roswaal. Palavras simples, uma frase curta. Isso destruiu-o por completo e isso destruiu todos os seus planos e objetivos.
Agora sentado no seu escritório, ele estava com uma expressão impassível.
As mãos cruzadas à frente do seu rosto. Sentado na sua cadeira frente a mesa. Os olhos brilhando no que seria fúria levemente contida, mas ainda o bastante para quem estivesse sendo encarando dessa forma ficasse paralisado por conta do que estava sendo contido dentro daqueles olhos. Ele estava com esse olhar fixo nas duas figuras frente a sua mesa.
Ram e Rem.
As empregadas Onis que permaneciam paradas, as mãos cruzadas sobre as saias de seus uniformes. Ram olhava para Roswaal, enquanto o olhar de Rem estava no chão. Apesar da face neutra que a oni de cabelo rosa estampava no rosto; os sentimentos dela são iguais a de sua irmã que tinha uma de extrema tristeza.
[Roswaal: ——]
Foram 400 anos.
400 anos de planejamento, 400 anos de trabalho duro, 400 anos de puro esforço e força de vontade. Tudo no intuito de cumprir seu objetivo de vida: Reviver sua Professora. Echidna, a Bruxa da Ganância. Ela quem lhe deu seu objeto mais valioso, o seu Evangelho.
O Evangelho que lhe permitia observar o futuro para chegar ao seu tão precioso objetivo. Seu final feliz.
Era isso que ele buscava tão fortemente. Seu final feliz com sua Professora. Por isso ele agüentou todos esses anos, por isso ele esteve disposto a envenenar sua alma com crueldade, fazendo os atos mais hediondos sem importar-se com as conseqüências do que aconteceria com sua alma depois de morrer.
Para Roswaal não havia nada que ele não estivesse disposto a fazer para concluir esse objetivo. Matar? Torturar? Manipular? Destruir? Claro! Ele estava disposto até a possuir os corpos de seus descendentes para continuar vivendo, ele estava disposto a sacrificar a vida de quem fosse à troca do seu desejo ganancioso pessoal.
[Roswaal: ——]
Aquele olhar continuava sobre as garotas que ele no passado tinha salvo, quando deixou a vila delas ser destruída pelos Cultistas das Bruxas. Tudo porque seu Evangelho lhe mandou fazer isso. E então ele começou a tomar conta delas, colocando-as sobre sua proteção. Tudo porque seu Evangelho lhe mandou fazer isso.
Roswaal sempre esperou que cumprindo a risca os comandos de seu Evangelho, ele seria capaz de realizar seu desejo, de ver de novo o rosto da sua Professora. Tudo pela mulher por quem ele se apaixonou no passado.
Todos os 400 anos de esforço, todos os 400 anos de sacrifícios, todos os 400 anos que ele gastou em recuperar aquilo o que perdeu no passado por algo fora de seu controle. Tudo isso deveria ser concretizado graças a duas figuras importantes: A meio-elfa Emilia que ele encontrou na Floresta de Elior, que era uma Candidata Real e que chegando nesse posto poderia conceder-lhe o Sangue de Dragão Divino, e o garoto que ela deveria lhe trazer no dia em que mandou Elsa contratar a Candidata Felt para roubar a Insígnia de Emilia, Natsuki Subaru, que teria o poder de tornar isso realidade.
Para ele seriam as duas peças que concretizariam seus objetivos mais profundos e lhe trariam a felicidade verdadeira. Tudo quando trouxesse sua amada Professora de volta. E ele se arrependia de algumas coisas? Sim, algumas coisas. Mas se estaria disposto a fazer tudo de novo para cumprir seus propósitos? Ele faria, sem hesitar.
O Mago da Corte já tinha sua alma marcada com a crueldade que nenhum humano nos tempos atuais deveria ter. Em seu ponto de vista, mesmo alguns dos piores criminosos — mesmo os Arcebispos — não seriam tão cruéis quanto ele se considerava ser com base no que esteve fazendo durante os últimos quatro séculos.
[Roswaal: Vocês percebem... o que fizeram?]
Tais palavras saíram com uma quantidade cruel de veneno que seria impossível alguém não notar o quão furioso ele estava. Pois na sua frente, estavam as duas que destruíram mais de quatro séculos de planejamento por um dos motivos mais tolos que ele poderia considerar.
[Rem: ——]
[Ram: Mestre Roswaal-Sama... o que minha irmã——]
[Roswaal: Quieta!]
Junto ao grito dele, ele deu um golpe na mesa, quebrando-a no processo com sua forma superior.
As duas deram um passo para trás inconscientemente.
Rem ficou com uma expressão pior do que a de antes, enquanto a de Ram perdeu-se um pouco no processo ao ouvir tal grito. Pois o Mestre que cuidou deles estava agora furioso.
[Roswaal: Emilia... Emilia desistiu da candidatura... —— Ram, você, ao contrário de sua irmã, deve compreender o que isso represente para mim, certo? O fim de meu sonho, o fim de meu objetivo. O fim de meus desejos que perduram a mais de 400 anos. E isto joga tudo o que fiz, tudo o que sacrifiquei, todas as coisas que perdi em troca de realizar esse objetivo... tudo fora. —— Não importa o que me dissessem agora, não importaria mesmo se ele fosse realmente do Culto das Bruxas... tudo o que eu desejava... foi destruído no fim.]
[Ram: —— Se isso acabar com aqueles seus desejos perigosos guiados por AQUILO... um sacrifício necessário...]
[Rem: ——]
Rem não compreendia nada do que estava sendo falado na sua frente, trocando um olhar confuso entre seu Mestre, como com sua preciosa irmã ao seu lado. Um olhar entre os dois estava sendo trocado.
Começando a andar, Roswaal começou a sair de trás da mesa destruída por seu golpe.
[Roswaal: —— Eu perdi a chance de realizar meus objetivos, Ram. Como deve ter esperado que acontecesse em algum momento com seus próprios desejos pessoal, querida Ram. Não é?]
[Ram: ——]
[Roswaal: Não importa muito, não? Para você, meus esforços não significariam nada mesmo, pois meus objetivos pessoais, para você, seriam monstruosos e indecentes. Mesmo que eu desejasse fazê-lo... não poderia negá-lo, não é?]
[Ram: ——]
Os dois continuaram a se encarar quando o mago agora olhava para oni de cima, encarando-se.
[Roswaal: Se quiser que eu realize seus desejos a partir desse momento... não terei oposição pelo fato de que não tenho mais nada a perder por isso.]
Essas palavras foram tudo o que Ram queria ouvir desde muito tempo atrás.
Desde muito tempo atrás, a oni de cabelos rosados sempre soube, desde muito tempo atrás. Quem verdadeiramente causou a destruição de seu lar, quem verdadeiramente fez com que seu chifre fosse arrancado, quem verdadeiramente causou as piores desgraças de sua vida. Ela sabia que tudo o que aconteceu, foram parte dos planos de Roswaal.
Ela sentiu raiva dele no principio de tudo, desejando vingança contra o homem que lhe trouxe tantas infortúnios. Mas com o tempo esses sentimentos diminuíram. Os sentimentos de raiva, os sentimentos de ódio, como os sentimentos de vingança pouco a pouco foram desaparecendo até se transformarem em admiração e amor pela figura do Mago da Corte que deu moradia para ela e sua irmã — mesmo que para seus próprios objetivos.
Mesmo sabendo que elas tivessem sido recrutadas para concluir os planos nefastos deste homem por quem ela se apaixonou, ela não negaria seus sentimentos. Por isso ela tinha apostado que o Evangelho dele iria falhar e ele teria de viver a partir do momento que este falhasse sem jogar fora sua vida.
Para isso, Ram estava disposta a fazer de tudo também.
Ram até considerou terminar o serviço de sua irmã... quando estava no Castelo da Seleção Real, sem saber que ele, Subaru, conseguiria prever seu movimentos com seu poder especial para se proteger — quer ele quisesse ou não — e escapar usando o Santo da Espada para tal.
E ele sendo exterminado ou não ainda concluiu o seu propósito. Subaru ajudou-a da forma que desejava.
[Roswaal: —— contudo, Ram... eu sou alguém bastante vingativo, sabia? E como Mestre... tenho que aplicar uma punição que tenha o mesmo peso do crime cometido, você compreende tal coisa]
[Ram: É mesmo? Talvez eu possa dizer que é uma mesquinharia de um mestre bastante irritado por não ter o que queira, mas não posso negá-lo quando se vê em sua situação. Como empregada... aceitarei a punição.]
[Rem: Irmã, você—— Ghhk!]
Os olhos de Ram se arregalaram quando viu o que tinha acontecido bem na sua frente.
Um golpe rápido, um golpe certeiro. Um golpe rápido de Roswaal atravessou o peito de Rem no lugar do coração e seu punho atravessou-a até sua mão sair por suas costas. Quando ele retirou seu punho de dentro do peito dela, um jato de sangue respingou contra o rosto de Ram, que estava paralisada e de olhos arregalados.
Roswaal não estava sorrindo, nem expressando nada.
[Roswaal: Como matou meu sonho e meus desejos... matei os desejos e sonhos que você também possuía. —— Uma coisa que outros devem compartilhar. Os sonhos de uma jovem para salvar sua floresta, o sonho de uma garota presa em uma biblioteca, os sonhos de crianças que nunca puderam viver mais do que a infância e chegassem na vida adulta. Como de um jovem inocente com delírios de querer ajudar os outros como um tipo de herói... um preço justo.]
Dizendo esse último comentário com veneno, ele andou em direção a porta sem dar mais importância ao que acontecia em seu escritório naquele momento.
Ram não se moveu. Ela não conseguia. Mesmo quando foi deixada com essa visão.
Rem cuspiu sangue quando foi perfurada, como sentiu uma dor tremenda e a dor de ter sido atacada dessa forma sem compreender o que seu Mestre tinha falado com sua irmã. O brilho de seus olhos desaparecendo enquanto encarava o teto daquela sala fria. Seus pensamentos finais? Foram aqueles olhos. Os olhos assustadores, com ódio direcionados contra ela.
Ela deseja que pudesse encontrar uma forma de se desculpar com aquele garoto e em seu desejo egoísta, de ser desculpada.
Mas tais desejos estavam perdidos naquele mundo.
Pois tudo para ela foi... Destruído.
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