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História Rebel Heart - The Good Side


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


☛ Desculpem-me qualquer erro. Boa leitura!

Capítulo 35 - The Good Side


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - The Good Side

Meu choro se misturou com o barulho forte que a chuva causava contra as paredes, e mesmo que eu tentasse abafar o som com o travesseiro, acabava sendo alto do mesmo jeito. Três segundos depois, os braços fortes de Justin estavam envolvendo o meu corpo depois de eu sentir seu peso afundar o colchão. Sua presença era o único conforto que eu tinha para o meu coração quebrado, só eu sabia o quanto estava doendo. Ele me virou para ele, meus olhos se mantinham fechados por causa do inchaço e do choro, e tudo que senti foi seu peito contra o meu rosto e minhas lágrimas molhando sua camisa.

—  Está tudo bem, meu amor, pode colocar tudo para fora, estou aqui com você. — Justin tentou me confortar enquanto afagava meus cabelos.

Tentei falar para ele o quanto doía, o quanto eu estava destruída e o tamanho do buraco que estava aberto em meu peito, mas tudo que consegui foi chorar e chorar sem dar ao menos um intervalo para respirar. Eu ouvia suas palavras sussurradas em meu ouvido, eu queria acreditar nelas, queria acreditar que tudo ficaria bem, mas tudo o que eu conseguia pensar era no meu pai, no seu olhar de decepção e nas suas palavras duras. Eu me esforcei tanto para acertar… Esforcei-me tanto para merecer o seu amor e carinho, para merecer um lugar naquela família, para me encaixar em seus hábitos, tudo estava indo bem, onde foi que eu errei? Por que papai tinha que ser tão cabeça dura? Eram apenas umas malditas fotos para uma campanha, eu não estava exibindo meu corpo completamente nu, eu apenas estava tentando… me encontrar. Lembro-me de quando eu era a filha mais apegada à ele, de como eu lhe contava meus segredos e como ele me carregava sobre os ombros quando eu estava com preguiça de caminhar. E, junto com as lembranças, veio a saudade. Quando foi que as coisas chegaram a este ponto? Por que tudo tinha que dar errado justo para mim? De quem era a culpa? Minha? Do Jared? Da vida? Destino? Existia realmente um culpado ou as coisas aconteciam porque tinham de acontecer? Droga, por que eu não podia ter o direito de ser feliz?! Essas perguntas me cercaram até o momento que, tempo depois, adormeci nos braços de Justin em meio ao choro.

Quando abri os olhos novamente, era dia, o quarto estava frio e pouco iluminado, ainda chovia forte. Demorou apenas um segundo para eu me dar conta de tudo o que aconteceu. A dor me atingiu junto com o peso da ressaca, e não consegui me mover por um bom tempo. Quando finalmente recuperei os sentidos, virei o rosto para o outro lado e encontrei o espaço vazio, apesar do lado em que ele dormiu ainda estar quente, o cheiro encarnado nos travesseiros… Era o meu único conforto. Meus olhos se encheram de lágrimas novamente e limpei as lágrimas que escorregaram de fininho com cuidado, encolhendo com a dor que assolava meus olhos inchados. Tudo bem, América, você não pode chorar para sempre, ressaltei para mim mesma mentalmente e me forcei a sentar sobre o colchão macio. Minha cabeça pesou duas vezes mais, meu peito estava dolorido e minha mente estava cansada. Curvei o corpo para baixo e alcancei os calcanhares, tentando controlar a dor de cabeça e enjoo. Percebi que meu jeans, camiseta e casaco tinham desaparecido, e no lugar das minhas roupas, eu vestia uma camisa larga e o cheiro do álcool não estava impregnado em meu corpo como deveria ser. Logo lembrei-me que, em algum momento, depois de desmaiar nos braços de Justin no bar, acordei um tempo depois enquanto ele me carregava até o seu quarto, e depois de muito esforço, ele conseguiu tirar minhas roupas e ficou comigo debaixo do chuveiro, ambos sentados no chão, enquanto eu chorava com o rosto escondido na curva do seu pescoço. Depois disso, eu só me lembrava de apagar em cima da cama.

Despertei completamente em um sobressalto com o meu celular tocando R U Mine? em um volume super alto para um início de manhã, o que perturbou ainda mais a minha mente. Levei meus olhos até a mesa de cabeceira ao lado da cama onde meu celular deslizava pela vibração, e me estiquei, sentindo duas vezes mais dor, para alcançá-lo. Isaac. Fiquei olhando para a tela acesa, meus olhos um pouco espremidos, pensando em atender ou não. Percebi que havia inúmeras chamadas perdidas e mensagens. Todas da minha mãe, dos meus irmãos, de Rosie, Eggsy e Justin. É, parecia que eu ainda importava para algumas pessoas.

Eu não percebi o quanto estava arrasada até a minha voz denunciar-me por completo ao atender a ligação:

— Alô?

— Ai meu Deus, graças aos céus! — Meu irmão praticamente rosnou em alívio, fazendo-me encolher dentro do próprio corpo. — Céus, América, você quer me matar do coração? — Desta vez, ele rosnou de verdade, fazendo minha cabeça latejar.

— Quer parar de gritar, por favor? — pedi com o tom baixo e arrastado.

— Para de gritar? — Ele gritou, me fazendo fechar os olhos com força, tentando suportar a dor fina que atravessou o meu crânio. — Você sai de casa daquele jeito, some por horas, não atende nenhuma de nossas ligações, como você quer que eu fique, hum? — Sua voz vacilou, me fazendo sentir uma parcela de culpa.

— O que você queria que eu fizesse? Ficasse aí ouvindo um monte de merda? — perguntei entredentes, com as lágrimas brilhando nos olhos e um gosto amargo na boca, e não era pelas lágrimas.

— Meri, o papai, ele… ele só estava um pouco estressado, você sabe como ele fica quando está estressado, não leve tão a sério — apelou.

— Estressado? — Ri pelo nariz, sarcástica, sem um pingo de humor. — Você ouviu as coisas que ele disse? Você estava lá, não finja que não ouviu!

— Ele te ama, América, ele… — suspirou. — Volta para casa.

— Não. — Neguei, seca.

— Por favor — suplicou. — O papai não estava falando sério, ele nunca te deixaria no meio da rua.

— Então por que é você que está me dizendo isso e não ele? — retruquei, amarga, e tudo que recebi em resposta foi o seu silêncio. — Ele me impôs uma condição, e eu aceitei. Eu nunca mais coloco os meus pés nessa casa — concretizei com a voz embargada e quebrada.

— Mas América…

— Passar bem, Isaac. — E encerrei a ligação, sem dar-lhe a chance de dizer nem mais uma única palavra.

Respirei fundo e olhei para o teto, tentando controlar as lágrimas que rodeavam os meus globos oculares, pois sabia que eu já não suportaria mais outro choro. Agora, tudo o que eu precisava no momento era um banho para esfriar a cabeça e quem sabe diminuir o peso que pairava nela.

Escorreguei para fora da cama, e arrisquei colocar meus pés no chão gelado. Respirei fundo em busca de coragem e me pus de pé. O enjoo aumentou e a tontura se tornou mais intensa, mas depois de conseguir me equilibrar sobre meus próprios pés, consegui me firmar e criar confiança em mim mesma para dar alguns passos pelo quarto. Percebi minhas roupas dobradas em cima da cadeira, junto com minha bolsa e, aos pés da cadeira, meus sapatos. Andei até uma sacola que estava ao lado das minhas roupas e xeretei o que havia lá dentro: eram roupas limpas, e depois de tirá-las da sacola, soube exatamente de quem pertencia. Eu reconheceria aquelas camisetas estilosas e shorts em qualquer lugar, Rosie sempre foi uma mulher de bom gosto. Mas como aquelas roupas vieram parar ali? Eu não lembro de tê-la visto na noite de ontem. Na verdade, não lembro de muita coisa depois daquele porre irresponsável. Mas de qualquer forma, eu agradecia à minha amiga mentalmente por sempre ser prestativa na hora certa.

Peguei uma calça legging preta e uma blusa branca de botões e me dirigi ao banheiro. Como planejado, tomei um banho gelado, sentindo-me um pouco, mas só um pouco, aliviada. Sequei-me com a toalha que estava pendurada na haste e vesti as roupas de Rosie, sentindo-me um pouco aquecida em um dia tão — estranhamente — frio. Em frente ao espelho, tentei ignorar minha figura arrasada, e prendi os fios rebeldes do meu cabelo em um coque frouxo, tentando deixar a minha cabeça o mais livre de apertos possíveis. Depois que julguei a minha aparência um pouco melhor, fui em busca de Justin pelo silêncio da casa.

Ouvi vozes vindo da cozinha quando cheguei à sala, e cautelosamente, me aproximei. Recostei-me no batente da porta e tentei esboçar um sorriso, o qual saiu completamente torto, pois falhei miseravelmente. Justin foi o primeiro a notar minha presença, e logo depois Peter levou seu olhar até mim. O mais velho esboçou o sorriso jovial de sempre, com a mesma simpatia e simplicidade.

— Olha só quem acordou, é a sua ruivinha, filhão — Peter saudou com ar zombeteiro, e pela primeira vez no dia, consegui esboçar um sorriso, mesmo que pequeno.

Levei meu olhar para Justin que, mesmo com o sorriso suave, seus olhos não perguntavam outra coisa a não ser: está tudo bem?

— Bom dia — tentei soar o mais natural possível, como todos estavam agindo ali.

— Bom dia, querida. Espero que esteja com fome, chegou bem na hora do café — ele apontou com a cabeça para a mesa redonda que estava repleta de comida. Meu estômago embrulhou em resposta.

— Basta saber se você vai conseguir engolir, isso aqui tá um horror — Justin fez uma careta para disfarçar a diversão em suas palavras.

Peter virou-se para o filho com um semblante ofendido.

— Merça suas palavras, pirralho! Eu cozinho muito bem, melhor que você — o mais velho se defendeu.

— Se você tá dizendo… — Justin provocou.

— Mas é um ingrato mesmo — Peter balançou a cabeça e se voltou para mim. — O Justin estava me contando como você deu um belo pé na bunda dele. Quer saber? Você tem todo o meu apoio, quero ver você colocar esse garoto…

— Pai, você não está atrasado para o trabalho, hum? — Justin interrompeu a fala do pai, dispensando-o, recebendo um sorriso zombeteiro do mais velho.

— Tudo bem, tudo bem, não vamos falar do seu ego ferido — debochou erguendo as mãos em forma de rendimento, fazendo o filho revirar os olhos. Eu apenas observava a cena com o pingo de humor que me restou. — E mesmo que você esteja me dispensando descaradamente — disse enquanto se levantava —, eu realmente estou atrasado para o expediente.

Peter se inclinou sobre o balcão e alcançou uma maçã, dando uma mordida logo em seguida enquanto andava em minha direção, para a porta da cozinha. O mais velho se retirou depois de deixar um aperto em meu ombro e um sorriso de conforto, o que me levou a crer que ele sabia de toda a situação. Eu não sabia se ficava envergonhada por talvez ele ter me visto na situação em que cheguei ontem — seja lá qual fosse — ou agradecida por ele não ter tocado no assunto e me fizesse sentir mal tendo de explicar para alguém que não fosse Justin.

Levei os meus olhos para o loiro e ele apenas continuou lá, em silêncio, me observando. Eu não sabia o que ele estava sentindo agora, mas apesar de tudo, me senti confortável em estar vendo o seu rosto numa manhã tão difícil. Justin abriu os braços e não pensei em outra coisa além de me refugiar neles. Abracei-o pela cintura e ele me acolheu como um embrulho, pressionando seus lábios no topo da minha cabeça em um beijo carinhoso.

— Como você está? — perguntou ele, o tom de voz baixo e sério.

Ergui a cabeça para poder encará-lo, e minha expressão chorosa já respondia a sua pergunta. Justin secou o inchaço abaixo dos meus olhos, causando uma leve ardência pelo contato, mas eu não me importava, a dor que se alastrava em meu peito era dez mil vezes pior.

— Ah, Meri… — ele lamentou. — Você deveria ter me ligado, caramba! Você tem noção do quanto me deixou preocupado? Eu te procurei por toda parte, eu estava a ponto de enlouquecer sem notícias suas — seus olhos brilhavam de pavor.

— Sinto muito, e-eu não pensei muito, eu só…

Ele suspirou e beijou a minha testa carinhosamente.

— Só… nunca mais faça isso de novo, ok? — pediu calmo, mas eu podia notar a súplica por detrás da fachada, e tudo que pude fazer foi concordar com a cabeça. — Vem cá. — Ele me ergueu nos braços como se eu não pesasse nada e me colocou em cima do balcão. Justin se enfiou entre minhas pernas, uma posição extremamente perigosa para minha sanidade sexual se eu não estivesse tão machucada. Mas em seus olhos só havia apreensão, como se ele pudesse compartilhar da minha própria dor, como se quisesse sugar todo o sofrimento só para ele e me deixar livre da angústia. — A Rosie contou que você brigou com o seu pai mas não entrou em detalhes. O que aconteceu? Quer falar sobre isso?

— A Rosie estava com você? — ignorei os seus termos, minha voz aguda demais, como se eu estivesse com o dedo preso na porta.

— Sim, eu, ela e o Eggsy fomos a sua procura ontem à noite. Ela deixou algumas roupas, mas daqui a pouco eles vão vir aqui conversar melhor com você, sabe, ontem estava meio difícil… — ele mordeu o lábio inferior.

— Diz que não vomitei — choraminguei.

— Céus, você vomitou muito — arregalou os olhos, certamente lembrando da cena horrenda. — Você quase colocou as tripas para fora, mas não me surpreende, você bebeu mais que demais, América. Se eu tivesse chegado um pouquinho mais tarde, você teria entrado em coma alcoólico. — Sua expressão agora era chateada.

— Não exagera — murmurei com uma das mão sobre a têmpora, como se aquilo fosse diminuir a lancinante enxaqueca.

— Não estou. — Garantiu ele, desprovido de qualquer humor.

Engoli em seco.

— Não estou aguentando de dor de cabeça — reclamei.

— Só um segundo. — Justin saiu de dentro das minhas pernas e se movimentou pela cozinha; abriu a geladeira e pegou um jarro de água, enchendo o copo que pegou no armário em seguida, deixando-o em cima da outra ponta do balcão apenas para tirar um comprimido da embalagem e veio até mim carregando ambos, enfiando-se entre minhas pernas enquanto eu engolia o remédio com a ajuda do líquido, percebendo o quanto a minha garganta estava fechada e com dificuldade de engolir qualquer coisa.

— Obrigada — sussurrei quando ele pegou o copo da minha mão e deixou em cima do balcão a alguns metros de nós. Encolhi os ombros e meus olhos se encheram de lágrimas quando comecei a dizer: — Eu não fiz nada de errado, eu não sabia que ele ia surtar por causa de umas malditas fotos.

Justin juntou as sobrancelhas.

— Fotos?

— Sim. — Funguei. — As fotos de Malibu — acrescentei.

Ele ficou boquiaberto.

— Você brigaram pelas fotos? — perguntou ele, parecia pesaroso.

— O papai sempre foi um homem meio machista, quando ele viu as fotos naquele contexto sexy, aquelas em que tiramos no quarto, ele enlouqueceu — coloquei as mechas de cabelo que se soltaram do coque para trás da orelha, tentando prender as lágrimas por mais um pouco de tempo. — Ele gritou comigo, disse que não deveria ter me deixado fazer as fotos, ele insinuou que eu era uma vadia, Justin — minha voz falhou, e desta vez, deixei que as lágrimas rolassem.

— Ele não disse isso…

— Disse, sim — confirmei com a voz trêmula, e fechei os olhos, liberando mais lágrimas, enquanto minha mente voava para o momento da briga, para seu olhar de desprezo. — Eu não podia ficar lá ouvindo aquele monte de merda, então ele disse que, se eu ousasse colocar os pés fora de casa, que eu nunca mais colocaria os pés lá dentro novamente. Aí eu fui embora.

— Meu Deus…

Abri os olhos — as lágrimas enroscadas nos cílios — e vi a sua expressão horrorizada.

— Eu não deveria ter… — seus olhos não tinham foco agora, seu semblante era uma mistura de pavor e culpa.

— O quê? — Olhei para ele, confusa, com as lágrimas manchando o meu rosto.

— Merda, isso tudo é culpa minha — Justin levou a mão à cabeça, a ponto de entrar num colapso.

— O quê? — Repeti, ainda mais confusa.

— Eu não deveria ter te pedido para fazer essas fotos, eu te meti nessa encrenca — culpou-se.

— Hã? O quê? Não. Justin, por Deus, não! Você não tem culpa de nada, se essas fotos estão na rede, foi porque eu permiti que você as tirasse, e eu não me arrependo — confessei, atraindo seu olhar. — Essa viagem teve muitos altos e baixos, Justin, mas acima de tudo, eu consegui encontrar uma parte de mim que estava perdida, a minha autoestima. Então não, eu não vou me desculpar por isso. Se tem algum culpado nessa história é o meu pai por nunca me deixar explicar, por sempre estar vendo o lado ruim quando se trata de mim. — As lágrimas desceram mais quentes, repletas de raiva.

— Meri…

— Não. — Endureci o semblante. — Por favor, não.

— América, ele é o seu pai — Justin lembrou-me. — Eu sei que vocês dois não têm uma relação muito saudável hoje em dia, sei que ele a magoou, mas sair de casa assim desse jeito é algo muito sério, sabia? Isso é um passo muito grande, exige planejamento, não é uma decisão para ser tomada assim de uma hora para outra, de cabeça quente. Você já parou para pensar nos seus irmãos? Na sua mãe? Em como eles estão se sentindo agora?

Fixei meu olhar em um ponto vazio e sem foco.

— Eu os amo, Justin. A mamãe, o Zac, a Amélia… o meu pai — minha voz vacilou. — Mas eu não vou mais voltar. Não importa o que você diga, minha decisão está tomada — levei o meu olhar sério para os seus olhos para que ele soubesse que não havia hesitação em mim.

Justin engoliu em seco.

— Não adianta conversar sobre isso com você agora, quando você estiver mais calma podemos…

— Eu estou calma o suficiente — rosnei, fazendo-o ficar ereto em minha frente. — Minha decisão está tomada — repeti mais lento, fazendo-o fechar a cara, nada satisfeito com minha resposta.

— Certo, e o que você pensa em fazer agora? — perguntou ele, o tom de voz mais seco.

Encolhi-me.

— Tenho certeza que posso ficar na casa da Rosie por alguns dias, pelo menos até encontrar algum lugar para ficar — suspirei. — Eu tenho uma quantia no banco, deve ser suficiente por algumas semanas, pelo menos até arranjar um emprego — emendei.

— Bem — ele fez uma pausa; sua expressão suavizou por completo —, por que não fica aqui?

Ergui o olhar para ele tão rápido que por pouco meus globos oculares não caíram rolando no chão enquanto o fôlego se esvai dos meus pulmões.

— Não posso…

— Por que você vai ficar na casa da Rosie?

— Porque ela é minha amiga.

— E não é isso que nós somos? — Ele retrucou, me fazendo engolir em seco. — Um relacionamento, para dar certo, começa primeiro pela amizade, certo?

— Bem, sim, mas…

— E amigos se ajudam em todas as horas, certo? — Insistiu.

— Justin, isso é loucura — soltei um risinho sem qualquer humor. — Eu… você… nós…

— Eu sei que você tem amigos que vão ajudá-la — ele me olhou docemente. — Mas eu não vou deixar você sair por aí desamparada, eu quero que você fique — pediu com tanta força que me fez estremecer.

— Eu não sei se essa é a melhor decisão a se tomar — mordi o lábio inferior, tentada a aceitar.

— Você está com medo de mim?

Ergui o olhar para ele.

— Tenho medo de estragarmos tudo logo agora que estamos indo tão bem…

Entretanto, ele esboçou um sorriso.

— Mais do que estragamos? Impossível.

Meu corpo relaxou involuntariamente.

— Mas e o seu pai? — perguntei, relutante.

— Já conversamos sobre isso, ele disse que se você quiser ficar, as portas da nossa casa estão abertas para você — confortou-me. — Ele meio que já te ama — esboçou um sorriso e acrescentou: — Acha que é a mulher certa para mim.

Reprimi um sorriso, apesar de desconfiar que o mesmo escapava pelo canto dos meus lábios.

— Você já tinha tudo isso planejado? — Ergui a sobrancelha.

— Eu conversei com o meu pai ontem quando a trouxe para cá, mas eu pensei nisso assim que soube que você tinha saído de casa. Bem, o pai concordou numa boa, acho que vai ser bom para nós dois ter uma mulher em casa depois de tanto tempo — suspirou. — Eu sei que a minha cama não deve ser tão confortável e grande como a sua, mas se espremermos um pouquinho, com certeza cabe nós dois — brincou, fazendo-me rir em meio às lágrimas. — Eu ficarei muito feliz caso decida ficar, mas quero que saiba que não estou te pressionando ou algo assim. Quero que fique apenas se quiser ficar. Caso contrário, vou te apoiar seja qual for a sua outra decisão — disse ele sinceramente, deixando-me em paz comigo mesma para tomar tal decisão.

Funguei.

— Você tem mesmo certeza disso? Não quero incomodar nem a você nem ao seu pai — olhei para ele ainda relutante.

Justin esboçou um sorriso brilhante.

— Bem-vinda à sua nova casa — saudou, fazendo-me rir e me jogar em seu braços, um pouco curvada para baixo por ele estar em pé e eu sentada sobre o balcão, tornando-me irrealmente mais alta que ele.

— Obrigada… por tudo — molhei a curva do seu pescoço com minhas lágrimas e ele me apertou ainda mais no seu abraço, como se quisesse me provar que sempre estaria ali para mim… sempre.

Justin me puxou para o chão, deixando-me em pé à sua frente, onde ele podia me abraçar melhor com seus dez centímetros há mais de altura.

— Não chore, ruiva… — Ele afagou minhas costas. — Enquanto eu estiver aqui, você nunca estará desamparada, sempre terá uma família, um lar.

Recuei apenas o suficiente para olhar em seu rosto.

— Eu nunca vou conseguir te odiar se continuar dizendo essas coisas.

— E isso não é bom?

— Bom para quem? — Arqueei a sobrancelha e ele riu.

Ouvi a campainha; eram nossos amigos. Justin se afastou — creio eu que para ir atender a porta — e me deixou uma enorme sensação de vazio.

— Veja pelo lado bom… — começou ele enquanto andava para fora da cozinha. — Pelo menos, de agora em diante, não vou precisar imaginar como seria acordar ao seu lado todos os dias.

Abri um sorriso.

— O lado bom para quem?

Justin parou no batente da porta e olhou para mim com um sorriso travesso.

— Eu não disse que era o lado bom para você, ruivinha — e então deixou a cozinha lançando-me uma piscadela sacana.

Era isso: a minha vida estava de cabeça para baixo… mais uma vez. Eu não deveria estar tão surpresa. Sair de casa era um passo enorme na minha vida, talvez um caminho sem volta, mas por outro lado, sentia que esse tempo aqui ao lado de Justin seria definitivo para concretizar de uma vez por todas o nosso relacionamento.


Notas Finais


☛ Meninas, estou aqui para perguntar mais uma vez... Vocês gostariam de um grupo de whatsapp para poder interagir e receber novidades quentinhas da fanfic? Espero suas respostas.

☞ No Promises: https://spiritfanfics.com/historia/no-promises-10076182

☛ Secrets Truths: https://spiritfanfics.com/historia/secrets-truths-10076556

☞ Mistakes Of Love: https://spiritfanfics.com/historia/mistakes-of-love-6329863


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