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História Rebel Heart - I Can Not Get Angry At You


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


√ Desculpem-me qualquer erro. Boa leitura!

Capítulo 6 - I Can Not Get Angry At You


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - I Can Not Get Angry At You

— Justin, cara, o jogo já vai começar! Por que a demora? — William Tylan, um dos jogadores do time, paralisou quando nos viu ali. — Oh, América, você...

Virei-me para ele com um sorriso, captando o olhar constrangido de Justin. 

— Só estou aqui para desejar boa sorte ao meu amigo — olhei para Justin por cima do ombro que estreitou os olhos. Sorri cínica. — Mas já estou de saída — voltei-me para William. — Não vou poder ficar para o jogo, mas sei que não vão nos decepcionar.

William não conseguia desviar os olhos dos meus seios apertados pela camisa branca de manga curta. Ele tentava parecer interessado no que eu dizia, e até balançava a cabeça para tentar mostrar que estava prestando atenção, mas não conseguia controlar a língua entre os lábios, umedecendo o mesmo. 

— Eu tenho que ir — andei na direção de Justin que recuou um pouco. Inclinei-me e deixei um beijo estalado na sua bochecha, enquanto ele permanecia petrificado. Aproveitei a oportunidade e sussurrei perto do seu rosto: — Continuamos depois.

E, sentindo o olhar de William Tylan na minha bunda até desaparecer na curva dos armários, deixei o lugar. Dei de cara com os garotos do time mais uma vez, mas desta vez eles tinham me notado. A confusão em suas expressões era até engraçada, mas que logo foi substituída pelo desejo nos diferentes tons dos seus olhos. Tentavam olhar discretamente para o meu corpo, mas eu conhecia bem o tipinho. Se tinha uma coisa sobre qual eu entendia, essa coisa era sobre homens e sua incapacidade de controlar seu desejo sexual por um corpo em forma. 

— Olá, meninos — cumprimentei-os com um tom provocativo enquanto andava até a saída.

— Oi, América — responderam em uníssono, embasbacados.

Tornei a atravessar a quadra, mas ao invés de seguir para a arquibancada, fui direto para a saída. Acenei para Eggsy e Rosie que abriram os braços em forma de confusão. Balancei a cabeça, indicando que estava tudo bem, e saí do barulho das lideres de torcida incentivando a platéia gritando "Vaaaaai, Riders!". Os corredores estavam vazios a ponto de o silêncio ser tão grande para meus saltos ecoarem á quilômetros de distância. As paredes do ginásio costumava abafar todo o som, e como todos estavam presentes no jogo, até mesmo todos os funcionários, era muito fácil transar com qualquer um até mesmo na sala do diretor sem ser pego.

Eu ainda estava meio entorpecida pelo que acabara de ver. Não imaginei que Justin fosse tão bem dotado. E, caramba, meu desejo sexual por ele só aumentou. Era difícil não imaginá-lo em cima de mim, me penetrando, me amando, me desejando... argh! Eu precisava colocar meu jogo sobre a mesa na festa hoje á noite: não ia aguentar por muito tempo. Mas o que eu fiz o deixou bastante irritado, vi em seu rosto, mas quem liga? Justin Bieber não é de ferro, como nenhum outro garoto desta universidade. Homem tem carne fraca, sede rápido. Se fosse diferente, não existiria um número excessivo de mulheres sendo traídas a todo instante. 

Vi uma silhueta familiar ao sair pela porta principal de entrada. Ele caminhava calmamente até a saída do estacionamento. Lá estava Easton Hyde, com sua camisa de manga curta colada nos músculos suaves dos braços e costas, com o cabelo bem-cortado e a mochila jogada de um jeito despojado sobre o ombro. No começo, eu só estava interessada em tirar boas notas em biologia, mas observando-o melhor agora, será que seria muito pervertido tirar proveito do meu professor particular? Deus, ele era uma gostosura! Como nunca pensei em transar com aquele deus grego antes? Talvez ele fosse tímido demais para que eu pudesse notá-lo, mas ouvi dizer que os mais tímidos são os melhores na cama. 

Lambi os lábios ao imaginar o que tem debaixo de todo aquele tecido. Controlei o latejar entre minhas pernas e andei em sua direção um pouco entorpecida. Ele não percebeu minha proximidade, pois não virou em nenhum momento para me olhar. Cutuquei suas costas e ele se virou em minha direção, puxando os fones de ouvido. 

— América, oi — sorriu.

— E aí?

— Tudo ok, e você?

— Estou bem — sorri de canto, tentando ignorar a camisa marcando o tanquinho. — Não vai ficar para o jogo?

— Não — respondeu. — E você?

— Hum, não — suspirei ao me lembrar da imagem nua de Justin. — Basquete não é o meu forte. 

Só a camisa suada grudada no tanquinho dos jogadores, pensei.

— Entendo — fez uma pausa. — Estou indo almoçar agora. Quer vir comigo? 

Ergui as sobrancelhas em forma de surpresa.

— Muito cavalheirismo da sua parte me chamar para comer antes de qualquer coisa — brinquei, recebendo um belo sorriso divertido dele. — Eu não lembro da última vez que recebi um convite assim, se é que recebi alguma vez — murmurei.

— Talvez deva ser porque não tenho a intenção de transar com você — disse ele. 

— Não sei se fico feliz ou decepcionada.

Ele riu e, ao ver o seu sorriso, sorri também. 

— Eu aceito o convite — disse por fim.

— Vamos então — ele apontou a cabeça para a saída do estacionamento.

Caminhamos lado a lado, até que ele parou na primeira vaga do estacionamento, em frente a um Audi A5. Engoli em seco ao perceber que era o mesmo carro que transei com Justin no meu sonho. Seria um sinal dos céus? Puta merda! Mas tudo o que eu queria saber era: desde quando Easton tinha um carro? 

— Este carro é seu? — era uma pergunta idiota sendo que ele estava destravando o mesmo com a chave.

Ele olhou para mim e confirmou:

— Sim.

E, percebendo minha expressão confusa, completou:

— Ele é meu nos finais de semana ou quando minha mãe está de folga no trabalho — disse à guisa de explicação.

— Legal. Meu pai não me deixa chegar perto do carro dele. 

— Por que não? 

— Hum...

Ele riu.

— Entendi — andou até o lado carona e abriu a porta para mim. — Vamos?

— Não acredito — abri um sorriso surpreso. — Ainda existe garotos que fazem isso?

Ele deu de ombros e sorriu.

— Pensando bem, acho que não quero mais transar com você — aproximei-me da porta. — Você é bonito, Easton. Mas cheira a romantismo e boas intenções.

— Romantismo e boas intenções pode ser melhor do que você imagina — disse ele, olhando em meus olhos.

— É o que vamos ver.

Ele sorriu de canto de boca e fechou a porta depois que eu entrei. Puxei o cinto de segurança e prendi meu corpo no banco carona. Easton deu a volta no carro e sentou sobre o volante, prendendo seu corpo com o cinto de segurança. O carro era limpo e exalava um cheiro agradável do couro do banco. Entramos em movimento e ele dirigiu conscientemente no limite da velocidade e dando sinal quando passava para a faixa do lado. Sabia que não deveria estar entrando no carro de um cara que mal conheço, mas eu confiava estranhamente em Easton. 

Observei de canto de olho o seu semblante sério enquanto prestava atenção na estrada. Os olhos azul-celeste destacavam-se na pele branca, juntamente com o cabelo negro. Ele parecia um anjo. Um anjo bom. Já Justin me soava como a porta para o inferno. A chama que escapava dele me queimava por todos os lados, criando um círculo ao redor do meu corpo sem me dar escapatória.

— Posso ligar o rádio? — perguntei. 

— Hum-hum — respondeu. 

Estiquei o dedo e liguei o rádio que começou a transmitir uma playlist do pendrive conectado. Logo de cara, OneRepublic encheu meus ouvidos. Enlouqueci.

— Eu não acredito! — aumentei o volume.

Easton desviou o olhar para mim por alguns segundos, rindo.

— Gosta do OneRepublic? — perguntou por cima da música.

— Está brincando?! Eu amo OneRepublic!

Comecei a acompanhar a letra de Kids, não me importando com a minha péssima vocação para cantar. Easton riu e cantou comigo:

— Back when we were kids, swore we would never die. You and me were kids, swear that we'll never die...

Estacionamos em frente ao Clint's, restaurante que eu conhecia bem. Fazia algum tempo que eu não frequentava; papai costumava me trazer aqui junto com meus irmãos e mamãe para almoçar aos sábados à noite. Tudo tinha mudado tão de repente que não lembrava da última vez que tive um momento em família ou quando me sentei sobre a mesa para ter uma conversa gostosa com os meus pais e meus irmãos sobre como foi o nosso dia ou qual era os planos para o final de semana. Eu sentia saudade, não podia negar.

Easton puxou a cadeira para mim para que eu pudesse me sentar, e agradeci, meio risonha, achando graça do seu cavalheirismo. De qualquer forma, eu achava bonitinho. Era um pouco confortante não ter um garoto olhando para os seus seios enquanto você falava. Eu gostava da maneira como ele me olhava nos olhos e sorria, demonstrando que estava prestando atenção. Percebi que, às vezes, era bom ser notada pelo seu conteúdo, não pelo corpo ou pelo nível de sexo que ele oferece. 

— A comida daqui é boa — comentei.

— Já veio aqui?

— Sim. Muitas vezes. É o local preferido do meu pai para um jantar em família — sorri melancólica. — Gosto daqui.

— Eu acertei em te trazer aqui? — sorriu apreensivo. — Podemos ir para outro lugar.

— Você acertou em cheio — confortei-o. — Então é aqui que você traz as garotas para um encontro? — mudei de assunto, usando um tom divertido na voz. 

Ele riu e balançou a cabeça negativamente. 

— A única garota que eu trouxe para jantar aqui foi a minha mãe — disse ele. — Todos os sábados, ás oito horas.

— Sinto-me honrada então — sorri de canto. — É um restaurante mais família, realmente.

Easton concordou. Pegou o cardápio e listou alguns pratos que achava bom. Concordei e discordei de alguns, até que decidimos pedir a tradicional macarronada e uma taça de vinho para acompanhar.  

— Conte-me mais sobre você, América — disse ele depois de beber um gole de vinho. — Você tem irmãos?

— Em dose dupla — revirei os olhos. — Gêmeos. 

— Sério? Que legal! Mas deve ser confuso.

— É um casal. E são bivitelinos. 

— E eles são legais?

— Oh, sim — respondi. — Eles tem vinte e um anos. A Amélia está cursando o último ano na faculdade de moda. Já Isaac ainda tem um longo caminho na carreira de neurocirurgião. 

— Isso é muito bacana! Família interessante a sua, América.

— Eles são o orgulho da família — murmurei. 

— E você não?

— É complicado — foquei o olhar no líquido escuro manchando as paredes de cristal da taça.

— Sei como é. 

— E você? Tem irmãos? — ergui o olhar para ele.

— Sou filho único — respondeu. — Mas gostaria de ter um irmão para conversar.

— Posso te vender um dos gêmeos.

Ele riu.

— Por que sua mãe não teve mais filhos? — depois de feita, percebi que a pergunta soava um pouco inconveniente. Eu estava curiosa, não ia me desculpar. 

— Ela não queria engravidar de novo de um traste feito o meu pai — respondeu simplesmente, apesar do peso da mágoa camuflada atrás da firmeza da voz. 

Encolhi os ombros. Oh, não... Assunto inconveniente.

— Desculpe, eu...

— Não precisa se envergonhar, América — sorriu fraco. — Não me incomoda falar sobre o meu pai.

— Ele não foi um bom pai? — perguntei um pouco hesitante.

— Nem um pouco — respondeu afundado em pensamentos. — Ele nunca esteve lá no meu aniversário, no dia de ações de graça nem no natal. E quando esteve presente em algum momento, foi para deixar a minha mãe com um belo olho roxo.

— Que horror! — exclamei, pasma. 

— Tentei defendê-la todas as vezes que isso aconteceu, mas eu sempre acabava ficando quebrado no final — suspirou. — Ele desapareceu depois que... enfim. Foi melhor assim. E estamos muito melhor sem ele.

— Eu... eu sinto muito. 

A imagem de um garoto pequeno, magro, com olhos azul-celeste que carregavam uma imensa tristeza, me passou pela cabeça. Imaginei seu corpo magricela cheios de hematomas, e as lágrimas manchando seus olhos ao ver sua mãe apanhar de um homem que deveria estar protegendo-os.

— Não é culpa sua — apertou os lábios. — Eu não preciso dele, muito menos ele de mim. Mas eu estarei aqui se ele precisar da minha ajuda algum dia. Eu o repugno por ter feito minha mãe sofrer, mas ele ainda é o meu pai. 

— Ele não sabe o filho que tem — tentei confortá-lo. 

Segurei a sua mão em forma de conforto. Desta vez, Easton não se afastou. Ele sorriu fraco e voltou a saborear os últimos goles do seu vinho. Não tinha palavras para lhe dizer naquele momento. Eu não sabia como estava me sentindo, mas conseguia absorver toda sua dor. Mas eu sabia por que doía tanto em mim: eu tinha passado pela mesma experiência. Esperamos muito da pessoa que deveria cuidar de nós, mas ela é sempre a primeira a nos machucar da pior forma.

— E qual é a sua história deprimente, hum? — perguntou ele, com um sorriso de canto de boca.

— Ah — soltei um risinho sem humor. — Não tem nenhuma história.

— E você espera que eu acredite nisso?

— Sim — respondi simplesmente e ele riu. 

— Alguém partiu seu coração, imagino.

— O amor é só um detalhe — respondi, distante. — Eu prefiro mantê-lo longe. 

— Você nunca se apaixonou? 

Senti um vazio se alastrar pelo meu peito. Eu poderia responder essa pergunta um milhão de vezes, sempre dizendo não, mas nada que eu dissesse poderia esconder a verdade de eu mesma. Eu me apaixonei, sim. Intensamente. E o erro não foi do amor. O erro foi meu. O amor é algo bonito e puro que nunca recebi de volta, e comecei a acreditar que não era para mim. 

— Sim — arrisquei olhar nos seus olhos. — Eu me apaixonei uma vez, Easton. Mas se o amor é colocar um lugar na mesa para alguém que não virá... eu prefiro passar. Mas tudo bem — disse eu antes que ele pudesse falar alguma coisa. — Quem precisa do amor afinal?

Sua expressão em minha direção era cheia de apreensão, mas ele não comentou nada a respeito. Mudamos de assunto, sem envolver nossa família ou desilusões amorosas, e terminamos de almoçar. Easton não me deixou pagar a metade da conta, e, depois de um tempo de discussão, acabei cedendo. Ele me deu uma carona até em casa. 

— Você mora aqui? — Easton olhava pela janela, com os lábios entreabertos. — Uau...

Soltei um risinho. 

— Parece intimidador, mas não me confunda com uma patricinha mimada — respondi. — Não gosto de rosa.

— Parece ser uma bela casa — disse ele.

— Quer conhecer? — convidei com um tom malicioso na voz.

Ele riu.

— Deixa para a próxima — dispensou. 

— É uma pena — fingi lamentar, mas no fundo, eu lamentava. — Obrigada pelo almoço, Easton. Realmente foi muito bom. 

— Foi um prazer — sorriu, me olhando. — Sempre que quiser almoçar longe de casa, pode me comunicar.

— Está me convidando para outro encontro, Hyde? Parece que o nosso lance tá ficando sério — brinquei enquanto ele ria. Encarei seu sorriso largo e perguntei: — Nos vemos na festa hoje á noite?

— Eu não vou poder ir, América.

— Não pode ou não quer? — arqueei a sobrancelha.

— Um pouco dos dois — admitiu. 

— Então nos vemos amanhã na universidade. — Abri a porta do carro e me coloquei para fora. — Não esqueça do nosso estudo depois das aulas — lembrei-o, segurando a porta.

— Não vou esquecer — garantiu. — Até mais, América.

— Até mais, Easton — fechei a porta.

Subi na calçada e observei o carro entrar em movimento até desaparecer na curva da esquina. Caminhei na trilha de concreto entre a grama aparada e entrei em casa. Joguei a mochila no sofá — coisa que mamãe odiava — e vi a bolsa preferida de Amélia em cima da mesa redonda de quatro cadeiras. Ouvi sua voz vinda do quarto, e parecia estar falando ao celular. Aproximei-me do corredor, distraída, na intenção de seguir para o meu quarto, mas antes de poder empurrar a porta, Amélia surgiu na porta á frente com um pequeno corte no maxilar. 

— Oi, Meri — cumprimentou ela.

— O que você quer? — perguntei sem emoção.

— Não vai nem perguntar o que aconteceu comigo? — disse ela, ofendida, e revirei os olhos.

— Estou vendo que você foi atropelada por um caminhão — debochei e foi sua vez de revirar os olhos. — Que foi? Caiu da bicicleta, hum? 

— Eu quase fui atropelada, sua insensível! 

— Quase... — ergui o dedo indicador.

Ela bufou de raiva.

— Posso ir tomar um banho agora? 

— Sério, o que fizeram com o seu coração, hein? — Ela me seguiu até o quarto. 

Parei no meio do quarto, bufei, impaciente, e me virei para ela, derrotada. Amélia sempre foi dramática, então eu nunca dava muita importância a algumas coisas que ela falava, a não ser que fosse muito sério mesmo. Mas pelo pequeno corte no maxilar, parecia que foi atropelada por um skatista. Nada demais.

— Eu preciso compartilhar isso com alguém — choramingou.

— Fala logo de uma vez — cedi.

Ela se jogou na minha cama, feliz. Cruzei os braços e esperei que ela começasse a história que com certeza tomaria algumas horas do meu tempo.

— Eu estava saindo para almoçar com minhas amigas da faculdade como sempre faço — jogou o cabelo ruivo natural para o lado, e soltou um suspiro como se tivesse lembrado de algo mágico. Continuei a encarando com uma sobrancelha arqueada e ela continuou: — Fomos até o restaurante que costumamos ir, só que um idiota estava dirigindo desgovernado na minha direção. Quando eu vi aquele carro prestes a se chocar com o meu corpo, toda a minha vida passou pelos meus olhos, sabe? Foi então que, de repente, Deus enviou um anjo para me salvar! Ele pulou em minha direção e me jogou para a calçada, e por isso ganhei esse corte aqui — apontou para o corte no maxilar.

— Deixe-me adivinhar... E então ele te levou para o hospital, todo preocupado, e vocês trocaram olhares apaixonados, amor á primeira vista — debochei. 

— Não enche! — Amélia jogou um travesseiro em minha direção; desviei e ele atingiu diretamente a parede. — Não fomos ao hospital, mas ele foi muito educado, tá bom? Ele me ofereceu água e me trouxe em casa. 

— E o casamento será quando?

— Vá á merda! — disse entre risos. — Ele é tão bonito... — seu sorriso tocou os olhos.

— Você só o viu uma vez — bufei.

— Eu não estou dizendo que estou apaixonada pelo garoto — se defende. — Apenas disse que ele é bonito, o que é a pura verdade.

— Que seja — caminhei em direção ao banheiro. — Fecha a porta quando sair.

— Chata — murmurou ela, e a foi a última coisa que ouvi antes de fechar a porta do banheiro.

                        *          *          *

— Aonde pensa que vai?

Voltei de ré, seguindo a voz que vinha da cozinha. Papai estava sentado sobre o balcão, com um monte de papéis espalhados pelo mesmo, e o óculos de grau estava pendurado no nariz fino, destacando os mesmos olhos acinzentados dos meus irmãos.

— Vou á uma festa — respondi.

— Não lembro de você ter me pedido para ir á uma festa — arqueou a sobrancelha. — Que festa é essa?

Bufei.

— Uma festa universitária, pai — expliquei. — Todos os meus colegas vão estar lá, principalmente a Rosie e o Eg.

Papai sempre gostou do casal, e sempre os achou mais responsáveis que eu. Pelo menos, no último ano. Ele acreditava que, se eu estivesse com Rosie ou Eggsy, haveria menos chance de eu fazer merda. Por parte, era verdade. 

— Não sei se você deve ir — disse ele, sério.

Notei seu olhar de desdém para o meu vestido.

— Pai, por favor — implorei. — É só uma festa.

— Era só uma festa da última vez e olha no que deu — retrucou. — Pode me dar três motivos para eu deixá-la ir?

Droga! Ele tinha mesmo de fazer este jogo? 

— Não pode me dar três motivos, América?

Meus ombros caíram, derrotada.

— Vou tirar minha roupa — murmurei, prestes a sair da cozinha.

— América, espere — ele me parou. Colocou o óculos em cima do balcão e suspirou. — Eu vou te dar um voto de confiança, vou deixá-la ir á festa. Mas nada de dormir fora de casa, e quero você aqui antes das onze.

— Mas são oito horas agora — reclamei.

— Ou isso, ou nada — profetizou.

Suspirei.

— Que seja então — revirei os olhos. 

Liguei para um Uber e logo ele estava parado em minha porta. Dei o endereço da casa de Hank e seguimos viagem escutando a música que soava do rádio. Aproveitei para retocar a maquiagem e reforçar o batom. Hoje eu planejava beijar uma única e exclusiva boca: a de Justin Bieber. Eu estava vestida para matar, como dizia um velho termo. Meu vestido era preto, com detalhes em renda nas laterais, e marcava muito bem as minhas curvas por ser extremamente justo. O corte acabava no meio da coxa, e nos pés eu calçava sandálias de salto. Meu cabelo estava preso em uma presilha e usei o meu melhor perfume que exalava do meu pescoço de um modo provocativo. Justin não poderia resistir.

Paguei a corrida quando estacionamos a alguns metros de distância da casa de Hank, por ter uma fileira de carros nos impedindo de passar. Ao modo que eu me aproximava, ouvia o barulho alto da música prejudicando meus ouvidos. Caminhei pela entrada, desviando dos corpos que dançavam ao som de 23 do Mike Will Made-It e consegui me locomover para dentro da casa. Haviam tantos corpos acumulados em um único espaço que estava difícil de respirar. O cheiro de álcool era forte em todas as partes da casa, e junto á ele, cigarro. Muito cigarro. Eu conhecia quase todas as pessoas que estavam ali, mesmo que de vista. A maioria eram alunos da universidade. 

Ignorei a atenção direcionada à mim e caminhei até o dono da festa, Hank. Uma loura de olhos claros e peitos enormes sussurrava coisas em seu ouvido e ele sorria, concordando com a cabeça.

— Hank — chamei sua atenção, e a loura me lançou um olhar de desdém.

— Vejam só se não é a minha modelo preferida — abriu os braços, e lhe cumprimentei com um beijinho no rosto. — Você está linda, América.

— Obrigada, carinho — lancei o mesmo olhar de desprezo para a loura que estava impaciente ao seu lado. — Vou dar uma volta. Nos vemos por aí.

— Assim espero — deu uma piscadela. 

Afastei-me de ambos e continuei caminhando entre o calor dos corpos se mexendo. Avistei Eggsy escoltando Rosie, afastando-a dos olhares masculinos. Era uma cena engraçada até. Ele lançava um olhar ameaçador para todos os caras que chegavam perto. Aproximei-me, atraindo a atenção de ambos.

— Ei — disse eu por cima da música.

Rosie me cumprimentou com um sorriso.

— Ei, Meri — cumprimentou Eggsy.

— Pensei que não viria mais — disse Rosie. 

— A festa acabou de começar — respondi. — Justin não veio? — perguntei, percebendo sua ausência.

— Ele está em algum lugar por aqui — deu de ombros. — Foi pegar uma bebida, acho. 

Arrastei meus olhos pelo espaço: eram muitos corpos tapando minha visão. Foi então que, de repente, sua silhueta familiar surgiu entre as pessoas, carregando um copo vermelho na mão esquerda. Nossos olhares se cruzaram e ele parou imediatamente. Hesitou em se aproximar, mas o fez. 

— Oi, América — murmurou. 

América! Nada de Meri, nada de ruivinha... América!

— Oi — sorri de canto. 

— Ih, estão brigados? — perguntou Rosie, olhando de mim para Justin.

— Não — negou Justin. 

— Fiquei sabendo que você viu todo o conteúdo do meu primo, Meri — provocou Eggsy, com um sorriso malicioso.

Justin enrubesceu.

— Eggsy! — repreendeu o primo.

— Ei, o que aconteceu? — perguntou Rosie, confusa.

— Foi um acidente — não era mentira. — Eu não tirei aquela toalha do seu quadril, Justin. — E, com um sorriso malicioso, completei: — Ela caiu por vontade própria.

— Opa! — provocou Eggsy, recebendo um olhar cortante do primo.

— Espera, o que está acontecendo aqui? — Rosie se intrometeu, querendo saber mais. 

— Eu te conto, amor — Eg lhe deu um beijo suave nos lábios. — Vem, vamos dançar — e saiu puxando a namorada para o meio da multidão.

Virei-me para Justin com um sorriso.

— Está com raiva de mim? 

— O que você acha? — ironizou.

— Você é sempre assim tão dramático? 

— E você é sempre assim tão pervertida? — retrucou.

— Pensei que já estivesse claro — soltei um risinho. — Relaxa, badboy. Se isso te preocupa tanto, o que você tem aí entre as pernas não me decepcionou.

Ele balançou a cabeça negativamente e depois riu.

— Ah, um sorriso! Não sou tão miserável assim afinal. 

Justin me olhou com um sorriso divertido.

— Por que está me olhando desse jeito? — arqueei a sobrancelha.

— Você é... uma figura, Meri — disse olhando em meus olhos. — Não consigo ter raiva de você.

Meu sorriso se tornou mais largo.

— Vamos beber alguma coisa — tomei o copo da sua mão e virei tudo na garganta.

— Ei, isso era meu! — reclamou ele.

A bebida desceu rasgando a garganta. Balancei a cabeça, me sentindo um pouco tonta, e abri os olhos um pouco marejados. Péssima maneira de começar a noite. 

— Vem, vamos dançar — puxei-o para a pista, e para a minha surpresa, ele não reclamou. 

Consegui mais bebidas sem ter que ir para a cozinha, e Justin me ajudou a bebê-las. No quarto copo, já sentia o efeito nas minhas correntes sanguíneas. Virei-me de costas para Justin e rebolei meus quadris, roçando minha bunda em seu sexo. One Dance do Drake possuía todo o meu corpo, me fazendo querer dançar até o amanhecer. Eu ouvia seus suspiros atrás de mim quando eu rebolava mais intensamente com o meu corpo colado no seu. Ele não recuou: segurou minha cintura e me virou para ele. Coloquei minhas mãos ao redor do seu pescoço e continuamos dançando, olho no olho. Eu sentia sua respiração quente bater no meu rosto, e isso só aumentava minha excitação entre as pernas. Seus olhos agora estavam escurecidos, e podia jurar que tinha colocado sobre a mesa a minha carta final. E eu ia aproveitar o meu prêmio por apenas uma noite.

Inclinei-me para beijá-lo, mas ele virou o rosto, fazendo meus lábios tocarem sua bochecha. Afastei-me frustrada; o sangue correndo quente nas veias. Eu sentia tanta raiva que poderia socá-lo.

— Qual é o seu problema? — exclamei, empurrando-o para longe.

— Meri, não é assim que as coisas funcionam — ele tentou me acalmar, mas isso só aumentou minha raiva. 

— Como funciona então, hein? Estou me humilhando aos seus pés, Justin! O que você quer de mim, hum? Caralho, fala o que tenho que fazer!

— Você já bebeu demais por hoje — ele segurou meu braço, calmo, com a intenção de me levar para fora.

Puxei meu braço de volta, recusando-me e ir com ele.

— Sabe de uma coisa, Bieber? Que se dane você e suas baboseiras! Eu cansei, está me ouvindo? Cansei! Você é só um babaca que não sabe agir como homem de verdade! 

Seu rosto tomou uma tonalidade vermelha quando eu disse aquilo, e vi nos seus olhos a mesma raiva que eu sentia. Ele estava perdendo o controle. E então minha ficha caiu: eu só precisava ferir seu ego.

— Todos os garotos deste lugar dariam tudo para estar comigo agora — provoquei. — Eu posso transar com todos eles se eu quiser. Estou sendo muito boba correndo atrás de um frouxo como você!

De repente, senti meu corpo se chocar contra a parede com força. O ar ficou preso nos meus pulmões e encarei os olhos ardendo em raiva que me encarava sem piscar. Justin tinha me prendido entre seus braços fortes, não tinha escapatória. A música tinha mudado e eu sequer conseguia prestar atenção na sua letra provocante. Era como se o mundo a nossa volta tivesse parado de girar, e só existisse eu e ele ali, conectados pela raiva, desejo e luxúria. Seu peito subia e descia rapidamente, denunciando a respiração fora de controle.

— Você me chamou de quê? — perguntou ele, entredentes, com a raiva queimando em cada palavra.

Abri um sorriso perverso e me aproximei do seu rosto. Desci os olhos para seus lábios entreabertos e consegui ver a ponta da sua língua entre os mesmos. Ergui o olhar para os seus olhos novamente e sussurrei da maneira mais provocativa possível:

— Frouxo.

Ele perdeu o controle. Puxou meu corpo para o seu com uma brutalidade insana que fez nossas intimidades se chocarem por cima do tecido. Perdi o controle das minhas pernas e amoleci em seus braços. Aproximou-se do meu rosto, olhando nos meus olhos, e com a voz cheia de promessa e luxúria, ele disse:

— Vou te mostrar quem é o frouxo aqui, América. Vou te foder até você não conseguir levantar por duas semanas.


Notas Finais




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