[...] Eu confiava em Sophia, sabia que não teria coragem de me trair [...]
Sophia
Eu fui até a sala de cópias, tinha que fazer uma centena de xerox do documento aprovado por Gabe, e entregar em sua mão antes que o dia acabe e ele me queime viva com seu mau humor. Mas o que diabos deu naquele homem esses dias? Anda sempre de cara amarrada, e parece insatisfeito. Será que Anna resolveu adiar o casamento? Ou desistiu? Não, impossível, ela está louca para casar com o loiro tentação, besteira a minha cogitar algo assim. Mas então o que está acontecendo?
Um a um copiei todos os papeis, depois os juntei e grampeei cada um. Acho que perdi uma boa meia hora fazendo tudo isso, e agora tenho uma torre de arquivos para entregar. Eu peguei todos e equilibrei:
- Muito bem, eu já fiquei em pé em cima de um tronco de árvore dentro d’água, eu consigo levar isso até a sala do meu gerente sem deixar cair, é moleza – Me virei e dei uma parada apenas para ter certeza de que estava tudo em ordem. Ok, vamos lá. Eu saí da sala, mas como minha visão estava um pouco comprometida com a torre na frente, eu não vi a pessoa na minha frente, e esbarrei, podia ver todos os papeis voando para o chão e eu resmungando recolhendo cada um, mas por sorte a pessoa do outro lado conseguiu pegar e não deixar minha torre cair – Oh! Obrigada, você me salvou de um aborrecimento.
- De nada, mas você devia olhar mais para onde anda – Era a voz rouca de um homem.
- Com um monte de papel na minha frente fica difícil – Joguei minha cabeça para o lado para ver quem era. Ele fez o mesmo, e fiquei impressionada, era um cara alto, esguio, longos cabelos preto e liso, pele tão pálida quanto de um vampiro, olhos azuis como gelo, boca fina, mas tinha um sorriso convencido e misterioso, e o modo como estava vestido gostava de rock, quase um executivo descolado. Fones de ouvido em volta do pescoço, gravata um tanto frouxa, camisa social com os três botões abertos, e tinha um cordão com pingente de cruz. É, esse cara era único, e admito extremamente sexy.
- Se equilibrar nesses saltos e equilibrar essa pilha é realmente um grande desafio
- Sim, e me desculpe por esbarrar em você
- É só me pagar um café e está tudo bem
- Há! Há! O que?
- Você ouviu – Ele deu de ombros me mostrando o mesmo sorriso sexy enigmático. Que audácia. Eu sorri passando a língua no céu da boca.
- Eu nunca pago um café para quem não conheço
- Sou River Jones
- Sophia Lonergan
- É um prazer conhecer você Sophia
- River – Uma outra voz masculina o chamou, e essa eu conhecia. Caleb veio andando em nossa direção.
- Caleb – Eles apertaram as mãos. – Pensei que não fosse mais ver você.
- Desculpa, é que ando muito atarefado esses dias, mas eu ia passar lá na sua sala
- Então você trabalha aqui – Falei. Agora estava justificado sua presença.
- Sim, comecei semana passada.
- Pelo visto já se conheceram – Caleb respondeu.
- Já tive o prazer, é a garota mais bonita do andar
- Concordo, mas pode parar de cantar minha namorada
River ficou surpreso e apontou para mim:
- Oh! Então ela é a sua Sophia, a que você tinha me falado
- Ela mesma – Caleb ficou ao meu lado.
- Não posso negar que você é um homem de sorte, e sabe escolher muito bem suas garotas.
- Ok! Eu estou voando em toda essa história – Respondi um tanto irritada, e não gostava nem um pouco de estar na classificação “suas garotas”, sentia como se eu fosse algo passageiro, um caso que não durará muito.
- Desculpe, River é um velho amigo, ele está trabalhando na Lencastre agora, no setor de T.I, ele é um mágico dos computadores. Eu soube que o Ryan precisava de alguém que entendesse tudo sobre servidores, e meu amigo estava sem trabalho, então o indiquei. Ele é o melhor do ramo.
- O melhor? – Ergui uma sobrancelha – Com certeza não é melhor que a Vanessa.
- Quem é Vanessa? – River perguntou cruzando os braços querendo me desafiar.
- Minha irmã, se você é um mágico, ela é um gênio dos computadores.
- Eu tenho sérias dúvidas, mas podemos pôr a prova, uma competição entre nós dois.
- Seria ótimo, mas ela não mora aqui
- Hmm! Então ainda continuo sendo o melhor por aqui
- Por enquanto – Respondi seu olhar desafiador com outro. Ele não era mau, só presunçoso, mas isso podia ser consertado.
- Ok! Parece que os dois já são amigos – Caleb se meteu.
- Sim, sua namorada é legal
- Seu amigo não é nada mau
- Há! Há! Certo. Sophi você quer ajuda com esses papeis?
- Sim, por favor. – Caleb pegou metade da minha pilha. – Obrigada.
- Vejo você outra hora River, até mais.
- Até. Tchau Sophia
- Tchau River – Me virei seguindo para o escritório. – Seu amigo é interessante.
- Ele parece ser um chato, mas é um cara bacana depois que conhece
- Se você está dizendo – Dei de ombros.
- Eu sei que se estranharam, mas com o tempo vão se tornar amigos. Não se deixe intimidar pelo jeito metido dele.
- Eu aprendi que nem todos são aquilo que aparentam, seu amigo não é exceção
- Tem razão – Sorriu. Nós paramos em frente a sala de Gabe e tomei a frente batendo na porta. Sua voz veio de dentro, nós entramos e novamente sua carranca ainda estava lá, por isso decidimos não demorar. Assim que deixamos a sala eu decidi não voltar para minha mesa.
- Vai na frente, eu vou falar com a Anna.
- Tudo bem – Caleb seguiu para os nossos cubículos, e fui para o lado oposto. Anna estava de frente para seu computador, e parecia concentrada, mas tinha algo ali que a deixava inquieta. Conhecia muito bem minha irmã para saber quando algo a incomodava.
- Anna – Parei ao seu lado. Ela ergueu a cabeça e sorriu.
- Oi, o que faz aqui?
- Será que podemos conversar?
- Ah! Claro – Ela ficou um pouco confusa com meu pedido, e acredito que minha expressão também não é lá das melhores. Anna levantou e fomos juntas até a sala de descanso. Sentamos em uma mesa afastada – O que aconteceu?
- Eu que pergunto. Há uns três dias eu estou vendo o Gabe de cara amarrada, e parece até de mal com a vida, eu comecei a imaginar uma série de coisas. Tem algo que você queira me contar?
- Oh! Isso, realmente Gabe está de mau humor
- O que aconteceu? Vocês adiaram o casamento?
- Não, mas tem a ver com isso.
- Como assim? Ele quer desistir?
- O que? Não – Ela respondeu com firmeza.
- Me desculpe, mas como eu disse, eu pensei em muitas coisas. – Suspirei colocando as mãos na mesa – O que houve? Me conta.
- Hunf! Gabe está irritado por causa da data do casamento. Ao contrário do que você pensa, ele é o mais ansioso para casar.
- Não entendi, qual o problema da data?
- Lembra que eu disse que tinha ligado para a senhora Clif em Laguna? A dona da vila onde eu e Gabe ficamos.
- Sim, sim, eu lembro.
- Então, ela retornou a ligação para dizer quando todas as casas estariam vagas.
- E quando será? Daqui a dois meses? Três? – Indaguei.
- Há! Quem dera. Só daqui a sete meses.
- Sete? – Fiquei de boca aberta.
- Sim, eu não fiquei muito feliz com a data, mas compreendi, só que Gabe não foi tão compreensivo assim.
- Eu posso imaginar, mas por que tanta pressa em casar logo? Vocês já estão morando juntos, os meses vão passar rápido.
- É eu sei disso, mas o problema é que ele quer ter filhos.
- Mas... – Eu franzi a testa sem entender muito bem.
- Desde quando Gabe suspeitou que eu estivesse grávida, ele criou uma expectativa muito grande, e agora é o maior desejo. Nós tínhamos combinado de viajarmos juntos, conhecer outros países.
- Mas então?
- Mas também entramos em acordo que nossos filhos nasceriam dentro do casamento, ou seja...
- Ele vai ter que esperar sete meses para dar o primeiro passo rumo ao primeiro filho.
- Exatamente. E você não tem ideia de como ele ficou chateado com isso.
- Mana, por que vocês simplesmente não vão para Laguna e se casam? Ao invés de esperar todo esse tempo?
- Porque eu quero minha família e meus amigos comigo. Não me entenda mal, eu amo o Gabe, e quero mais do que tudo me casar com ele, e poder dar o filho que tanto sonha, mas eu quero fazer as coisas direito, quero que meu pai me leve até ao altar, quero o vestido branco... Eu sonhei com isso desde pequena. E também quero aproveitar um tempo a sós com Gabe, assim que tivermos um bebê todo o nosso tempo será voltado para ele, e quando poderemos fazer outra viagem romântica?
- Eu entendo você mana, e não te julgo. Você está certa, é normal querer passar um tempo só os dois, aproveitar a liberdade de poder ir e vir sem responsabilidade. Sei que você sonha em ter um bebê, e que será uma mãe maravilhosa. Gabe pode estar chateado agora, mas em breve vai perceber que é o melhor. Vocês terão muito tempo para planejar o primeiro filho.
- Eu espero que sim, vê-lo chateado assim me deixa triste, eu sinto como se tivesse falhado com ele.
- Não pense assim, de jeito nenhum. Você é incrível, e não tem culpa de nada, não está cometendo nenhum pecado ao desejar seu noivo só para si por um tempo, qualquer mulher no seu lugar faria o mesmo. Gabe vai entender, acredite.
- Eu espero que sim
- Nesse tempo por que vocês não programam algumas viagens?
- Mas como? Estamos trabalhando mais que o normal.
- Ouça, é só uma ideia, e isso pode acalmar o Gabe também. Vocês terão sete meses até o casamento, e em cada mês vocês podem tirar uma semana de folga para conhecer um país diferente. Gabe quer ter filhos e você quer conhecer o mundo antes, isso já ia adiantar bastante.
Anna piscou várias vezes, mas olhou para o lado pensativa, eu quase podia ver sua cabecinha trabalhando a mil por hora:
- Eu não sei, você acha que ele aceitaria?
- É claro que sim, é um acordo que beneficia ambos, sei que ele vai dar um jeito de arrumar tudo. – Pisquei.
- É, acho que você tem razão. Nós podemos viajar nesses meses, e depois do casamento, e quem sabe daqui a algum tempo eu me sinta pronta para engravidar.
- Exatamente. E não se preocupe, sempre que quiser viajar a sós com seu futuro marido, pode deixar o bebê com a titia – Apontei para mim toda sorridente. Eu não via a hora de ter um bebê na família, eu ia estragar todo, sou completamente apaixonada por crianças, e ter uma mini Anna ou um mini Gabe vai me fazer virar a tia arco íris.
- Há! Há! Há! Eu sei disso, mas depois que o bebê nascer duvido muito que Gabe aceite se separar dele. É sério, você não tem ideia de como aquele homem está louco com isso.
- Eu imagino, e isso é muito bom, prova que será um excelente pai.
- Não tenho a menor dúvida. Ele é um bom filho, será um bom marido e um pai maravilhoso.
- Vai sim, mas avise a ele que quando meu sobrinho nascer eu vou sequestrar.
- Há! Há! Há! Oh! Deus, será uma verdadeira guerra, pai vs tia.
- Há! Há! Será uma maravilha – Eu esfreguei as mãos como se estivesse tramando algo, nós duas rimos.
Caleb
Eu fiquei impressionado com a habilidade de Sophia em resolver vários assuntos ao mesmo tempo, e fazia isso sem se perder. Era sempre um prazer trabalhar com ela, e hoje fiquei ainda mais surpreso.
Finalmente era fim de expediente, e Sophia, como sempre, foi buscar seu último café do dia, eu não entendo como alguém pode beber tanto café. Eu guardei minhas coisas na mochila, e vi que tinha deixado um presentinho para Sophia. Ela voltou com seu café na mão:
- Vamos? – Perguntei.
- Sim, estou um pouco cansada, e louca para chegar em casa
- Quer dormir no seu apartamento hoje? – Fiquei um pouco desanimado.
- Eu não tenho nenhuma roupa para trocar na sua casa, preciso de pelo menos uma calcinha limpa.
- Estando comigo não precisa usar – Segurei sua cintura.
- Há! Há! Eu sei disso, mas preciso de uma para vir para o trabalho, ou quer que eu venha sem nada por baixo e a saia apertada forme minha bunda nua? – Ela disse isso de forma tão sensual, que tive que respirar fundo para controlar minha ereção.
- Arrg! Sophi, eu com certeza não quero ninguém olhando para o que é meu, e muito menos imaginando.
- Você ficaria com ciúmes? – Passou a mão sobre meu peito enviando arrepios por meu corpo.
- Sim, tomado de ciúme. Odeio ver alguém querendo o que é meu – Passei o nariz sobre seu pescoço, inalando seu doce perfume.
- Hmm! Então deveria me deixar voltar para casa
- Eu deveria?
- Sim, para ter o que vestir
- Ahh! Eu adoro ver você sem nada – Apertei sua cintura ao sussurrar em seu ouvido.
- Confesso que também amo ver você sem nada – Beijou meu rosto, e senti todo meu corpo vibrar. Deus do céu, como pode essa mulher mexer tanto comigo? Escutei os passos dos outros funcionários, e lembrei que ainda estávamos na empresa, não queria fazer uma cena de sexo bem aqui no meio do andar. Segurei sua mão.
- Vamos embora
- Tudo bem – Ela se virou para pegar sua bolsa e então fomos em direção ao elevador. Direto para o estacionamento. Minha moto ficava guardada em um lugar especial, onde só eu tinha acesso. Quando chegamos perto dela lembrei de algo.
- Oh! Sim, quase ia esquecendo – Puxei a mochila, abri e tirei o presente – Para você.
- Ahh – Ela pegou e abriu um largo sorriso – Não acredito, uma caixa de chocolate da minha doceria preferida.
- Com recheio de cereja, chocolate, e coco, seus favoritos
- Ahh! Eu amo, obrigada, você é ótimo – Ela me abraçou me beijando. – Eu adorei.
- De nada, eu adoro ver esse sorriso em seu rosto – Apalpei sua bochecha e tornei a beija-la. Rapidamente aquele desejo se acendeu, me deixando novamente de quatro por ela. Ainda vou entender o poder que Sophia tem sobre mim, meu corpo se liga ao dela instantaneamente. Larguei minha mochila e passei o braço em volta dela, nosso beijo se intensificou e a coloquei sentada sobre a moto.
- Caleb... Alguém pode nos ver
- Ninguém vem aqui – Mordi seu lábio. Ela agarrou minha jaqueta me puxando para mais perto. Eu a beijei sem reservas, não conseguia ficar sem fazer nada, eu precisava sentir Sophia, meu corpo implorava pelo dela, estava sedento por seu toque, seu calor, seus gemidos, e apesar da ideia de transar com ela bem aqui sobre a moto possa ser muito excitante, eu queria ter nossa privacidade, e coloca-la em uma cama confortável. Me afastei de sua boca – Vamos fazer assim, passamos em minha casa apenas para pegar algumas roupas minhas, e iremos para o seu apartamento. O que acha?
- Eu acho perfeito, também não quero passar a noite sozinha – Com a ponta da língua ela lambeu meu lábio inferior.
- Arg! Sua diabinha – Rosnei antes de devorá-la em um beijo cheio de luxúria. Eu estava com calor, o sangue em minhas veias fervia como se estivesse em uma caldeira, eu queria matar minha sede, e só seria possível provando o doce gosto de Sophia. Essa ruiva virou minha cabeça, e eu só podia ser um desgraçado sortudo por ser merecedor de sua atenção. A beijei uma última vez antes de me afastar e entregar seu capacete. – Quanto mais rápido sairmos, mais rápido a terei sem nada no quarto.
- Hoje você está cheio de boas ideias – Prendeu o capacete, exibindo um sorriso tentador.
Continua...
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