História Reciprocal - Dezenove

Viver... BaekHyun sentira falta disso.

Não viver de apenas existir, mas viver de ter prazer em estar vivo.

Viver sem que a vida fosse apenas um fardo o qual ele apenas esperava a hora de acabar, como se viver fosse uma obrigação. Um castigo.

Sim, viver era como se fosse um castigo para BaekHyun.

O que mais seria? Ele tinha tudo e de repente tudo fora tirado de suas mãos, de uma hora para outra. Não poderia ser nada mais do que uma punição. O porquê ele não sabia. Só não entendia porque precisava passar por aquilo. Castigo, carma, maldição. E por muito tempo simplesmente viveu. Simplesmente existiu. Viveu sem viver, viveu sem estar verdadeiramente vivo. Era incrível como ChanYeol conseguia mudar todo seu conceito de vida tão facilmente.

Era incrível como estar com ChanYeol o fazia sentir-se... Vivo.

ChanYeol era a melhor coisa que BaekHyun poderia ter. E ser de ChanYeol era... A melhor coisa que ele podia ser.

BaekHyun estava impressionado consigo mesmo. Impressionado com o quanto amava ChanYeol. O amava mais do que jamais pensou ser capaz de amar alguém. Amava-o mais do que a si próprio. Amava-o de uma forma inimaginável e até mesmo exagerada. Mas não podia fazer nada ou evitar. Ao menos queria evitar. Fugir não estava mais em seus planos.

Se amaldiçoava pelo tempo que perdera por causa de sua covardia egoísta e do seu orgulho patético. Ele deveria ter percebido desde o começo que seu coração pertencia à ChanYeol. Deveria ter percebido no dia em que o maior o procurou tão aflito, e abriu seu coração da maneira mais desiludida que pôde. Fora tão cego, tão impenetrável, tão burro. Se tivesse se dado uma chance mais cedo talvez as coisas tivessem sido diferentes para si. Poderia ter a chance de viver novamente há muito tempo, chance de ter um motivo para sorrir outra vez.

E esse motivo era ChanYeol.

Mas às vezes achava que fosse para ser assim. Nunca foi de acreditar nessa história de destino, mas não podia deixar de pensar na possibilidade de que talvez o destino apenas estivesse esperando o momento certo para permitir que ChanYeol entrasse na sua vida. Seja lá qual fosse o motivo dele, estava apenas esperando para que tudo pudesse acontecer no seu devido tempo. Na hora certa e da maneira certa.

E o destino acertou em cheio.

BaekHyun notavelmente não era mais o mesmo, no bom sentido, e seus amigos perceberam isso. O garoto sorria mais, muito mais. Seus olhos recuperaram o brilho tão encantador que perdera há muito tempo, um brilho que seus amigos sentiram falta. E talvez esse brilho viesse ainda maior, mais radiante. Até a sua forma de andar estava diferente, mais confiante, animado, vivo.

Mas BaekHyun não fora o único que mudara. ChanYeol também estava diferente. Já não se importava mais com o abandono de seus amigos e até mesmo a história de sua mãe estava mais fácil de superar. Ainda não falava com seu pai e pretendia sair de casa assim que fosse possível, mas estar com BaekHyun parecia fazer tudo ficar mais fácil, mais suportável.

Sentia orgulho de si mesmo por não ter desistido. Poderia ter tentado esquecer essa história no momento em que levou o primeiro fora, mas algo em seu coração sempre o dizia para não desistir. Não tentar esquecer-se do menor. Algo dentro de si insistia em convencê-lo de que precisava de Baekhyun, e de que ele também poderia precisar dele. E de fato precisava. Talvez mais do que o próprio ChanYeol, só precisava se dar conta disso.

Ele fez o que seu coração mandou. Não desistiu de BaekHyun. Por mais que seu cérebro dissesse que aquilo tudo era patético e que não havia nenhuma chance de aquilo dar certo, seu coração era teimoso e pediu que ele fosse paciente.

Incrível como o coração às vezes pode ser mais sábio que a própria razão.

E no final das contas todo seu esforço e sofrimento valeram a pena. Baekhyun finalmente pertencia a ChanYeol.  Foi preciso uma luta, uma grande luta, mas ele conseguiu. Ele conseguiu derrubar a muralha de defesas que BaekHyun construíra ao longo do tempo. E agora que ele finalmente era seu, não o deixaria ir tão facilmente. Não havia nada no mundo inteiro que fizesse ChanYeol desistir de BaekHyun agora. Nada.

Nem mesmo o destino.

 Odiou ter que esperar duas semanas inteiras para poder ver Baekhyun novamente. Bem, claro que era puro drama. Claro que eles se viam sempre no colégio, mas para ChanYeol  não era o suficiente. Ele queria passar mais tempo com BaekHyun. Aquelas duas semanas demoraram a acabar mais do que ChanYeol queria. Mas quando as aulas acabaram, mal pôde se conter tamanha era sua felicidade. Queria ver BaekHyun quase todos os dias, e quando não estavam juntos, costumava encher o menor com mensagens e ligações a todo instante. E BaekHyun estava longe de achar aquilo tudo irritante e possessivo demais. Na verdade ele adorava.

Eles não se largavam, isso era fato. Estavam tão viciados um no outro que chegaram a preocupar JunMyeon e WuFan. MinSeok sempre tentava fingir que não se importava, mas BaekHyun podia facilmente perceber que o amigo era o que menos gostava desse relacionamento. Não sabia se era por ciúme ou por antipatia à ChanYeol. Talvez os dois. Mas BaekHyun  já havia desistido de tentar criar uma atmosfera amigável entre eles. MinSeok parecia completamente preconceituoso em relação ao maior, que também não colaborava. A primeira vez que marcaram todos de saírem juntos – uma forma que BaekHyun e JunMyeon encontraram de tentar fazer WuFan e MinSeok simpatizarem com ChanYeol – fora um desastre. MinSeok encarava o maior de forma arrogante e ChanYeol acabou chamando-o de pançudo novamente o que resultou em uma “quase briga” em que WuFan precisou segurar MinSeok para este não acabar voando no pescoço do maior, o que acabaria resultando provavelmente em uma carnificina. Claro que BaekHyun deu uma bronca no maior depois, mas para ser sincero, até achou o dia engraçado.

Mas apenas por segurança, não tentou mais aproximá-los.

ChanYeol nunca tivera férias tão boas como aquela. Estar com BaekHyun era como estar no paraíso. Estavam entrando na segunda semana de férias e se perguntava se era capaz de morrer de felicidade. Tudo estava completamente perfeito.

Tão perfeito que ChanYeol se esquecera de qualquer coisa que pudesse destruir essa felicidade.

Era a segunda sexta-feira do mês e ChanYeol levara BaekHyun para jantar fora. Era uma noite bastante agradável e mesmo que BaekHyun – como sempre – estivesse reclamando do fato de que o restaurante era muito caro e que se sentia mal por ChanYeol sempre pagar por tudo. O maior sempre dizia que não era para ele se preocupar com essas coisas e que se quisesse levá-lo para o restaurante mais caro da Ásia ele levaria e ponto final. Isso sempre acabava em pequenas discussões bobas, iguais as de quando ChanYeolcomprava um presente caro.Eles sempre discutiam por besteira. Eram brigas bestas, as quais sempre terminavam com BaekHyun fazendo um bico contrariado e ChanYeol se desculpando com beijinhos arrependidos. Até mesmo quando BaekHyunestava errado, era sempre assim.

– Já disse que não gosto quando você me trás para esses restaurantes caríssimos. – sussurrou BaekHyun pela milésima vez naquela noite. – É sério, eu nem sei como me comportar num lugar desses.

– Deixa de ser chato. Eu gosto de te trazer a lugares como esse. – disse ChanYeol dando de ombros.

– Gosta de me ver completamente perdido e atrapalhado? – o menor perguntou irônico, fazendo o outro rir.

– Não. Apenas acho que você merece isso. – ChanYeol disse encolhendo os ombros. BaekHyun sentiu o rosto enrubescer, olhando para baixo com um pequeno sorriso nos lábios.

– Eu fico sem graça. Eu não posso retribuir.

– Mas você não precisa. – disse ChanYeol franzindo o cenho. – Já te disse isso várias vezes. Não discuta comigo.

BaekHyun fez um bico contrariado, voltando a comer sua comida. Ficaram em silêncio por alguns minutos, e ChanYeol o olhou preocupado.

– Está com raiva de mim de novo? –perguntou tentando não rir.

– Não... Não é isso... – disse meio desanimado enquanto brincava com a comida.

– O que foi então?

– É que... Eu não estou me sentindo muito bem. – disse BaekHyun, e ChanYeol  percebeu que o menor não estava com uma cara muito saudável.

– O que aconteceu? Você está bem? –perguntou subitamente ficando preocupado. O menor riu baixinho.

– Calma, ChanYeol. Não é pra tanto. Só estou um pouco tonto e enjoado. – disse BaekHyun massageando as têmporas com um olhar cansado.

– E-eu vou chamar o garçom. – disse ChanYeol chamando a atenção do garçom logo em seguida, pedindo a conta.

– Você quer dormir lá em casa? Eu posso cuidar de você. – disse ChanYeol roçando o nariz na bochecha do menor antes de entrarem no carro.

– Sei muito bem que tipo de cuidado é esse. – disse BaekHyun rindo, fazendo ChanYeol dar um sorriso malicioso, confirmando sua suspeita. – Eu estou cansado, Channie.  Hoje não. Até porque amanhã é a apresentação do JongIn e eu quero estar bem disposto.

ChanYeol fez um bico e entrou no carro, sendo seguido por BaekHyun.

– Ao menos posso te ver amanhã de tarde? – perguntou ChanYeol com um olhar pidão enquanto fazia o carro andar.

 – Pode sim. – disse BaekHyun fazendo ChanYeol sorrir de orelha a orelha.

– Você pode ir lá pra casa e a gente pode ver um filme juntos. – disse o maior com os olhos brilhando, como se já não visse BaekHyun quase todo dia.

Chegaram em frente da casa de BaekHyun e ChanYeol o deu um beijo de despedida. O menor abriu a porta do carro e saiu de dentro do mesmo, acenou com um sorrisopara ChanYeol, que retribuiu o aceno com as duas mãos. O menor deu alguns passos para trás quando de repente sentiu sua cabeça girar e suas pernas falharem. BaekHyun apoiou-se rapidamente no carro para não cair. Sua visão estava embaçada e ele fechou os olhos com força, sentindo a cabeça girar.

Os barulhos da rua entravam em seu ouvido como se fossem sons distantes, como se estivesse ficando inconsciente. Ouvia ChanYeol chamar seu nome como se o maior estivesse à muitos metros de distância, e só percebeu que ele estava do seu lado quando sentiu o maior segurar-lhe pelos ombros e afastá-lo do carro, virando-o para si.

– BaekHyun, você está bem? BaekHyun! BaekHyun! – o menor tombou para frente e seu corpo se chocou com o de ChanYeol, que o segurou com força para não deixá-lo cair. – BaekHyun, me responda! BaekHyun!

BaekHyun segurou-se nos braços de ChanYeol e tentou se equilibrar. O maior levou as mãos até o rosto do menor, dando leves tapinhas para tentar animá-lo. BaekHyun aos poucos foi recuperando os sentidos, apoiando-se no carro com uma das mãos e esfregando o rosto.

– BaekHyun, o que aconteceu? Me diga, pelo amor de Deus! – o maior o segurou novamente pelos ombros, encarando-o com os olhos banhados de preocupação.

– E-eu não sei... Fiquei tonto de repente... Minha cabeça começou a girar... – o menor murmurou ainda meio grogue.

– BaekHyun, o que está acontecendo? Pelo amor de Deus, o que você está sentindo? Você está bem? –segurou o rosto do menor e analisou com os olhos arregalados. BaekHyun estava pálido novamente.

– Eu já disse, apenas fiquei tonto. A-acho melhor eu entrar logo e descansar. – o menor disse dando alguns passos cambaleantes em direção à sua casa, mas ChanYeol o impediu.

 – Eu não vou te deixar assim, BaekHyun. Estou muito preocupado e não vou te deixar sozinho. Venha comigo para minha casa, ou para o hospital, sei lá!

– Eu não estarei sozinho, ChanYeol. Meu pai está em casa. Eu preciso apenas descansar. – o menor soltou-se da mão de ChanYeol novamente.

 – E-eu não vou ficar tranquilo depois disso, BaekHyun. Você quase desmaiou. Não vou sossegar se você não estiver do meu lado!

– Não é pra tanto! Eu só preciso descansar okay? Não se preocupe.

– “Não se preocupe”? “Não se preocupe”? É claro que eu me preocupo seu idiota! – ChanYeol quase se esqueceu que BaekHyun estava tonto e quase que sacudia o menor.

– Se eu sentir alguma coisa eu te ligo okay? Eu prometo! – disse BaekHyun para tranquilizar o maior. ChanYeol o encarou com preocupação e incerteza por alguns instantes, para depois largá-lo sem muita confiança.

– Okay. – ele sussurrou ainda encarando BaekHyun preocupado.

– Eu vou ficar bem. – o menor ficou na ponta dos pés e selou os seus lábios nos do maior, abraçando-o forte em seguida. – Eu te amo.

– Eu também te amo. – ChanYeol disse retribuindo o abraço de maneira protetora.

– Prometo que amanhã estarei melhor. – BaekHyun se afastou e se arrastou até a porta de casa.

ChanYeol entrou no carro novamente e seguiu seu caminho até sua casa, ainda preocupado com o que acabara de acontecer. Estava preocupado e com medo, era a primeira vez que algo desse tipo acontecia com BaekHyun na sua frente e ele não soube como agir. O medo de que fosse alguma coisa séria o possuía e o garoto lutou contra o instinto de voltar e obrigar BaekHyun a ir para sua casa consigo.

Foi a primeira vez que não conseguiu dormir direito desde que se acertara com BaekHyun.

BaekHyun estava se sentindo melhor no dia seguinte. Não cem por cento melhor, mas não queria deixar ChanYeol preocupado com aquilo. Ignorou o fato de que seu corpo estava um tanto fraco e torceu para que o maior não percebesse que seu rosto ainda matinha uma palidez um tanto doentia. ChanYeol se preocupava fácil, e ele não queria isso. Sentir-se assim era comum e já estava acostumado. Já se sentira bem pior. Preferiu agir normalmente.

Como prometera, ChanYeol havia separado um filme para verem juntos em seu quarto. Uma comédia romântica. ChanYeol estava empolgado como sempre, e ficou abraçado comBaekHyun a todo o momento. Outra pessoa poderia achar aquilo tudo muito possessivo, ou até mesmo irritante. Mas BaekHyun não, ele adorava. Apenas se aconchegava mais entre os braços do maior, como se aquele abraço fosse a coisa mais confortável do mundo. E de certa forma, para ele, era.

Mas como BaekHyun já imaginava, em um certo ponto do filme ChanYeol parecia ter ficado entediado, e começou a distribuir vários beijos pelo seu pescoço, em uma carícia gentil e provocativa. Logo esses beijinhos se transformaram em carícias mais aprofundadas conforme as mãos do maior percorriam seu corpo de maneira insinuativa e sua língua trilhava caminhos tortuosos pela curva do pescoço do menor.

Em pouco tempo o filme foi esquecido.

Claro que ChanYeol tentou impedir BaekHyun de ir embora, ele sempre fazia isso. Parte disso era apenas para irritá-lo, mas por outro lado ele realmente odiava quando chegava a hora do menor ir embora, por mais que fossem se ver de novo no dia seguinte. Mas BaekHyun estava atrasado. Em algumas horas JongIn estaria se apresentando na grande festa da empresa televisiva. Depois de ChanYeol muito insistir para ele ficar, BaekHyun conseguiu ir embora.

Marcou com LuHan, KyungSoo e JongDae para irem juntos se encontrarem com JongIn na festa, já que este estaria no ensaio geral até uma hora antes da apresentação. Ele foi para casa se arrumar e logo foi se encontrar com seus amigos. No meio do caminho sentiu a tontura se agravar. Se xingou por estar se sentindo assim logo naquele momento e simplesmente ignorou.

– Você está atrasado! – disse KyungSoo assim que BaekHyun colocou os pés dentro da casa de LuHan. – onde todos tinham combinado de se encontrar. – ele estava notavelmente nervoso e andava de um lado para o outro.

– Desculpem-me. O ChanYeol ficou me atrasando como sempre. – explicou-se encolhendo os ombros, ainda sentindo sua cabeça girando um pouco.

– Temos ainda uma hora para chegarmos lá, KyungSoo. Não precisa dessa pressa toda! – disse LuHan agoniado com o nervosismo do menor.

– Eu queria vê-lo antes de se apresentar, LuHan! Ele precisa do meu apoio moral!

– Por que não paramos de discutir e não nos apressamos? Porque se ainda queremos ver o JongIn é melhor irmos agora. – disse JongDae impaciente.

– BaekHyun você está bem? – perguntou LuHan de repente, pegando o menor de surpresa. – Está com uma cara péssima.

– E-eu estou bem, só estou meio cansado. – ele respondeu com um pequeno sorriso de canto de boca.

– Okay, então vamos lá! – disse KyungSoo olhando-se rapidamente no espelho checando sua um tanto exagerada aparência.

– Vamos lá! – JongDae e LuHan falaram animados em uníssono.

– Vamos lá! – disse BaekHyun seguindo seus amigos.

Os quatro seguiram para a porta da frente animados. BaekHyun estava atrás de todos eles e de repente sentiu uma pontada forte na cabeça. Ele cambaleou um pouco antes de perder o equilíbrio e cair no chão com um baque surdo, fazendo seus três amigos se virarem assustados, encarando o garoto inconsciente caído no chão.

ChanYeol havia aproveitado para dormir um pouco depois que BaekHyun foi embora. As horas que passara com ele o deixara fadigado, o que não o impedira de insistir para que o menor ficasse mais um pouco.

Foi acordado bruscamente pelo barulho de seu celular. Sentou-se na cama com raiva, perguntando quem era o maldito que o incomodava justo quando resolvera dormir. Mas quando viu que era uma ligação de BaekHyun, sua raiva logo passou e ele atendeu o celular com um sorriso no rosto.

– Oi, Baekkie. – ele falou animado.

– Ch-ChanYeol? – assustou-se ao ouvir uma voz que não pertencia ao seu namorado.

– Q-quem está falando?

– É-é o JongDae, eu...

– O que está fazendo com o celular do BaekHyun? – ChanYeol perguntou já sentindo a raiva dominar o seu corpo.

– Por favor, ChanYeol. Me escute! E-eu preciso que você mantenha a calma nesse momento okay? Mas... Estou em um hospital. BaekHyun... BaekHyun desmaiou e não sabemos o que aconteceu com ele e...

– O QUÊ? – ChanYeol deu um pulo inconsciente de sua cama, arregalando os olhos.

– Por favor, fique calmo. E-eu estou te ligando para que você venha para cá agora e...

– COMO ELE ESTÁ AGORA? ELE ESTÁ BEM? EM QUE HOSPITAL VOCÊS ESTÃO? O QUE ACONTECEU? – ChanYeol mal deixou JongDae dar o endereço do hospital em que estavam e ChanYeol voou até seu carro, dirigindo sem se preocupar com as leis de trânsito e com o risco de levar alguma multa e perder pontos na carteira.

Chegou ao hospital o mais rápido possível e correu para dentro do mesmo, encontrando-se com JongDae e LuHan na recepção.

– ONDE ELE ESTÁ? – ChanYeol exclamou chamando a atenção de todas as pessoas na sala de espera.

– ChanYeol, fique calmo. Por favor. – JongDae pediu segurando no ombro do maior.

– Eu não posso ficar calmo. O que aconteceu com ele? –perguntou com lágrimas nos olhos.

– Nós não sabemos. Estamos aguardando. – JongDae disse tentando fazer ChanYeol se acalmar.

– Como aconteceu?

– Estávamos nos preparando para sair quando ele de repente desmaiou. – explicou LuHan, que tinha indícios de lágrimas nos olhos.

– Mandamos o KyungSoo ir se encontrar com o JongIn e depois ligamos para você e para o Sr. Byun. – explicou JongDae. – Agora sente-se aqui e vamos esperar o médico.

JongDae levou ChanYeol até uma das cadeiras da recepção, fazendo o maior sentar-se sem muitas dificuldades, já que ele parecia estar um pouco petrificado. Esperaram alguns minutos e logo o Sr. Byun apareceu, com uma expressão preocupada no rosto. Após explicarem ao homem tudo o que acontecera, o médico responsável por BaekHyun apareceu com uma expressão séria no rosto.

Ao ver JongDae e LuHan irem em direção ao médico, ChanYeol deu um pulo da cadeira seguindo os garotos, e o Sr. Byun fez o mesmo, hesitante.

– E então, o que ele tem? – LuHan perguntou com a voz trêmula por causa do nervosismo.

– Bem, a notícia que eu tenho para vocês não é muito agradável. Algum de vocês já sabe a... A condição do BaekHyun? – o doutor – Kim, como ChanYeol pôde perceber por causa do seu crachá – perguntou cauteloso.

– Eu. – disse o Sr. Byun baixo.

– Eu. – disse ChanYeol fazendo o Sr. Byun encará-lo surpreso.

– Bem... Então o susto será apenas para vocês dois. – disse o Dr. Kim olhando para LuHan e JongDae. – A notícia que darei não será fácil. BaekHyun desmaiou por causa de um tumor no cérebro, o qual já está bem avançado, na verdade. Está bastante complicado.

LuHan e JongDae arregalaram os olhos, sem conseguirem dizer nada.

– O tumor está localizado em uma região bastante comprometedora de seu cérebro e já está bastante avançado. Pode ser feita uma cirurgia para curá-lo, mas serei sincero e direi que ele corre muitos riscos. – ele explicou todas aquelas coisas que JunMyeon já tinha falado para ChanYeol.

– Bem... Sobre isso... BaekHyun insiste em não fazer a cirurgia. – o Sr. Byun disse, fazendo o doutor olhá-lo com preocupação e surpresa.

– Bem... Isso é uma decisão dele. Se ele não quer correr o risco, não podemos julgá-lo por conta disso. Suas chances não são muito grandes.

– Ele precisa fazer a cirurgia. – disse ChanYeol de repente.

– ChanYeol... – JongDae começou, sendo interrompido pelo maior.

– Ele precisa fazer a cirurgia.

– Infelizmente não podemos forçá-lo. O paciente quem decide. – o Dr. Kim disse cauteloso vendo que os olhos de ChanYeol começaram a encher de lágrimas.

– Você não pode simplesmente deixá-lo morrer! – ChanYeol exclamou, chamando a atenção de todos novamente.

– Por favor, eu entendo o que está sentindo, mas isso é uma decisão que só cabe ao BaekHyun. – o Dr. Kim falou compreensivo, tocando no ombro de ChanYeol, que o empurrou.

– Eu quero vê-lo. – o garoto disse com um olhar decidido. – Onde ele está?

– Você poderá vê-lo assim que ele acordar. É até bom que conversem com ele, para tentar convencê-lo de fazer o que é melhor para ele. BaekHyun precisa do apoio de todos vocês nesse momento. É muito importante.

– Não posso esperar. – ChanYeol começou a andar de um lado para o outro, deixando algumas lágrimas escaparem.

– Peço que esperem mais um pouco, por favor. Sr. Byun, gostaria de falar com você em minha sala, preciso que me fale sobre o histórico hospitalar do BaekHyun.

– Sim, claro. – o Sr. Byun seguiu o doutor até a sua sala, enquanto JongDae e LuHan levaram ChanYeol de volta às cadeiras.

– Um tumor. – sussurrou JongDae. – Então era isso, BaekHyun. Essa é a resposta.

Uma lágrima escapou de seus olhos e JongDae a enxugou com os dedos trêmulos. LuHan deixou uma lágrima escapar também, enquanto ChanYeol apenas olhava para um ponto fixo da parede branca da sala de espera, com o rosto já banhado em lágrimas.

O tempo que passou ali esperando por BaekHyun pareceu uma eternidade.

KyungSoo chegou ao imenso salão onde ocorreria a festa da empresa televisiva. Deu seu nome ao recepcionista que o localizou na lista de convidados dos artistas que iriam se apresentar. Passeou os olhos pelo salão por um momento antes de ouvir seu celular avisar que uma mensagem havia chegado. Era JongIn.

“Onde estão vocês? A apresentação vai começar daqui a vinte minutos e eu quero te ver antes de subir no palco, porque estou nervoso. T-T Quando chegar, vira no primeiro corredor ao lado do banheiro masculino e siga em frente. Estarei te esperando na frente do camarim.”

Procurou os banheiros e seguiu o caminho dito por JongIn assim que o avistou. Apressava-se pelo corredor nervoso, tanto por causa de JongIn, como por BaekHyun.

Não sabia como explicar para JongIn porque os outros não estavam presentes, mas não tinha coragem de dizer o que acontecera de fato. Muito menos sabendo que JongIn subiria em um palco na frente de centenas de pessoas pela primeira vez, e um notícia dessas não iria ajudar no momento. Apenas seguiu em frente.

Ao avistar uma placa informando que os camarins estavam próximos, ouviu seu celular tocar mais uma vez. Dessa vez era JongDae.

JongIn estava impaciente.

Terminara de se arrumar o mais rápido possível para esperar seus amigos, que até agora não apareceram. Ouviu um dos assistentes de palco gritar que faltavam quinze minutos para irem começar a apresentação, e o garoto de pele morena balançava uma das pernas em sinal de nervosismo. Desistindo de esperar, seguiu o caminho de volta ao salão de festa, na esperança de encontrar os amigos pelos corredores, torcendo para que estes já estivessem indo ao seu encontro.

Assustou-se ao encontrar KyungSoo de costas parado no meio de um dos corredores, com o celular encostado no ouvido.

– KyungSoo! – alargou o sorriso ao ver o menor parado ali. Por um momento achou que seus amigos não viriam. – KyungSoo! Onde estão os outros?

KyungSoo virou-se um tanto atrapalhado, desligando o celular. JongIn sentiu um mal pressentimento ao perceber a expressão indecifrável no rosto do menor. Ele parecia... Abalado? Chocado? Não conseguiu compreender.

– O que aconteceu? – JongIn perguntou preocupado, aproximando-se de KyungSoo.

– N-nada. E-eu vim te desejar boa sorte. – KyungSoo deu um sorriso notavelmente forçado. JongIn pôde perceber vestígios de lágrimas em seus olhos e que sua voz saíra tremida, como se impedisse de chorar.

– KyungSoo... – JongIn segurou o menor pelos ombros, olhando diretamente nos seus olhos. Ele desviou o olhar inutilmente, tentando impedir que as lágrimas caíssem. JongIn o encarou assustado. – O que aconteceu?

– E-eu falo com você depois? E-estou indo para o salão. – KyungSoo tentou ir embora, mas foi impedido pelo maior.

– Diga-me o que aconteceu. Agora. – JongIn falou em um tom preocupado e autoritário, e KyungSoo se amaldiçoou por ter demonstrado que algo não estava bem.

– JongIn... Não se preocupe okay? Este é o seu momento. Não deixe que nada atrapalhe isso.

– Se você não me disser agora o que está acontecendo é que eu não vou conseguir me concentrar em nada. – JongIn puxou o menor para perto de si novamente. – Diga.

KyungSoo não conseguiu mais segurar as lágrimas.  Não havia outra saída a não ser falar. JongIn sentiu seu coração partir e apertar em preocupação ao ver os grandes olhos do menor a sua frente banhar-se em lágrimas.

KyungSoo disse.