Finalmente férias. Era o que se passava incessantemente na mente do jovem de vinte e cinco anos que estava radiante por finalmente receber suas merecidas folgas no trabalho e ter a oportunidade de, pela primeira vez, fazer uma viagem internacional apenas com a companhia dele mesmo. Bom, talvez não fosse uma viagem tão solitária assim, já que pretendia reencontrar seu melhor amigo, que estava morando há alguns meses em Paris. Jimin sempre desejara conhecer a Europa, e acreditava que seria uma ótima oportunidade de realizar esse sonho e reencontrar o amigo. Taehyung fazia tanta falta para o Park, principalmente após terminar um relacionamento de longos cinco anos e que acreditava que duraria para sempre. Havia ficado muito abalado e foi a companhia do Kim que o ajudara a lidar com aquele momento tão ruim de sua vida. Taehyung era sempre tão animado e cheio de si, fazendo com que Jimin acreditasse que devesse seguir em frente e não se sentir tão mal consigo mesmo, o levando para sair e sempre o fazendo companhia, fazendo com que se animasse e conseguisse voltar a se divertir. O Park tinha certeza de que já havia superado o seu ex, mesmo que houvesse demorado um pouco para conseguir isso, contudo, sentia falta de Taehyung, ele era o seu amigo mais próximo e se conheciam desde o final do fundamental. Ele era seu amigo que mais o conhecia e com quem possuía uma forte ligação, fazendo com que ambos se considerassem soulmates.
Jimin não havia avisado ao amigo sobre sua ida a Paris, queria fazer uma surpresa ao Kim e mal conseguia esperar para ver sua reação ao vê-lo bater em sua porta, em um país em que o Park nunca havia pisado antes.
— Será que ele vai gostar da surpresa? — Jimin se perguntou, baixinho, segurando sua passagem com afinco enquanto aguardava em um dos assentos do aeroporto o horário de seu voo.
Estava ansioso, obviamente. Nunca havia viajado sozinho para tão longe, e a única viagem internacional que já havia feito, fora uma ao Japão, com seu ex, que durara poucas horas de viagem. Tinha medo de se perder ou até ser assaltado em um país o qual não conhecia e que era tão diferente do seu, nem o idioma local Jimin sabia falar e teria que se virar com seu inglês básico e carregado de sotaque, além de aplicativos de tradução que havia instalado em seu celular. Esperava que o Kim o ajudasse com isso e fosse seu guia turístico, se não, temia o que poderia enfrentar durante aquela viagem.
— Espero que dê tudo certo — murmurou, soltando um longo suspiro em seguida, sentindo suas mãos suarem e logo ouvindo seu voo ser anunciado. Se levantou e seguiu em direção ao portão de embarque enquanto se agarrava à alça de sua bolsa atravessada pelo ombro, sentindo o nervosismo tomar conta de si. — Vai dar tudo certo, Jimin — proferiu, como um mantra, tentando convencer a si mesmo daquilo antes de embarcar rumo à viagem pela qual tanto esperou.
⊰✾⊱
Ah… Paris, a cidade do amor. Jimin estava admirado com o pouco que havia visto da cidade desde que chegara. Após desembarcar no aeroporto local, o rosado havia pegado um táxi até o endereço que estava marcado nos cartões postais que Taehyung havia lhe enviado da cidade. Contudo, antes de adentrar o grande edifício que julgara ser onde o amigo morava, Jimin aproveitou o clima agradável de fim de tarde para caminhar um pouco pela praça que havia logo em frente ao local, apreciando a cidade e não resistindo em parar em uma cafeteria que lhe chamara muita atenção. Fizera o seu pedido e, durante o tempo que o aguardava, tirava suas primeiras fotos da cidade, que, naquele momento, era da vista para a praça e da própria mesa em que estava, assim como de sua pequena, porém bela e saborosa, refeição ao recebê-la.
Jimin estava contente, finalmente estava em um país estrangeiro por si só e dando férias a si mesmo, iria descansar e aproveitar para aproveitar bem a cidade a qual sempre desejou conhecer, além de reencontrar seu grande amigo. Estava ansioso e sentia que tudo daria certo e que seria uma viagem cheia de surpresas e bons momentos, tivera tal pressentimento desde que deixara o aeroporto e vislumbrava a vista durante seu percurso até ali. Esperava que o título de cidade do amor o ajudasse a, quem sabe, além de descanso e bons momentos, também encontrar um amor para si.
Após sua breve refeição, o Park deixou a cafeteria e seguiu direto para o edifício com o endereço que julgaria ser o de Taehyung. Na recepção, ficou aliviado pelo recepcionista o atender em inglês e conseguir entender o que ele dizia, explicando ser um amigo do Kim e que viera visitá-lo. Contudo, infelizmente, não pudera subir antes que desse seu nome e esperasse a permissão do amigo para que fizesse a surpresa da forma com que gostaria, mas isso não impediu que fosse algo que realmente o pegaria de surpresa, afinal, o mesmo nem sequer poderia imaginar que Jimin estaria ali, e a ansiedade do Park apenas aumentava durante os minutos que aguardava para reencontrar o amigo.
Após sua visita ser autorizada, um dos funcionários guiou Jimin até o apartamento do Kim e, ao se ver sozinho diante da porta que marcava o número 223, o mesmo contido no cartão postal em sua mão, respirou e expirou profundamente, tentando conter a ansiedade antes de levar seu indicador em direção à campainha e, assim que a ouviu soar, se assustar com a rapidez e abruptidão com que a porta fora aberta à sua frente, fazendo com que desse um passo para trás devido ao susto.
— Jimin! — O rosado nem sequer tivera tempo de visualizar nitidamente o amigo, pois logo tivera o corpo envolvido pelos braços do mais alto em um forte abraço, tendo apenas uma visão parcial do mesmo, porém, percebeu que agora ele estava com os cabelos negros, o que há algum tempo não se via, já que Taehyung, assim como ele, gostava de inovar nas cores de cabelo. — Eu não acredito que está aqui! Por que não me disse que viria? Teria ido te buscar no aeroporto.
— Eu queria te fazer uma surpresa — confessou, retribuindo e aproveitando a sensação de poder abraçar o amigo depois de meses separados. Era tão bom tê-lo por perto novamente. — Não gostou da surpresa? — Disse, em tom debochado, já sabendo qual a resposta que teria do outro.
— Está brincando? — Taehyung exclamou, se desvencilhando do abraço para poder encarar o rosado, sorrindo genuinamente para o mesmo. — Esta é a melhor surpresa que você poderia me fazer! Eu senti tanto a sua falta, Jiminie.
— Eu também senti a sua, Tae. Por isso achei uma ótima oportunidade aproveitar as minhas férias para vir visitá-lo, assim como conhecer o lugar que eu sempre desejei — segredou, soltando um riso em seguida e sendo acompanhado pelo Kim.
— E você vai passar o seu tempo aqui na minha casa, estou certo? — Indagou, apoiando seu queixo em uma de suas mãos compridas enquanto o encarava de forma sugestiva.
— Se não for incômodo — Jimin rebateu, fingindo intimidação e constrangimento.
— Como se eu pudesse negar. E corta essa de tímido para cima de mim, Park Jimin. Te conheço bem para saber que não tem a mínima vergonha de se convidar para minha casa — Taehyung proferiu, fazendo Jimin agora fingir-se de ofendido. — E não é como se eu não gostasse de ficar olhando para essa sua carinha linda e safada. Aliás, você ficou muito bem com o cabelo nessa tonalidade de rosa, está ainda mais bonito pessoalmente do que nas fotos.
— Obrigado, Tae — agradeceu, agora verdadeiramente sentindo-se um pouco acanhado. — Você também está muito bonito moreno.
— Eu sei — rebateu, com sua autoconfiança habitual, porém, que ainda surpreendia Jimin. — Agora entre, antes que os vizinhos venham reclamar — ditou, abrindo mais a porta para que o amigo pudesse adentrar o apartamento.
Jimin se recompôs e pegou a mala de rodinhas que havia deixado parada ao seu lado para que pudesse tocar a campainha, e, assim que adentrou o apartamento, ouviu o som da porta sendo fechada atrás de si. O Park ficara impressionado com o tamanho do apartamento do amigo e com a bela decoração que contrastava com a pintura branca do local. Taehyung realmente deveria estar se dando bem como modelo. Entretanto, antes que pudesse observar mais atentamente, ouviu a voz de seu amigo sendo dirigida a si novamente.
— Bom, há um quarto de hóspedes no início do corredor, você pode ficar nele, também há um banheiro nele — anunciou, atraindo a atenção do rosado para si novamente. — Deve estar cansado, então é melhor ir dormir um pouco. Quando estiver com fome, é só me dizer. E já sabe que pode ficar à vontade.
— Obrigado, Tae. Eu-
— Tae, você pode ir comigo amanhã…
Antes que Jimin continuasse sua fala, fora interrompido pelo som de uma terceira voz no local, e não gostou nem um pouco da sensação de familiaridade que aquela voz lhe trouxera.
Ao olhar em direção à voz, se deparou com a última pessoa que esperava encontrar ali, lhe encarando com os olhos arregalados, parecendo tão surpreso e incomodado como ele mesmo se sentia.
Seria possível que, após anos e em um país e continente completamente diferentes, teria de encontrar Jeon Jeongguk, seu ex, quem esperava nunca mais ver?
Pelo visto, seu pressentimento de que seu tempo em Paris seria incrível estava completamente equivocado, e a surpresa que sentia que teria, era a pior que poderia imaginar. Já sentia que sua viagem havia sido destruída, e justo por aquele que havia lhe feito se sentir devastado há alguns anos atrás. Parecia até uma pegadinha de mau gosto.
— O que ele faz aqui? — Perguntaram em uníssono, com as expressões nitidamente surpresas e confusas, ainda se encarando, perplexos.
Jimin amava Taehyung e estava muito feliz em revê-lo, no entanto, ele possuía um defeito: também era melhor amigo de Jeongguk, e Jimin nem ao menos havia cogitado a hipótese de que este fato influenciaria tanto seus planos, não ali, num país tão distante. Jeongguk sempre seria um problema para ele, afinal.
Taehyung, que, ao ver Jimin em sua porta já soubera que teria aquele problema com os amigos, respirou profundamente antes de intervir e tentar acabar com aquilo que parecia um duelo de quem conseguia encarar por mais tempo, fazendo com que o Kim revirasse os olhos diante da relutância daqueles teimosos que, para ele, nem deveriam ter sido tão drásticos em terminar o relacionamento.
— Jimin, Jeongguk está passando umas semanas aqui. — Se virou para Jimin e depois para o Jeon. — Jeongguk, Jimin está de férias e vai passar um tempo aqui — explicou simplista, sem se importar com a reação de ambos.
— O quê? — Jimin exclamou alto, completamente contrariado. — Eu não quero ficar no mesmo lugar que ele — proferiu com desdém, cruzando os braços e desviando o olhar de Jeongguk para Taehyung.
— Digo o mesmo — a voz de Jeongguk soou novamente, fazendo Jimin bufar, e Taehyung, ao vê-los o encarando, como se esperassem que tomasse uma atitude e escolhesse um dos lados, suspirou, prestes a dar sua palavra final.
— Nenhum de vocês tem outro lugar para ficar, então vão ter que aprender a conviver um com o outro se querem mesmo ficar aqui. Agora me deixem em paz que preciso fazer as minhas coisas — Taehyung ditou, saindo da sala e deixando ambos se encarando mais uma vez, claramente irritados.
Jimin, percebendo que ficar encarando aquele que nem mesmo queria ver e se dando por vencido ao saber que Taehyung estava certo e que não tinha outro lugar para ficar, assim como não mudaria de ideia, pegou sua mala e seguiu até o quarto que o amigo lhe indicara, deixando um Jeongguk indignado para trás.
⊰✾⊱
O dia seguinte havia sido um pouco turbulento para os três que estavam tendo que conviver juntos no mesmo apartamento, mesmo contra a vontade. Bom, isso se aplicava ao Park e ao Jeon, já que Taehyung gostava de ter os amigos por perto, mesmo que não daquela forma. Jimin e Jeongguk passaram o dia inteiro se evitando e, quando se deparavam um com o outro em algum cômodo da casa, faziam cara feia ou Jimin soltava alguma farpa para o Jeon antes de se virar e se afastar, o que, quando Taehyung presenciava, levava-o a se irritar com a atitude infantil dos amigos, que claramente não haviam superado um ao outro, fazendo com que não se comportassem como dois adultos maduros e às vezes dava vontade no Kim de mandá-los embora ou trancafiá-los em algum cômodo do apartamento para que se resolvessem — o que ainda não havia sido descartado por ele.
O que parecia tão simples para Taehyung, era algo extremamente complicado para Jimin. Havia anos que Jeongguk e ele haviam terminado e nunca pensou que fosse o reencontrar dessa forma, após tanto tempo se evitando. Ambos possuíam amigos em comum, contudo, sempre procuravam ter certeza de que não encontrariam o outro se aceitassem os convites de seus amigos, o que acabou os privando de muitas coisas e fizera com que a relação entre o grupo de amigos não fosse mais a mesma, o que apenas se intensificou após Taehyung se mudar para a França.
Park não negaria que sentia falta de como as coisas eram, tudo era tão simples e todos eles estavam tão felizes, até mesmo ele e Jeongguk, e, sempre que parava para pensar sobre o término de seu relacionamento, parecia ter chegado ao fim por algo tão bobo. Na época em que terminaram, o relacionamento parecia desgastado e ele e Jeon estavam tendo muitas brigas, no entanto, talvez, se tivessem insistindo mais, poderiam ter superado aquela crise, afinal, o amor de ambos era verdadeiro, pelo menos, o de Jimin era, e nunca havia conseguido se apaixonar daquela forma por alguém antes ou depois de Jeongguk. No começo fora realmente difícil para ele esquecer aquele que tanto amava, mas o tempo lhe ajudou a superar e seguir em frente, entretanto, vê-lo assim tão repentinamente, mesmo que negasse, havia o abalado e fizera com que se perguntasse se havia o superado de fato. Não sabia por quanto tempo conseguiria ter que conviver com seu ex no mesmo apartamento, fazendo com que desenterrasse memórias e sentimentos que lutara tanto para manter esquecidos.
Estava se sentindo sufocado, incomodado com a presença de Jeongguk e precisava conversar com seu melhor amigo sobre isso.
Com isso em mente, naquela noite, antes de dormir, Jimin foi até o quarto do amigo, respirando fundo antes de criar coragem para bater na porta e iniciar aquela conversa sobre aquele do qual acreditava que não teria mais de falar.
— Entre. — Ouviu Taehyung dizer após suas batidas na porta.
Jimin adentrou o quarto lentamente e fechou a porta novamente, antes de se virar e se deparar com o amigo de bruços sobre sua cama de casal preta e com lençol da mesma cor, com as pernas cruzadas para cima enquanto mexia em seu notebook. Ao se aproximar, pôde ver, pelo reflexo nas lentes do óculos que o Kim usava, que parecia estar lendo alguma coisa.
— Não, não vou deixar você dormir comigo como nos velhos tempos. Está de castigo pelo seu mau comportamento — o amigo declarou, fazendo Jimin se lembrar de como Taehyung e ele sempre costumavam dormir juntos quando passavam a noite um na casa do outro. Sentia saudade daqueles momentos com o melhor amigo.
— Que malvado — murmurou, fingindo-se de ofendido, porém, logo suspirando ao pensar no que teria que tratar com o outro. — Mas é sobre isso mesmo que vim conversar com você.
— Espero que tenha vindo me dizer que vai agir como um adulto e parar de soltar insultos toda vez que encontrar Jeongguk pela casa, assim como parar com as caretas que parece com as de uma criança de sete anos — repreendeu, fazendo Jimin fazer um beicinho inconformado. — É dessa cara aí mesmo que estou falando — exclamou, fazendo o rosado revirar os olhos e voltar ao normal, antes de se sentar na cama, ao lado do azulado, que, ao perceber a expressão séria e chateada do amigo, fechou o notebook e se endireitou sobre o colchão, sentando-se de frente ao Park para lhe dar sua total atenção.
— Isso é muito difícil para mim, você deveria me entender — Jimin confessou, após alguns segundos em silêncio. — Eu vim até aqui para ver você e me distrair um pouco, sabe que não tenho me divertido realmente desde que terminamos, e a última coisa que eu esperava era encontrá-lo aqui. — Suspirou profundamente, abaixando a cabeça e sentindo o amigo lhe acariciar os cabelos, lhe confortando. — Sabe que foi difícil superar, vê-lo aqui me faz pensar e sentir várias coisas ao mesmo tempo e eu não sei reagir a isso. Eu não estava preparado para o encontrar, achei que não iria revê-lo tão cedo.
— Eu sei que é difícil para você, Jiminie, mas precisa superar e saber lidar com a situação. Cedo ou tarde vocês iriam se encontrar e talvez esta seja uma boa oportunidade para vocês conversarem e resolverem as coisas — argumentou, buscando a compreensão do amigo. — Muito tempo se passou e vocês puderam refletir sobre tudo o que aconteceu e sabem como estão separados, podem repensar se realmente o término foi uma boa decisão. Talvez vocês possam enfim ficar juntos novamente.
— Nós não temos mais nada o que conversar, Taehyung. O que está feito está feito e não devemos voltar atrás com nossa decisão — insistiu, tentando convencer a si mesmo. — Nós concordamos aquele dia que deveríamos nos separar e não creio que insistir no erro ou começar tudo de novo seria uma boa ideia.
— Mas é aí que está, Jimin. Vocês não insistiriam no erro e, sim, aprenderiam com ele e poderiam recomeçar da forma certa — ponderou. — Você e o Jeongguk sempre se deram muito bem, não acho que deveriam ter se separado devido à primeira crise que tiveram. É normal casais se desentenderem, mas o que importa é que eles saibam superar e tentar corrigir os erros. Sempre achei que vocês dois foram muito precipitados em tomar uma decisão tão drástica, fora que nenhum dos dois nunca pareceu feliz com isso.
— Isso não importa agora, não quero reviver o passado, e é por isso que não quero ficar com ele aqui — Jimin continuava a negar, mesmo que ele mesmo não concordasse realmente com o que estava dizendo. — Até quando ele vai ficar? Talvez eu devesse procurar outro lugar...
— Nada disso. Acha mesmo que vou deixar você ficar por aí sozinho sem conhecer nada da cidade?
— Eu já sou adulto, Tae…
— Então haja como um e lide com as consequências de seus atos e encare os seus problemas — ditou, rígido, fazendo o Park engolir em seco.
— Eu não deveria ser o único a receber sermão aqui, o Jeon também errou — disse, inibido pela repreensão do azulado.
— Mas quem não para de reclamar e está tornando tudo muito mais difícil é você, Jimin.
Jimin não gostou de ouvir aquilo do amigo, sabia que estava agindo feito um adolescente imaturo em seu primeiro relacionamento e estava sendo hostil com Jeongguk sem que o outro lhe desse motivos para isso, no entanto, não sabia como agir perto do mais novo e a forma rude com que se direcionava a ele era como uma defesa para que não se machucasse novamente.
— Tudo bem, Tae, eu vou tentar — declarou por fim, soltando um longo suspiro. Havia fechado os olhos enquanto suspirava e, por isso, não vira o sorriso aliviado e contente nos lábios do Kim.
— Fico feliz por ouvir isso, Jiminie — disse, se aproximando mais do amigo, que levantara o olhar para encará-lo. — Agora venha aqui, quero te abraçar e ficar agarradinho com você para matar um pouco a saudade.
O Park sorriu e nem sequer tivera tempo de responder ao sentir-se ser abraçado fortemente pelo amigo, retribuindo aquele gesto de imediato. O abraço de Taehyung lhe trazia sempre tanto calor, sempre sentia-se acolhido em seus braços, que fora o abrigo no qual se abrigou durante o tempo em que sofria pelo término de seu relacionamento e em vários outros momentos difíceis de sua vida. Taehyung era seu amigo, confidente e o seu apoio.
— Vai ficar tudo bem, Jiminie — sussurrou contra o ouvido do Park, fazendo com que a sensação de conforto e amparo apenas aumentassem.
— Taehyung, você…
Mais uma vez, os ouvidos de Jimin se preencheram com aquela voz que sempre fora capaz de causar várias sensações em si. Instintivamente, ambos os jovem se afastaram, sem um real motivo para aquilo, dando fim àquele abraço tão apreciado por eles. Olharam em direção à porta e se depararam com Jeongguk, parado e ainda com a mão na maçaneta, com uma expressão um tanto surpresa e, quiçá, até um pouco irritada para Jimin, que acreditara ser devido à sua presença ali; entretanto, Taehyung sabia que a razão daquela cara contrariada do mais novo era por outra razão. O rosado se sentia um tanto constrangido pelo moreno tê-lo visto em um momento tão frágil, por isso desviara o olhar, ouvindo o Kim se pronunciar em seguida.
— O que você quer, Jeongguk? — Indagou, lançando um olhar provocador para o outro, querendo o deixar ainda mais irritado para ver até onde iria. — Aconteceu alguma coisa? — O tom cínico em sua voz não passara despercebido pelo o Jeon que, no mesmo instante, se retirara do quarto, pisando fundo e deixando a porta aberta.
— É melhor eu ir agora, acho que ele quer falar com você — Jimin ditou, olhando em direção à porta após ver, pela visão periférica, o moreno deixando o cômodo, visivelmente irritado.
— Duvido que ele queira falar comigo agora — Taehyung ironizou, soltando uma risada sarcástica.
— Como assim? — Jimin indagou, confuso, achando estranha a reação do amigo.
— Nada, Jimin. Boa noite — disse.
O rosado, não desejando insistir naquilo e a fim de sair dali e poder descansar um pouco e, quem sabe, entender o que estava acontecendo consigo mesmo, se levantou, desejando uma boa noite ao amigo e logo se retirando.
Ao caminhar pelo corredor em direção ao quarto em que estava ficando, avistou a figura de costas do mais jovem sentado no sofá da sala e que, ao perceber sua presença, virou para o rosto em sua direção. Ambos ficaram se encarando por alguns segundos sem ao menos se darem conta, e Jimin pôde perceber o ar desapontado e até irritado de Jeongguk para si, sem entender a razão daquilo.
Mas Jeon era assim, sempre ficava irritado consigo por nenhum motivo aparente e, ao lembrar-se de situações como aquela durante os anos que passaram juntos, Jimin foi quem realmente ficou irritado, lançando um olhar nada amigável a Jeongguk antes de entrar no quarto e bater a porta, fazendo um som estrondoso repercutir pelo apartamento, porém, não se importava com aquilo naquele momento, sua irritação ao pensar nas vezes em que o moreno agia daquela forma falava mais alto.
Jeongguk sempre o tirava do sério e isso não havia mudado.
⊰✾⊱
No dia seguinte, Taehyung havia tido uma conversa com Jeongguk e teve ainda mais certeza sobre suas suspeitas. Jeon havia ficado um pouco mais tranquilo após a conversa, no entanto, ainda se sentia um pouco incomodado com a cena que havia presenciado na noite anterior e com toda a situação em que estava. Sabia que Jimin e ele não haviam terminado bem, já que, mesmo sendo grandes amigos antes de namorarem, nunca mais se falaram e sempre se evitavam, nutrindo rancor um pelo outro, contudo, conforme os anos se passaram, ele conseguia enxergar as coisas com mais clareza e havia percebido e se arrependido de seus erros, também sabia que não era o único culpado pelo término, já que Jimin falhara em alguns aspectos, fazendo-o entender o motivo que os levaram ao término, e que, se não fossem tão imaturos, talvez pudessem ter superado os obstáculos e consertado o que estava errado, evitando que tudo aquilo acontecesse. Sabia que o Park, assim como ele, havia sofrido com a separação, no entanto, depois de todos aqueles anos, não esperava que ele guardasse tanto rancor por si e fosse o tratar com tanto desprezo, aquilo doía em si, principalmente ao perceber o quanto ainda se sentia afetado com a presença do outro, que, para ele, só havia ficado mais belo e encantador. Gostaria que as coisas fossem diferentes para eles.
Taehyung havia os chamado para sair naquela tarde, acreditava que seria uma boa oportunidade para que se sentissem mais à vontade com a presença um do outro e, com sorte, poderiam conversar e se aproximarem. Desejava que ambos se reconciliassem e pudessem ser felizes como eram antes, além de que sabia que, mesmo que não admitissem, no fundo, eles também desejavam aquilo.
Estavam em uma das praças mais famosas de Paris, em meio à esculturas famosas e uma bela visão da cidade. Era final de verão no continente, fazendo com o clima não estivesse quente como nas semanas anteriores, assim, vez ou outra podiam sentir uma brisa agradável correr entre eles, trazendo o aroma típico do outono se aproximando.
— Jiminie, durante esse tempo em que o Jeongguk está aqui ele tem me ajudado com as fotos para a divulgação do meu trabalho, além de que é uma boa oportunidade para que ele adquira experiência e ganhe reconhecimento como fotógrafo — o azulado comentou, buscando o interesse do Park pela vida do amigo e deixando-o a par das coisas. — É aqui que costumamos fotografar com mais frequência. O Gguk conseguiu ótimas fotos minhas aqui. As fotos dele estão ainda melhores, você precisa ver!
— Ahn… Eu… — Jimin não sabia o que responder. Mentiria se dissesse que não estava curioso para ver as fotos do Jeon, sempre admirou o trabalho do moreno e sabia que ele era um ótimo fotógrafo, assim como era bom em tudo o que fazia, contudo, não queria admitir, principalmente na frente de Jeongguk.
Jeon, percebendo o constrangimento do rosado diante à notória pressão que Taehyung fazia sobre ele, interveio, sentindo-se ele mesmo incomodado com aquela situação.
— Taehyung, já chega. Vamos começar com as fotos — ditou, fazendo Jimin suspirar aliviado e o Kim se dar por vencido, seguindo para o meio da praça para darem início à sessão de fotos.
Jimin assistia atentamente ao ensaio fotográfico que acontecia diante a ele. Ficava impressionado com o quanto Taehyung conseguia ser fotogênico e com o quão desinibido era. Se lembrava do quanto gostava de posar para o mesmo fotógrafo que fotografava o amigo naquele momento, e fora ele quem o ajudou a ser mais desenvolto diante às câmeras, conseguindo fazer com que ele gostasse e se sentisse feliz por ser o escolhido como modelo principal dos vídeos que Jeongguk costumava fazer; editar era uma outra grande paixão do moreno. Jimin adorava observar a forma com que o Jeon ficava sério enquanto fotografava para algum trabalho, conseguia ver seu maxilar travar e, enquanto mantinha os braços esticados, podia ver bem suas veias saltarem, aquelas que tanto lhe atraiam. Na verdade, tudo em Jeongguk o atraia e, agora, com o passar dos anos, ele parecia ter se tornado ainda mais bonito. Estava mais forte e com uma fisionomia mais madura, além de que estava deixando o cabelo crescer e estava extremamente sexy daquela forma. Não conseguia tirar os olhos do mais novo, o cobiçando em segredo, lhe fazendo se sentir frustrado consigo mesmo por se sentir tão abalado pelo outro.
— Jimin! — Ouviu chamarem seu nome e, quando se deu conta que havia se perdido em pensamentos, notou que Taehyung estava acenando para ele, tentando chamar sua atenção. Antes que pudesse fazer alguma coisa, viu o azulado seguindo em sua direção, sendo acompanhado pelo mais novo que guardava os equipamentos. — Jimin, está me ouvindo?
— Claro que estou! — Exclamou, mesmo que não estivesse prestando atenção no amigo há segundos atrás. — O que foi?
— Eu preciso resolver umas coisas e só devo chegar em casa no final da noite, mas podem continuar o passeio sem mim, Jeongguk tem uma cópia das chaves do apartamento — anunciou, fazendo ambos o encararem incrédulos.
— Você o quê? — Jimin exclamou alto, boquiaberto, encarando o amigo de forma perplexa.
— Você ouviu, tenho coisas a fazer — replicou, dando de ombros, sem se importar com a forma com que os dois o encaravam e rindo internamente pela agonia que estava estampada em suas faces.
— Que coisas? — Foi a vez de Jeongguk perguntar, desconfiado, o encarando de forma intimidadora. Tinha certeza de que o amigo não tinha nenhum compromisso de fato e aquilo era apenas uma desculpa para deixar Jimin e ele a sós, algo típico do Kim.
— Trabalho, Jeon — rebateu, prontamente e de forma entediada, ajeitando a bolsa nos ombros. — Preciso ir. Jeongguk, você conhece melhor a cidade, fique de olho no Jimin e termine de mostrar as coisas a ele. E, Jimin, nada de ser um teimoso orgulhoso e querer ficar andando por aí sozinho, é perigoso — ditou, fazendo ambos revirarem os olhos e vendo o Park bufar contrariado. — Agora, se me derem licença… — pediu, se virando e dando alguns passos na direção contrária a que estavam, porém, antes de prosseguir, parou, virando o rosto antes de se direcionar aos amigos mais uma vez: — Vê se criem juízo e se entendam — dizendo isso, seguiu seu caminho, não demorando a sumir de vista.
Jeongguk e Jimin se entreolharam, desconfortáveis, sem saber ao certo como agir naquela situação. Já deveriam imaginar que o amigo faria algo do tipo, entretanto, ainda não estavam prontos para se encarar e ter que ficar sozinhos daquela forma, antes mesmo de terem se acostumado com a presença um do outro.
— Hmm, onde gostaria de ir? Tem algum local em especial que gostaria de conhecer? — Jeon começou, tentando colocar fim àquele silêncio perturbador.
— Vai mesmo bancar o guia turístico? — Retrucou, irônico, soltando uma risada sarcástica e cruzando os braços.
— Não comece, Jimin. Por favor, você precisa cooperar — pediu, respirando fundo para não se estressar com a atitude do Park.
Jimin não estava satisfeito com aquilo. Estava com raiva de Taehyung por ter tramado aquilo para eles e nervoso por ter que ficar a sós com o Jeon depois de tudo o que havia acontecido, contudo, sabia que realmente deveria cooperar, caso não quisesse que aquela viagem se tornasse ainda mais desastrosa.
— Eu quero ver a Torre Eiffel — disse, por fim, fazendo Jeongguk acenar com a cabeça enquanto agradecia mentalmente por Jimin estar dando o braço a torcer.
⊰✾⊱
Os rapazes pegaram um táxi de onde estavam a destino à torre Eiffel. Jimin estava animado para conhecer o ponto turístico que sempre lhe encantou ao ver pela televisão ou internet. Sempre havia imaginado poder fazer uma viagem romântica a Paris e aproveitar de tudo o que a "cidade do amor" tinha a oferecer ao lado da pessoa que ama, porém, nunca imaginara que estaria ali com seu ex-namorado, pelo menos, não depois de se tornar ex. Já Jeongguk, não estava tão animado em ir até a torre, visto que havia ido algumas vezes até lá desde que chegara à cidade, principalmente para fotografar, estava mais animado por ter a companhia de Jimin e esperava que, pelo menos, pudessem conversar civilizadamente.
A viagem até a torre não demorou, e logo os dois estavam em frente ao monumento, o admirando enquanto notavam vários casais fazendo o mesmo, a diferença era que Jeongguk e Jimin não eram mais um casal e, estarem ali sozinhos um com o outro em meio a tantas pessoas apaixonadas, os deixava extremamente desconfortáveis, nem a beleza da torre Eiffel era capaz de dar fim à melancolia que os tomava. Desejavam ter estado ali quando ainda estavam juntos, tudo seria diferente.
— Vá lá, fique em frente à torre, vou tirar uma foto sua — Jeongguk proferiu, buscando acabar com o clima pesado entre eles.
— Não precisa — Jimin respondeu, tentando manter a pose de indiferença, no entanto, Jeon o conhecia bem e sabia que ele apenas não queria dar o braço a torcer.
— Vá logo. Eu te conheço, sei que você quer — declarou, simplista, vendo um leve biquinho se formar nos lábios do mais velho por não conseguir enganá-lo.
Jimin, então, se posicionou de frente para Jeon, bem em frente ao monumento. Estava se sentindo constrangido por estar tão exposto ao moreno, já que ainda não se sentia confortável perto dele. Não sabia muito bem que pose fazer ao ver o mais alto retirar a câmera de dentro da mochila, diferente de antes, quando se sentia extremamente confortável sendo fotografado por ele. Optou por uma pose simples, porém, séria, que, aos olhos de Jeongguk, era extremamente elegante.
— Você ainda continua sendo o meu melhor modelo. Ficou muito bonito com essa cor de cabelo — soltou, sem perceber, após tirar algumas fotos, notando o constrangimento do rosado aumentar e vendo-o desviar o olhar, antes de voltar para o seu lado.
— Já está bom. Obrigado pelas fotos — disse, e Jeongguk não se atreveu a continuar com aquele assunto, já que também se sentia constrangido pelo seu comentário.
Ambos começaram a caminhar por ali, observando a paisagem enquanto Jeongguk tirava algumas fotos. Trocavam poucas palavras, mas estavam começando a se acostumar a estar na companhia um do outro novamente. Já era fim de tarde e o tempo começara a se tornar mais frio, fazendo com que ventanias ocasionais se fizessem presentes pela cidade, e Jeongguk não conseguia deixar de notar Jimin se encolher e esfregar as mãos nos braços em tais momentos. Abrindo sua mochila, retirou de dentro dela um casaco de cor preta e de zíper, o estendendo ao Park.
— Tome, pode vestir — disse, atraindo a atenção do outro, que o olhava um pouco hesitante.
— Não precisa — negou, porém, era nítido que ainda estava com frio.
— Não seja teimoso. Pegue, por favor, sei que está com frio — o moreno retrucou, entregando o casaco para o rosado, que, sentindo o frio lhe incomodar, acabou por vencer seu orgulho e aceitar o agasalho.
— Obrigado — agradeceu, encarando os olhos de Jeongguk enquanto sentia seus dedos se tocarem.
Enquanto olhava fixamente as orbes castanhas do Jeon, lembranças de acontecimentos como aquele no passado, como um deja vu, de momentos em que o mais novo sempre oferecia seu agasalho a ele quando percebia que estava com frio, até mesmo quando ele próprio precisava se aquecer, vieram à sua mente. Jeongguk sempre fora tão cordial consigo, não conseguia entender como o relacionamento que tinham pôde se desgastar tanto ao ponto de os fazerem se tornar outras pessoas e se tratarem de forma tão negligente.
— O que houve? — Jeongguk indagou, preocupado, ao reparar a súbita mudança em Jimin, que estava o olhando de uma forma que não conseguia decifrar o que se passava em seus pensamentos.
— Eu não estou me sentindo muito bem — declarou, escondendo o que de fato havia acontecido, entretanto, realmente não estava se sentindo bem ao ser atingido por aquelas memórias do passado que tivera com o moreno. — Podemos ir embora agora?
— Claro — Jeongguk não entendia o que estava acontecendo com o Park, porém, não iria insistir para que continuassem com o passeio se o mesmo não estava se sentindo bem, e aquilo o levou a ficar ainda mais preocupado.
⊰✾⊱
Depois de voltarem ao apartamento, Jeongguk e Jimin foram para seus quartos, tomar banho e descansar um pouco. As horas se passavam e Taehyung não havia chegado, deixando os dois completamente sozinhos. Jimin sabia que o amigo não voltaria tão cedo e que tudo não passava de um plano para deixá-lo a sós com o Jeon, então sabia que deveria aceitar a situação, já que não teria como evitá-la.
O Park estava sentado na sala, encolhido no sofá enquanto se via mais uma vez preso em lembranças que pareciam não querer deixá-lo e torturá-lo cada vez mais. A proximidade que havia tido com Jeongguk só fizera com que medos e incertezas lhe atingissem, e tudo só piorou quando finalmente entendeu que, diferente do que pensava — mas do que já duvidava desde que vira o Jeon no dia em que chegara ali —, ele não havia o superado, muito menos esquecido, e tê-lo tão perto apenas o provava que ainda o amava. Não sabia mais o que fazer, seu mundo parecia virado de cabeça para baixo e não tinha ideia de qual seria a decisão certa a se tomar. Não sabia se deveria dar uma nova chance ao amor que ainda sentia pelo Jeon e que parecia ter voltado a se fazer presente com tudo, ou se lutava para enterrá-lo novamente e continuar a fingir que havia o esquecido.
No entanto, a opção de fingir tê-lo esquecido parecia impossível naquele momento, principalmente ao desbloquear o celular e se deparar com a data.
1° de setembro.
Era aniversário de Jeongguk, jamais esqueceria aquela data, assim como nunca imaginou que estaria ao lado do moreno novamente naquele dia. O universo só poderia estar tramando para eles.
— Ei, como você está? — A voz de Jeongguk estava lá mais uma vez, o tirando de seus pensamentos, ao que sentia o aroma tão agradável de chocolate quente invadir seu sentido. — Está se sentindo melhor?
— Sim, estou. — Se permitiu dar um meio sorriso diante da preocupação do outro, sendo retribuído pelo mesmo gesto vindo deste.
Não demorou para que o mais novo sentasse ao seu lado no estofado e entregasse a ele uma xícara com o chocolate, o qual não havia conseguido recusar.
— Obrigado — tomou um gole da bebida, vendo Jeongguk fazer o mesmo, antes de se pronunciar novamente.
— Quer me contar o que houve? — Indagou, sentindo-se preso à necessidade de saber o que tomava os pensamentos do outro, já que sentia que era relacionado a si.
— Jeongguk, eu nem sei por onde começar — murmurou e, ao olhar para o moreno e perceber que seus olhos estavam vidrados em si, esperando que desabafasse, suspirou antes de continuar. — Toda essa situação é muito estranha para mim. Depois que terminamos, foi muito difícil para que eu conseguisse superar tudo o que aconteceu, e a última coisa que eu esperava era encontrá-lo aqui, justamente quando eu achei que já havia deixado o passado para trás. Eu não sabia como reagir e te ver e ter estado próximo a você só me fez ficar mais confuso.
— Eu entendo, Jimin, mas, encontrá-lo aqui não foi algo ruim para mim. Há algum tempo desejo te encontrar, porém nunca tive coragem de ir atrás de você, porque também tinha medo de desenterrar o passado e nos machucar ainda mais. Entretanto, agora, sinto que é uma boa oportunidade para nos esclarecermos e, quem sabe, resolver nossa situação — disse, sincero, impressionando Jimin com suas palavras, pois não esperava ouvir aquilo de vindo do Jeon, muito menos saber que o mesmo desejava reencontrá-lo.
— Acho que, no fundo, eu também queria revê-lo — confessou, fazendo com que Jeongguk fosse quem se surpreendesse naquele momento. — Eu não queria que as coisas entre nós tivessem acabado assim, e agora, quando paro para pensar, percebo o quanto fomos imaturos por não termos conseguido superar nossos problemas, sendo fracos e terminado com tudo daquela forma, desistindo de tudo o que vivemos.
— As coisas não precisam continuar assim, hyung, podemos aprender com nossos erros e recomeçar da forma certa — declarou, recebendo um olhar receoso do rosado.
— Eu não sei, Jeongguk…
— Vamos, esta é uma bela oportunidade para, como os franceses dizem: "redécouvrir l'amour", não acha? — Jeongguk proferiu, vendo Jimin arquear as sobrancelhas, confuso.
— O que isso significa?
— Que é uma boa hora para redescobrir o amor, Park. Juntos, você e eu — explicou, levando sua mão em direção a do rosado e deixando um carinho terno e aconchegante na mesma, fazendo com que Jimin sentisse os pelos de seus braços se arrepiarem. — Eu ainda te amo, Jimin. Me desculpe por ter agido como um babaca e ter desistido tão fácil de nós. No entanto, o tempo em que estivemos separados serviu para me mostrar que eu preciso de você comigo.
— Gguk… — Jimin sentia seu corpo vacilar sob o toque do moreno, sentia tanta saudade de ser tocado por ele, por senti-lo tão próximo de si. Sentia seu coração acelerado, e não poderia mais negar ou conter o que sentia pelo homem em sua frente. — Eu também ainda amo você, Jeongguk. E a culpa também é minha, eu deveria ter insistido mais em nós dois.
— Nós podemos consertar o nosso erro a partir de agora, o que acha? — Sugeriu, recebendo um manear de cabeça do rosado.
Jeongguk não precisava de mais palavras vindas de seu hyung, pois sabia que, assim como ele, Jimin estava disposto a recomeçar e dar mais uma chance ao amor que ainda nutriam um pelo outro. Não demorou para que sua mão fosse de encontro à nuca do mais velho e deixasse um leve carinho ali, antes de unir seus lábios e dar início a um beijo calmo, porém repleto de saudade.
Não havia pressa naquele beijo, ambos apenas aproveitavam o sabor de nostalgia que tal ato lhes proporcionava. Jimin segurava a camisa de Jeon, como se não quisesse se afastar do mesmo novamente, se aprofundando a sentir a maciez daqueles lábios os quais tanto sentiu falta. Ambos estavam plenos, contentes em mais uma vez compartilhar o carinho e amor que sentiam e que ficara reprimido por tanto tempo, mas que, a partir daquele momento, sabiam que apenas cresceriam ainda mais, e, desta vez, dariam o melhor de si para cultivá-los bem e superar os obstáculos que ainda poderiam enfrentar.
— Feliz aniversário, Gguk — Jimin sussurrou, ao se separarem do beijo, encarando-o com um sorriso o qual Jeongguk tanto ansiara rever, ainda com a respiração descompassada.
Jeongguk não pudera conter a alegria que sentia e nem o sorriso bobo que se fez presente em seus lábios ao perceber que Jimin não havia se esquecido daquela data.
— Obrigado, Jimin-ssi — agradeceu, com um enorme sorriso, antes de selar os lábios cheinhos do Park. — Ter você comigo novamente é o melhor presente que eu poderia desejar.
Jimin havia desejado encontrar um novo amor durante aquela viagem, no entanto, reencontrar e redescobrir seu antigo e grande amor era ainda melhor e não poderia estar mais feliz com isso.
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