1. Spirit Fanfics >
  2. Reescrevendo as Estrelas >
  3. And there are doors that we can't walk through

História Reescrevendo as Estrelas - And there are doors that we can't walk through


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Oláá, estrelinhas! Voltamos com nosso casalzinho em crise~

Espero que vocês gostem desse capítulo! Eu curto muito esse plot e essa dinâmica e eu sei que as coisas parecem estar indo só ladeira abaixo agora, mas tenham fé em mim e no final feliz do nosso casalzinho ! E essa Taylor no comecinho do cap, hein? Apostas sobre o que temos hoje?

A fanfic foi betada pela Manu, como sempre, muito obrigada, xuxu! <3 Boa leitura e nos vemos lá embaixo~ <3

Capítulo 2 - And there are doors that we can't walk through


REESCREVENDO AS ESTRELAS

Capítulo dois — And there are doors that we can't walk through

 

["You called me later

And said, "I'm sorry, I didn't make it"

 And I said, "I'm sorry too"

And that was the moment I knew"

The Moment I Knew, Taylor Swift]

 

Os dias se passam.

 

Por mais que tentasse, Chanyeol não conseguia deixar de pensar na conversa que tivera com os amigos. As palavras de Sehun ecoavam em sua cabeça, fazendo com que considerasse opções que nunca passaram por sua cabeça até então. Separar-se de Baekhyun parecia uma decisão drástica demais e Chanyeol não queria pensar sobre isso, mas não conseguia deixar de pensar.

 

Voltar para casa após a discussão com Baekhyun foi difícil. A pior parte de brigar com seu marido sempre foi o pós-briga, de toda forma; a sensação de não saber onde estava pisando, se deveria ou não falar com o mais velho, se Baekhyun ao menos estaria em casa quando voltasse... Voltar para uma casa vazia sempre era seu pior pesadelo, ainda que Chanyeol tenha sido o primeiro a deixá-la quando as coisas se tornaram insustentáveis naquela manhã.

 

Para sua surpresa, Baekhyun estava lá. Sentado no sofá da sala de estar, a televisão ligada em um canal aleatório que tinha certeza que ele não estava assistindo — Baekhyun jamais gostou de programas de reforma de casa —, e soube que ele tinha notado sua presença no momento em que fechou a porta às costas. Seu marido virou o rosto em busca do que resultou no barulho, seu rosto se iluminando por um momento ao perceber seu retorno.

 

Em seguida, o mesmo sentimento de incerteza voltou a permear sua expressão, como se Baekhyun não soubesse se poderia estar feliz com o retorno de Chanyeol. O Park engoliu em seco; não poderia dizer que não havia uma parcela de seu comportamento naquela reação, ainda que fosse um pouco doloroso sentir que Baekhyun estava receoso ao seu lado.

 

Não era assim que as coisas deveriam ser.

 

Quando se casou com Baekhyun, as promessas que fizeram envolviam sempre ouvir um ao outro, independente do que acontecesse; Chanyeol sabia que algumas promessas eram mais difíceis de serem mantidas do que outras, mas não estava em seus planos chegar em um ponto onde olhariam um para o outro e não saberiam o que dizer para que não houvesse um estrago ainda maior.

 

Mas os dias se passam.

 

Aquele sábado passou, ainda que o estranhamento tenha permanecido até que o domingo chegasse. Baekhyun tentou uma nova aproximação no novo dia, a passos lentos e vagarosos, como se temesse que Chanyeol pudesse iniciar uma nova discussão com sua tentativa. O Park assistiu aos novos avanços de seu marido com igual apreensão. Contudo, conseguia perceber que Baekhyun estava tentando e, por ora, era suficiente.

 

Um passo adiante ainda era progresso e Chanyeol ficaria feliz com todos os pequenos passos que davam para longe da crise que começava a consumi-los.

 

A aproximação do retorno de Baekhyun ao trabalho com a segunda-feira reacendeu no mais novo o sentimento de apreensão em não saber se as tentativas de aproximação morreriam com o final de semana, se Baekhyun voltaria a quebrar suas promessas com a chegada do primeiro dia útil da semana. Decidiu que seria mais saudável se não mantivesse qualquer expectativa; Baekhyun não poderia quebrar o que não existia.

 

Para sua completa surpresa, a porta de entrada anunciou a chegada de seu marido no horário de costume; Chanyeol até mesmo checou o relógio para saber se realmente não havia passado das sete da noite ainda quando Baekhyun se aproximou com um sorrisinho contido.

 

“Cheguei”, Baekhyun sussurrou.

 

“Você chegou cedo hoje”, Chanyeol devolveu no mesmo tom, mas não se afastou com a aproximação do marido.

 

Baekhyun enlaçou a cintura do mais novo, mantendo-os presos naquele abraço e em silêncio por alguns segundos. “Acredito que haja algumas coisas que eu deveria rever e nunca é cedo demais, não é?”

 

Chanyeol sorriu. “É, nem tarde demais.”

 

Seria mentira se dissesse que aquele gesto, por mais bobo que fosse, não havia aquecido seu peito. Baekhyun não havia deixado que tudo que dissera dias antes entrasse por um ouvido e saísse por outro; embora soubesse que nem tudo poderia ser imediato, seu marido continuava tentando e, para Chanyeol, bastava por enquanto. Baekhyun não desistira deles e não seria Chanyeol a fazê-lo.

 

Com o decorrer da semana, Baekhyun continuou a chegar no horário combinado, até mesmo enviando mensagens ao marido avisando que já havia saído do trabalho. Aos poucos, Chanyeol passou a ansiar por sua chegada, olhando para a porta de entrada sempre que o horário de costume se aproximava e abrindo um sorriso ao perceber que Baekhyun havia chegado.

 

Aos poucos, a ideia de Sehun parecia cada vez mais e mais absurda até que chegou o momento em que Chanyeol não mais pensava a respeito.

 

Em um início de noite de terça feira, Chanyeol estava na cozinha terminando de preparar o jantar quando ouviu a porta ser aberta. Olhou por cima do ombro com estranheza porque era cedo demais até mesmo para os esforços de Baekhyun — ao decorrer dos últimos dez dias, precisou reconhecer as tentativas do marido inúmeras vezes — e se perguntou o que poderia estar acontecendo.

 

Baekhyun apareceu na cozinha ainda nas vestes de trabalho, afrouxando a gravata apertada no pescoço e olhando-o com um sorrisinho de canto. Chanyeol precisou conter o suspiro em sua garganta porque Baekhyun era ainda mais atraente em roupas sociais.

 

“Aconteceu alguma coisa hoje?”, Chanyeol perguntou, olhando-o com curiosidade.

 

Baekhyun deu de ombros, aproximando-se até que pudesse abraçar Chanyeol pelas costas, apoiando o rosto no ombro do mais novo. “Eu só estava com saudades”, respondeu baixinho. “E achei que não faria mal surpreender meu marido uma vez ou outra.”

 

Chanyeol riu baixinho, mas não se moveu ou fez qualquer indicativo para que Baekhyun se afastasse. Pelo contrário, continuou a mexer na panela, imerso na sensação de familiaridade que era ter a respiração de Baekhyun em seu pescoço enquanto cozinhava, como faziam no início do casamento e como a rotina pesada fez com que, aos poucos, se tornasse cada vez mais raro.

 

“Seu marido está mesmo muito surpreendido”, Chanyeol brincou, “mas também muito feliz.”

 

“E já é suficiente para mim”, Baekhyun sorriu contra sua pele, subindo pelo pescoço de Chanyeol até que alcançasse seu rosto onde deixou um beijo rápido.

 

Baekhyun se afastou em seguida, permitindo que Chanyeol terminasse de cozinhar em paz enquanto subia para um banho rápido. Chanyeol sorriu para si mesmo, satisfeito pelos avanços que estavam fazendo; era quase como estarem de volta ao primeiro ano de casamento e, embora soubesse que havia muito a ser trabalhado, permitiria a si mesmo comemorar pequenos avanços.

 

O tempo de Baekhyun voltar para a cozinha, dessa vez em roupas casuais e cheirando ao shampoo que dividiam, foi suficiente para que Chanyeol já tivesse a mesa posta. O Byun sorriu para o marido, sentando-se de frente a ele para que pudessem jantar juntos. Uma atividade tão rotineira e que Baekhyun conseguia agora perceber há quanto tempo não conseguiam fazer graças aos seus horários de trabalho.

 

Mas estava dando seu melhor para mudar isso, certo? Chanyeol merecia o esforço porque seu marido merecia tudo que pudesse dar.

 

Começaram a comer em silêncio, com Chanyeol vez ou outra lançando um olhar para o marido. Os dias estavam sendo muito mais agradáveis agora que tinha a companhia de Baekhyun em casa por mais do que poucas horas e em sentir que ele estava mesmo ali e não com a cabeça no trabalho. Uma vozinha chata no fundo de sua cabeça insistia em lhe dizer que isso era temporário e que em breve ele voltaria a ser o Baekhyun de antes, mas Chanyeol estava se esforçando para ignorá-la e mantê-la soterrada no fundo de sua mente.

 

Eles estavam dando uma chance um ao outro novamente, não estavam? E Chanyeol resolveu que Baekhyun merecia o benefício da dúvida.

 

“Como está sendo no trabalho?”, Chanyeol perguntou depois de algum tempo, surpreendendo o marido. Seu trabalho era justamente o pivô de muitas das discussões que tiveram. “Você comentou que estava sendo caótico alguns dias atrás.”

 

“Estamos ajeitando as coisas finalmente”, Baekhyun respondeu, por fim, “ainda temos muito a fazer, mas acredito que esse acordo está prestes a ser firmado e, então, teremos mais paz.”

 

Chanyeol sorriu. “Isso é bom”, respondeu. “Eu sei que seu trabalho é importante para você.”

 

Baekhyun assentiu, procurando pela mão do marido em cima da mesa e entrelaçando os dedos de ambos quando a apanhou. “Não mais do que você”, reforçou. “E o seu dia? Como foi?”

 

Chanyeol, então, começou a falar sobre a nova exposição de arte na qual estava trabalhando, sobre a carga de trabalho excessiva e as horas contínuas de pesquisas para que nada saísse fora do lugar, mas que estava sendo recompensador ao perceber o resultado final que se aproximava. Baekhyun ouviu com atenção — Chanyeol tinha uma alma de artista e um olhar sensível do qual nada escaparia, tinha certeza de que a exposição não poderia ser nada além de um sucesso em suas mãos.

 

“Acho que a exposição também será em breve, eu te aviso quando for acontecer”, Chanyeol comentou após sua última garfada. A conversa estava sendo tão agradável com seu marido depois de tanto tempo em silêncio que até mesmo o horário de jantar passou em um piscar de olhos.

 

“Eu vou adorar saber”, Baekhyun concordou. “Mas eu tenho certeza de que será incrível, você nunca fez nada que não fosse perfeito.”

 

Chanyeol riu, um pouco encabulado, mas aceitou o elogio. Era bom sentir-se amado mais uma vez, sentir o olhar de Baekhyun em si e a maneira como os olhos dele o acompanhavam pela cozinha enquanto levava a louça suja para a cozinha. Poderiam pensar em lavá-la depois; nesse momento, a única coisa que o Park gostaria era de voltar para a companhia do marido e aproveitar de sua surpresa enquanto ainda durava.

 

Sabia que não poderia cobrar todos os dias da presença de Baekhyun como estava sendo agora. Entendia que seu marido tinha responsabilidades em seu trabalho, que por vezes ele teria mesmo que ficar até mais tarde, mas, por ora, não queria pensar em nada disso. Baekhyun entendera onde estava errando com ele e Chanyeol não via mal algum em dar-lhe alguns agrados por conta disso.

 

Afinal de contas, estava mesmo sentindo falta do marido.

 

“O que acha de a gente subir?”, Chanyeol propôs baixinho, enlaçando o pescoço de Baekhyun e aproximando seus corpos no processo.

 

“Me parece uma ideia ótima”, Baekhyun devolveu no mesmo tom, as mãos seguras na cintura alheia, subindo e descendo vagarosamente em um carinho mudo.

 

Chanyeol uniu os lábios aos do outro em um beijo calmo e rápido, antes de separar seus corpos para puxar Baekhyun pela mão. Guiou-o pela casa, subindo a escada aos risinhos baixos como se ainda fossem um casal de adolescentes em mais uma travessura, olhando por vezes por cima do ombro apenas para encontrar Baekhyun com um sorriso no rosto e os olhos atentos em cada movimento seu.

 

Uma vez no quarto que dividiam, Baekhyun foi quem agiu mais rápido, prendendo o marido em seu abraço mais uma vez e guiando os lábios aos de Chanyeol, iniciando um novo beijo. Dessa vez, muito mais lento do que o último trocado, como se tivessem todo tempo do mundo um para o outro, saboreando cada pedacinho do homem à sua frente, de tudo que não estivera aproveitando nas últimas semanas e sabia disso.

 

Não era tarde demais para que consertasse o tempo perdido e para que se perdesse no corpo de seu marido mais uma vez. Chanyeol era o homem mais bonito em quem já pusera os olhos e tivera a sorte grande de ser escolhido por ele como seu amor; Baekhyun não poderia fazer menos do que devolver esses sentimentos em igual intensidade, como fazia agora.

 

Chanyeol derreteu em seus braços, deixando o pescoço exposto aos beijos de Baekhyun e suspirando baixinho com o contato dos lábios do marido em sua pele. Sentia tanta falta de ter Baekhyun consigo que a última coisa que gostaria era de pensar em quando essa noite teria seu fim. Manteve os olhos fechados, concentrado nas sensações que viajavam por seu corpo, sem nunca abandonar o sorriso frouxo e feliz em seu rosto.

 

Baekhyun se afastou por alguns segundos, admirando a figura do homem em seus braços. Chanyeol abriu os olhos, devolvendo o olhar recebido com um sorriso um pouco mais encabulado dessa vez por estar sendo observado.

 

“Eu amo você”, Baekhyun sussurrou.

 

“Eu também”, Chanyeol sorriu.

 

Eram palavras que ouviam um do outro diariamente, mas que, aos poucos, começou a perder o sentido inicial, atropeladas pelo ritmo frenético dos objetivos de Baekhyun e deixados de lado por Chanyeol como uma maneira de proteger a si mesmo dos sentimentos feridos pela ausência do marido. Agora, contudo, ganhavam um novo significado, nova força e ambos buscavam se prender a essas três palavras que significavam tudo.

 

Chanyeol sentiu a maciez do colchão contra suas costas e o corpo de Baekhyun cobrindo o seu e, quando o sorriso de seu marido mais uma vez se uniu ao seu, desejou que essa noite pudesse ser infinita.

 

. . .

 

Aproveitando-se da boa fase que estavam vivendo, Chanyeol teve uma ideia.

 

Depois da última surpresa que Baekhyun fez, seu marido se sentiu um pouco mais livre em comentar a respeito da própria rotina no trabalho, sem sentir que o assunto deixaria Chanyeol desconfortável ou qualquer coisa do tipo. Não era o que o Park desejava; sabia que o trabalho fazia parte de quem Baekhyun era e exigir que deixasse de lado não seria justo de sua parte. Por isso, ouvia com atenção cada relato sobre as reuniões cansativas, mas atento à maneira como os olhos de Baekhyun brilhavam enquanto falava.

 

Era mesmo apaixonado pelo que fazia, pela equipe que liderava e pelas mudanças que jurava estarem prontas para acontecerem. Chanyeol também havia se apaixonado por todo esse entusiasmo e, por isso, era bom vê-lo dessa maneira, sem tentar esconder para não gerar um novo conflito. Se gostariam de ter um casamento saudável, era necessário que ambos soubessem quando ceder e quando exigir algo em troca e Chanyeol sabia que essa era a sua parte de ceder.

 

Apesar de mais algumas vezes Baekhyun ter precisado ficar até tarde no trabalho, isso não os afetou como anteriormente porque seu marido fazia o possível para compensar os atrasos em outros dias. Por vezes, chegava do trabalho com um presente diferente, fazendo Chanyeol rir ao dizer que não precisava, mas sentindo o coração quentinho pela atenção recebida. Por outras, Baekhyun inovava entre os dois, levando-o para comer fora ou fazendo os antigos programas de casais que tinham costume quando ainda namoravam.

 

Tudo estava mesmo indo bem e Chanyeol estava feliz. Reconhecia a crise pela qual passaram por semanas e até mesmo a insistência da ideia de separação que rondou sua mente por dias, mas agora pareciam águas passadas. Parecia pronto para a nova fase de seu casamento que mais se assemelhava aos dias ensolarados do início e esperava que Baekhyun estivesse se sentindo da mesma forma.

 

Foi por isso que o Park decidiu que não faria mal algum fazer uma visitinha ao marido em seu trabalho.

 

Havia se acostumado a trabalhar de casa, indo a galeria de arte que comandava em momentos oportunos quando sua presença era exigida ou durante exposições que organizava. Baekhyun tinha um estilo de vida diferente do seu em relação ao trabalho, acostumado a estar rodeado de pessoas em todos os momentos e talvez por isso tendo uma rotina tão caótica.

 

Imaginara que seria uma boa surpresa caso aparecesse por lá apenas para dar um oi, dizer que estava com saudades, qualquer coisa do tipo. Baekhyun com certeza não esperaria por sua visita, mesmo que Chanyeol tivesse certeza de que aparecer sem avisar não atrapalharia seu marido em nada. Era o tipo de coisa que costumavam fazer um com o outro no início, após a graduação, e que se perdeu na rotina que construíram.

 

Se estavam voltando aos velhos hábitos, Chanyeol gostaria de voltar com esse também.

 

Além do mais, a exposição na qual estava trabalhando há algumas semanas aconteceria na sexta-feira e não faria mal recordar seu marido de como desejava sua presença. Baekhyun havia lhe dito que estava interessado em ir e ouvira com atenção sobre como fora difícil conseguir esse artista, como era importante para sua carreira e esperava ganhar novos patrocinadores para a galeria. O mais velho ouviu tudo, assentindo vez por outra, e garantindo a Chanyeol que teria seu apoio.

 

Era tudo que Chanyeol precisava, no final das contas, e estava ainda mais animado para o dia da exposição por saber que era a primeira que estaria com Baekhyun sem ter que pensar se precisaria dividi-lo com trabalho.

 

Apanhou um Uber até o endereço que conhecia tão bem, usando do tempo no caminho para pensar no que diria ao marido quando o visse. Baekhyun com certeza se surpreenderia com sua chegada e Chanyeol queria que ele tivesse uma boa recordação de sua visita, afinal, a última coisa que precisava era apanhá-lo em um momento ruim e acabar gerando um clima pesado aos dois que mal tinham saído do clima péssimo de semanas antes.

 

Quando chegou ao prédio onde Baekhyun trabalhava, Chanyeol já tinha tudo organizado em sua cabeça; agradeceu ao Uber, cumprimentou a secretária da recepção e chamou o elevador, apertando o botão do andar que já conhecia tão bem. Baekhyun começara muito cedo naquele lugar e, aos poucos, ascendeu ao cargo que ocupava agora. Chanyeol não poderia estar mais orgulhoso de seu marido.

 

O andar onde Baekhyun trabalhava estava estranhamente vazio quando o elevador chegou e Chanyeol olhou ao redor tentando adivinhar se escolhera um dia ruim ou não. Baekhyun não comentou nada sobre estarem fora hoje, o que às vezes acontecia quando precisavam discutir projetos com empresas parceiras. Continuou seu percurso até chegar a secretária do marido que o cumprimentou com um sorriso.

 

“Olá, Seulgi. Sabe me dizer se Baekhyun está?”

 

A mulher pareceu levemente surpresa com a pergunta, mas manteve o sorriso onde estava ao responder. “O Sr. Byun está em uma reunião importante hoje”, disse. “Não tem previsão de seu término, mas se o senhor quiser esperar...”

 

Chanyeol não sabia a respeito de uma reunião hoje; Baekhyun adotara o costume de dividir sua agenda com o marido, assim Chanyeol sempre sabia quando não o esperar, para que não pensasse que algo aconteceu com o Byun. Contudo, não deu muita atenção ao fato; reuniões podem ser agendadas a qualquer momento e provavelmente era algo muito urgente para que Baekhyun não tivesse dito nada, principalmente por não ter uma previsão de término.

 

Tirara a tarde de folga para fazer uma visita ao marido, então não viu por mal esperar até que a reunião de Baekhyun terminasse e pudesse surpreendê-lo. Agradeceu a informação com Seulgi e sentou-se para esperar pelo marido, batucando os dedos contra a coxa. Estava animado para saber sua reação e não poderia mentir que não estava curioso com o que quer que tenha tirado Baekhyun de seus afazeres para uma reunião repentina.

 

Seulgi continuou com seus afazeres e Chanyeol escolheu não a perturbar, ocupando-se com seu celular. Em breve Baekhyun estaria lá e poderiam ter um momento dos dois antes que voltasse para casa.

 

Porém, os minutos foram se passando e a espera se prolongou por um tempo a mais do que o Park havia pressuposto. Imaginou se não estaria incomodando Seulgi por estar sentado tão próximo da mulher, ainda que estivesse em silêncio, porque por vezes a secretária dispensava um olhar ou outro em sua direção. Chanyeol sorriu para a garota, receptivo a uma conversa caso fosse de seu interesse. Com certeza o distrairia mais do que Candy Crush.

 

“O Sr. Byun está sempre muito ocupado com reuniões, não é?”, Seulgi comentou em determinado momento, olhando-o com um sorriso pequeno. A mulher parecia satisfeita com o desempenho de seu marido, como era de se esperar de sua equipe. “Você deve estar orgulhoso dele, o Sr. Byun realmente se dedica bastante ao trabalho.”

 

Chanyeol não queria ser o estraga-prazeres ao dizer que, na verdade, preferia que Baekhyun trabalhasse menos. Estavam encontrando um ponto de equilíbrio entre seu casamento e a carreira de ambos, não precisava expor mágoas passadas que estavam tentando superar juntos. Além do mais, estava mesmo orgulhoso de Baekhyun — não havia mentira alguma no que Seulgi havia dito.

 

“Ele sempre foi muito obstinado”, Chanyeol concordou. “Desde que estávamos na faculdade, Baekhyun sabia muito bem o que queria e o que era necessário ser feito para que conseguisse.”

 

“Ele é um ótimo líder, consegue inspirar toda a equipe”, Seulgi comentou. “Não à toa está sempre muito requisitado nos projetos. É quase certeza de sucesso tendo sua participação.”

 

Chanyeol sentiu o quentinho no peito mais uma vez ao ouvir os elogios a seu marido. Sabia que Baekhyun merecia cada um deles; dedicara muito de si àquele emprego, em conseguir o posto que agora ocupava e ser uma pessoa nas quais as outras poderiam se apoiar. Tinha orgulho desse lado de seu marido e não deixou escondido, abrindo um sorriso ainda maior para a secretária.

 

“É bom saber que meu marido é querido por todos dessa forma”, Chanyeol disse. “Ele realmente gosta muito de todos aqui, fala com os olhos brilhantes a respeito do que estão trabalhando.”

 

A conversa se seguiu no mesmo tom por mais alguns minutos, com Seulgi compartilhando algumas histórias de trabalho, umas mais vergonhosas do que outras, e com Chanyeol adorando conhecer um pouco mais do Baekhyun que não via em casa. Ele era querido por seus companheiros de trabalho e respeitado por todos, como conseguia ver em Seulgi, e isso também deixava Chanyeol feliz.

 

Baekhyun era como uma pílula de energia por onde passava e o Park sabia muito bem os efeitos disso.

 

Distraiu-se o suficiente conversando com Seulgi ao ponto de não perceber o momento em que o falatório começou a chegar naquele andar, indicando a chegada de todos que outrora estiveram em reunião com Baekhyun. Os companheiros de trabalho de seu marido se dispersavam indo cada um para seu lugar continuar o trabalho e Chanyeol se levantou, sorrindo para o mais velho quando Baekhyun deu conta de sua presença, o choque se espalhando em seu rosto.

 

“O que você está fazendo aqui?”, Baekhyun questionou após cumprimentá-lo; havia um sorriso pendente em seus lábios.

 

“Eu estava com saudades”, Chanyeol deu de ombros, “e resolvi que uma visita não faria mal. Como nos velhos tempos.”

 

“Não faria nenhum mal mesmo”, Baekhyun devolveu. “É bom te ver. Uma reunião me pegou completamente desprevenido hoje, eu nem tive tempo de mandar uma mensagem para você.”

 

Chanyeol deu de ombros. “Está tudo bem, Seulgi me foi uma ótima companhia até agora”, riu baixinho. “Nós estávamos bem comentando sobre como você se comporta no seu trabalho.”

 

“Espero que ela tenha apenas coisas boas a serem ditas a meu respeito”, Baekhyun brincou olhando de soslaio para a secretária. Seulgi deu um sorrisinho em resposta, mas desviou o olhar em seguida dando privacidade ao casal.

 

“Ah, eu certamente descobri coisas que eu adorei saber”, Chanyeol deu de ombros. “Coisas que posso usar como chantagem caso você se esqueça do nosso compromisso nessa sexta feira.”

 

Baekhyun ergueu uma sobrancelha, curioso. “Não lhe tomei como um chantagista quando me casei com você.”

 

“Eu trabalho com as coisas que a vida me oferece”, Chanyeol deu de ombros. “Mas é sério, eu vim te recordar sobre a exposição nessa sexta-feira. Você pode levar seus companheiros de trabalho, se quiser, serão todos muito bem-vindos e é uma ótima maneira de desestressar depois de uma semana tão cheia!”

 

Chanyeol estava muito animado falando a respeito da exposição para perceber a centelha de dúvida que passou pelo rosto de Baekhyun, mesmo que apenas por um momento. No instante seguinte, o Byun ostentava um novo sorriso, assentindo para tudo que o marido falava, achando um pouquinho de graça em como Chanyeol se entusiasmava ao falar sobre seu trabalho.

 

“Então, posso contar com você?”, Chanyeol perguntou mais uma vez.

 

Baekhyun hesitou por alguns segundos. Depois, respirou fundo, com um sorriso confiante. “É claro, eu não perderia por nada”, respondeu. “Vou chamar todo mundo, pode deixar comigo.”

 

“Era o que eu esperava!”, Chanyeol comemorou. “Então eu vou indo, já ocupei seu tempo suficiente e sei que tem coisas para fazer ainda. Te vejo em casa!”

 

Chanyeol roubou um beijo rápido do marido, pegando-o de surpresa e rindo baixinho para si mesmo ao ouvir os gracejos dos companheiros de trabalho de Baekhyun que ainda estiveram atentos ao casal que conversava. Chanyeol se despediu de Seulgi, reforçando o convite à garota também e deixando o andar em seguida, acenando para o marido antes que as portas do elevador se fechassem, levando-o de volta ao térreo.

 

O sorriso parecia preso em seu rosto, como se não se recordasse de como era ficar sem sorrir a todo momento. As coisas estavam mesmo indo muito bem em sua vida nas últimas semanas e Chanyeol jamais estivera mais feliz — tinha uma carreira sólida, uma lista de contatos valiosa, amigos com quem contar e, agora, um marido atencioso e que estava disposto a vê-lo brilhar tanto quanto Chanyeol o assistiu fazer até agora.

 

Pelo que mais poderia pedir?

 

Enquanto esperava pelo Uber para voltar para casa, pensou em como Sehun havia sugerido a separação durante a crise pela qual passaram e como agora parecia uma ideia completamente descabida. Não tinha ideia do que tinha na cabeça quando cogitou como uma ideia plausível, mas jamais estivera mais satisfeito em descartar algo como estava agora.

 

Não precisava sequer pensar em se separar de Baekhyun. As coisas estavam finalmente como Chanyeol sempre quis que estivessem — e pretendia que continuassem assim.

 

. . .

 

A sexta-feira chegou e Chanyeol estava uma pilha de nervos.

 

Havia trabalhado demais para que tudo saísse perfeito nesse dia e esperava que nada se provasse fora de seu controle; pessoas importantes viriam contemplar seu trabalho e, por isso, Chanyeol sabia que tinha uma grande responsabilidade em mãos. Não apenas de gerenciar sua galeria de arte, mas com os artistas que compunham a exposição e cujas obras seriam angariadas pelos possíveis patrocinadores.

 

Tivera sorte de ter seus amigos ajudando-o a organizar a galeria conforme o esquema preparado semanas antes; Sehun e Minseok se provaram de grande ajuda, principalmente o mais velho por ter um senso de perfeccionismo inerente à sua personalidade. Sehun não via tanta necessidade assim, mas cumpria as ordens do marido sem questioná-las, até porque entendia que era importante para Baekhyun.

 

Ao decorrer do dia, nem mesmo tivera tempo para pensar em Baekhyun. Seu marido estava ocupado no trabalho, como era de costume em sextas feiras, mas Chanyeol também tinha sua própria cota de trabalho com a qual se preocupar. Além do mais, o mais velho já havia garantido sua presença no evento, então não tinha qualquer necessidade de que Chanyeol procurasse por uma nova confirmação quando tinha tudo sob controle.

 

Bom, ao menos ele esperava que tivesse. Havia tantos detalhes que precisava checar antes da grande noite que podia jurar que enlouqueceria a qualquer momento.

 

Precisava se recordar de agradecer aos amigos por terem disposto de seus dias de folga para ajudarem-no com algo tão importante para si. Ainda que houvesse pessoas contratadas para essa noite, Chanyeol se sentia mais seguro tendo Sehun e Minseok checando os detalhes consigo; os amigos estiveram lá quando começou com a galeria, com uma ideia mais modesta e nem tão ambiciosa. A galeria foi um grande sucesso, atraindo olhares de todos os tipos de pessoas e Chanyeol começou a sentir a pressão aos poucos.

 

Aquilo era o que amava fazer, não tinha qualquer dúvida quanto a isso. Gerenciar a galeria de arte podia ser uma dor de cabeça em noites como essa em que nada pode dar errado para que todos os artistas sejam contemplados, mas, na maior parte do tempo, resumia-se a estar imerso em arte. O Park sabia que não havia nascido para nada além daquilo e gostava da sensação de poder dar asas a outras pessoas com uma sensibilidade artística tão semelhante à sua.

 

Já vivenciara outras exposições desde que começou com a galeria, mas dessa vez era diferente. De alguma forma, Chanyeol conseguia sentir.

 

Precisou de muito esforço dos amigos para que desse um tempo nas vistorias da galeria, procurando por qualquer mínimo defeito que ainda precisava consertar. Minseok o tinha garantido que estava tudo perfeito — os quadros estavam posicionados em seus devidos lugares, o bar estava abastecido com o melhor champanhe e todos os funcionários contratados para a noite já tinham chegado, apenas estavam se preparando na parte de trás da galeria. Nada sairia do lugar se Chanyeol parasse por um minuto e respirasse.

 

O Park não conseguia entender porque isso era tão importante nesse momento, mas não contrariou aos amigos, escolhendo um banquinho para se sentar de frente a um quadro retratando um casal em tons de sépia. A obra era interessante — assemelhava-se a uma fotografia como se tivesse sido rasgada anteriormente e seus pedaços nunca voltaram a se colar por completo, ainda que estivessem aproximados. Talvez a ideia do artista envolvesse o limbo entre nunca estar perto demais, nem distante demais.

 

Não gostava da sensação de que aquela pintura lhe passava. O arrepio que passou por sua coluna certamente não tinha nada de bom.

 

“E então, Chan, como está se sentindo?”, Sehun perguntou. “É a grande noite.”

 

“Como se eu pudesse explodir a qualquer momento”, Chanyeol respondeu. “Vocês têm certeza de que—”

 

“Está tudo perfeito, Chanyeol”, Minseok reiterou, sem nem mesmo precisar que o amigo terminasse aquela frase. Já a ouvira inúmeras vezes antes na última hora. “Nós nos asseguramos de tudo pessoalmente, você vistoriou a galeria inteira no mínimo umas três vezes.”

 

Chanyeol sabia que estava sendo paranoico. É só porque... Tinha um pressentimento ruim. Nada poderia sair errado e, ainda assim, sua mente insistia em dizer que alguma coisa estava errada.

 

Entretanto, respirou fundo, tentando aliviar sua mente de pensamentos como esses. Não era uma boa ideia tentar atrair energia negativa para uma noite como aquela e, além do mais, Chanyeol só estava nervoso. Tinha certeza de que, assim que os convidados começassem a chegar e o burburinho começasse a soar pelos corredores da galeria, as coisas seriam diferentes. Teria uma taça de champanhe em suas mãos e muitos sorrisos a distribuir em troca dos elogios esperados. Tudo que precisava fazer era esperar mais algumas horas.

 

Olhou no relógio, percebendo que faltava pouco menos de uma hora para a abertura. Também se aproximava o horário de saída de Baekhyun; sabia que o marido chegaria uns minutinhos depois do início da exposição, mas não tinha problema. Chanyeol sabia que ele estaria ao seu lado, segurando sua mão como havia prometido.

 

“E o Baekhyun?”, Sehun quis saber de repente, tirando-o de seus pensamentos. “Você comentou da exposição com ele?”

 

“Por que eu não comentaria? É meu marido”, Chanyeol deu de ombros, sem entender o propósito da pergunta.

 

Sehun também deu de ombros, como se não fosse nada demais. “É que depois da última conversa que tivemos a respeito dele, as coisas não pareciam... Promissoras.” Um cutucão nas costelas vindo de Minseok foi o suficiente para calá-lo. “Minseok, isso dói!”

 

“Como você merece”, Minseok devolveu com um olhar estreito.

 

Chanyeol conseguia ver a maneira como Minseok o encarava, quase como um aviso ao marido para que não tocasse naquele assunto. Não poderia culpá-los; fora em busca de conselhos quando tudo parecia estar desmoronando e não tivera sequer tempo, com todos os preparativos para a exposição se aproximando, de contar aos amigos sobre sua reconciliação com Baekhyun. É claro que os dois ainda estariam presos ao cenário que os tinha mostrado.

 

“O Baekhyun virá, ele me prometeu”, Chanyeol garantiu. “Nós estamos... Vivendo uma nova fase. Desde aquele dia, Baekhyun tem mudado comigo, tem sido mais atencioso, chegado mais cedo em casa e passamos mais tempo juntos. É quase como estarmos de volta ao primeiro ano do casamento e por isso eu sei que ele vai vir.”

 

Sehun não parecia estar muito convencido do que ouviu, mas sorriu com um novo dar de ombros, deixando o assunto de lado para voltar a falar a respeito das obras expostas. Para Chanyeol, também era uma boa ideia; Baekhyun era a última de suas preocupações naquela noite porque havia uma promessa feita e a nova fase que viviam dependia exclusivamente do quanto conseguiriam manter aquelas promessas.

 

O tempo passou mais rápido enquanto conversava com os amigos e, quando deu por si, era hora de abrir a galeria para dar início à exposição. Os funcionários contratados já estavam em seus devidos lugares, todos perfeitamente uniformizados e com sorrisos simpáticos. Chanyeol olhou ao seu redor uma última vez com um suspiro aliviado e abriu a galeria com um sorriso orgulhoso.

 

Já havia algumas pessoas à espera da abertura e Chanyeol cumprimentou uma por uma, indicando-lhes para que ficassem à vontade. Aos poucos, a galeria começou a encher-se de curiosos, interessados em adquirir alguns quadros ou apenas amantes da arte como ele próprio. Os artistas também estavam presentes, cumprindo seus papéis enquanto apresentavam suas obras.

 

Olhou no relógio mais uma vez, percebendo que já havia dado o horário de saída de Baekhyun. Seu marido chegaria a qualquer momento e com certeza estaria mais aliviado quando o tivesse ao seu lado; Baekhyun tinha uma capacidade ainda maior do que a sua de encantar possíveis compradores e as conversas seriam muito mais fáceis se o tivesse consigo. Chanyeol só precisava esperar mais alguns minutos.

 

Caminhou pela galeria a esmo, apresentando um ou outro artista a possíveis compradores, participando de uma ou outra rodinha de conversas, como seu trabalho demandava. Estava tudo saindo conforme o planejado e os murmurinhos começavam a alcançá-lo, elogiando a organização do evento e a qualidade das obras expostas. Profissionalmente, Chanyeol não poderia estar mais orgulhoso de si mesmo.

 

Ainda assim, havia aquela centelha boba em seu peito recordando-o e que alguma coisa estava errada e ainda não havia identificado o quê. A galeria não poderia estar melhor e o sucesso que a exposição estava alcançando nem mesmo havia sido previsto em seus planos mais ousados. O que ainda poderia estar fora do lugar?

 

Olhou mais uma vez no relógio, percebendo que já havia dado o tempo de Baekhyun chegar. O que havia acontecido que seu marido nem mesmo enviara uma mensagem? Estaria preso no trânsito? Como uma típica sexta-feira, as pessoas saindo ao mesmo tempo de seus trabalhos poderia levar a um breve engarrafamento, mas nada que atrasaria Baekhyun tanto assim. Ele chegaria em breve, Chanyeol sabia disso.

 

Continuou a caminhar até que encontrou os amigos mais uma vez. Sehun e Minseok tinham uma taça cada um e conversavam com o artista da mesma obra na qual ficaram em frente horas antes.

 

“Chanyeol, você precisa ouvir sobre esse quadro”, Sehun o chamou. “É tão fascinante que quero eu mesmo comprá-lo.”

 

O artista deu um novo sorriso, envaidecido. “Eu estava contando aos senhores sobre o que me inspirou em pintar algo assim”, o rapaz começou a dizer. “Acredito que o amor é feito de ciclos. O que um dia já foi rasgado e dado como perdido, pode ser remendado mais uma vez se assim for escolhido.”

 

“Mas os pedaços nunca se encaixam por completo”, Chanyeol observou.

 

“Assim como nós também não nos encaixamos ao que fomos no passado”, o rapaz concordou. “Dar uma nova chance ao antigo é se dar conta de que é necessário aprender sobre o presente sobre o qual pouco sabemos.”

 

“E por que os tons de sépia?”, Chanyeol quis saber. “É uma obra mesmo interessante, fiquei por alguns minutos tentando analisá-la.”

 

“É uma honra”, o rapaz tornou a dizer. “Os tons escolhidos são para representar o passado voltando ao presente. Como uma fotografia antiga que não conseguimos parar de olhar uma vez que a encontramos depois de jurar que estava perdida.”

 

“Você vê?”, Sehun tornou a comentar. “É incrível.”

 

“Você está mesmo de parabéns, Sr. Lee”, Chanyeol o elogiou. “Em todos esses anos, é uma das obras que mais me fez sentir algo.”

 

E Chanyeol havia se dado conta de que boa parte das emoções provocadas por aquela obra em específico não eram boas. Mas a arte nem sempre precisava ser agradável, certo?

 

A chegada de uma nova pessoa atraiu sua atenção, o que fez com que pedisse licença aos amigos e ao artista para recepcionar o recém-chegado. Reconheceu Seulgi com um buquê em mãos assim que se aproximou e abriu um sorriso, um pouco mais aliviado do que imaginou que estaria. Se Seulgi havia chegado, é porque Baekhyun cumprira o combinado em falar sobre a exposição para seus colegas de trabalho e em breve estariam todos ali.

 

“Seulgi, que bom vê-la!”, Chanyeol a cumprimentou. “Fique à vontade, temos champanhe se você quiser e espero que a exposição seja uma boa experiência para você.”

 

“Olá, Chanyeol. Está tudo muito lindo, você fez um ótimo trabalho”, Seulgi o elogiou. “As flores são para você, aliás.”

 

“São lindas, muito obrigado”, Chanyeol agradeceu, apanhando o buquê das mãos da garota.

 

“O Sr. Byun pediu que eu as entregasse para você”, Seulgi informou encolhendo os ombros levemente. “Ele está preso em um jantar de negócios, me pediu para vir na frente.”

 

Chanyeol sentiu como se algo tivesse caído em suas costas.

 

Precisava manter a postura em frente à mulher, principalmente porque ela trabalhava com Baekhyun e a última coisa que precisava era de murmurinhos sobre seu casamento no ambiente de trabalho do marido. Ainda assim, parecia muito difícil manter o sorriso quando sua boca se encheu de um gosto amargo. Baekhyun estava preso em um jantar de negócios? Na mesma noite em que prometera estar ali por ele quando era também sua noite importante?

 

Seulgi se despediu, deixando Chanyeol parado à entrada com o buquê em mãos. Olhou para as flores, percebendo que eram as suas favoritas e Seulgi não tinha como saber disso. Ninguém tinha, a não ser seu marido. Havia um bilhete preso em meio aos lírios brancos e Chanyeol apanhou para que pudesse ler. O papel dizia: “Prometo que estarei na próxima. Desculpe. Tenho certeza de que está incrível como tudo que você faz, Chan.”

 

Baekhyun sempre teve muita certeza de que haveria uma próxima vez e, talvez por isso, sempre acabava protelando um compromisso ou outro com Chanyeol. Engoliu em seco, sentindo os olhos arderem mais uma vez, mas não tinha tempo para isso. Estava em meio a uma exposição importante para sua carreira, com pessoas importantes e influentes, e tinha um trabalho a fazer, assim como Baekhyun priorizara o dele. E se era dessa maneira que seu marido queria, estava tudo bem por Chanyeol.

 

Deixou o buquê de flores sob encargo de uma das funcionárias, pedindo que cuidasse bem das flores. Deus sabia que esse podia ser o último presente que recebera de seu marido.

 

Porque Chanyeol já havia se cansado de esperar por uma próxima vez.


Notas Finais


Ih rapaz, a Taylor previu MESMO o fim do capítulo hein, e agora? Chanyeol cansou de esperar, o que vem pra gente no próximo capítulo?

Espero que vocês tenham gostado! Qualquer coisa, to aí embaixo nos comentários pra ouvir tudinho que vocês acharam, suas apostas pro futuro e tudo mais, se quiserem bater um papo comigo eu to no twitter como @iambyuntiful e para dúvidas, sugestões, críticas, reclamações ou só pra me dar amor, to aqui: https://curiouscat.live/iambyuntiful <3

Lembrando que temos um grupo no wpp de byunitinhos e se quiserem entrar, é só me mandar uma DM ou uma MP aqui no Spirit! ;)

Até sábado que vem e beijinhos~ <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...