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História Reescrevendo as Estrelas - We are bound to break and my hands are tied


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Olá, estrelinhas~! Chegamos com mais um capítulo e olhe lá hein, se o outro terminou DAQUELE JEITO, o que a gente espera desse?

Eu vou falar bem pouquinho aqui pra vocês poderem ler logo! O capítulo foi betado pela Manuzinha, coisa mais linda do mundo, muito obrigadaaa!! Espero que gostem e boa leitura <3

Capítulo 3 - We are bound to break and my hands are tied


REESCREVENDO AS ESTRELAS

Capítulo 3 — We’re bound to break and my hands are tied

 

[I can't save us, my Atlantis, we fall
We built this town on shaky ground
I can't save us, my Atlantis, oh, no
We built it up to pull it down

Atlantis, Seafret]

 

 

Baekhyun sabia muito bem o motivo daquele silêncio.

 

Conseguia perceber como todos os esforços empreendidos nas últimas semanas em recuperar seu casamento tinham ido, mais uma vez, por água abaixo. Sabia também que era principalmente culpa sua, o que não facilitava em nada encontrar uma saída para aquela situação. A última coisa que gostaria era de ter magoado Chanyeol mais uma vez, ainda assim, foi exatamente o que fizera. De novo.

 

Não sabia porque estava sempre cometendo os mesmos erros. Havia prometido ao marido que dariam a volta por cima em todos os problemas de seu casamento e, por algum tempo, parecia que tinham alcançado esse objetivo. Falar de seu trabalho já não mais era um assunto difícil de ser tratado com o Park e a vida estava sendo boa. Baekhyun já havia até mesmo se acostumado a ter Chanyeol em seus braços antes de dormir todas as noites mais uma vez.

 

Mas aparentemente alguns hábitos são mais difíceis de serem quebrados do que outros e Baekhyun se viu mais uma vez na espiral de erros que o levaram a queda outrora.

 

Na sexta-feira que prometeu ao marido que o encontraria na galeria de arte para sua exposição, Baekhyun se viu em uma situação difícil onde precisava escolher entre manter a promessa feita ao marido ou aproveitar uma oportunidade única em seu trabalho. Não era a única pessoa que poderia resolver a questão que apareceu, mas seria um passo incrível em sua carreira caso o fizesse e Baekhyun sabia que não a teria tão cedo novamente.

 

Mais uma vez, torceu para que Chanyeol entendesse sua ausência, prometendo-lhe que estaria lá na próxima exposição; até mesmo enviara suas flores favoritas porque era um costume que possuíam desde que o Park começou com a galeria. Sabia o quanto ele amava os lírios e esperava que as flores pudessem ao menos representá-lo mesmo que fosse só um pouquinho em uma noite importante para seu marido.

 

Os lírios agora o encaravam de volta em um jarro no centro da mesa de jantar, um arranjo bonito e imponente que lhe impedia de ver o rosto do marido do outro lado da mesa. Talvez tenha sido proposital. Talvez Chanyeol não quisesse lhe ver e as flores fossem um constante lembrete do porquê.

 

Como se Baekhyun precisasse de qualquer tipo de lembrete para perceber o clima estranho instaurado sobre os dois mais uma vez e para que entendesse que fora o causador. De novo.

 

Quando conseguiriam quebrar esse ciclo?

 

Chanyeol não falara consigo desde que chegara em casa e Baekhyun não esperava que ele o fizesse. As luzes já estavam apagadas quando Baekhyun chegou e Chanyeol já dormia, de costas para o lugar onde o marido deveria se deitar e não mais esperando ser abraçado em seu sono. Baekhyun suspirou antes de se deitar, preparando-se mentalmente para a manhã seguinte. O Park poderia não querer falar consigo naquele momento, mas nada garantia que não diria algo quando acordassem.

 

Na manhã seguinte, era sábado mais uma vez e Chanyeol não disse uma palavra enquanto preparava o café. Baekhyun apareceu na cozinha alguns minutos depois de perceber que o marido já havia acordado e reunido coragem suficiente para enfrentar aquela conversa. Foram dias muito delicados até que restabelecessem o equilíbrio entre ambos da última vez e Baekhyun sabia que seria ainda mais difícil dessa vez quando quebrara uma promessa de novo.

 

Mas Chanyeol nem mesmo virou para recebê-lo quando chegou à cozinha.

 

O mais novo estava preparando o café, olhando para a cafeteira como se fosse o objeto mais interessante em toda a cozinha. Baekhyun se sentou à mesa, esperando até que o marido voltasse e pudessem conversar. Quem sabe essa apreensão inicial lhe fosse até mesmo benéfica; poderia pensar em como explicar o contratempo que tivera na noite anterior, questionar-lhe sobre a exposição e quem sabe...

 

Quem sabe ainda houvesse esperança para eles.

 

Quando o café terminou, Chanyeol despejou um pouco do conteúdo em sua xícara, virando-se lentamente. O olhar que Baekhyun encontrou no rosto do marido não entregava nenhum sentimento; Chanyeol não parecia triste, bravo ou qualquer coisa do tipo. Pelo contrário, seu rosto não expressava nada e isso gerou um arrepio no mais velho pior do que seria caso o Park estivesse gritando consigo como merecia.

 

Por um breve momento, Baekhyun abriu a boca para dizer qualquer coisa, o primeiro pedido de desculpas que passou por sua cabeça, mas fechou-a em seguida enquanto Chanyeol fazia o percurso até a mesa com a única xícara em mãos. Baekhyun nem mesmo ousou se levantar para apanhar uma para si.

 

Alguma coisa estava diferente em seu marido.

 

Contudo, alguém precisava ceder em algum momento e não demorou para que percebesse que não seria Chanyeol. Seu marido continuou a beber do próprio café como se não estivesse acompanhado na cozinha, por vezes erguendo o olhar para o arranjo de lírios, por vezes desviando de volta para a xícara. Então, Baekhyun sabia que precisava ser ele.

 

“Chanyeol”, Baekhyun começou baixinho, pigarreando em seguida para que sua voz não quebrasse no meio da sentença, “eu queria... Eu queria pedir desculpas. Eu não imaginei que as coisas aconteceriam assim, mas ocorreu um imprevisto e—”

 

“Você deveria imaginar que eu não quero saber”, Chanyeol o interrompeu. Sua voz demonstrava tanta emoção quanto seus olhos e Baekhyun engoliu em seco. “Para mim já chega, Baekhyun. Estou farto de ouvir desculpas. É a única coisa que você sabe me dizer.”

 

Baekhyun anotou mentalmente que seu marido estava magoado consigo, como tinha o direito de estar e, por isso, não deveria levar aquelas palavras para o coração. Chanyeol provavelmente tentaria magoá-lo da mesma maneira como um mecanismo de defesa, ainda que não fosse o mais saudável entre os possíveis. Respirou fundo mais uma vez, repensando sua estratégia em explicar a noite anterior.

 

Chanyeol continuava a não querer ouvi-lo.

 

“Eu não faltaria à exposição se não fosse um motivo importante, Chanyeol”, Baekhyun tentou mais uma vez. “Eu sei o quanto era importante para você, mas—”

 

“Sabe mesmo?”, Chanyeol mais uma vez o interrompeu. “Não parece que você sabe. Não parece que sabe o quanto estive nervoso e ansioso por todo o dia, consolando-me com o fato de que meu marido estaria comigo quando as coisas estivessem mesmo acontecendo e como seria muito mais tranquilo para mim tendo o apoio dele. Ele tinha me prometido, não é? E nós tínhamos prometido um ao outro não quebrar mais promessas. Então eu esperei por você e tudo que ganhei foi um cartão.”

 

Dessa vez, seu rosto começava a ganhar cor, como se a mágoa que acumulou desde a noite anterior fervilhasse em seu peito e encontrasse vazão em suas bochechas, tingindo-se de carmim. Chanyeol tinha a respiração errática depois de cuspir tantas palavras em tão pouco tempo e Baekhyun as ouviu em silêncio. Ele não estava errado — havia prometido e quebrara de novo a promessa mais importante que fizeram depois dos votos de casamento.

 

Assistiu o marido se levantar, deixando a xícara em cima da mesa. Chanyeol levou as mãos aos cabelos, afastando-os de seu rosto, mas Baekhyun sabia que era só um mecanismo para que pudesse esfregar seus olhos e impedir as lágrimas de virem sem que deixasse tão claro. Conhecia-o melhor do que a si mesmo e o machucava saber que mais uma vez havia ferido a pessoa mais importante de seu mundo.

 

Talvez tenha sido uma péssima ideia. Teria outros momentos em sua carreira tão importantes como a noite anterior, mas estava começando a se dar conta de que talvez não houvesse Park Chanyeol ao seu lado para comemorar seus avanços juntos.

 

Não houve tempo para que formulasse um novo pedido de desculpas; Chanyeol voltou a encará-lo com um sorriso duro, irônico. Um sorriso que não combinava nem um pouco com o rosto que Baekhyun se acostumou a ver sempre afetuoso e repleto de carinho.

 

“Sabe de uma coisa, Baekhyun?”, Chanyeol começou. “A culpa deve ser minha. Eu deveria ter imaginado. Eu deveria ter imaginado que as últimas semanas estavam indo bem demais para que fosse verdade. Você, em algum momento, sem priorizar seu trabalho antes de falar comigo? Eu fui mesmo muito ingênuo em acreditar que daria certo. Antigos vícios não morrem tão fácil assim.”

 

“Não fale como se eu tivesse premeditado tudo, Chanyeol, não foi assim que as coisas aconteceram!”, Baekhyun exclamou. Não estava em seus planos se exaltar com seu marido — reconhecia sua culpa e estava pronto para aceitá-la —, mas Chanyeol não estava ajudando nem um pouco. “Não fale como se só você se importasse com o nosso casamento quando você nunca dá brechas para que eu possa explicar o meu lado!”

 

“E por que eu deveria?”, Chanyeol devolveu. “Porque eu deveria te ouvir, Baekhyun? Eu ouvi o suficiente nos últimos meses, anos. Não foi para isso que eu me casei, não foi para isso que eu aceitei viver ao seu lado. Eu entendi você por muito tempo e eu finalmente percebi que você nunca tentou me entender.”

 

“Você está exagerando porque está magoado, Chanyeol, e eu entendo isso”, Baekhyun suspirou, também se levantando e tentando se aproximar do marido; a cada passo que dava adiante, Chanyeol dava um para trás. “Mas se nós pudermos conversar, tenho certeza de que conseguiremos consertar tudo. Nós estávamos conseguindo, não é? Não vamos deixar que um erro coloque tudo a perder.”

 

“Não é apenas um erro, Baekhyun”, Chanyeol respondeu após um longo suspiro, seu rosto já aparentando cansaço e não a mesma mágoa de outrora. “É uma sucessão de acontecimentos que me fizeram pensar bastante ontem à noite e eu cheguei a conclusão de que você deixou de priorizar o nosso casamento há muito tempo, quando eu comecei a entender todos os imprevistos, sem nunca questionar porque você não poderia tentar evitá-los também.”

 

“Não é verdade, Chanyeol”, Baekhyun tentou mais uma vez. “Ontem à noite... Foi, sim, um imprevisto, eu não tinha muito tempo para pensar em como resolvê-lo ou quem mandar no meu lugar. Eu não queria perder a exposição, mas eu não tive escolha.”

 

“Você sempre tem uma escolha e eu sei muito bem quais são elas, todas as vezes”, Chanyeol deu de ombros. “Mas está tudo bem, Baekhyun. Você não precisa mais se preocupar em pensar sobre mim a partir de agora, você não precisa mais escolher entre mim e qualquer outra coisa.”

 

Alguma coisa naquele discurso de Chanyeol não estava encaixando para Baekhyun e a sensação ruim em seu estômago voltou, deixando-o apreensivo enquanto o marido olhava-o com um semblante cansado, até mesmo triste. O que Chanyeol queria dizer com aquilo? O que se passava em sua cabeça? Nem mesmo tinha certeza se gostaria de perguntar e ter a resposta. Algo lhe dizia que, uma vez que fosse dito em voz alta, estaria tudo acabado.

 

E Baekhyun não estava pronto para isso. Só precisava de uma última chance para mostrar ao marido que ele era sua prioridade e, então, eles poderiam...

 

“O que você quer dizer com isso?”, Baekhyun perguntou baixinho, quando percebeu que Chanyeol não diria mais nada. Talvez ele também quisesse protelar esse momento.

 

“Eu quero me separar, Baekhyun”, Chanyeol suspirou, parecendo envelhecer dez anos com o peso daquelas palavras, “é isso que estou querendo dizer.”

 

Por um momento, Baekhyun nem mesmo entendeu o que aquilo queria dizer. Chanyeol não poderia estar falando sério, certo? Estavam juntos desde o ensino médio, construíram toda uma vida ao lado um do outro, juraram enfrentar todos os problemas e não desistiriam um do outro. Ainda assim, Chanyeol estava desistindo deles, entregando o jogo com um semblante tão exausto que Baekhyun se perguntou a partir de qual momento deixara de caminhar ao seu lado.

 

Sua cabeça estava zunindo tentando assimilar aquele pedido. Park Chanyeol não desejava mais ser seu marido. Park Chanyeol não desejava mais lhe dar qualquer chance, qualquer motivo para mostrar-lhe que podiam superar aquela adversidade como fizeram com as demais no passado. Park Chanyeol desistira dele.

 

“Você tem certeza?”, Baekhyun perguntou baixinho, torcendo para que esse fosse o momento em que Chanyeol diria que não, que ainda havia uma chance.

 

O mais novo assentiu, como se não pudesse confiar nas próprias palavras para expressar seu desejo em voz alta mais uma vez. “Eu sinto muito”, murmurou. “Mas eu não consigo mais.”

 

Baekhyun assentiu, sem erguer o olhar. Percebeu quando Chanyeol deixou a cozinha, provavelmente buscando espaço entre os dois depois que o clima na cozinha parecia capaz de sufocá-los, mas Baekhyun não conseguiu dar nem um passo adiante. Continuou parado na cozinha, ouvindo as palavras de seu marido — até quando ainda seria? — ecoando em sua cabeça, perguntando-se quando foi o momento em que o perdeu.

 

Os lírios pareciam zombar de sua cara, expostos à mesa de jantar como se fossem uma dádiva, mas agora não significavam nada além de uma maldição. Baekhyun não conseguia nem mesmo olhá-los, assim como não conseguia encarar nada daquilo que significou a vida que construiu ao lado de Chanyeol. Precisava sair dali e sabia para onde ir.

 

. . .

 

Por todo o percurso até a casa de Jongdae, Baekhyun repetiu aquelas palavras em sua cabeça.

 

Chanyeol havia se trancado no escritório da casa, Baekhyun percebeu depois quando o silêncio ficou ainda maior mesmo quando foi até o quarto dos dois em busca de sua carteira. Parou em frente à porta do escritório que estava fechada, a mão na maçaneta ensaiando abri-la. Se pudessem conversar novamente, se pudesse ao menos dizer alguma coisa... Se ao menos pudesse dissuadir seu marido daquela ideia, eles ainda tinham uma chance. Uma última chance era tudo que Baekhyun precisava para consertar toda aquela situação.

 

Contudo, deixou que sua mão escorregasse da maçaneta, permitindo que Chanyeol continuasse sozinho com seus pensamentos. Não podia fazer isso. Não podia tentar dissuadi-lo daquela ideia, ao menos não nesse momento, porque seu marido parecia estar tão cansado quanto ele e não parecia ter sido uma decisão fácil de ser tomada. Quem sabe o Park também precisasse daquele momento para si mesmo, para que pensasse bem no que estavam fazendo e talvez Chanyeol lhe dissesse que não queria a separação quando voltasse para casa. Quem sabe o melhor que Baekhyun podia fazer é entregar-lhe espaço para pensar com mais calma.

 

Por essa razão, apanhou suas chaves e deixou a casa para trás, chamando um Uber até a casa de um amigo do trabalho. Jongdae era uma das poucas pessoas com quem mantinha contato até mesmo fora da empresa; apesar de gostar muito de seus companheiros de trabalho e se esforçar para ser uma figura presente e solidária a todos, não se sentia à vontade de partilhar outros âmbitos de sua vida que não o profissional. Jongdae, por outro lado, era diferente — conheceram-se quando Baekhyun ainda era só um interno quase se formando na faculdade e mantiveram a amizade com o passar dos anos.

 

Jongdae ainda trabalhava consigo e estava a par da situação de seu casamento; precisava de um amigo para estar ao seu lado quando as coisas ficavam difíceis com Chanyeol e que, ainda assim, não passava a mão em sua cabeça quando acreditava que estava errado. Era exatamente disso que precisava nesse momento porque sua cabeça lhe dizia para dar meia volta imediatamente e fazer com que Chanyeol entendesse todas as razões pelas quais a separação era uma medida drástica demais para ambos e como ainda tinham futuro juntos, bastava que estivessem dispostos a se dar uma nova chance.

 

Chegou em frente à casa do amigo depois de vinte minutos de viagem e agradeceu ao motorista pela viagem. Havia avisado o Kim de que chegaria em breve pelo aplicativo de mensagens e Jongdae já o esperava na porta de entrada quando  saiu do carro. Deu um sorrisinho fraco para o amigo que retribuiu o cumprimento com um aceno e um indicar com a cabeça para que entrasse. Não passava das dez da manhã, mas Baekhyun já se sentia exausto e o sofá de Jongdae parecia um ótimo lugar para que tivessem essa conversa sem que nada os interrompesse.

 

Jongdae não esperou que começasse a falar no mesmo momento em que entraram; deixou que Baekhyun se acomodasse em sua sala de estar, que pensasse um pouco mais na situação da qual sabia muito pouco, apenas o pouco que tirou do amigo através das mensagens que comunicaram sua chegada. Foi até a cozinha, trazendo um pouco de chá para que, quem sabe, pudesse ajudá-lo a se acalmar. Já havia visto Baekhyun nervoso por conta de seu casamento diversas vezes, mas jamais o vira com uma expressão tão desolada como agora e algo lhe dizia que precisava ter calma com o amigo nesse momento.

 

Quando se sentou à frente do Byun, deixando a bandeja com o chá e alguns biscoitinhos na mesa de centro entre os dois, Jongdae esperou que Baekhyun começasse a falar. Não demorou muito para que ele começasse.

 

“Chanyeol quer se separar”, Baekhyun disse baixinho, como se a simples ideia de falar em voz alta transformasse a situação em algo ainda mais real do que estava sendo. Jongdae não conseguia acreditar no que havia ouvido.

 

Conhecia o casal desde o início do casamento, uma vez que conhecera Baekhyun no final de sua graduação. E em nenhum momento acreditou que chegaria o momento em que não os veria como uma única coisa mais. Parecia até mesmo inimaginável para quem os vira naquela mesma semana, na maneira como seus sorrisos brilhavam um para o outro quando Chanyeol o visitara no trabalho e como Baekhyun sorrira pelo restante do dia depois do beijo roubado. Jongdae estava lá entre os companheiros de trabalho que zombaram de sua cara após o rubor subir em suas bochechas; havia presenciado como pareciam um casal feliz.

 

Aquilo simplesmente não fazia sentido e, ainda assim, Baekhyun não desmentira até então. Permanecia com o olhar baixo, focado em suas mãos.

 

“Mas o que aconteceu?”, Jongdae perguntou. “As coisas pareciam estar indo super bem essa semana. Tanto em casa quanto no trabalho, parecia tudo perfeito para você, Baekhyun.”

 

“O jantar de ontem à noite foi perfeito”, Baekhyun concordou, “e fechamos o acordo pelo qual vínhamos lutando nas últimas semanas, o que me daria alguns dias de folga, se eu quisesse. E acho que esse foi exatamente o problema. O meu trabalho estava perfeito às custas do meu casamento.”

 

Jongdae o encarou sem entender muito bem do que se tratava e, com um suspiro, Baekhyun começou a explicar toda a situação. Explicou como ele e Chanyeol já não vinham de bons momentos antes, do jantar de aniversário de casamento que havia se esquecido e das últimas semanas em que estavam tentando dar um ao outro uma nova chance. Jongdae ouviu com atenção, atento a cada mudança de expressão de Baekhyun, principalmente quando chegou na última semana e como a exposição era importante para a carreira de Chanyeol e Baekhyun havia prometido que estaria ao seu lado.

 

“Mas a exposição foi no mesmo horário que o jantar com os acionistas”, Jongdae presumiu.

 

“Não tinha como eu estar nos dois lugares ao mesmo tempo”, Baekhyun confirmou com um suspiro, “e então eu pensei que poderia terminar meu trabalho das últimas semanas e eu dedicaria todas as próximas ao meu casamento. Acreditei que poderia conseguir o melhor dos dois mundos, que conseguiria esse balanço perfeito e as coisas continuariam melhorando entre Chanyeol e eu. Mas não calculei que ele estaria tão exausto de tudo que preferiria não me ter mais por perto.”

 

Jongdae assentiu, ainda sem saber muito bem o que poderia dizer para ajudar o amigo. Sabia o quanto Baekhyun amava o marido, ouvira por horas a fio sobre suas lamentações em não poder fazer mais por seu casamento e como Chanyeol, por vezes, segurava as pontas sozinho. Sabia que Baekhyun não fazia por mal; o amigo colocava um objetivo em sua cabeça e acabava se fechando ao restante do mundo até que conseguisse alcançá-lo. Era um ótimo traço de sua personalidade no trabalho, mas desastroso para suas relações pessoais.

 

Como agora tinham as consequências de seus atos.

 

“Isso é uma merda”, Jongdae esboçou um sorrisinho solidário, “mas você ainda pode tentar conquistá-lo de novo! Nem tudo está perdido, Baekhyun, ele pode só estar de cabeça quente e não querer mesmo dizer isso. Vocês ainda tem uma chance, é só fazer com que ele também veja isso.”

 

Baekhyun parou para pensar a respeito. É claro que ainda amava Chanyeol; amava-o como se ainda estivessem no primeiro dia de namoro, quando nem mesmo acreditava que ganhara finalmente uma chance com o Park e jurara a si mesmo que não a desperdiçaria. Dez anos depois, ainda o tinha ao seu lado e, até a manhã do dia anterior, Baekhyun acreditava que, embora não perfeita, a vida não poderia estar sendo melhor para os dois.

 

Em vinte e quatro horas, tudo desmoronou sem que nada pudesse fazer.

 

A ideia de Jongdae martelava em sua cabeça porque reconquistar Chanyeol era tudo que precisava fazer e tudo que norteava sua mente desde que o ouvira pedir pela separação. Se pudesse mostrar-lhe que ainda era o mesmo Baekhyun com quem se casara, que fizera algumas escolhas erradas em suas prioridades ao decorrer dos últimos anos, mas que ainda podiam reverter essa situação... Quem sabe houvesse esperança. Quem sabe pudessem mesmo recomeçar.

 

Contudo, havia também uma vozinha no fundo de sua cabeça lhe dizendo o quanto aquilo não era justo. Chanyeol não pediria a separação se sentisse que ainda havia chances para os dois e Baekhyun não podia forçá-lo a encarar a situação por sua ótica só porque nunca cogitou a ideia de se separar do marido. Chanyeol tinha direito de estar magoado consigo e, se essa foi a conclusão na qual chegara, tinha certeza de que era uma ideia recorrente; em quantos momentos ele já havia pensado em pedir a separação para Baekhyun e desistido, dando aos dois uma última chance?

 

Inúmeras vezes, Baekhyun supôs.

 

Jongdae ainda o encarava com os olhos piedosos; sabia que o amigo não tinha o que lhe dizer, que o apanhara de surpresa e nem mesmo o culpava por isso. Só precisava de um ombro amigo nesse momento e Jongdae estava cumprindo esse papel, oferecendo-lhe abrigo, um ombro onde chorar e chá para que se acalmasse. Baekhyun apanhou a xícara reservada para si, o conteúdo um pouco morno graças ao tempo intocado e bebericou para que pudesse ganhar tempo.

 

Uma vez que descartasse a ideia de Jongdae, era o mesmo que assinalar a sentença de seu casamento, aceitar que não tinha mais para onde correr, mesmo que quisesse tanto que houvesse. Ninguém poderia culpá-lo por querer adiar esse momento só mais um pouquinho.

 

“Não posso fazer isso com ele”, Baekhyun suspirou. “Não acho que esteja sendo fácil para o Chanyeol, nós estamos juntos há quase dez anos desde o colégio. Se ele chegou a conclusão de que a separação é o melhor para ele, eu não vejo como me opor a isso, não depois de tantas mancadas que eu dei com ele. Não parece justo.”

 

“Mas não é o que você quer, não é?”, Jongdae tentou mais uma vez. “Também não parece justo com você.”

 

Baekhyun encolheu os ombros. “Parece o que eu mereço depois de achar que haveria uma próxima vez para todas as vezes em que errei com ele.”

 

Jongdae conseguia entender o que Baekhyun queria dizer e escolheu não insistir no assunto. Baekhyun parecia resoluto em aceitar o que Chanyeol escolhera para os dois, ainda que aquele não fosse o destino que escolheria por conta própria. Parecia uma solução triste para Jongdae, mas sabia que era muito mais simples em sua visão porque estava vendo o desenrolar da situação de fora. Não estava vivendo o casamento que jurou estar perfeito e estivera ruindo sem que ninguém percebesse.

 

“Se ao menos você pudesse voltar do início, não é?”, Jongdae tentou consolá-lo. “Sei que faria tudo diferente.”

 

Baekhyun concordou com um assentir e, por alguns minutos, permaneceram em silêncio, bebendo do chá preparado por Jongdae. O Kim continuou a observar o amigo, tentando encontrar maneiras de animá-lo nem que fosse um pouquinho, ainda que não soubesse se isso seria possível quando Baekhyun recebera a pior notícia que podia esperar vindo de seu marido. Jongdae ainda o estava encarando discretamente quando percebeu a expressão no rosto de Baekhyun mudar, um pouco mais iluminada do que antes e com um sorriso pela primeira vez desde que chegara ali.

 

“Eu tenho uma ideia”, Baekhyun anunciou.

 

“Algo que pode trazer Chanyeol de volta?”, Jongdae tentou. Pelo sorriso do amigo, acreditou que se trataria de alguma coisa do tipo.

 

Mas Baekhyun negou com a cabeça, dando um novo sorrisinho triste. “Não acho que essa é uma decisão que eu deva fazer”, disse, “mas eu posso fazer com que as últimas lembranças não sejam tão ruins assim para nós dois. Você comentou que, caso eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente. Eu não posso voltar no nosso início, mas eu posso levar nós dois até lá.”

 

Jongdae não tinha certeza se havia entendido o que o amigo queria dizer, mas parecia fazer sentido para Baekhyun, então apenas sorriu e desejou boa sorte. O Byun parecia um pouco mais animado agora com a ideia que tivera, apanhando o celular para começar os preparativos que seriam necessários. Os dias de folga aos quais tinha direito agora que terminara sua parte no acordo no qual viera trabalhando nas últimas semanas viriam bem a calhar agora.

 

Ainda que não fosse pelos motivos que Baekhyun planejara no começo, ainda poderia passá-los ao lado de seu marido como uma última lembrança do tempo em que pôde chamá-lo de seu.

 

. . .

 

Baekhyun permaneceu na casa de Jongdae pelo restante do dia.

 

Jongdae fizera questão de dizer que não o incomodava em nada e podiam passar todo o dia juntos se Baekhyun sentia que precisava. O Byun agradeceu ao amigo em silêncio; não sentia que estava pronto para voltar para casa e enfrentar Chanyeol mais uma vez, ao menos não tão cedo. Ainda que estivesse um pouco mais animado com a ideia que tivera mais cedo, nada lhe garantia que seu marido aceitaria realizá-la ao seu lado e Baekhyun estava poupando a si mesmo algumas horas para que se preparasse para a eventual rejeição.

 

Jongdae era uma ótima companhia e o dia passou com o amigo fazendo diversas coisas para distraí-lo, desde assistirem a alguns filmes que o Kim jurou que seriam engraçados — o senso de humor do amigo era um tanto quanto questionável — até mesmo ajudando-o a preparar o almoço de ambos. Em nenhum momento Baekhyun deixou de pensar em como Chanyeol estaria em casa, se estaria sozinho ou se também chamara pelos amigos, mas esperava que estivesse bem.

 

Era uma sensação estranha não saber se podia ou não falar com seu marido. Em tempos mais fáceis, a comunicação entre os dois sempre foi muito tranquila e Baekhyun tinha o contato do marido na discagem rápida. Agora, ainda que soubesse o número de cor, havia alguma coisa que o impedia de dar continuidade à ligação, desistindo segundos antes que apertasse o botão verde na tela do celular. Nem mesmo sabia se Chanyeol gostaria ou não de ouvi-lo, se atenderia ou não ao celular e Baekhyun não sabia se conseguiria lidar com tantas rejeições em um único dia. Por isso, continuou a esperar.

 

Em algum momento, precisaria voltar para casa. Quando o momento chegasse, esperava que Chanyeol já estivesse um pouco mais calmo e pudessem conversar sobre a ideia que tivera.

 

Ao decorrer do dia, Baekhyun pensou mais algumas vezes na sugestão de Jongdae em reconquistar seu marido e pesou os prós e contras sem dizer ao amigo. A maior parte de si sentia ser injusto com o marido quando ele parecia certo da decisão que tomara, mas havia aquela pequena e insistente parte em seu peito que lhe dizia para que tentasse ao menos uma última vez. Os preparativos que adiantara não tinham como objetivo trazer Chanyeol de volta, mas se conseguisse...

 

Bom, o futuro lhe diria, certo? Ainda precisava fazer com que o marido aceitasse a ideia, antes de mais nada.

 

Era início de noite quando se despediu de Jongdae, agradecendo pela hospitalidade e dispensando o convite para que passasse a noite ali. Não adiantava em nada continuar protelando a situação como se a manhã seguinte fosse trazer o arrependimento a Chanyeol; quanto antes desse início à ideia que tivera, mais tempo teria ao lado do marido para que aproveitasse o que havia restado do casamento de ambos. Jongdae entendeu depois de explicar o que tinha em mente a ele e desejou-lhe boa sorte antes de acenar em despedida.

 

Fez o caminho de volta em uma viagem rápida de Uber, muito mais rápida do que havia imaginado que seria. Em vinte minutos — que pareceram ser apenas vinte segundos —, estava de volta à sua casa, parado em frente à porta de entrada como se fosse um local desconhecido. As luzes da cozinha estavam acesas, indicando que Chanyeol estava ali e não mais trancado no escritório e Baekhyun tomou coragem para entrar. Apanhou as chaves, abrindo a porta e fechando-a às costas com cuidado para não alarmar o marido de sua presença. Ainda precisava desses momentos para se preparar.

 

Seu marido estava na cozinha, como havia imaginado, e parecia ocupado provando do molho que estava preparando. Estava distraído em frente ao fogão, o celular tocando uma playlist calma que Baekhyun sabia que o marido colocava para tocar todas as vezes em que precisava se acalmar. A cozinha também era um local sagrado para o Park em momentos como esse, visto sempre ter dito como cozinhar era terapêutico e ajudava-o a colocar a cabeça no lugar. Baekhyun estava feliz em ver que Chanyeol estava bem e que o turbilhão de emoções que dominara ambos naquela manhã havia finalmente se acalmado.

 

Sentia falta dos momentos em que podia chegar abraçando-o pelas costas, apoiar o rosto em seu ombro e perguntar o que teriam para o jantar enquanto sentia o cheirinho que vinha de seu pescoço. Sentia falta dos momentos em que Chanyeol teria rido em seus braços, encolhido o corpo suavemente e dizendo para que tivesse paciência até que a comida estivesse pronta, por vezes batendo em sua mão de brincadeira quando Baekhyun tentava apanhar algo que ainda estava sendo cozido. Sentia falta de quando as coisas eram mais fáceis assim e não as tratara com a importância que devia por acreditar que as teria para sempre.

 

Mas agora tinha um pedido de separação pairando sobre suas cabeças.

 

Chanyeol também sabe que está sendo observado; sente o olhar de Baekhyun queimando em sua nuca, mais consciente do que nunca. Ainda que o marido tenha tentado ser sutil em sua chegada, ouvira o bater da porta, o deixar das chaves no móvel do hall de entrada e preparara a si mesmo pelo momento em que estaria frente a frente com o mais velho de novo. Passara todo o dia pensando na discussão que tiveram e no momento em que se veriam de novo.

 

Desligou o fogão, dando-se por satisfeito com o molho que fizera para o macarrão já preparado; cozinhar sempre o ajudou a se acalmar, mas não fora uma escolha tão boa dessa vez porque também era uma atividade da qual tinha muitas recordações com Baekhyun. Virou, por fim, para que pudesse encarar o homem à porta da cozinha, encostando-se à bancada da pia para ter um apoio. Baekhyun continuou olhando-o como antes, sem fazer qualquer diferença que o tenha apanhado. Ele o olhava de uma maneira diferente, como se tentasse guardar sua imagem na memória, como se fosse a última vez.

 

Chanyeol se deu conta de que, em breve, poderia ser.

 

Depois que Baekhyun saiu, repensou algumas coisas que havia dito, percebendo que, no calor do momento, havia sido um pouco mais duro do que era necessário. Repensou o pedido de separação, perguntando a si mesmo se aquela era mesmo uma boa ideia, se não estava apenas sendo apressado e dando a sua mágoa um local de fala maior do que deveria. Ainda assim, não encontrou em si forças para mudar de ideia. Baekhyun não tentara fazer com que mudasse, de toda forma, então Chanyeol deixaria que as coisas continuassem a acontecer.

 

“O que você disse hoje mais cedo”, Baekhyun começou a falar, surpreendendo-o pela mudança súbita no clima, “você estava mesmo falando sério? Depois de pensar durante o dia, é o que você quer?”

 

Uma parte de Baekhyun queria que Chanyeol dissesse que não, que havia pensado melhor e que ainda podiam tentar mais uma vez. Uma parte de Baekhyun implorava ao marido para que o aceitasse mais uma vez e faria tudo dar certo dessa vez. Uma parte de Chanyeol também desejava voltar atrás, principalmente agora que tinha Baekhyun à sua frente, mas se viu assentindo em silêncio com um gesto da cabeça.

 

Baekhyun também assentiu, abaixando o olhar para as próprias mãos por um momento com um suspiro baixo. “Tudo bem”, disse. “Eu aceito o pedido.”

 

Chanyeol não havia imaginado que a sensação ao ver Baekhyun aceitar a separação de ambos seria tão amarga, mas deveria estar se sentindo aliviado, certo? Seu marido não havia desrespeitado seu pedido, não apresentou razões que não mais funcionavam para os dois para que tentassem de novo, não forçara a barra consigo e lhe dera tempo e espaço para ter certeza do que queria. Deveria estar aliviado.

 

Mas só conseguia sentir o gosto amargo descendo por sua garganta.

 

“Mas eu tenho uma condição, se você não se importa”, Baekhyun tornou a dizer, atraindo atenção de Chanyeol.

 

Que tipo de condição Baekhyun poderia propor? “O que?”, perguntou.

 

“Antes que a gente assine qualquer coisa para oficializar o pedido”, Baekhyun engoliu em seco, “eu gostaria de levá-lo de volta ao ponto onde começamos, voltar à nossa cidade e, quem sabe, nos despedirmos do nosso casamento com memórias mais agradáveis do que as que possuímos agora.”

 

De todas as ideias que Baekhyun poderia ter tido, essa era a última que Chanyeol esperou ouvir. Parecia um pouco maldoso até; levá-los de volta onde tiveram o início de seu namoro, onde juraram um para o outro que ficariam juntos para sempre, onde as coisas pareciam mais fáceis e o futuro, promissor. Chanyeol não tinha certeza se essa era mesmo uma boa ideia ou se Baekhyun tinha ao menos noção do que estava pedindo para ele.

 

“Eu não acho que seja uma boa ideia”, Chanyeol devolveu após alguns minutos em silêncio.

 

“Eu prometo que não é uma tentativa de trazê-lo de volta para mim”, Baekhyun se adiantou. “Eu entendo que eu errei muito com você, eu entendo que o levei a essa decisão. Mas eu gostaria que as lembranças que voltassem à sua mente ao pensar em mim fossem boas e não as que nos trouxeram até esse ponto.”

 

Baekhyun parecia genuinamente triste à sua frente, como se aceitar o pedido de divórcio exigisse dele muito além do que poderia imaginar, e Chanyeol imaginou que não faria tão mal assim quanto estava imaginando. Era só uma visita à cidade natal de ambos, onde seus pais ainda moravam e seria bom poder rever um pouco do passado antes de seguir em frente. Ter Baekhyun ao seu lado com certeza não seria tão ruim assim.

 

E a quem Chanyeol gostaria de enganar? Também gostaria de ter boas recordações de seu marido, poder deixar de lado só um pouquinho as promessas quebradas e as mágoas acumuladas. Poderia fazer bem a ele também, dar um mergulho de volta ao passado antes de emergir para o futuro.

 

“Tudo bem”, Chanyeol concorda. “Por uma semana. Não mais do que isso.”

 

“Não mais do que isso”, Baekhyun concordou com um sorrisinho fraco. “Eu cuidarei de tudo, não se preocupe. Nós podemos partir amanhã, se não for problema para você.”

 

Chanyeol detestava como Baekhyun estava falando de maneira tão cuidadosa consigo, mas conseguia entender que o Byun estava colocando distância entre ambos por acreditar que era o que Chanyeol gostaria que fizesse. Era o que ele deveria querer, ao menos, mas não conseguia se sentir dessa forma. Tudo que conseguia acumular era o gosto ruim na boca, engolindo a muito custo as palavras que pareciam querer voltar à sua boca.

 

Toda a situação parecia horrível. A casa estivera terrivelmente silenciosa sem a presença de Baekhyun o dia todo, mas, agora que ele estava à sua frente, o silêncio parecia perdurar, mais pesado e opressivo do que antes. Era como se houvesse muitas palavras pairando sobre suas cabeças sem que nenhum dos dois conseguisse encontrar a maneira certa de dizê-las.

 

Então, Chanyeol suspirou, desistindo de tentar, ao menos por ora.

 

“Tudo bem”, concordou. “Você... Você quer jantar? Está pronto.”

 

Por um momento, o olhar de Baekhyun vacilou entre o marido e as panelas às suas costas e quis que pudessem partilhar de uma última refeição juntos antes da viagem. Contudo, não sentia que poderia estar partilhando da mesa com Chanyeol e agindo como se não houvesse o peso do mundo em seus ombros naquele momento. Ainda era cedo demais para que conseguisse agir como se a presença do marido não o afetasse.

 

“Eu comi com o Jongdae”, Baekhyun respondeu, embora fosse uma mentira. “Eu vou só subir para descansar mesmo. Não se preocupe, eu vou dormir no quarto de hóspedes, acho que vai ser... Melhor para nós dois.”

 

Chanyeol apenas concorda com um assentir e assiste Baekhyun desaparecer da cozinha, acompanhando o som de seus passos na escada até que parasse por completo. Estava sozinho mais uma vez e deveria imaginar que seu marido lhe daria espaço suficiente para que não pensasse estar forçando a barra consigo de qualquer maneira; naquele momento, contudo, Chanyeol só gostaria de sentir que Baekhyun não estava desistindo de ambos tão facilmente.

 

Comeu o jantar que preparara sozinho, a comida tendo um gosto diferente quando associado à tristeza. O peso em seu peito persistia e Chanyeol percebeu que era uma sensação com a qual teria que se acostumar por algum tempo, até que pensar em Baekhyun ou no casamento de ambos não lhe trouxesse de novo aquele mesmo gosto amargo à boca, a mistura de mágoas com arrependimentos que nunca funcionou muito bem.

 

De volta ao quarto dos dois — e que o Park não sabia se deveria continuar a chamar assim, uma vez que não sabia se voltaria a ser —, o cômodo parecia ainda maior do que era de fato. Havia Baekhyun por todos os lados que olhava, dos porta-retratos nas mesas de cabeceira às roupas no guarda-roupas deixado aberto, mas a presença de seu marido não estava em lugar algum.

 

Chanyeol se deitou, olhando para o espaço vazio ao seu lado onde Baekhyun deveria estar. E, pela primeira vez em todas as que adormecera sem Baekhyun ao seu lado, a cama parecia grande demais sem o marido para preenchê-la.


Notas Finais


Ih rapaz............ Pois é. As coisas deram bem ruim por agora, MAS existe sempre a chance de dar a volta por cima e a gente se apega a essa ideia!!! O que essa viagem vai causar no nosso caslazinho? A gente não sabe, mas vamos torcer por eles!

Espero que tenham gostado!! Qualquer coisa, to aí embaixo nos comentários esperando pra saber tudo que vocês acharam, se quiserem bater um papo comigo eu to no @iambyuntiful no twitter e para dúvidas, sugestões, críticas, reclamações, to aqui: https://curiouscat.live/iambyuntiful <3

Até sábado que vem e beijinhos~ <3


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