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História (Reescrita) A Senhora das Sombras - O Início do Despertar


Escrita por: AndreiaPaz

Notas do Autor


Eis me aqui novamente!!!
Oi, meus amores! Estou adorando reescrever essa história e interagir com vocês!
Logo atualizarei a antiga também. ^^

Capítulo 7 - O Início do Despertar


Fanfic / Fanfiction (Reescrita) A Senhora das Sombras - O Início do Despertar

A PERSONALIDADE DE UMA MULHER PODE SER tão instável quanto as águas do oceano, que ora estão calmas e tranquilas, ora agitadas e turbulentas, sedentas por arrastar navios inteiros para dentro das águas. Essa instabilidade tende a ser perigosa, principalmente para os homens, quanto mais, aqueles menos atentos, que só notam o quão perto ficaram do perigo quando a mulher ao seu lado explode em cólera.

Uma má resposta, um sapato na cabeça, um soco, um grito, uma discussão, ou talvez, quem sabe a cruel arma feminina “está tudo bem”. Esse último, mesmo que venha acompanhado de um sorriso, é sem dúvidas uma prova de que ela já está planejando o funeral, seja do homem que motivou a sua ira, seja do pobre coitado que só teve o azar de estar perto no momento da erupção.

Hipérboles à parte, quando se convive tempo demais com uma pessoa, ou pelo menos quando alguém dedica seu tempo a tentar decifrar a personalidade de um indivíduo, neste caso, de uma mulher. Se pode prever quando acontece e principalmente, como evitar as explosões de mal humor. E se é possível evitar que uma mulher se estresse, também é possível persuadi-la a ter seus momentos de alegria, bom humor e romantismo, ou, para quem gosta de um desafio perigoso, também é possível fazê-la jogar com você o tênue jogo da ironia. É válido mencionar também, que das piadas irônicas para a raiva assassina, a distância é muita curta. É necessário ter certo tato.

No entanto, para que dizer tudo isso? Lilly era uma mulher. E como qualquer outra, tinha seus momentos de instabilidade. Os dela talvez fossem piores do que os de muitas.

Pequenas coisas ditavam o seu humor, por exemplo, se passasse parte considerável de seu dia com crianças, é certeza que estaria alegre, porém, quando se distanciava delas e lembrasse de sua dificuldade em conceber a sua própria, nada impediria as lágrimas de lhe escorrerem pela face. Pior era quando visitava amigas que já tinham sido mães, não importava o quanto estivesse feliz, era só a dúvida de ser ou não estéril lhe falar ou ouvido e tudo desabava. Na verdade, não era estéril, mas isso só foi descobrir depois de muitas lágrimas e preces.

Vlad poderia tranquilamente decifrar como estava o estado de espírito de sua esposa antes mesmo de ela falar qualquer coisa. Sabia que quando usava vestidos de um tom mais escuro e deixava os cabelos presos, era mais seguro não a provocar. Algo a estava irritando e esse algo quase sempre era ela mesma e sua vontade de deixar evidente de que sim, conseguia sim se adaptar à vida europeia.

Na maioria das vezes, isso era provocado por um ou outro cochicho feminino a reverberar pelos salões da nobreza. E era resolvido naturalmente quando Lilly julgava ter conseguido o que a haviam acusado de ser incapaz, eram coisas realmente pequenas se pensar bem. Preparar um banquete, administrar o Castelo, se portar devidamente, ter domínio total do idioma, principalmente do vernáculo, dançar ou qualquer outra coisa aparentemente tola, mas que deveria ser natural à uma princesa europeia.

Em contrapartida, era visível que quando Lilly usava tons claros, estava radiante, ou, pelo menos não estava triste ou com raiva, e isso felizmente, ocorria na maior parte do tempo. Se dedicasse parte de sua atenção ao jardim ou a um de seus livros, então sim, o dia para ela estava bom.

Tinha, no entanto, um aspecto específico na personalidade dela que Vlad fazia questão de excitar. Lilly, assim como ele, ia até os últimos argumentos possíveis para validar sua opinião, só que ela, ficava só nos argumentos, e nesse intuito, ficava vermelha de raiva ao mesmo tempo em que jamais utilizava uma palavra que fosse de baixo calão.  Ela tinha seu lugar ou trono durante quase todas as reuniões do Conselho ou da Cavalaria, seu marido fazia questão que ela participasse para melhorar sua argumentação, já que sabia que ela iria retrucar depois, além disso, se divertia em vê-la apelar com quem quer que fosse para mostrar o próprio ponto de vista e a própria vontade.

E como ela apelava! As vezes se irritava e saia porta afora, devagar, como uma perfeita dama, esperava um dia ou dois e dava seu jeito, seja com testemunhas, seja com alguma experiência mirabolante que pediu alguém para fazer, quase sempre, o padre com o qual se confessava. Enquanto não conseguia ter seu pensamento no mínimo levado em conta, não desistia. Essa era uma das grandes diversões de Vlad, ver sua esposa vermelha de raiva ao mesmo tempo em que lutava para parecer tranquila e serena. Essa dualidade rendia caretas dela, sorrisos de puro ódio transvertido de educação e principalmente, parte de sua raiva era drenada na cama do casal.

Frequentemente ele mesmo pedia que um de seus Conselheiros ou Cavaleiros discordasse da princesa, só para testar o poder de persuasão dela e divertir-se com a cena. Além de claro, comemorar a sós com ela a vitória.

Vlad queria descobrir se a personalidade de Giselle era parecida com a de Lilly, é claro que levava em conta de que em muitos aspectos seriam diferentes. Definitivamente não esperava que Giselle ficasse triste por não ter filhos, pois se não se recordava de sua vida passada, não poderia carregar consigo os traumas de antes.

Giselle nasceu no Estados Unidos do século XXI, não era mulçumana, nada lhe obrigava a conceber um filho homem, sua religião atualmente não a faria se sentir inútil por não conseguir. A sociedade, definitivamente não a trataria como inferior por isso.

Além disso, esse trauma era de Lilly principalmente porque a Princesa sabia que sua mãe voltara ao harém e perdera o título de rainha por não ter tido um herdeiro do sexo masculino. Cresceu sendo tratada pelo pai quase que como uma anomalia.  Por ele não aceitar só ter dito filhas com a esposa oficial, quase não o via, nem a ele nem a nem a ninguém a não ser suas criadas, passava seus dias e noites confinada em seus luxuosos aposentos. Isso ficou tão enraizado na mente dela que não adiantava dizer que tudo bem se viesse uma menina, que o que valia era a instrução que a criança receberia, ou que se não tivessem filhos, tudo bem também, ela não seria destituída, ele a amaria do mesmo jeito. Nada disso valia.

Giselle não se importaria com isso, não cresceu nesse meio, não era nobre, nem conhecia o próprio clã. Todavia, havia os outros aspectos. O quanto Giselle se empenharia em provar para si mesma que não era a Lilly? Ou mesmo o oposto disso? — Vlad pensou. Na verdade, sabia que se a moça à sua frente fizesse como sua falecida esposa e buscasse validar seja qual fosse a opinião que tivesse sobre si em respeito a Lilly usando da lógica e da boa retórica, não provaria nada, a Princesa não podia ser a única pessoa no mundo que faria isso. Mas ele precisava partir de algum ponto, partiria por aquele.

Sim, era um começo promissor, pois lhe permitiria conhecer mais sobre Giselle. Todos esses pensamentos lhe ocorreram em fração de segundos. Decidiu que esse era o melhor desafio que teve em séculos, e queria degustar dele. Podia, é claro, simplesmente levar Giselle para o Palacete e conhecê-la, porém, sabia o quanto isso a deixaria furiosa ou amedrontada, e havia sim muitas possibilidades de ela ser a verdadeira Lilly. Então descartou a ideia, não queria traumatizar tanto a sua Lilly.

— Você parece pálida.

Ele comentou. Era verdade, tanto era que Vlad desistiu temporariamente de seu joguinho. Giselle já não estava se sentindo muito bem quando tinha se sentado no banquinho perto do balcão de bebidas e deixado Mina e Dylan sozinhos. Naquela hora em questão, apenas estava indisposta, se sentia cansada. Agora, no entanto, se sentia exausta sem aparente razão.

— Foi ao hospital depois daquele desmaio?

Vlad perguntou. Essa parte lhe escapara, já que quando acordou, ela parecia de fato bem. Considerava aquela cena como um presságio, afinal, a moça desmaiara no exato local e momento em que vira o quadro da Lilly. Todavia, queria ter 100% de certeza e não deixaria o desejo de que ela fosse a reencarnação de sua esposa se sobrepor à razão.

— Não vi motivos para tal. — Ela negou.

Sabia que o veria novamente, embora não achasse que seria tão rápido. A faísca estava lá, ao ritmo da mesma música. Duas sensações distintas brigavam entre si na mente dela, uma dizia que ela deveria sumir dali. A outra a mandava ficar. Como se ela estivesse sendo puxada por algum ímã invisível, que ora ou outra se invertia e a repelia.

— Acaso quer mais motivos do que um desmaio súbito?

— Não foi o primeiro, já fiz dezenas de exames. Todos os médicos foram unanimes em dizer que não há nada de errado comigo. Que só sou impressionável demais.

Impressionável. Ouvia muito essa palavra. Coincidentemente todas as vezes em que desmaiara tinha visto ou sofrido algo que poderia ser considerado digno de algum impacto. Na primeira vez que se lembrava de ter desmaiado, foi quando um de seus primos, em uma brincadeira, a trancou dentro do sótão da casa de seus avós. Giselle, depois de muito gritar sem ser ouvida por um adulto, se encolheu ao pé da porta, com a cabeça apoiada sobre as pernas e chorando copiosamente, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde procurariam por ela ou seu primo a tiraria dali ao ver que não tinha mais graça.

Ela tinha cinco anos na época. Não ficou nem vinte minutos trancada, mas assim que seu pai abriu a porta em companhia de seu primo, ela desmaiou. Como se tivesse péssimas lembranças do que é ficar presa por longos períodos, ainda que jamais tivesse ficado. Depois do escândalo de seu pai, seu primo não tornou a repetir a brincadeira, mas os desmaios não cessaram.

Na escola, quando um de seus professores pôs um drama para que a turma assistisse e debatesse posteriormente, Giselle desmaiou quando uma das personagens se atirou de um prédio com um bebê nos braços, a personagem em questão, era a sequestradora da criança, mas isso pouco importou. Ela só foi saber depois que no filme, o bebê sobreviveu. Nunca teve coragem de rever aquele drama.

Havia outras ocasiões assim, de todo modo, a única coisa que os médicos descobriram foi que nas veias de Giselle corria o tipo de sangue mais raro do mundo. O Rh nulo, por vezes chamado também de “sangue dourado” por sua mutação capaz de ser compatível em doações para pessoas com tipos tradicionais de sangue dentro do sistema Rh e Rh negativo.

 Nenhum dos médicos, soube, entretanto, como Giselle podia ter aquela mutação sem ter um pai e uma mãe com a mesma condição, que deveria ser hereditária, dos lados materno e paterno. Phin e Victória, pais de Giselle, não quiserem ir além, tinham um acordo pré-nupcial, lhes bastava e pronto.

Mas isso não era coisa que ela fosse dizer a um estranho, não era sensato dizer a terceiros que era uma das pouco mais de cinquenta pessoas no mundo com esse tipo sanguíneo. Só ela, os pais, alguns médicos e enfermeiras, pois Giselle já tinha feito duas doações de sangue, sabiam que ela era portadora dessa mutação.

— E o que a impressionou tanto aqui dentro?

Vlad perguntou notando que não era nada disso, pelo menos não dessa vez. Giselle, inconscientemente, repelia os poderes mentais dele.

— Nada. Deve ser o cansaço. Obrigada mais uma vez, mas acho melhor eu ir. Estão chamando por mim.

Ela disse sorrindo e se virando, Mina de fato estava chamando por ela. Vlad não pôde conter um riso divertido que se formou em seu rosto. Morgana estava certa, essa garota, sendo ou não a Lilly, era detentora de um grande poder, talvez até capaz de rivalizar com o dele. Já que o repelia sem nem mesmo se dar conta disso.

Ele não tornou a chamá-la mentalmente naquela noite. Não tinha pressa para se desiludir. Giselle pediu para Mina lhe conseguir um táxi, sua cabeça começara a doer e se sentia cada vez mais fraca. Vlad a deixou, aqueles sintomas eram os poderes dela se manifestando, não havia jeito menos doloroso, não havia como aplacar. Giselle teria que suportar sozinha, como Morgana suportou.

Mina chamou um táxi e os três foram embora. Dylan insistiu para que Giselle fosse ao médico, mas a moça se recusou alegando que era só um mal-estar e foi apoiada pela amiga que agora havia percebido o motivo para aquilo. Srta. Hans mal podia crer no que estava acontecendo com sua amiga, sua surpresa foi tanta, que acordou sua tia assim que Giselle adormeceu. Perguntando a ela como era possível que só depois desse tempo todo, vinte anos, Giselle despertasse os poderes herdados de seus antepassados.

Alheia à própria descendência, Giselle dormia, presa em um sono tão pesado, que não despertou nem quando começou a arder em febre ou quando o pequeno duende correu pelo quarto à procura do que mexer. Quando acordasse, acharia o vestido perdido no chão do banheiro e sua paleta de sombras preferida caída no chão, espalhando pó colorido por todo o piso. O duende estava ansioso para ser notado. Tanto, que nem se importou em sumir com todas as maçãs da cozinha, agora, estava detrás da cortina, deslizando os dedos pela barriga absurdamente cheia.

Vlad, havia dado ordens para que cinco de seus Cavaleiros vigiassem a garota dia e noite. Ele próprio, permaneceu na boate e se sentou bem ao lado de seu ex-amigo. Os Cavaleiros achavam que a vigília era só um capricho do Príncipe, uma maneira de “saber dos passos do novo passatempo dele”, se surpreenderam então, quando dois imortais cruzaram a rua na direção da residência da família Munteanu.


Notas Finais


E aí? Gostaram?
Giselle nem tem problemas, nem tem rs, rs, rs.
Obrigada a todas!!!!


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