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História Release Candidate - Votação


Escrita por: Agridoce

Notas do Autor


♪ [ https://open.spotify.com/playlist/1s9blxvQL5NPMsb68hyD9Z?si=w0_fVXV3R4GkCybRaCSWnQ ] ~ fiz uma playlist da fanfic onde pretendo adicionar uma música a cada capítulo. A música desse capítulo é 'bury a friend'

Achei temática.

Capítulo 5 - Votação


Fanfic / Fanfiction Release Candidate - Votação

A volta até o refeitório, após eu ter apertado o botão para reportar o assassinato de Naruto, poderia ser comparada facilmente a um tipo de corredor da morte.

Meu corpo estava tão tenso que só consegui mover meus pés depois que a tripulante vestida de branco virou as costas para mim, seguindo seu caminho até a cantina.

Você vai ter que acusá-la, Sakura.

Meu subconsciente sussurrava para mim como se fosse uma mãe me incentivando a fazer a coisa certa. Porém, o que eu faria seria egoísta, inescrupuloso, errado e mortal.

Assim que chegamos a mesa onde havíamos tomado um café da manhã mais cedo, todos ali ainda vivos escolheram seus lugares. Algumas pessoas não pareciam saber o que estava acontecendo, porém, outras como eu, pareciam ter dificuldade em aceitar o que estava acontecendo.

Me sentei de maneira ereta, como se meu cérebro calculasse cada movimento meu. Eu não estava nada confortável.

Nenhum de nós sabia muito o que fazer então, num primeiro momento, ficamos ali, 8 pessoas se encarando na mesa redonda até que um sinal soar nos avisando que poderíamos finalmente tirar nossas capacetes.

A primeira coisa que fiz ao tirar o aquário sufocante de minha cabeça foi respirar fundo. Mesmo tendo a conversa com Sasuke nas tubulações, eu sentia que tinha ficado ser respirar por dias. Meu peito soluçava e meus olhos finalmente choraram. Cada terminação elétrica minha externizava algum sentimento.

“Sakura...” Meu nome foi chamado, mas ao invés de responder a pessoa que se preocupava com meu estado, eu apenas fechei os olhos e balancei a cabeça em negativa.

Por alguns segundos a única coisa que se ouvia eram meus próprios soluços descompassados. Mas meu luto sonoro não durou muito; interrompendo completamente sem pudor algum e com raiva que refletia a cor de seu uniforme, a tripulante vestida de vermelho levantou a voz o suficiente para chamar e prender a atenção de todos. Sua oratória não era atraente como a de Sasuke. Pelo contrário, era repleta de sentimentalismo, ilógica e ordens capazes de deixar qualquer um nervoso ou irritado.

“Mas que merda está acontecendo aqui? Quem convocou a reunião? Quanto mais rápido acabarmos com nossas tarefas, mais rápido essa loucura toda acaba. Pensei que todo mundo tivesse entendido isso!”

Como se fosse uma aluna da escola acuada pela pergunta difícil da professora, senti meu braço se levantar vagarosamente de maneira a responder de maneira silenciosa a sua pergunta: quem convocou essa reunião.

“Por que você chamou a gente aqui?” Seu olhar agora se prendia a mim. Eu tinha certeza que ela me analisava minuciosamente, aguardando ansiosa pela minha resposta para que ela pudesse voltar as suas benditas tarefas, mas infelizmente eu não consegui reagir.

Eu sabia que minha boca estava aberta e pronta para começar a falar, mas meu corpo hesitou. Não que me faltasse coragem, já que eu eu precisaria de minha oratória para sobreviver. Eu sabia exatamente o que estava em jogo ali. Porém, eu não fazia ideia por onde começar... E por mais que eu empurrasse todas as lembranças do corpo moribundo de Naruto para o fundo do meu ser, tudo ainda era muito recente para que meu cérebro simplesmente esquecesse daquilo tudo.

“Me responda, Rosinha!”

“Não a pressione dessa maneira, Karin.” A voz de Shikamaru intercedeu por mim e por minha sanidade mental. “Eu quero saber o porquê dela ter nos chamado aqui, e porque ela está desse jeito, mas há outras perguntas tão importantes quanto essas que você está fazendo.”

“Sério? Como qual?” O tom da ruiva era de deboche. Sua falta de paciência era notável e extremamente irritante. Seus olhos ainda se reviravam para intensificar sua áurea irônica. Porém, nada disso pareceu afetar Shikamaru que a observava como um pai desapontado com a falta de educação do filho.

“Creio que você notou que faltam dois de nós aqui...”

Suas sobrancelhas se elevam no mesmo momento em que entende o que o tripulante de cor verde insinua a ela.

Karin não tinha notado as duas cadeiras vazias. Assim como eu mesma não havia notado que mais alguém havia morrido além de Naruto.

Sem dar espaço para mais perguntas, outra mensagem urgente aparece no menu pessoal de todos nós. Agradeci internamente pela voz robótica que soou pelos altos falantes das paredes do refeitório, já que eu particularmente achava que não era capaz de ler aquela mensagem sozinha:

Dois tripulantes foram mortos: Naruto e Gaara. Vocês terão 1 hora para conversar e votarem em alguém suspeito.

Assim que o aviso disse que teríamos que votar em alguém, uma palheta com 8 cores distintas representando cada um de nós ali apareceu no meu menu pessoal e, embaixo delas, a opção de votar em nulo.

Se os votos forem insuficientes ou nulos, ninguém será ejetado. Porém, os assassinos continuarão entre vocês.

Quando o segundo aviso foi dado, de modo a complementar o primeiro, um cronômetro começou a rodar marcando o tempo que nos restava para votação.

Os outros integrantes da mesa podiam olhar inocentemente para aqueles números como se eles apenas medissem o tempo que ainda tínhamos. Porém, aqueles números representavam mais para mim, representavam o tempo que eu tinha para convencer os outros tripulantes de que eu era inocente e, para isso acontecer, eu ia ter que acusar Hinata com todas as minhas forças.

Ela era a única que havia chegado na sala da elétrica ao mesmo tempo do que eu, a única que havia visto o corpo e a única que fazia sentido eu culpar.

Sem pensar em mais nada, cliquei no botão branco da votação, atraindo toda a atenção do resto da mesa para mim mesma.

A tripulante rosa, Sakura, votou na tripulante branco, Hinata.

“Você ficou maluca?” Pela primeira vez a mulher de cabelos longos e olhos claros falou diretamente comigo e, por causa do meu voto, ela estava visivelmente brava. Seu grito repercutiu toda sala fazendo até mesmo Karin se encolher. Discretamente desviei meu olhar dela para ver brevemente o que Sasuke achava de minha atitude e vi que ele não aprovava o que eu havia acabado de fazer. Porém, eu tinha um plano e precisava acreditar nele.

“Eu estava com Naruto o tempo todo, foi o corpo dele que eu achei quando apertei o botão de reportagem. Quando fomos no escuro até a elétrica, que provavelmente foi sabotada por você também, você usou o aproveitou a escuridão para o matar enquanto eu acendia a luz.”

Até aquele ponto não havia furos em minha história. Ambas estávamos na sala da elétrica, ela minha palavra contra a dela e eu precisava acusá-la desde o início para que todos ali acreditassem em mim.

Na minha cabeça aquilo fazia sentido.

Quando olhei furtivamente de novo para Sasuke, um ligeiro sorriso brincou em seus lábios. Silenciosamente ele havia acabado de aprovar meu plano.

“Não é porque eu estava na elétrica que eu sou uma assassina impostora!”

“Então você não nega que estava na elétrica?” Até aquele momento Shikamaru já havia deixado bem claro mais de uma vez que ele se portaria como uma espécie de líder. Ele parecia gostar de flertar com a lógica e eu sentia que, se eu conseguisse trazer sua opinião para meu lado, eu poderia ter algum tipo de credibilidade perante ao resto do nosso grupo.

“Não. Eu não nego, eu estava sim na elétrica, mas eu fui para lá por causa da mensagem que apareceu para mim que dizia que para a luz retornar tínhamos que ir até lá.”

“Sakura, você viu Hinata matar o Naruto?”

“Não.” Respondi calmamente, tentando não tropeçar na minha rede de mentiras que eu montava lenta e minuciosamente. “Mas naquela sala só estavam eu, Naruto e ela. Naruto está morto, eu a vi assim que EU consertei a caixa de energia principal.”

“Você consertou sim a luz, mas o que você viu foi eu entrando da sala, não saindo dela!”

“O que eu vi foi você na porta da sala, Hinata... E o corpo de Naruto no chão.” Ignorei as lágrimas que teimavam em cair por sobre minhas bochechas. Meu olhar permaneceu duro em direção a mulher com o uniforme branco. Eu tinha que deixar claro para todos ali o quanto eu estava assustada e triste pela morte de Naruto, ao mesmo tempo que eu mantinha sólida minha acusação.

“Eu não matei o Naruto, Sakura.” Sua voz não estava mais brava, mas mesmo assim ainda dava pra sentir verdade nela, e eu tinha que massacrar essa convicção.

“Então por que estava seguindo a gente?”

Minha acusação a deixa completamente desnorteada. Suas sobrancelhas tão negras quando a cor de seus cabelos se juntam em sua testa como se me perguntasse o significado de toda a minha hostilidade.

“Eu fui fazer as tarefas com Naruto. Ainda aqui dentro ele me perguntou se podia ficar comigo e eu aceitei por proteção e por não querer andar por ai sozinha. Quando eu estava fazendo a tarefa de limpar as folhas, subimos de novo até o refeitório e, quando acionamos a alavanca vimos duas pessoas passando por nós. Primeiro Sasuke passou correndo e seguiu em direção a parte direita e depois Hinata apareceu.” Eu tentava soar o mais convincente possível, falava lentamente tentando passar firmeza e veracidade na história que eu estava inventando.

Em minha mentira, eu estava trocando Sasuke e Hinata de lugar.

“Eu passei por vocês sim...”

“E seguiu a gente.” A interrompi sem chances de deixá-la se explicar. “Seguiu a gente até a sala de armazenamento e vendo que não íamos nos separar, nos deixou em paz finalmente.” Minha voz alcançou um tom que até aquele momento não havia alcançado. Minha energia era tanta que Hinata parecia rever todos os seus passos mentalmente tentando verificar se ela realmente tinha feito o que eu afirmava. “Depois disso a luz apagou, infelizmente Naruto estava a poucos passos na minha frente. Então ele chegou na sala da elétrica na minha frente, foi encurralado por você e quando eu finalmente também cheguei na sala, liguei as luzes, virei para trás e lá estava Naruto morto com Hinata na porta olhando pra mim.”

O tripulante preto, Sai, votou na tripulante branco, Hinata.

Outra pessoa havia votado. Procurei a cor preta entre os 8 integrantes sobreviventes e pude ver o tal Sai um pouco mais distante, sentado na minha diagonal.

Seu uniforme tinha um tom parecidíssimo com o do Sasuke.

“Você só pode estar de brincadeira! Você não me deu chance de me defender! Minha vida está em jogo aqui, vocês podem estar prestes a matar uma inocente.”

“A história dela me pareceu ser bem convincente, tem detalhes, ela descreveu a tarefa que ela estava fazendo... Além disso, foi ela quem religou a luz e reportou quando viu que algo de errado aconteceu. Eu vou acreditar na tripulante rosa.”

Sai parece ser de longe o tripulante mais frio dali. Seu comentário, mesmo sendo a meu favor, me faz sentir um arrepio em minhas costas. Eu não queria ter ele como inimigo, então fiquei feliz por conquistá-lo de alguma forma.

“Eu mereço ter uma defesa!” Hinata insistiu, agora de pé com a voz trêmula encarando cada um dos rostos sentados ali. Provavelmente morrendo de medo de que outro tripulante somasse mais um voto nela.

“Você pode se defender, mas você nem negou estar nos lugares que Sakura disse que estava.” Shikamaru disse calmamente reafirmando minha linha de raciocínio que ele era o cara mais coerente entre todos nós ali.

Após engolir a afirmação dada pelo integrante vestido de verde, Hinata piscou várias vezes como se pensasse numa defesa que tivesse algum nexo. Quando finalmente sua voz saiu, eu podia sentir que ela estava derrotada por dentro.

Depois de se sentar, começou a falar a sua verdade, que era a verdade de uma inocente que eu havia acabado de condenar.

“Eu fiquei perdida de princípio...” A voz da Hinata estava baixa, mas era audível por todos ali. O nosso silêncio parecia sagrado e ninguém ousava interrompê-la. “Então primeiro eu fui em direção ao Medbay, que fica a esquerda do refeitório.” A morena apontou para a porta da cantina que naquele momento de votação estava trancada. “Mas ai eu vi que minha tarefa ficava na navegação, e voltei correndo passando pelo refeitório encontrando sim com Sakura, Naruto e o tripulante de azul, me desculpa, e não sei seu nome.”

“Sasuke.”

“Sasuke...” Ela repetiu o nome como se tentasse decora-lo. “Eu não nego que eu encontrei com a Sakura, Naruto e Sasuke, porém, eu não desci em direção ao armazenamento como ela acabou de me dizer. Eu passei direto por todos.”

“Sasuke, você pode confirmar que você foi para a direita?”

“Sim. E eu não vi a Hinata lá.”

Respirei fundo aliviada por meu parceiro impostor entender meu plano. Se ele assumisse a posição da Hinata e eu a colocasse na história como se ela tivesse encurralado eu e Naruto no escuro, mais pessoas poderiam acreditar em mim. O único problema era se alguém tivesse encontrado com Hinata em algum momento, podendo assim me desmentir. Porém, como todos permaneceram em silêncio, concluí que mais ninguém havia cruzado o caminho dela, portanto ela não tinha testemunhas para defendê-la.

“Vocês estão mentindo!” As mãos de Hinata foram em direção a sua própria cabeça, como se ela não conseguisse acreditar no que estava ouvindo. Apertando as laterais de de maneira quase torturante, ela falava meia dúzia de palavras ilógicas que eu não conseguia ouvir da onde eu estava.

Tentando desviar um pouco o foco dela, Shikamaru levantou uma questão que até aquele momento ninguém havia dado muita importância até então: “E o segundo corpo. Alguém o encontrou?”

“Não.” A resposta saiu da boca de todo mundo com vários tons diferentes. Pelo jeito ninguém tinha visto o corpo do tal Gaara.

Eu não tinha nem ouvido a voz dele e ele já estava morto. Sasuke tinha matado duas pessoas.

A tripulante roxo, Ino, votou nulo.

“Como assim votou nulo?” Karin perguntou tentando achar entre todos nós quem era a tal tripulante que não acreditava na minha história.

“Eu não tenho coragem de matar ninguém. Eu não quero ser responsável por uma morte sem provas.” A loira que havia me ajudado a me reestabelecer no dia anterior se virou para mim como se lamentasse profundamente. “Me desculpa, Sakura, eu não estou te chamando de mentirosa. Eu só não consigo votar em ninguém.”

Assenti tentando parecer ser compreensiva, mas por dentro eu sentia a raiva queimar. Eu precisava que mais pessoas votassem em Hinata, senão eu seria alvo de suspeitas na próxima votação.

Felizmente eu não precisei contar a história de novo, Karin parecia estar suficientemente puta com todo aquele contexto de dúvida de Ino e também votou a meu favor.

“Se você não tem coragem de matar alguém inocente, eu não tenho coragem de manter um assassino entre nós.”

A tripulante vermelho, Karin, votou na tripulante branco, Hinata.

“Não!” Hinata parecia alucinada. Os olhos grandes e cinzas estavam chorando como se fosse uma criança prestes a sendo castigada.

Porém ela não seria simplesmente castigada, ela seria morta.

O tripulante azul escuro, Sasuke, votou na tripulante branca, Hinata.

“Você mentiu para onde foi, Hinata. Eu não posso confiar em você.” Sasuke se justificou brevemente, encarando-a de maneira séria. Sua oratória e convicção foi o suficiente para influenciar o voto de mais um tripulante.

O tripulante marrom, Neji, votou na tripulante branco, Hinata.

“Eu vou morrer. Vocês vão me matar... Vocês são assassinos!” Como se tivesse finalmente entendido o que estava prestes a acontecer, Hinata começou a enlouquecer. “Eu não quero morrer!” Ela gritou apertando um dos botões coloridos referentes a votação do assassino.

A tripulante branco, Hinata, votou na tripulante rosa, Sakura.

O som da voz robótica me fez ter um segundo de medo. Um segundo extremamente desconfortável que foi o suficiente para eu engolir minha saliva como se temesse de alguma forma que eu fosse a tripulante mais votada, e não a Hinata.

Porém, no final das contas o único voto que faltava era o de Shikamaru. Então o jogo não podia virar.

Olhei para o cronômetro notando que a discussão que havíamos iniciado consumiu um pouco mais de vinte minutos. Então eu ainda tinha quarenta minutos para convencer Shikamaru a votar em Hinata. Era uma margem de tempo boa, confortável, mas eu não achava que ele me entregaria seu voto assim tão facilmente. Alguma coisa nele me dizia que ele precisaria de fotos, laudos, DNA, arma do crime e testemunhas para poder considerar alguém culpado... E bem, eu não tinha nada daquilo.

“Hinata, além dos três, você não se encontrou com mais ninguém? Onde todos estavam no final das contas?”

Droga, o que eu mais temia tinha acabado de acontecer. Shikamaru queria o relato de mais pessoas e, mesmo que a maioria dos votos já tivessem sido computados, qualquer leve suspeita em mim me prejudicaria assim que a próxima votação começasse.

Como uma forma de achar um motivo para encarar Sasuke, passei a olhar todos da mesa, dedicando alguns segundos a mais ao tripulante que também era impostor. Seu olhar parecia sereno e extremamente atento ao que estava prestes a vir. Por um momento eu imaginei se ele tinha feito algo suspeito, se alguém teria o visto em algum outro lugar, o que foderia com todo o nosso teatrinho.

Sem ter a resposta de ninguém, Shikamaru revirou os olhos e após cruzar os braços em frente ao corpo, fechou suas pálpebras como se concentrasse em sua própria trajetória. “Infelizmente eu fui para o lado esquerdo da plataforma. Eu vi que a maioria dos tripulantes vieram para o mesmo lado do que eu. Karin saiu na frente, mas foi para outra sala, enquanto eu e Neji fomos para o reator.”

“Então Neji é seu álibi?” Sasuke pergunta de maneira a induzir que do mesmo jeito que Shikamaru desconfiava minimamente do meu depoimento usando Sasuke como álibi, que ele também poderia faze o mesmo colocando sua história em cheque.

“De certa forma sim. Mas acredito que tendo mais gente indo para o lado esquerdo, que mais testemunhas podem falar a meu favor.”

Concordando minimamente com a cabeça, Sasuke volta a falar ainda calmo, com sua voz firme projetando sua voz e distribuindo sua atenção para toda a mesa.

Quando ele começa a falar, um arrepio involuntário me sobe pela coluna deixando claro que, de nós dois, ele teria a imponência de convencer a todos da minha história, enquanto eu seria a vítima perfeita, a coitada injustiçada que todos teriam pena e que confiariam.

Meus pensamentos me fazem pensar no quanto tudo aquilo soa como loucura. E, por um segundo, tenho medo de tragar minha saliva e encontrar veneno na mesma. Eu me sentia uma cobra.

“Sakura fez dupla com Naruto e todo mundo sabe disso, já que eles decidiram isso ainda dentro da cantina, antes mesmo que colocássemos os capacetes.” A maioria de nós balançaram a cabeça concordando. “Shikamaru e Neji também fizeram uma dupla durante o jogo indo para o lado esquerdo, encontrando com Karin no meio do caminho o que, tecnicamente, os tiram da cena do crime.”

“Sim.” Neji, que até agora não tinha se manifestado muito, parece se sentir no dever de confirmar verbalmente a linha de raciocínio exposta por Sasuke, como se para defender o amigo que ainda não havia votado.

“Eu encontrei com Sakura e Naruto, passando por eles enquanto Sakura fazia uma de suas tarefas aqui no refeitório, para depois ir para o lado direito da plataforma.”

Concordo com a cabeça, talvez com medo de falar alguma coisa e interromper todo o discurso de Sasuke. “Nesse meio tempo, Gaara morreu, Hinata desceu para o sul, seguindo pela sala de armazenamento colocando ela junto com um dos mortos tendo Sakura como testemunha de que encontrou com a mesma na sala de elétrica... Onde os outros estavam?”

“Eu estava na comunicação. Parece que eu desci pela direita antes de todo mundo. Mas demorei pra entender o que eu tinha que fazer na minha tarefa... Antes do pique de luz eu não encontrei ninguém, e depois ficou quase impossível ver alguma coisa ou alguém.” Sai fala de modo sério, olhando diretamente para Sasuke, como se o considerasse uma espécie de líder.

“Ino?” Shikamaru estende a mão para a nossa colega, numa tentativa de confortá-la. A loira vestida de roxo parecia tão nervosa que não conseguia achar a própria voz para se defender.

“E-uu não sei.” Sua voz falha, treme e gagueja. Me sinto com vontade de ir até ela para tentar consolá-la de alguma maneira, mas a impaciência de Karin chama atenção de todos nós, de novo.

“Até quando a gente vai ficar divagando onde cada um estava. Está na cara que a assassina aqui é a Hinata. Ela estava no local do crime, não acendeu a luz e duas pessoas podem confirmar que ela desceu pelo armazenamento. O que você está esperando Shikamaru?”

“Eu ainda não tenho certeza.” O olhar escuro do tripulante vestido de verde recai sobre mim e eu me controlo ao máximo para não ter nenhum tipo de reação suspeita.

Minha mente trabalha numa velocidade muito rápida, na qual eu sinto certa dificuldade de acompanhar minha própria linha de pensamento e, quando abro a boca para falar, acuso Shikamaru sem medir muito o peso de minhas palavras.

“Sua demora me faz perguntar se você na verdade não é o outro impostor e está com pena de matar Hinata.”

Com base na reação de todos os outros tripulantes, percebo que talvez eu tenha ultrapassado todos os limites. Ninguém ousa defender Shikamaru, mas ninguém também compra minha ideia.

Vejo que o cronômetro ainda continua correndo e sinto que o peso daqueles número diminuindo gradualmente apertarem meu peito.

Eu só precisava do voto de Shikamaru e ele insistia em investigar e dar uma chance a Hinata.

A rápida lembrança de que a morena era o assunto principal ali, já que era a mais votada, me faz olhar em sua direção e assim que eu o faço me arrependo.

Hinata parecia catatônica. Seus olhos presos em minha direção. Suas sobrancelhas dando a eles um aspecto triste e derrotado, como se tivesse aceitado sua morte e me culpasse por isso.

Traguei a saliva tentando desviar meu olhar novamente, mas ela parecia tão fixada em mim, que mesmo voltando meu olhar para Shikamaru, eu podia jurar sentir os olhos claros me perfurarem a pele tamanha intensidade que transmitiam.

“Se ele fosse o impostor, ele poderia ter me matado facilmente, Sakura.” Balanço minha cabeça como se para me livrar daquele encosto criado pela presença da tripulante vestida de branco, e dou minha atenção para Neji, que tinha os detalhes de seu uniforme em tons de marrom.

“Como assim?”

“Você suspeita que Shikamaru quer proteger Hinata porque acha que ele pode ser o outro impostor... Mas se fosse ele, provavelmente eu estaria morto, já que eu fiquei sozinho com ele o tempo todo.”

A fala de Neji faz todo o sentido do mundo. Então eu desisto de dialogar e simplesmente espero que Shikamaru tome sua decisão.

“Eu acho que seria burrisse arriscar ficar com dois assassinos entre a gente.” O tripulante vestido de preto toma a palavra, notavelmente sem muita paciência, mas com o tom de voz calmo e controlado. “Seria viável deixá-la viva se conseguíssemos ficar afastados dela o tempo todo, mas já notamos que esses impostores conseguem sabotar a luz... Quem sabe mais o que eles podem fazer? Fechar portas, sabotar o oxigênio... Você quer mesmo andar por ai sabendo que tem dois impostores para se preocupar?”

Depois de seu discurso eu me pergunto se Sai não seria um tipo de impostor coringa, já que parecia estar, mesmo que sem querer, jogando do meu lado.

O tripulante verde, Shikamaru, votou na tripulante branco, Hinata.

Olho para o canto e vejo que o cronômetro para de correr com bons minutos de sobra. De uma maneira completamente egoísta, me sinto aliviada por ter conseguido acusar uma companheira, tirando as suspeitas sobre mim.

“Não.” A negação sai baixinha dos lábios trêmulos de Hinata. E, assim que Ino se levanta para provavelmente dar algum tipo de suporte emocional para Hinata, outro aviso soa pelos autos falantes, ao mesmo tempo que é escrito em nossos menus pessoais.

A tripulante Hinata foi a mais votada e será ejetada da Estação Espacial.

Assim que a voz robótica se cala, vejo que algumas pessoas fazem menção de se levantar, mas todos se assustam quando, de dentro do uniforme de Hinata, uma leve fumaça é esguichada, a fazendo perder os sentidos logo em seguida.

“Hinata!” alguém grita, mas não identifico a voz de quem a chama.

Meu cérebro entra em pane e a cena toda acontece me dando a sensação de que eu estou num filme.

A cabeça de Hinata inerte jaz deitada na mesa, enquanto Sasuke e Neji tentam acordá-la de alguma forma.

Pisco algumas vezes, sentindo o peso da mão de alguém no meu ombro, como se quisesse me chamar atenção. Sigo o braço com o olhar e vejo que Ino está me balançando sutilmente enquanto chama meu nome.

Levem a tripulante Hinata para a sala de ejeção imediatamente!

Levem a tripulante Hinata para a sala de ejeção imediatamente!

O som da voz robótica soa injuntivo e, mesmo sem saber muito o que fazer, me levanto e me deixo ser guiada por Ino.

Sem saber para aonde estava indo, percebo que Sasuke carrega o corpo desacordado de Hinata até uma salinha com portas feitas de vidro transparente. Porém, não consigo notar mais detalhes daquele lugar. Minhas pernas estão moles e começo a achar o esforço de ficar de pé quase um martírio.

Eu tinha acusado alguém e consequentemente, matado uma pessoa inocente.

Me aproximo das portas já fechadas, vendo a tripulante vestida com os mesmos trajes do que eu, mas com os detalhes brancos.

A voz robótica volta a falar alguma coisa, mas meu cérebro não consegue absorver o significado das palavras.

Em seguida, as portas metálicas atrás de Hinata são abertas, literalmente sugando o corpo desacordado em direção ao espaço, a área de fora da Estação Espacial.

Hinata tinha sido ejetada.


Notas Finais


Sobreviventes - Sakura; Sasuke; Neji; Shikamaru; Sai; Karin; Ino.


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