História Remember Me - Newtmas - Run away from the pain

Point of View of A.D.Janson

- HAHAHAHAHA! – rio desacreditado com a audácia desse cara.

Stiles teve a coragem de apertar o gatilho da sua arma contra a testa de Jake Bass, e não foi só uma vez não, Stiles continua apertando a mesma e absolutamente nada acontece. Ousado, muito ousado esse homem misterioso, mas ele está em apuros.

Ninguém saí por ai simplesmente apontando uma arma na cabeça de uma pessoa ameaçando tirar sua vida e não cumpre a promessa. O ato piora quando você faz isso contra a cabeça de Jake Bass, o babaca com o rabo mais preso nesse negócio sórdido.

- Você tá fodido! – Jake ri contra a face estagnada de Stiles.

- Estou, é? E por que? – o moreno questiona confuso.

- Porque você apontou uma arma para a minha cabeça, você me ameaçou no meu território e nem espeto o bastante é para ter se ligado que o revolver tem uma trava. Você não puxou a porra da trava, seu idiota!

- Ele não puxou, mas eu puxei! – digo erguendo minha pistola semi automática e concluindo o que Stiles devia ter feito.

Atiro mesmo, sem dó, simplesmente cansei de caras idiotas como ele tentarem sempre foder tudo que é meu, tentando tirar vantagem das coisas. O estampido é alto, a bala eclode contra a cabeça de Jake, explodindo uma rajada de sangue diretamente na face de Stiles. Seu corpo cai com um baque forte no chão e em segundos o sangue já começa a manchar o carpete onde ele está.

- Precisamos ir embora! – digo indo até onde Sugar está, tomo o garoto em meu colo e puxo Stiles pelo pulso.

O homem está em choque. O idiota teve a coragem de levantar a arma para Bass, mirar na cabeça dele, mas não é capaz de correr quando a gente precisa sair o mais rápido possível daqui, fugindo dos seus seguranças. Minha arma possuí silenciador, mas o rosto lavado de sangue do moreno denuncia o que acabamos de fazer.

- Sheffield, as garotas?

- Estão no carro já, senhor, junto dos rapazes. – responde ele, já se ligando no que aconteceu.

Automaticamente Sheffield ergue a sua arma, pronto para um combate. Coloco Sugar no chão, retiro seus sapatos de salto, jogando-os para longe, protejo ele com meu corpo, tentando chegar ao carro.

- Limpe essa sua cara! – ordeno para Stiles, ainda em estado de choque. O homem não responde a ordem. – EU DISSE PRA VOCÊ LIMPAR ESSA SUA CARA!

Começo a gritar, no entanto Sugar retira sua camisa branca e esfrega o rosto do homem, tentando traze-lo de volta a realidade.

- Stiles, olhe pra mim, por favor. – o loirinho pede na maior paciência e intimidade, percebo o tom de voz utilizado por ele. É diferente de tudo que já ouvi antes. – Você não fez aquilo, você me ouviu? A culpa não foi sua. Preciso que se concentre nos meus olhos – Newt pede carinhoso, acariciando o rosto sujo do moreno.

Finalmente Stiles sai do transe e encara Newt, tem os olhos marejados e está visivelmente perturbado.

- Ok. – ele suspira pesadamente e sorri fraco ao garoto – Vamos sair daqui, mas eu dirijo! – ele me encara dos pés a cabeça, debochando – Porque você parece um idoso de oitenta e sete anos dirigindo nessa cidade! – o audacioso me desafia.

- Ao menos destrave a porra da sua arma para ajudar a atirar se preciso. – digo pedindo silêncio quando um dos seguranças de Bass se aproxima do canto onde estamos.

Assim que cruza por nós, capturo ele por trás e enfio logo uma chave de braço, sufocando-o até apaga-lo.  A porta da rua não está muito longe de onde estamos, tem dois seguranças nela, Tenho uma ideia. Não é muito inteligente, mas foda-se, sou A.D.Janson e vou sair ileso dessa cilada onde me meteram. Disparo duas vezes sem nem piscar.

Com uma bala em cada cabeça, derrubo os dois brutamontes da porta, livrando nossa passagem. Nosso bando corre até a porta, disposto a chegar até o carro. Tudo estava fácil e tranquilo demais.

Um estampido surdo corta o ar, são tiros desferidos na nossa direção. Automaticamente empurro Sugar no chão e grito para Stiles tirar ele daqui, lavando-o com segurança até o carro. Eu e Sheffield nos escondemos atrás de algumas pilastras na entrada, atirando contra um bando raivoso de capangas na nossa direção.

Acerto três e Benjamin mais dois, ainda faltam quatro, olho rapidamente para trás e vejo Stiles no banco do motorista ligando o carro. Esse filho de uma puta vai embora sem a gente! Merece uma bala na cabeça, mas um tiro de raspão no meu braço me faz voltar a realidade gritante bem na minha frente.

E o impensado acontece.

Stiles arranca com o carro, dá um cavalo de pau e para a centímetros de nós, abrindo a porta do carro.

- ANDA LOGO, CACETE! – ele grita para entrarmos correndo.

Avanço com Sheffield para dentro do carro e então Stiles acelera, fugindo da cena de horror. Troco de lugar com o loiro, permanecendo sozinho na frente. KitKat, Blue e Sugar estão no espremidos no chão do banco traseiro, Minho segura uma arma e Nick está de cara feia.

- Não foi muito inteligente entregando sua arma para o asiático. – digo para Stiles.

- Caso não tenha percebido, o asiático enfiou uma bala no capanga que ia metralhar as suas costas, então vou aceitar um muito obrigado pelo ato. – o homem ao volante está mais confiante após o choque inicial.

Soco o painel do carro, extremamente puto com o que aconteceu.

- Você está sangrando... – ouço a doce voz de Sugar preocupado comigo. Que gracinha!

- Ah sim, estou. Isso não é nada. – digo conferindo o tiro de raspão.

- Eu não falei com você! Eu estou falando com o Stiles!

O loiro surge entre nossos bancos, preocupado com o maldito do moreno ao meu lado, enquanto está cagando pra mim. PRA MIM! Logo eu que mantenho ele aqui, dou casa, comida e roupa lavada, arrisquei meu pescoço pela sua pele agora a pouco, matei o infeliz do Bass e terei uma penca de babacas na minha cola por conta disso. E o que eu ganho em troca? Ganho Sugar babando ovo para esse babaca do meu lado.

- Está tudo bem, pequeno. Eu vou ficar bem. – ele assente ao garoto, que tenta estancar o sangue que saí das costelas do marrento.

Não está nada bem, garoto. E pequeno o caralho. Pare de chama-lo de pequeno!

Point of View of Thomas O’Brien

Assim que desço na entrada lateral do Maison, uma tropa de capangas está nos aguardando. Janson ligou para sua quadrilha e advertiu que teríamos problemas, o chefão entra bufando alto e soltando fogo pelas ventas, grita com meia dúzia de pessoas e dá ordem para alguns seguirem com ele até a sala VIP.

- Precisamos cuidar de você! – Newt diz me arrastando para as escadas.

- Newt, porque você tinha que ter cedido? A gente dava conta dele, porra! – a tal da Blue coloca o loirinho contra a parede.

- Agora não, Tess, preciso cuidar do Thom... cuidar do Stiles. – ele arruma a frase, deixando ela para trás.

Subo um lance de escadas, indo até um terceiro andar, local bem diferente e sinistro, bem contrastante com o restante das coisas que tem lá embaixo. Ele abre a porta de um quartinho, jogando meu corpo para dentro. Segundos depois Sheffield entra com uma maleta de primeiros socorros e percebo uma penca de expectadores para a cena.

- Somente o Ben e a Sonya aqui. – Newt pede, batendo a porta na cara da amiga morena de olhos azuis. Acho que ela me odeia. – Deite aqui, Tommy.

- É Stiles! – eu digo firme.

- Para a Sonya você pode ser o Tommy. – o loirinho está sério e nervoso, vai até um pequeno banheiro e lava as mãos.

- Você... Você é o Thomas? O Thomas do Newt? – a loirinha pergunta sorrindo, ajudando-me a tirar a camisa ensanguentada.

- Sou... – chio arrastado, sentindo a dor nas costelas.

- Newt sempre falou de você pra mim. É muito bom finalmente poder associar um nome a um rosto. – ela sorri docemente e se afasta, dando passagem ao loirinho.

- É muito grave? – pergunto de olhos fechados quando seus dedos frios tocam a minha pele.

Newt permanece mudo, tateando meu corpo. Abro somente uma frestinha dos olhos, espiando suas ações. Ele pega uma gaze na caixa e a molha em água oxigenada para limpar o local. Meu corpo inteiro passa a ruir quando ele toca o ferimento, sendo eu incapaz de gemer alto com o toque desajeitado dele.

- É muito grave? – volto a questionar numa careta.

- É, Tommy. – Newt fala a centímetros do meu rosto, sinto seu ar quente tocar a minha pele. Abro os olhos e o vejo com o cenho sério e preocupado. – Você vai morrer em menos de dois minutos se não tratarmos desse raspãozinho com muitos beijos e cosquinhas!

O pequeno pula no meu colo, selando nossos lábios com um beijo afoito. Ele finalmente volta a rir, deixando-me mais tranquilo.

- Você me paga, Newt! – sussurro contra seus lábios.

- Foi só de raspão, você teve sorte. – ele diz soltando minha boca, tateando meu corpo. – Se tivesse perfurado a carne, teria atingido seu pulmão, ai já era!

- Como sabe disso tudo? – pergunto curioso ao ajeitar meu corpo na pequena beliche.

- Dez anos nessa vida e você aprende coisas que achou que nunca fosse precisar saber, como isso. – ele diz sentando-se ao meu lado.

- Vou deixar vocês dois sozinhos e colocar uma placa de proibido perturbar! – Ben pega a mão da loirinha e nos deixa no quarto.

Corro meus olhos pelo pequeno espaço, analisando onde meu pequeno dorme, onde mais pequeno deve ter passado grande parte da sua vida.

- É aqui que vocês dormem?

- Sim, Tommy. Essa é minha cama, que as vezes divido com a Teresa ou com a Sonya. Ou as duas junto, depende do dia.

- Espera, não tem uma cama para cada um? – exclamo chocado.

- Não, não temos. Acha que sobrevive cinco minutos até eu tomar uma ducha e tirar essa roupa rosa demais? – indaga com um rostinho lindo e infantil.

- Você fica lindo de rosa.

- Ah, eu fico! – Newt está envergonhado - Mas você não fica muito lindo de vermelho, principalmente vermelho sangue Bass espalhado pelo seu rosto. Assim que eu sair, vamos para outro quarto pra você poder se limpar e se trocar. Eu já volto.

Newt segue para o banheiro enquanto fico analisando o espaço onde ele dorme com seus amigos. Três beliches, ou seja, seis camas para os garotos e garotas de Janson. A roupa de cama delas é surrada, nenhuma combina com a outra, há no máximo cinco travesseiros. Há também um pequeno varal dentro do quarto com algumas roupas secando, um armário no canto, um sofá todo desmantelado e uma janela com grades, parecendo uma prisão.

Vou curioso até o armário no canto.

Ele tem poucas prateleiras e cada uma delas tem uma etiqueta improvisada com o nome de cada um. Teresa, Nick, Minho, Taissa, Vanessa, Winston, Scott, Newt, Frypan, Harriet, Sonya, Aris e Lydia. Uma etiqueta está arrancada, pertence a alguém que tinha o nome com a letra C, é a única coisa que consigo ver. Outra tem um B, concluo ser de Brenda.

Na prateleira de Newt, bem ao lado da de Teresa, há pouquíssimas coisas, tudo é tão escasso ali dentro que chega a machucar. Existe no máximo umas cinco camisetas, três calças, uma pequena caixinha com cuecas e meias, além de um pequeno óculos escondido no cantinho.

- Uh... Meu Deus...

Gemo ao toma-lo em minhas mãos e perceber que trata-se do óculos que Newt usava quando pequeno, o mesmo que sumiu com ele quando foi sequestrado. Ele ficava tão bonitinho com eles... Não acredito que essa deve ser a única recordação que ele tem de casa.

- Encontrou meu tesouro! – sou pego de surpresa por ele ao flagrar minha curiosidade mexendo nas suas coisas.

- Estou impressionado, você ainda tem eles! – digo espantado.

- Ao menos isso eu tenho. – seu sorriso é fraco, ele retira os óculos das minhas mãos e coloca de volta no lugar. – O que quer fazer além de tomar um banho?

- Quero passar a noite aqui com você.

- AQUI? – Newt grita chocado. – Por que aqui, Tommy? Você não ia querer passar a noite aqui, isso não é lugar pra você. – tenta me proteger de alguma forma.

- Aqui também não é lugar pra você e no entanto ficou preso aqui por anos. – saio em minha defesa.

- Eu fui obrigado a viver aqui, você quer ficar aqui por livre e espontânea vontade. É masoquista?

- Quero apenas sentir um pouco do que sente, pra tentar entender.

- Entender o que, Tommy? – seus olhos castanhos confusos me fitam com expectativa.

- Como funciona isso daqui. – bato o indicador no lugar do seu coração.