História Rosa dos Ventos - Draco e Hermione - Capitulo 09: Obliviate

Duas semanas se passaram desde a conversa com Draco em sua sala, o sonho que ele havia lhe contado não saia de sua cabeça, embora tentasse ignorar, não conseguia esquecer a expressão de preocupação em seu rosto e a tonalidade de sua voz. Hermione estava acabando de preparar o café da manhã. Era sábado e hoje seria a sua despedida daquele mundo que aprendeu a amar e que sempre ira guardar consigo lembranças boas e ruim, mas tudo fazia parte de quem ela era e aprendeu a ser. Ao mesmo tempo em que estava triste por partir, estava animada por finalmente conseguir ir atrás de seus pais, já fazia tanto tempo. Sentia tantas saudades deles.

Todas as noites lembrava de quando a sua mãe lhe contava histórias para dormir, pegar no sono era tão tranquilo. Sua voz era tão doce, que parecia uma canção de ninar. Ela sempre estava com um sorriso no rosto mesmo estando cansada de um dia longo de trabalho. Foi sua mãe que lhe ensinou a magia das palavras. Graças a ela, Hermione era apaixonada pelos livros e sabia desfrutar como ninguém o universo que em cada paragrafo lhe era apresentado.

Nunca esqueceu do quão acolhedora sua mãe foi, quando descobriu que era uma bruxa. Foi um momento assustador na vida de Hermione, afinal apesar de inteligente, tinha muito medo do desconhecido. O que poderia sua vida lhe reservar?. Estava sentada no chão num canto de seu quarto, chorando encolhida, quando ouviu uma batida na porta. Mesmo com a visão embaçada pelas lagrimas, podia ver o sorriso que sua mãe trazia, tão reconfortante que por alguns minutos, seu pequeno mundo, voltou a ter paz.

~Flashback~

  - Hermione querida, posso entra? – Jane entrou devagar procurando a filha pelo quarto, sorriu com compaixão quando a encontrou num canto com o rosto vermelho e um olhar assustado. – não se preocupe minha pequena. – sentou ao lado da filha a puxando para um abraço – vai ficar tudo bem, eu sei que esta assustada, mas não leve tudo isso como uma coisa ruim. Sabe... – apontou para a cabeça da filha de uma forma delicada – A nossa mente é a ferramenta mais poderosa que o ser humano pode ter, desfrute disso o quanto conseguir e não tenha medo. Você mais corajosa e especial do que pode imaginar. Sempre estarei aqui quando precisar. Eu amo muito você minha pequena, independente do que é ou possa ser.

- Obrigada mamãe, prometo que vou usa-lo muito bem – aprontou para a própria cabeça antes de abraçar a mãe com toda a força que tinha. – serei uma grande bruxa.

- eu sei que vai meu amor.

~fim do flashback~

Alguma lagrimas desciam pelo rosto de Hermione, enquanto tomava o seu suco de laranja matinal. Depois de tantas coisas que tinha passado durantes todos aqueles anos, so o que ela queria era o abraço de sua mãe, aquele mesmo abraço que recebeu quando mais nova. Aquele abraço que a fazia se sentir segura de todo o mal que aquele grande mundo poderia lhe causar.

Como se arrependia das palavras que disse a ela, quanto teve que partir rumo aquela guerra. Preferia mil vezes a segurança de sua família, do que se arriscar em uma missão incerta, mas não podia fraquejar, era um mal necessário e faria de tudo para dar certo. E deu. Venceu uma das batalhas mais difíceis de sua vida. Se tornou uma grande bruxa, como disse a sua mãe quando mais nova, mas ainda não conseguiu voltar para casa. Isso era a sua prioridade acima de qualquer coisa naquele momento.

~Flashback~

- Filha, desça estamos te esperando para o almoço.

- Já estou indo mãe. – Hermione estava apreensiva. Estava prestes a enfrentar um momento difícil, mais sabia que seria necessário. Precisava manter os pais seguros de todas as possibilidades ruim que poderia acontecer. Tinha sido difícil convence-los a viajarem, mas conseguiu. Precisava ser forte mais uma vez. Respirou fundo para enfrentar a dura realidade.

- Demorou filha, sua mãe já estava ficando preocupada – disse Paulo com uma voz calma.

- Desculpe, estava terminando de arrumar umas coisas. – Disse se sentando a mesa

- Que coisas? – sua mãe perguntou confusa – não vai com a gente amanhã no aeroporto se despedir? Filha, você sabe o quanto é importante para nos essa viagem, você mesma que nos convenceu.

- Eu sei mãe, mas não poderei ir. Me desculpe, mas tenho outras coisas para fazer. Tenho que encontrar meus amigos. – não podia revelar o que realmente estava acontecendo, era arriscado para ela e principalmente para eles. Ela precisava protege-los.

-  Hermione, notei de uns tempos para ca, que anda se afastando muito de nos. Tudo para você são seus amigos. Eu e o seu pai, quase não te vemos mais. Você passa meses naquela escola e quando esta de férias fica na casa deles. Compreendemos que tem seus amigos, e precisa de seu espaço, mas estamos prestes a viver um grande sonho e queremos que esteja la. Não seja egoísta.

- EGOISTA? – já estava ficando nervosa com toda aquela situação. – eu não estou sendo egoísta. Sempre estive aqui. Sempre estive do lado de vocês. Vocês é que estão sendo egoísta e não querem entender que não estou indo porque não quero, não estou indo porque não posso.  

- Então nos explique do porque não pode. Ou pra você, não somos capazes de compreender, porque não somos como você e não podemos fazer parte do seu mundo? – Jane na mesma hora se arrependeu do que disse. Nunca tinha julgado a filha por ter nascido uma bruxa. Aquele fato sempre foi irrelevante para ela e seu marido. Amavam a filha acima de qualquer coisa, acima de qualquer condição. Nunca se sentiram inferiores ou inseguros por não serem capazes de manifestar qualquer tipo de magia.

- É EXATAMENTE POR ISSO. VOCÊS NÃO SÃO CAPAZES DE COMPREENDER PORQUE NÃO SÃO COMO EU. NÃO FAZEM E NUNCA FARÃO PARTE DO MEU MUNDO. – tentava com todas as forças segurar as lagrimas. Levantou da mesa nervosa e correu para o seu quarto. Pegou sua bolsa extensora que já tinha arrumado com tudo o que poderia precisar para a missão e saiu de casa rumo A’ Toca. Mesmo que seus pais não soubessem, ela estaria no aeroporto na manhã seguinte. Mesmo de longe estaria la para desejar boa sorte e uma boa viagem. Para ela foi horrível ter dito aquelas palavras a seus pais, mas era necessário. Nunca os condenou por serem trouxas, ela sempre teve e sempre teria o maior orgulho deles, por serem apenas eles, seus pais, as pessoas que mais amava no mundo, independente de qualquer magia.

~*~

Dia a viagem...

Além de ser o dia da viagem de seus pais, era também o casamento de Gui e Fleur. Estava uma correria na Toca com os preparativos. A Srª Weasley estava agitada preparando a comida para o casamento, enquanto os homens arrumavam a tenda e a decoração. Hermione levantou cedo, quase não pegou no sono pensando em seus pais. Chegou na casa dos Weasleys chorando, extremamente nervosa e magoada. Depois de se acalmar e contar a todos o que tinha acontecido, Molly lhe abraçou com todo o calor que podia, lhe dizendo para ela não se preocupar com os preparativos, que ela poderia ir se despedir de seus pais. Ela não contou a eles, o que realmente pretendia, mas sabiam que ela pretendia algo para protege-los de qualquer tipo de ameaça que aquela guerra incerta poderia trazer.

Já pronta para sair, se despediu de todos e aparatou próximo ao aeroporto. Depois de alguns minutos, os encontrou sentados em uns bancos próximo a sala de embarque, faltava uns 15 minutos para eles partirem, precisava ser rápida e precisa. Com muito cuidado para não chamar a atenção dos trouxas e principalmente deles, vestiu a capa de invisibilidade que Harry havia lhe emprestado. Se sentou próximo a eles, se aproximou de seus ouvidos e disse baixinho:

- Me desculpe por tudo o que disse ontem, vocês não tem culpa de nada do que esta acontecendo. Eu tenho muito orgulho de vocês, independente de serem bruxos ou não. Nunca me importei e nunca vou me importar com isso. Apenas quero que sejam felizes como merecem. Boa viagem. Eu amo muito vocês.

Antes que eles olhassem assustados procurando de onde vinha aquela voz que ele tanto conheciam, Hermione pegou a varinha e direcionou para eles murmurando a palavra final:

OBLIVIATE

Agora estava feito, seu objetivo foi cumprido, para eles, ela nunca existiu. Seus pais agora eram apenas um casal comum e feliz, indo realizar o maior sonhos deles.

Passado os 15 minutos, ela os observou levantar indo em direção a sala de embarque com um sorriso enorme em seus rostos, enquanto a filha os encarava chorando por baixo da capa de invisibilidade, pedindo a Deus, que tudo acabasse bem. Que saísse viva daquela guerra para poder tê-los de volta. Diferente deles, ela levaria consigo todas as lembranças boas que viveu com eles durante toda a sua vida. Cada abraço, cada sorriso, cada momento.

Levantou e se dirigiu para fora do aeroporto indo para um beco próximo, onde tinha aparatado, finalmente tirou a capa e desabou no chão. Abraçou as pernas e chorou tudo o que podia, fechou os olhos e lembrou daquele abraço forte que sua mãe havia lhe dado quando pequena, quando tinha descoberto que era uma bruxa. Ela precisava de um abraço como aquele, para trazer um pouco de paz para o seu mundo interior que já estava tão devastado antes mesmo de entrar naquela guerra.

 ~Fim do Fashback~