1. Spirit Fanfics >
  2. Roxo e o Sabor da Desordem >
  3. Cada um sabe e si e Jongdae sabe de tudo

História Roxo e o Sabor da Desordem - Cada um sabe e si e Jongdae sabe de tudo


Escrita por: rainfiorest

Notas do Autor


feliz ano novo atrasado (e repetido) a todos! a tia rafa está pronta para enfrentar mais um ano de existência, e vocês?

Capítulo 2 - Cada um sabe e si e Jongdae sabe de tudo


Fanfic / Fanfiction Roxo e o Sabor da Desordem - Cada um sabe e si e Jongdae sabe de tudo

 

Baekhyun não sabia bem quando nem como tinha começado, mas ultimamente andava incomodado com Sehun. Talvez tenha começado na altura em que encontrou o mais novo a transar no sofá com a prima de Jongdae (e que este jamais descobrisse, ou Sehun ficaria eunuco), ou talvez tenha começado quando tropeçou (pela quarta vez) nas cuecas deste a caminho da casa de banho; quem sabe, talvez tenha sido quando Sehun acabou com os seus cereais, ou até mesmo quando o encontrou seminu no sofá com um homem (isso mesmo, um homem ― foi aí que Baekhyun aprendeu que a sexualidade de Sehun era uma caixinha de surpresas (e de Pandora)). De uma forma ou de outra, o mais novo andava nos nervos de Baekhyun e ele não conseguia bem pôr um dedo onde era a ferida, porque nem a encontrava.

O pior de tudo era que nem conseguia falar com Kyungsoo sobre isso. O namorado andava tão atarefado a estudar para os exames e a fazer trabalhos, que quando estavam juntos só aproveitavam a companhia um do outro sem falar de problemas. O próprio Baekhyun também preferia evitar assuntos negativos, por mais que precisasse de falar; e quando tentou recorrer a Jongdae, este riu-se na sua cara e chamou-lhe de trouxa. Baekhyun jurou nunca mais desabafar com Jongdae.

Caramba, não tinha ninguém com quem reclamar sobre o seu colega de casa abusado!

Contudo, percebeu que o problema dele talvez fosse um pouco maior que isso tudo, quando chegou a casa e encontrou Sehun estirado no sofá embrulhado em cobertores numa tarde de quarenta graus. Porque o que sentiu nesse instante foi uma preocupação alarmante pelo fedelho.

Estava irritado com ele desde de manhã, por ter bebido do seu sumo sem autorização (outra vez!), mas no instante em que viu o ar febril do mais novo tudo isso desapareceu e Baekhyun deu por si a ajoelhar-se aflitivamente ao lado dele e a pôr-lhe a mão na testa.

― Meu deus, Sehunie, o que é que te aconteceu? ― perguntou, a voz quase esganiçada, sentindo a temperatura escaldante do outro. Sehun estava com febre e nem precisava de um termómetro para saber que era alta.

― Não sei. ― respondeu o outro, fazendo uma careta de dor e encarando Baekhyun como se este fosse o salvador da pátria ― Eu estava bem de manhã, daí… ― interrompeu-se para dar duas tossidelas ― …quando cheguei a casa fiquei doente.

Baekhyun suspirou.

― Não é assim que funciona, sabes? ― desviou carinhosamente a franja da testa de Sehun, revirando a memória para se lembrar se tinha ou não medicamentos leves para a gripe ― Andaste a fazer asneira de certeza e ela só atacou agora. Andaste à chuva?

― Não chove há semanas, hyung.

― Andaste descalço no chão frio?

― Às vezes…

― Não é às vezes, andas sempre que eu sei. Estiveste perto de alguém doente?

― Não…

Baekhyun semicerrou os olhos de forma ameaçadora. Como resposta, Sehun tossiu e desviou o olhar, as bochechas ficando rosadas.

― Estive com o Seo Joon.

Baehyun fingiu que não ficou incomodado, mas Sehun continuava a evitar contacto visual e a sua tarefa tornava-se mais fácil assim. Com que então, Sehun continuava a sair com Seo Joon? Baekhyun tinha jurado que o mais velho seria só uma fodinha casual ― já conhecia Sehun o suficiente para saber que este não levava casos rápidos para o seu quarto, e ele tinha-os apanhado antes no sofá da sala.

Já agora, foi por causa de Seo Joon que Baekhyun descobrira que Sehun era bissexual.

― Sabes, Sehunie ― disse, levantando-se e sentindo Sehun voltar a olhar para si ― Se isso vai ficar sério eu quero ser formalmente apresentado, sim?

― Mas não é. ― Sehun fez beicinho, ligeiramente irritado. Baekhyun encolheu os ombros.

― De qualquer forma, o que é que eu agora faço contigo, hm? ― questionou, pondo as mãos na cintura.

― Dás-me mimos e deixas-me jogar Playstation sem reclamar? ― sugeriu Sehun num tom  esperançoso. Baekhyun deu-lhe um peteleco indignado.

― Vou fazer algo quentinho para tu beberes e depois…

― Não! ― choramingou ― Os médicos costumam dizer que é suposto comer coisas frias. Para anestesiar a garganta, sabes?

― E dói-te a garganta? ― Sehun anuiu. ― Que mais te dói?

― A cabeça, o corpo e o coração por não me estares a dar mimos.

Baekhyun suspirou, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Sehun era pior que uma criança.

― Eu volto já. ― disse ― Vou buscar gelado e mais um cobertor quentinho, e já venho para ao pé de ti.

Sehun fez uma careta manhosa, mas anuiu novamente. Baekhyun despiu o casaco a caminho do quarto, onde foi buscar dois cobertores quentinhos, e passou na cozinha para ir buscar o gelado e um comprimido para a gripe, antes de voltar para junto de Sehun.

― Dá um jeitinho aí ― disse, pousando a garrafinha de água, a cartela de medicamentos e o gelado em cima da mesinha. Sehun endireitou-se e Baekhyun acomodou-se ao seu lado, não demorando nem dois segundos antes de Sehun se deitar no seu colo. ― És pior que um bebé, sabias?

― Então trata-me como um.

Baekhyun sacudiu a cabeça, fingindo-se incrédulo, e esticou mais cobertores sobre o corpo encolhido de Sehun, aconchegando-o com cuidado. Depois entregou-lhe a água e os comprimidos.

― Se não tomares isso, eu vou-te perseguir o resto da semana. ― ameaçou, quando Sehun fez uma careta.

― Deus me livre. ― e pegou imediatamente nas duas coisas, procedendo a tomar o malfadado comprimido antes de se voltar a aconchegar no colo do amigo.

― Sehun, o gelado.

― Tenho preguiça, hyung.

― Tu é que o pediste, demónio. Agora vai derreter ali.

― Não faz mal.

― Faz sim. ― deu-lhe outro peteleco. Era a sua forma de ser cruel com Sehun sem realmente o ser.

― Então dá-mo.

Baekhyun inclinou-se para pegar na embalagem e na colher, vendo Sehun levantar-se e encostar-se ao seu ombro. Estendeu-lhe os objetos, mas o mais novo sacudiu a cabeça e Baekhyun quis bater-lhe.

― És mesmo abusador, sabias? ― disse, mas acabou por enfiar a colher na caixa e leva-la aos lábios de Sehun sem reclamar mais que isso. E ele podia reclamar ― reclamar bastante, até ele aprender a ter vergonha na cara e Baekhyun tentar recuperar um pouco o seu orgulho ―, mas não o fez. Sehun deixava-o demasiado… soft. Quando Sehun se queixou que não queria mais, momentos depois, Baekhyun fez tenção de levantar-se para ir colocar a caixa de volta no frio ― mas um Sehun mole e armado em bebé abraçou-o com força.

― Fica, hyung. ― pediu. E Baekhyun não conseguiu dizer que não.

 

◂▸❁◂▸

 

Baekhyun estava numa alhada. E com “alhada” ele queria dizer que estava com um senhor problemão. Daqueles dignos de iniciar uma guerra nuclear na sua vida amorosa, social e académica. Daqueles que viram nações do avesso e dão origem a guerrilhas internas.

Porque Baekhyun percebeu, noventa e oito dias depois de Sehun se mudar para aquele apartamento, que estava apaixonado por ele. E isso era mau. Péssimo. Terrivelmente desastroso. Baekhyun não podia estar apaixonado por Sehun. Baekhyun não podia estar apaixonado por ninguém ― ponto. A única pessoa por quem Baekhyun podia e devia estar apaixonado era Kyungsoo, o seu namorado de anos, a pessoa que o amava de verdade, a pessoa que sempre estivera ali para si. Kyungsso é que era dono do seu coração. Kyungsoo!

A confusão dentro da sua mente sensível era tão grande que o choque da compreensão ― depois de vários dias a negar após pensar no assunto ― levou-o a trancar-se no quarto por exatas vinte e seis horas (apetrechado de salgadinhos, doces e uma garrafa grande de Coca-Cola) para refletir em isolamento. Tipo monge nepalês.

E só saiu de lá porque Jongdae ameaçou arrombar a porta a pontapé se ele não se enfiasse no banho e viesse jantar com ele na sala, porque Sehun tinha saído (outra vez) com Seo Joon e o outro não queria jantar sozinho.

Então Baekhyun abriu a porta, revelando o caco que estava ― no seu pijama fofinho às bolinhas, o cabelo descabelado e um ar cansado ― e Jongdae soltou um suspiro que podia significa tanta coisa que o mais velho nem ousou perguntar.

― Primeiro tu tomas banho. Depois jantamos. E depois conversamos. ― disse, num tom que não deixava margem a protesto.

E foi assim que Baekhyun acabou a desabafar tudinho o que o atormentava nas últimas semanas ― desde as primeiras vezes que ficou irritado com Seo Joon sem saber porquê, sobre a primeira vez que teve vontade de beijar Sehun, sobre a sensação quentinha de quando se abraçavam, sobre como tinha sempre vontade de estar com o maknae e como toda essa tensão estava a arruinar a sua vida. E, sobretudo, sobre como tudo isto o deixava confuso, porque Kyungsoo existia e Kyungsoo era o seu namorado e Kyungsoo era a sua alma gémea.

No final, Jongdae apertou os lábios e ficou com um ar pensativo, encarando Baekhyun por baixo das pestanas, o queixo apoiado no punho.

― Tu estás claramente apaixonado pelo Sehun. ― declarou, por fim.

― Mas eu amo o Kyungsoo. ― protestou Baekhyun.

Jongdae suspirou, pousando uma mão no ombro do amigo e apertando de leve.

― Baekkie ― disse, calmamente e num tom que beirava o doce ― se realmente amasses o Kyungsoo, jamais te terias apaixonado pelo Sehunie.

E as palavras dele atingiram Baekhyun como um míssil, explodindo aquilo que tinha vindo a implodir e fazendo-o rebentar em lágrimas. Jongdae tinha razão. Jongdae tinha toda a razão e Baekhyun ficou a sentir-se ainda pior do que antes.

― O que é que eu faço, Dae? ― perguntou entre soluços, o rosto enterrado nas mãos enquanto o amigo lhe dava festinhas nas costas, num meio abraço meio desajeitado.

― Eu não te posso dizer. ― respondeu suavemente ― Isso só tu podes decidir.

― Que cliché, Dae! ― explodiu ― Se eu quisesse ouvir frases feitas ia ao Facebook, droga.

Jongdae fingiu que Baekhyun não parecia uma criança birrenta, mas deu-lhe uma tapa leve na nuca. Nestas alturas, Jongdae transformava-se no hyung que Baekhyun precisava mas não tinha (sendo o mais velho lá de casa, Baekhyun é que costumava ser o hyung de todos).

― Frases feitas existem por uma razão. Se toda a gente as repete, hão de ter algum fundo de verdade, não? Como os ditados populares. ― retrucou, de forma sábia, e Baekhyun revirou os olhos ― Por isso, meu caro hyung, mete o teu cérebro a trabalhar sobre o problema e tens de ser tu a encontrar uma solução. Tu é que tens de perceber se a tua relação com o Kyungsoo é mais importante, ou se o Sehun é mais importante. Só que, Baekkie ― fez uma pausa, e Baekhyun olhou para ele com os olhos brilhantes de esperança ― estas são as únicas alturas em que podemos ser egoístas. Ao fazermos o que é melhor para nós, evitamos magoar ainda mais os outros. Entendes isso?

Baekhyun acenou, atónito. Jongdae sempre fora o pilar sapiente lá de casa, mas nestas alturas revelava-se particularmente genial. De facto, ele parecia ser mais hyung do que o próprio Baekhyun. Não era justo, mas… Baekhyun não se queixava.

Quando se foi deitar, nessa noite, sentia que tinha tirado algum peso dos ombros ― mas a consciência continuava a pesar-lhe com a indecisão quanto aos próximos passos.

 

◂▸❁◂▸

 


Notas Finais


vão dar view em universe
e sigam e conversem comigo no twitter: @darkokodream
é isso, beijos


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...