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História Rules - Regra três - Não ser amigo dele.


Escrita por: Marta_Tata

Notas do Autor


Quis postar mais cedo, de nada <3

Capítulo 4 - Regra três - Não ser amigo dele.


A regra três colocou-se logo em prática um mês depois de eu ter escrito a lista.

Katsuki podia ter atiçado a minha sede sexual com apenas uma ação, mas eu não iria admitir aquilo em voz alta; nem depois da morte. Aquele segredo ia morrer comigo a sete palmos abaixo da terra.

Tremi. Engasguei-me na minha própria saliva assim que arfei com vontade. Tinha sede, eu disse-vos. O meu corpo tinha espasmos por todo o lado. Estava transpirado, eu tremia, eu não conseguia focar-me em mais nada. Os movimentos em mim eram rápidos e constantes, tão acelerados que não dava tempo para serem fortes como ele gosta.

Aquilo foi uma péssima ideia. 

Nunca devia ter ido procurar pelas terceiras tentações. 

Tudo começou quando Kirishima me veio visitar de manhã. Ele apareceu com Shoto e mais tarde Kaminari, invadindo o meu apartamento. Suspirei porque percebi que eu iria atrasar mais um dia de escrita, mas acho que os percebo. No último mês eu podia ter sido dado como morto que ninguém saberia.

Eijirou sorriu para mim e acabou por me convencer a sair numa tarde com eles para o Shopping, depois de governarem a minha cozinha e fazerem um almoço digno de lixo de restaurante. Pelo menos tentaram. Todoroki lá salvou um pouco a refeição. Afirmou e jurou-me também com todos os dentes e dedos que Katsuki não estaria lá e depois de quase meia hora de insistência eu acreditei neles e fui. Surpreendentemente disseram a verdade; então o meu discurso todo que fiz mentalmente durante o caminho no carro de Shoto e lá atrás ao lado de Denki de nada me serviu, caso o encontrasse. Ainda bem. Melhor assim, acho que não estava bom. Okay, talvez estivesse, mas eu não diria nem metade na cara dele por falta de coragem e porque amo os seus olhos.

Olhos... Os olhos dele.

Não posso olhar para eles. Não os posso imaginar.

Merda. 

Estou quase.

Foco na história. Vamos lá.

Depois de irmos ao cinema e de eu realmente me divertir, fomos jantar pizza. Comemos tanto, mas tanto e até rebentar que eu estava quase a dormir de conforto. Não dormi nada na última semana porque praticamente só escrevia. Sobrevivi à base de café e olhem que eu odeio café. Katsuki matava-me se soubesse. Ele é que toma conta de mim, não eu; não sou bom nisso. Adiante. Kaminari sugeriu irmos sair para algum lugar, beber alguma coisa num bar.

Eu pensei que seria uma excelente ideia, na minha inocência. Não era como se eles me fossem enfiar num bar e beber até caírem. 

Apertei os olhos e revirei-os. Eu devia saber que aquilo tinha um plano por detrás.

Katsuki apareceu. É claro que ele ia aparecer. Prometeram que ele não estaria no Shopping; não num bar na baixa da cidade. Lembro-me de me estar a sentar e prender a respiração quando ele passou por mim e olhou-me nos olhos. Há tanto tempo que não sentia aquela sensação de formigas na barriga e mais uma vez voltei a sentir-me uma criança ansiosa por algo. Por um presente, um doce, uma recompensa.

Acabou por se sentar connosco e nenhum dos outros três fez questão de mencionar nada sobre estarmos chateados ou juntos; eu já nem sei por este andar o que eu sou, ou ele é, quanto mais nós! Entendam o meu lado, por favor.  

A conversa fluiu normalmente e eu levantei-me a certa altura para ir buscar mais bebidas, a pedido de Eijirou. Todoroki até sugeriu ir comigo, apesar do olhar de Bakugou o fazer calar a boca nos segundos seguintes. Eu acho que eles queriam conversar os quatro a sós. Não questionei. Se isto fazia parte de um plano e ele for bom, quero que me impressionem.

Sorri com malícia, esperando no meio do amontoado de gente para ser atendido.

" - Estás sozinho?".

Um homem apareceu ao meu lado e eu olhei-o curioso. Um pouco mais alto que eu, mas mais baixo que ele. Tinha cabelos castanhos e olhos verdes. Bonito, nada mau, devo admitir. Parecia mais velho. Sim, definitivamente, tem mais dez anos em cima que eu. Segurava algum copo com um conteúdo de álcool elevado, com certeza. Hoje não estava a beber, alguém precisava de levar o carro e acho que vou ser eu. Além disso, não sou muito do tipo de gostar de álcool.

Enfim.

Olhei para ele um pouco atrapalhado e riu-se pelo nariz quando me viu corar. Demorei a perceber que era para mim.

" - A-Ah... Bem". - Ri nervoso. - "Estou com os meus amigos".

Acho que ele percebeu o recado, porque olhou exatamente de onde vim. Era óbvio a quem me referia; um Eijirou com ataques de riso já bêbado, Shoto a chorar com a bochecha colada à mesa, Katsuki a bater com os copos nela e a gritar que exigia mais e Denki, que estava a dançar não sei bem como sobre os bancos, enquanto Kirishima fingia atirar-lhe notas.

" - Ah. Entendo".

Preciso urgentemente de amigos novos.

Constrangido e corado até às orelhas, olhei para ele, tentando desculpar-me.

" - Eu não quis...".

O homem assentiu e sorriu-me, pousando a bebida no balcão.

" - Sabes... Cinco minutos de conversa não vão matar ninguém".

Ponderei. Persistente. Não sei se isso é bom ou mau. Talvez não fosse mal pensado. Não sei se Katsuki realmente estava bêbado, mas os outros três eu tinha a certeza absoluta. Acredito que esteja um pouco alegre, apesar de ainda ter total noção do que o rodeia. Assusta-me saber que se eu demorar, ele não vai hesitar em me procurar preocupado. Não o quero preocupar, no entanto sinto que deveria aproveitar um pouco mais as oportunidades das terceiras tentações. Não sei o dia de amanhã nem o que Katsuki tenciona para o nosso futuro. Sei que vão haver novas oportunidades, mas sempre fui mais curioso do que deveria ou tenho capacidade.

Fiquei plantado, a pensar e com uma cara de paisagem durante demasiado tempo que o fez gargalhar.

" - Podias começar por me dizer o teu nome". - Pisquei os olhos várias vezes até perceber, assentindo.

" - Midoriya... Izuku". - A voz falhou. Estendi a mão depois de pousar dois copos na mesa e ele apertou-a. Acabei por sorrir minimamente. - "E o senhor?".

Riu-se pelo nariz e estendeu-me um copo para minha surpresa. Sorriu. Os seus dentes eram muito brancos.

Ponderei de novo e demorei um pouco. Não queria demorar a pensar, mas também não sabia bem como reagir; tal nunca me tinha acontecido. Engoli em seco e assenti. Aceitei. Ele pareceu satisfeito e eu agarrei na bebida, mas hesitei em beber. Não gosto de beber coisas de estranhos. Uma vez li um livro onde abusavam de uma adolescente por ter ingerido drogas na bebida. Não que ele pareça ter más intenções nem seja desconfiado ao ponto de achar que cada homem é gay para dormir comigo, no entanto acho que fiquei traumatizado. Katsuki reclamou a semana inteira por eu cheirar tudo o que comia.

" - É solteiro?". - Perguntou, quase como se me tivesse assustado porque eu dei um pulo. Abri muito os olhos.

A voz falhou-me.

Eu não sou...

Gemi alto. Eu normalmente nunca faço nada de tom elevado para não perturbar os vizinhos. Não quis saber. Não conseguia concentrar-me e empinei mais o quadril, sentindo-o todo dentro de mim. Era tão bom. Satisfatório até.

Que alívio.

Há quanto tempo não me sentia assim?

Sensações molhadas são as melhores.

Juro que senti um chupão no meu pescoço ou acho que foi impressão minha. Eu não sei. Se foi, vai ficar marcado. Se não, queria ser marcado e mostrar-lhe.

Eu não devia ter cedido. Eu sabia que não. É errado. Kacchan nunca me perdoará e tudo o que consigo fazer é pensar nele a arfar, a gritar por ele. Sinto a boca aveludada, a língua a implorar por algo dentro para lamber, chupar, eu não sei.

Não tinha nada. E isso deixou-me vazio.

Ele fazia falta.

Lembro-me vagamente, a meio da minha mente nublada e distorcida de prazer de Katsuki intervir a certa altura da conversa. Viu o meu rosto quente, o meu corpo a transpirar e depois olhou para a minha mão. Estava possesso de raiva, gritou com ele, gritou comigo mas eu não ouvi. A bebida sabia bem.

Puxei-o para dançar pelo pulso e ele ficou parado, de olhos muito abertos, a encarar-me quase em choque. Acho que quem vai conduzir é ele. Colei os nossos corpos, sorri sugestivo e deslizei a boca pelo seu pescoço, sussurrando desejos e verdades. O álcool tem o efeito de verdade no nosso cérebro.

"Sinto a tua falta". - Lembro-me de dizer, a meio de um suspiro. - "Sinto a tua falta lá em casa".

Não sei o que ele respondeu. Não ouvi ou então estava demasiado alegre para aprender a ouvir. Tirou-me dali, puxou-me para fora, arrastou-me pela pista toda e não me lembro de mais nada, se não estar aqui na cama, quase a gritar.

" - K-Kacchan!".

Senti o ápice vir e eu suspirei de alívio. Engoli em seco e fechei os olhos, demorando uma eternidade para o abrir. Talvez foram só uns segundos, mas ainda sabia bem os ligeiros toques em mim e os espasmos do pós-prazer.

Quando olhei para o quarto e foquei a vista, suspirei de frustração e estalei a língua no céu da boca. Olhei para baixo, vendo a sujeira que tinha causado nos lençóis e na minha mão.

Sozinho.

Merda.

Voltei a fechá-los e imaginei-o ali e as coisas que ele diria. Talvez não me sentisse tão deprimido assim.

Contigo tudo é melhor, Kacchan.

(...)

" - Kacchacco, calma!". - Pedi, revirando os olhos e deixando-me cair no sofá. Liguei a televisão e procurei qualquer coisa enquanto conversava. - "Eu estou ótimo. A sério".

Ochaco suspirou contra o microfone. Ouvi-a atender alguém ao balcão e por isso esperei pela resposta, desinteressado de qualquer Reality Show ou programa de culinária que aparecia.

" - Izukun, vá lá...". - Conseguia imaginá-la virar-se de costas para o balcão e apoiar-se nele. - "Isto já está estúpido. Até o Katsuki já está ridiculamente insuportável ao ponto de Kaminari quase lhe bater na cara dele ontem. E olha que ele normalmente até o é!".

Suspirei e olhei para o teto, assentindo.

" - Eu sei, eu só... Kacchacco, eu não sei se é impressão minha, mas eu sinto que ele não liga assim tanto quanto eu".

Ela ficou calada, apesar de eu saber que estava atenta.

" - Posso saber porque dizes isso?". - Perguntou, num tom de curiosidade.

Mordi o interior da bochecha. Sabia que Ochaco ia abrir a boca e contar tudo. Não sabia se isso era bom, no entanto, se ninguém abrir a boca isto vai correr mal. Já percebi que eu não tenho qualquer coragem para falar com ele como deve de ser e talvez isso signifique que eu nem o mereça. Eu não sei bem. Eu até entendo o porquê de ficar nervoso, apesar de não compreender porque raios continuo a parecer ter catorze anos ao lado dele. Acho que só trabalho por instintos. E até agora, o instinto da sinceridade não me atingiu.

Suspirei.

Não custa tentar.

" - Sinto que falta provas de amor dele. Sinto tantas coisas, Kacchacco. Dói porque parece que ele não está importado. Quer dizer, parece também porque ele ainda me procura quando o ignoro. Só que parece que... É uma vez de vez em quando. Eu não o vejo diariamente também e sei que ele está a sofrer. Mas parece que nenhum de nós tem coragem para conversar. E toda a gente sabe que eu estou arrasado, quer dizer--".

" - E se ele pensar o mesmo que tu?". - Interrompeu-me, fazendo-me ficar estático por segundos. - "Quer dizer... Ele pode ter exatamente essa mesma noção que tu. Nenhum de vocês se procura muito. Só quando não dá mais e precisam de se rever, depois volta ao normal".

Engoli em seco. Sabia que ela estava recheada de razão e lá no fundo eu também sabia disso tudo. Desta vez, estava com medo de arriscar. Arriscar e perdê-lo seria um pesadelo; achava que no dia seguinte teria mais vontade de o encontrar e estava redondamente enganado sempre.

Eu sempre fui excelente em fugir dos problemas ou ignorá-los até ao fim.

" - ...O que achas que eu devo fazer?".

Mordi o lábio inferior e ela deu um gritinho que quase me deixou surdo. Afastei o telemóvel e suspirei. Não acredito que estou a concordar com isto.

" - Exatamente! Primeiro passo, falar com ele!".

" - Uraraka". - Chamei-a agora pelo nome e apertei os olhos. - "Eu não vou falar com ele".

" - Ah, mas isso é que vais!". - Reclamou, irritada. - "Ele já te ligou. É a tua vez".

" - E digo-lhe o quê!?". - Gritei, histérico. - "Olha, Kacchan, tenho saudades tuas, que tal voltares aqui a viver? Tipo, adoro quando almoças comigo e jantamos pizza no sofá. Ah, e eu juro que a frustração sexual não me está a fazer dar em louco! E 'tá uma merda ter de ir fazer o lanche enquanto escrevo em vez de mo fazeres! Agora, queres vir ter comigo?!".

" - Okay".

Segundos de silêncio tenso fizeram-me pestanejar ao reconhecer a voz do outro lado.

Apertei os olhos, sentindo toda a raiva do mundo canalizada para Uraraka.

" - Tu não fizeste isso...".

Ochaco deu um riso nervoso e gritou qualquer coisa que eu ignorei. Devia ser algo a desculpar-se. 

" - Estou aí em quinze minutos, nerd".

Desligou.

E eu permaneci quieto por cinco minutos a tentar perceber o que tinha acontecido. 

O meu rosto estava uma lástima de tão corado que fiquei.

(...)

Não é que se eu quisesse vê-lo.

Quer dizer, nem queria abrir a porta. Mas a regra dois já foi quebrada, então não há problema. Acho eu.

Engoli em seco e olhei de lado para o espelho. Perfume, banho, Tshirt simples e umas calças justas; talvez de propósito. Nunca penteio o cabelo, não seria agora que iria. Não quero que ele note que me arranjei para ele.

Abri a porta assim que o elevador chegou ao meu piso. Ele já me tinha ligado quando cá entrou para lhe abrir a porta. Ele sabe que se fosse pela campaínha ia fingir ter música nos fones ao telemóvel e assim não há volta a dar.

Suspirei e pestanejei. Desviei os olhos para o ver assim que dobrou o corredor e parou frente a frente a mim.

Os dois contraímos os maxilares e eu mordi o interior da bochecha. Apertei a maçaneta. Katsuki enfiou as mãos nos bolsos e apertou os olhos logo antes de mim, assim que trocámos as primeiras palavras.

" - Deku".

" - Kacchan".

Isto devia ser uma conversa amigável. Acho eu. Não sei. As vozes não parece felizes.

Ele sorriu pelo canto dos lábios com a voz irónica de sempre.

" - Não me vais deixar entrar?".

" - Deixar não é o mesmo que querer". - Desviei-me um pouco. Ele revirou os olhos e entrou a passos pesados. Ao contrário do que achei que fosse acontecer, fechei a porta com calma. Os nervos que eu sentia eram sempre visíveis nos meus dedos. Era o impulso de desabafar tudo a escrever. Olhei para os lados e apertei as calças. Katsuki caminhava sem me encarar até ao sofá e subiu uma sobrancelha impressionado ao ver a casa minimamente habitável.

" - Isto está... Limpo". - Sussurrou. - "Folhas e livros por todo o lado. Mas limpo".

Sorri por dentro.

Obrigado à empregada da Uraraka!

" - Eu já te disse". - Cruzei os bracos e encostei-me de lado à entrada da sala. Não havia portas, mas tinha um pequeno arco. - "Eu não morro sem ti".

Talvez tenha sido muito direto. Katsuki subiu as sobrancelhas, surpreso.

" - Atrás do telemóvel também mentes?".

Revirei os olhos e caminhei um pouco para mais perto, sem tirar a postura de defesa.

" - Kacchan, não vou correr para ti só porque sinto saudades".

" - Pois eu vou".

Quase arregalei os olhos. Contive-me a subir as sobrancelhas. Katsuki levantou-se e andou devagar para mim, a rir pelo nariz. Tremendamente sexy. Ele sabe que é. A segurança dos seus passos, o seu sorriso, as suas mãos nos bolsos.

Fiquei estático e boca ligeiramente aberta. O que era para eu fazer? Desde quando descruzei os braços?!

Por favor, toca-me. Imploro.

" - Deku, eu... Eu quero refazer as coisas".

Pisquei os olhos. Toda a sua postura sedutora desapareceu assim que ficou frente a frente a mim. Engoli em seco. Katsuki estava inseguro e desviava o olhar. Parecia corado.

Sorri minimamente. Finalmente fui sincero.

" - ...Eu também sinto a tua falta". - Fui sincero. Deslizei a mão pela sua bochecha e ele até tremeu com o gesto de carinho, olhando-me nos olhos. - "Eu acho que... Que podemos tentar nos entender".

Ele assentiu, mas não disse nada. A minha vista estava apertadinha de tanto sorrir. Sussurrei então num tom calmo e baixo, fechando-a e suspirando feliz.

" - Eu... Eu quero dizer que te--".

Com força, as minhas costas foram pressionadas contra a parede e senti os meus lábios serem tocados pelos dele. Abri os olhos rapidamente e parei. Ficou tudo em câmara lenta. As mãos fortes de Katsuki agarraram-me a cintura e eu abri a boca para falar; no entanto, quando a sua língua deslizou de forma lenta que só ele sabe fazer sobre a minha eu gemi, indefeso, feliz, o coração aos saltos. Katsuki nem sorriu. Fechei os olhos e senti exatamente o que ele sentia - a inquietação, expetativa, excitação, saudades.

Inclinei a cabeça para trás e os seus lábios deslizaram quase que automaticamente pelo meu pescoço. Um trilhar lento, tortuoso, prazeroso. Gemi com vontade pela primeira vez e com isso, Katsuki dobrou o joelho, rosnou contra a minha pele e tocou-me na virilha só para me ouvir de novo.

Sentia a minha sanidade derreter-me do cérebro onde só dava lugar para pensar onde faríamos desta vez. Há tantos sítios para explorar, Kacchan. 

Eu quero que ele me explore e que explore o apartamento todo outra vez.

Parei.

" - ...E-Espera".

Pedi, mas ele não me ouviu. Toquei de leve no seu peito, afastando-o suavemente e terminando com a proximidade ligeiramente.

" - Espera. Espera, espera".

Katsuki afastou-se num passo a arfar e corado, com milhares de pontos de interrogação na cara. Adoro quando eel fica vermelho. Eu parecia culpado a encará-lo e ele ficou mais confuso ainda. Suspirei frustrado e fechei os olhos, inseguro.

" - Eu quero... Tentar fazes as coisas de outra forma".

" - Ah?".

Senti-me estúpido e esfreguei a nuca a desviar os olhos.

Não o queria enfrentar diretamente.

" - Com conversa e-- Não me entendas mal, eu quero estar contigo, mas... Uh... Uma coisa de cada vez. Eu não vou dormir já contigo sem falar, Kacchan. Quero entender-me de outra maneira contigo, desta vez".

" - ...Essa conversa de novo?!". - Suspirei e encostei-me à parece, escondendo metade do rosto com a mão. Ele estava irritado. Estava quase a gritar. Outra vez.  - "Deku, sabes há quanto tempo me andas a recusar?!".

" - Eu...".

Fiquei sem voz. Apertei os olhos, sentindo toda a culpa em cima de mim.

" - Três meses!". - Quase berrou, fora de si. Fiquei quieto. - "Um deles nem nos falámos! Diz-me, fala comigo então! Eu fiz alguma coisa? Da última vez que fizemos eu exagerei? Diz-me, por favor! Eu não aguento mais! Esta discussão toda foi por minha culpa?! Diz-me! Eu sou péssimo com palavras, tu sabes disso! Eu já não te atraio? E-Eu posso mudar se for preciso!".

Pestanejei, incrédulo. A sua voz tremia e arfava em desespero, rouca. Tinha pequenas lágrimas nos olhos mas eu fingi não ver.

Katsuki nunca mudaria por alguém. É o que ele diz com todo o orgulho.

Katsuki está disposto a mudar por mim.

Como é que eu fui tão estúpido? É claro que ele também tem inseguranças. E eu abusei na cagada que fiz, desta vez. Katsuki tem medos como eu; não é um homem que aguenta todas as tareias que leva. Ele tem momentos baixos. Ele acha que eu já não sinto nada por ele, mas eu sinto e não me sei expressar agora. Estou a tentar arranjar alternativas embora seja muito melhor a escrever que falar. 

Tenho medo.

Tremi.

" - Kacchan, e-eu--".

" - Ires com outros em bares?! Por favor, tu não és assim!". - Agarrou em desespero nas minhas mãos e apertou-as. Obrigou-me a encará-lo e observou o fundo dos meus olhos, a implorar com a vista por uma resposta. - "Diz-me. Sê sincero comigo... Tu...".

A sua voz secou e eu olhei-o com medo. Não o queria perder, mas a verdade é que há meses que eu não tinha qualquer vontade de dormir com ele. Não com ele apenas, é como se a minha vontade de relações sexuais fosse desligada. Tentei de todas as maneiras querê-lo outra vez, só que sempre que ele insistia eu dava desculpas de que não estava com vontade ou tinha sono ou tinha de me focar no trabalho. E acho que isso foi um dos fatores da sua insegurança e discussões acesas que causaram isto.

" - Tu... Diz-me, por favor, que não andas a dormir com alguém".

Paralisei.

" - N-Não!". - Gritei em pânico e solucei. Quando é que comecei a chorar? - "Kacchan, não, não, nunca! Sou eu, não és tu, eu sei disso! Eu estou uma confusão, eu simplesmente não... Não tinha vontade e eu não pensei em resolver isto por ti, achei que não fazia mal e deu nisto e-- E a cena do bar, eu não o queria, eu não quero mais ninguém, ele é que veio até mim e--".

" - ...O que é que tu queres?".

Frente aos seus olhos, eu queria ter dito outra coisa. Eu podia ter dito tudo o que me ia na alma. Que o queria mas tinha medo de não conseguir ser capaz de suportar Bakugou Katsuki com toda a sua glória; que estava assustado e tudo o que queria era um abraço; que me queria entender com ele, que queria ou beijo e ficar com ele no sofá a desabafar tudo para fora enquanto passava qualquer coisa desinteressante na televisão.

Eu queria tanta coisa.

Mas eu não sabia ao certo o que querer.

" - Eu não sei".

Ele suspirou pesadamente. Baixou os olhos, esfregou a mão pelos seus cabelos e afastou-se de mim rapidamente. Depois, senti os olhos de Katsuki uma última vez dos meus, molhados de tristeza e sussurrou com o tom mais deprimido e rouco que eu já o ouvi falar.

" - Quando souberes, diz-me alguma coisa".

Ele saiu sem olhar para trás.

Estava atordoado. Tonto. Eu sabia que nunca seria corajoso o suficiente para o amar. Nunca fui. Tenho medo de dizer as verdades quando o assunto é Katsuki; só com ele. A pessoa que eu deveria amar e não ter vergonhas, não ter tabus, é exatamente a pessoa que eu bloqueio em discussões. Sei que não há desculpa. Sei que, agora, o erro foi meu.

Eu tinha tudo. 

Eu tinha-o.

Agora, eu não tenho nada. Nem tenho o direito de querer porque essa oportunidade já passou.

Dei os primeiros passos aos soluços até à secretária. Tirei a lista da gaveta e com lágrimas, encarei o último item da lista, colocandoi um certo ao lado.

Eu acho que depois disto, nós nunca mais seremos nada.


Notas Finais


Adoro como esta fanfic foi um presente de Natal e um 'teste' de escrita que estou a adorar. Agarrar no tema mais simples que encontro e explorá-lo ao máximo com palavras.

Acho que está a correr bem <3

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