Tudo na vida tem um motivo, ocasionalmente podemos descobrir se o motivo era bom ou ruim, mas a verdade era essa, tudo tinha um motivo. Na vida de Yoongi essas coisas não eram diferentes, ele teve um motivo para correr pela primeira vez, um motivo para entrar para a polícia, um motivo para topar aquele serviço infiltrado, um motivo para ter confiado em Jimin ao pegar o pendrive de suas mãos.
A vida não era um conto de fadas, Yoongi sabia disso, a sua vida principalmente, nunca seria um conto de fadas, parecia que tudo que ele fazia não era o suficiente para seus pais, necessariamente, não era o suficiente para seu pai. Então ouvir da boca de Jimin que seu pai mentiu, não era algo que o detetive se surpreendia, na verdade se fosse falar com sinceridade, o Min se surpreendeu quando foi escolhido pelo seu pai.
Ele havia sido feito de idiota por várias pessoas, de certa forma ele entendia, mas vale ressaltar que entender e aceitar eram duas coisas diferentes, Yoongi entendia a gangue, Jimin e seus motivos, mas não aceitava. Jimin e a gangue precisavam mentir para ele, porque era a vida deles que estavam em risco, mas e seu pai? Por que seu pai precisava mentir? Isso Yoongi não aceitava de forma alguma, porém a verdade estava ali, naquele objeto vermelho que Jimin havia lhe dado.
O detetive respirou fundo e plugou o pen drive no computador, o arquivo com o nome do seu pai chamou sua atenção, ignorando completamente os arquivos com seu nome, focando em Min Kangdae, Yoongi abriu a pasta e observou prints de mensagens de textos, vídeo que continha áudios enviados e um vídeo de uma reunião feita em um notebook.
Os arquivos haviam números, com se dissessem a ordem que deveriam ser abertas e Yoongi percebeu que fazia sentido, abrindo o arquivo com o número um, ele não se surpreendeu ao ver seu pai junto dos dois que ele havia conhecido na UOE, Yejun e Hajoon, Kihyun e Namjoon. Com toda coragem que ele havia reunido, Yoongi deu play no vídeo da reunião.
— Tenho notado que os roubos estão sendo mais chamativos, como se eles estivessem brincando com a cara da polícia — Kihyun disse calmamente. — Sem ofensas, Namjoon, mas você não tem sido sutil quando está irritado, acho que eles gostam disso.
— Não me ofende, eu tenho testado as águas, quanto mais irritado eu fico, e demonstro isso, mais eles confiantes eles ficam e agem sem pensar muito, assim, eu espero que eles possam cometer um deslize — Namjoon comentou, tomando um gole do café, aparentemente em seu apartamento.
— Seus relatórios estão vagos Kihyun, isso me preocupa — Hajoon falou atraindo a atenção dos dois moradores de Busan que estavam numa competição de olhares infantil demais para dois policiais.
— Eu nem posso dizer que é exagero de sua parte, posso apenas aceitar porque você tem razão, mas a culpa não é minha, eu achei que eles estavam desconfiando de mim, porque me colocaram mais longe do foco principal, eu to cuidando das rachas que nenhum deles participam, então eu estava ficando preocupado, mas…
— Mas…? — Kangdae insistiu que ele continuasse, Kihyun respirou fundo, como se tivesse criando coragem de falar.
— Mas eu percebi que não, Jihyun disse que eu parecia sobrecarregado com tantas funções, por isso, começou a me deixar de lado em algumas situações. Não julgo ele, estava pesado mesmo, mas não pelas funções, mas por saber que vocês têm me vigiado e eu fico neurótico, com medo de vocês interpretarem algo errado.
— Sabe — Namjoon começou como se analisasse a situação. — A verdade é que realmente vocês tão cobrando Kihyun ainda mais, e a gangue é muito organizada, ele tá sozinho lá dentro, deem um desconto pra ele.
— E você quer que façamos o quê? — Kangdae disse atraindo a atenção pra ele. — Coloque outro homem lá dentro?
— Se você não confia em mim e acha que eu mudei de lado, por que não colocar mais um pra me vigiar e me ajudar? Talvez o serviço fique mais fácil — declarou Kihyun soltando um suspiro de aborrecimento, que Yoongi sabia ser falso.
— Onde vamos encontrar um policial que corra? E que possamos confiar? Isso é algo difícil demais, Kihyun — Yejun falou e estalou os dedos, sinais claros de nervosismo.
— Não acho que seja tão difícil assim — Kihyun comentou. — Eu tenho alguém em mente, nunca conversei com ele, então vocês não precisam se preocupar com o fato dele esconder algo de vocês e ele pode me entregar a qualquer momento.
— Quem seria? — Hajoon perguntou interessado, se Yoongi não fosse treinado, teria perdido o sorriso de lado de Kihyun.
— Min Yoongi.
Yoongi precisava admitir, Kihyun era bom, mas a reação de seu pai foi a que lhe interessava, ele viu o exato momento em que seu progenitor arregalou os olhos e ficou com o rosto avermelhado, mas antes que alguém pudesse dizer algo, Kangdae disse:
— Sem chances!
— Por quê? — Namjoon perguntou, parecendo digitar algo no computador. — Oh sim! — Ele riu. — É seu filho? Mais um motivo pra dizer sim.
— Como você conhece Min Yoongi? — Kangdae perguntou a Kihyun que não pareceu surpreso com a pergunta. — Yoongi parou de correr há séculos, isso não vai rolar.
— Você tem certeza? — Kihyun indagou novamente, arqueando a sobrancelha e Yoongi viu o exato momento que seu pai vacilou, ele sabia que Yoongi ainda corria.
— Então ele ainda corre? Esse serviço era dele, você disse que ele nem gostava de dirigir patrulha ultimamente por receios de pegar num carro, por causa de um acidente — Hajoon falou sua voz aumentando um pouco a cada palavra. — Ele é perfeito então para o serviço! — decidiu por fim, não esperando resposta do Min mais velho.
— Eu sou contra, Yoongi é um garoto irresponsável que não serve pra esse serviço e nenhum outro, sua capacidade de ser o que ele se tornou hoje, foi pelo meu nome, sem isso ele não seria ninguém, isso vai ser um erro! A prova disso é que ele ainda tem corrido, mesmo sendo policial.
Doeu, como se enfiassem uma faca em seu peito, porém Yoongi se recusava a chorar por causa de alguém que deveria amá-lo, mas que não cumpria seu papel.
— Na verdade eu discordo Kangdae — Namjoon disse, Yoongi se surpreendeu, ele realmente achou que Kihyun iria dizer algo, não pensou que seria o Kim. — Eu estava lendo sobre seu filho, ele é um policial ótimo, persistente e que eu posso ver, você não atirou ou correu atrás de bandido pra ele, fez? Então como você pode dizer que o que ele fez e conquistou foi graças a você? Seria de você tivesse feito o trabalho, mas foi ele que fez. Então pelo que ele já conquistou, sendo novo, não vejo porque você nega tanto isso, qual o problema?
— Só acho que ele não é capaz, simples assim.
— Hajoon, se me permite — Kihyun começou calmamente. — Não conheço o Yoongi, mas quando fui à Daegu e precisei ir ao departamento de polícia de lá, pude ouvir sobre ele como profissional, e em como ele sempre tentou manter a imagem dele e do pai afastadas e foi uma surpresa pra mim, eu juro que foi, descobrir que ele estava correndo no dia que fui lá — Era mentira, Yoongi sabia disso, Kihyun não havia ido. — Então, eu o vi correr e ele era bom, consegui desviar a atenção de Jihyun dele para outro corredor, não queria perder o disfarce Yoongi havia me visto em no departamento em Daegu, mas pensei que seria útil guardar o nome dele. O fato dele correr, mesmo sendo policial, só diz que ele corre por amor e não por outro motivo, ele procurou uma corrida limpa, mesmo que seja errado, é de madrugada e não machuca ninguém, ele tomou cuidado, então acho justo que você pense um pouco sobre e ignore Kangdae.
— Estou com Kihyun nesta, precisamos de outro homem e Yoongi parece o ideal, inventamos uma história, Kihyun consegue uma vaga pra ele, e ele tá dentro, mais um homem e a gente acaba com essa porra — Namjoon falou mais uma vez e Hajoon os encarou.
— Eu já queria o Yoongi, somos três contra dois, se Yejun for contra, mas se ele for a favor, seriam quatro. Kangdae ou você fala com seu filho, ou nós falamos, mas o serviço é dele.
O Min observou seu pai contrair a mandíbula, fechar as mãos em punho antes de assentir e dizer:
— Eu falo com ele, mas eu não quero surpresas quando tudo der errado por causa dele.
E seu pai saiu da chamada, deixando o restante, Yoongi não prestou atenção no que mais falaram, apenas conseguia pensar no seu pai e nas mentiras que ele havia o contado por causa desse serviço.
Ele encarou a tela mais uma vez, antes de decidir abrir os outros arquivos e Yoongi nem evitou revirar os olhos quando seu pai simplesmente começou a mandar dados de possíveis corredores e pessoas que poderiam trabalhar no seu lugar. Quando ele pensou em pegar o seu celular para mandar uma mensagem pro seu pai, ele ouviu sussurros no corredor e observou para ver se iriam entrar em seu quarto.
— Jimin disse que nos mataria se tentássemos falar com o hyung, Tae! — Yoongi ouviu a voz do Jungkook e segurou um sorriso, ele parecia um bebê inocente com medo. — Da última vez que vi Jimin com raiva, ele me deixou dois dias em cima de uma cama, não quero tentar a sorte.
— Você não é o melhor amigo dele, eu sou, e qual é, você não quer falar com o Yoongi? — Taehyung perguntou e Yoongi sabia que o rapaz de cabelos azuis, estava dando seu sorriso que convenceria qualquer um a fazer qualquer coisa pra ele. — Então não seja medroso, bate logo na porta.
— Eu não! Bate você! — Jungkook murmurou e o detetive revirou os olhos, levantando-se da cama ele caminhou até a porta, a tempo de ouvir a voz do Kim:
— Eu não!
— O que vocês querem? — Yoongi perguntou abrindo a porta, olhando para o Kim e o Jeon, que arregalaram os olhos. — Que foi? Vocês não falam baixo.
— Mas você podia ao menos se vestir adequadamente — Taehyung comentou, empurrando Yoongi para dentro do quarto e passando por ele, enquanto puxava Jungkook. — Te ver de cueca e blusa não era algo que eu esperava, preciso admitir.
— Foda-se! — Yoongi murmurou, fechando a porta, observando os dois rapazes, pensando o que eles queriam com ele? Jihyun mandou? Aparentemente Jimin não queria que eles fossem até ele, isso o incomodou levemente, mas não diria em voz alta, não havia decidido nada ainda e estava sendo deixado de lado de Park?
— Primeiro de tudo, você tá bem? Fisicamente no caso? — Taehyung perguntou e o Min riu baixo, fisicamente claro, porque mentalmente…
— Sim, estou e você? — devolveu a pergunta, apontando pro braço do rapaz que possuía um curativo enrolado.
— Tiro de raspão nada demais, o suficiente para tirar você e Jimin de lá — declarou dando um sorriso. — Falando em Jimin, não conte que viemos aqui!
— Por quê? — Sua boa agiu antes que ele pudesse se impedir. — Não acho que Jimin implicaria em ver vocês conversando com inimigos — disse fazendo uma careta,
— O quê? — Taehyung riu. — Ele vai nos matar porque te atrapalhamos a descansar isso sim, não sei de onde você tirou que Jimin te vê como inimigo, essa piada foi ótima devo dizer.
— Hyung, você tá bem? — Jungkook questionou, ele estava em silêncio o tempo todo e Yoongi até havia esquecido sua presença no cômodo.
— Sim garoto, eu já disse que sim — disse. — Por que a insistência e por que você não me olha nos olhos?
— Eu queria pedir desculpas — falou baixo, quase um sussurro. — Eu não queria te machucar quando te apaguei, mas precisava te amarrar porque não sabia se você iria…
— Tá tudo bem garoto, eu já disse — suspirou. — Esquece isso, ossos do ofício, seu serviço, meu serviço, coisas acontecem, fazemos coisas que não queremos fazer e tá tudo bem, ok? Não tô machucado.
Yoongi sabia porque o rapaz estava com medo, ele mostrou ódio a ele e a todos eles na noite anterior, claro que eles estavam pensando que Yoongi os odiaria e deveria, mas não conseguia.
— Então, antes que eu me arrependa… — o detetive começou. — A Solar disse a verdade? — perguntou. — Jimin era o sniper? Aquele dia que invadimos a polícia — esclareceu e notou os dois darem sorrisos cúmplices.
— Yoongi hyung — Taehyung disse aproximando-se de Yoongi e o puxando para sentarem na cama, após Jungkook retirar o notebook. — Em todos os momentos em que você estava em perigo, Jimin estava lá salvando sua bunda.
— O que você quer dizer? — perguntou sem graça. Jimin estava lá, em todas as vezes? Todas?
— Jimin realmente tenta manter um pouco afastado, mas pelas aparências, porque no fundo ele é tão envolvido quanto Jihyun, porém, ele é contra as drogas, de acordo com ele as drogas causam dependência e a morte sem nem a pessoa perceber, os roubos por outro lado, você ainda pode sair vivo.
— O que Taehyung quer dizer é que Jiminie hyung não queria que você se machucasse, então ele estava sempre por perto, mesmo odiando estar presente em algumas situações e sim, o filho da puta é o melhor corredor e melhor sniper que temos, e sim foi com sua presença que ele começou a ser mais visto, antes disso ele não aparecia se não fosse para correr e em reuniões, mas essas você só participou de uma, quer dizer ontem mais uma, mas enfim.
— Se Jimin tá dentro, por que ele também tá fora? — perguntou curioso. — É que não faz sentido pra mim, que alguém aceite simplesmente ele por ser irmão do Jihyun.
— Isso quem pode te explicar é o Jimin, porque aí teria que ser dito sobre o Ghost também e porque ele aceita isso, mas entenda que Jimin gosta de algumas coisas e outras não, então ele se mantém afastado de certas coisas pra não se fuder, veja bem, Kihyun quando chegou, tentou ser amigo do Jimin também, acho que vale dizer que o fato dele também não ser tão presente ajuda a gangue, porque sempre vão nele para descobrir coisas.
— É, eu vou ter que esperar então, ou nunca descobrir… — considerou a opção, se o Min fosse sincero, ele com toda certeza iria embora largando todos, eles e seu pai, viveria outra vida, porque ele não achava que se encaixava em algum lugar.
— Você ainda não fez sua escolha, como posso ver — Jungkook disse calmo, parecia apreensivo. — Mas não se preocupe hyung, se você escolher nos entregar, tá tudo bem, temos um plano de fuga, só nos dê tempo para agirmos para salvar o Jimin e se você escolher ficar, também vamos tirar umas férias, mas se você escolher nenhuma opção, o que também é válido, lhe daremos suporte para viver sua vida sem ser o detetive Min e sem ser da gangue.
— Como assim? — Yoongi estava confuso e Jungkook riu. — Vocês não querem me matar, né?
— Nem se quiséssemos isso seria possível — declarou o Kim. — Jimin vai te explicar quando ele voltar, por sinal precisamos ir antes dele chegar.
— Onde ele foi? — Yoongi indagou apreensivo, ele não sabia o porquê, mas sentia que não era uma boa ideia, Jimin sair assim.
— Namjoon o chamou.
— O quê? — berrou sem nem perceber, levantando-se da cama. — Namjoon me viu fugindo com o Jimin, ele viu que Jimin correu ontem. Ele pode estar em perigo.
— Calma hyung — Jungkook disse segurando a risada. — Jimin sabe se cuidar, Namjoon hyung preparou uma emboscada junto de todos nós e tentou passar a perna, ele sabe que não pode fazer nada com o Jimin.
— Isso me leva a um questionamento… Se foi tudo um plano, se vocês sabiam, por que permitiram que um de vocês fosse baleado? Exemplo é você Taehyung.
— Nem todos os planos são perfeitos hyung, você deveria saber disso, se apaixonou pelo diabo em pessoa.
— Dançando com o diabo, eu diria — Jungkook disse rindo e Yoongi deu um sorriso fraco, como se pensasse na fala do mais novo.
— Correndo com o diabo nesse caso — pontuou o Min. — Nós empatamos não foi? Se ele é o melhor e eu empatei com ele, temos um problema aí.
— Ele te deu chances de ganhar — Taehyung comentou, gargalhando ao notar a feição de Yoongi de ofendido. — É sério, ele desacelerou pra você alcançá-lo, ele queria que você ficasse com o dinheiro pra fugir caso decidisse fugir, mas você pareceu esquecer que era uma corrida e ele não podia parar o carro, então ele preferiu empatar, assim abre a mão do prêmio.
— Que filho da puta! — Yoongi rangeu os dentes, olhando pros mais novos que riam.
— Bom, nós vamos antes da pantera cor de rosa voltar, amamos viver, sabe como é né? — Jungkook disse dando de ombros. — Você vai sobreviver hyung.
Yoongi ignorou os dois, se jogando na cama, enquanto eles saíam, mas o cheiro de comida, quase o fez se levantar, Taehyung pareceu lembrar de algo, parando na porta:
— Sei que você não vai querer descer, então Jimin deve trazer sua comida, mas estamos todos lá embaixo se você quiser, sabe… descer.
O Min não respondeu, apenas deixou os dois saírem com um suspiro, e ficou pensativo, se ele ficasse no quarto se sentiria prisioneiro, mas será que descer e estar na mesma mesa que os garotos simplesmente ia fazer com que o clima ficasse estranho?
O detetive só queria que o dia anterior se transformasse em um pesadelo e que ele pudesse esquecer completamente sobre esse dia, e só continuasse vivendo. Decidindo que se lamentar não era o melhor a se fazer, Yoongi se viu pegando o moletom que Jimin havia lhe dado e o vestindo.
Mesmo que não fosse comer com eles, talvez pudesse apenas dar uma volta, ele não era um prisioneiro — ao menos ele achava que não —, então se ele pudesse sair e pensar, talvez tivesse uma ideia do que iria fazer no futuro próximo, mas ele sabia também que ele precisava descobrir, o que Namjoon queria com Jimin, por isso com a cara e coragem, Yoongi saiu do quarto, descendo na ponta dos pés.
A cada passo que dava, aproximando-se da cozinha, conseguia ouvir a voz de Hoseok falando alto com Taehyung sobre alguma manobra perigosa que ele havia feito na noite anterior. Jihyun que estava voltando do que parecia ser o quintal foi o primeiro a notar a presença do Min, lhe dando um sorriso fraco que Yoongi não sabia se tinha forças para devolver.
— Sabe mexer em churrasqueira, Yoongi? — Jihyun perguntou, fazendo todos olharem para ele, Yoongi se sentiu tímido ao perceber o sorriso orgulhoso de Taehyung para o seu lado e as feições confusas de Hoseok e Jungkook.
— Na verdade sim — disse sem graça e o Park mais velho sorriu. — Precisa de ajuda?
— Claro, as crianças não sabem fazer nada e Jin hyung não está aqui! Venha!
Yoongi seguiu o Park até o quintal e percebeu que haviam duas churrasqueiras, então se posicionou ao lado da que estava com carne, se preparando para virá-la enquanto Jihyun colocava carne na outra.
— Isso é para um batalhão? — Yoongi perguntou, talvez incomodado com o silêncio, ou para testar as águas.
— Você nunca viu esse povo depois de uma corrida que envolveu tiros — disse dando de ombros. — Mas eu estou adiantando a carne porque não sei quando Jimin volta e os meninos estão com fome.
— Eu posso fazer o arroz se quiser, eu não sou o Jimin, mas posso adiantar — falou calmo, Jihyun parecia estar ignorando os fatos e ele faria isso também. — Por sinal, o que ele foi fazer?
Jihyun o olhou antes de suspirar e voltar a mexer na carne, Yoongi achou que havia pisado em terreno com bombas e tinha pisado em uma naquele momento, mas quando o Park o olhou novamente, ele apenas respondeu:
— Várias coisas — disse, parecendo que não iria realmente completar a frase, mas para a surpresa de Yoongi, ele continuou: — Namjoon ligou dizendo que queria conversar com Jimin, esse seria o único que não colocaria uma arma na cabeça dele, então ele foi, provavelmente para saber de você, Jimin disse que falaria que você bateu seu carro, então tava desacordado, por isso não falou com ele ainda, depois de se encontrar com Namjoon ele iria passar na padaria ver se estava tudo em ordem, disse que pegaria roupa pra você também e depois voltaria.
— Roupa pra mim? — perguntou. — No meu apartamento?
— Sim, se você não se importar, se te incomoda, peço que ele compre peças novas — disse alarmado.
— Não, não, tá tudo bem — declarou. — Ele vai demorar?
— Acredito que não muito, mas ele tá te dando espaço, então não posso garantir, porém sei que ele não confia em nenhum de nós pra te alimentar com algo comestível, então ele já deve retornar. Se você quiser fazer arroz, pode ir, Jungkook sabe onde fica tudo e pode te ajudar, ele é o mais confiável como ajudante, desde que não envolva fritura e cortar algo.
Yoongi riu assentindo e deixando Jihyun sozinho, ao retornar à cozinha, ele gostou de ver que nenhum deles interrompeu a conversa quando ele entrou, continuando a falar sobre qualquer coisa que o Min também não se atreveu a prestar atenção.
Não queria atrapalhar Jungkook e por isso, ele foi nos lugares óbvios, pegando a panela no armário inferior e o arroz no armário superior. Ele estava tão distraído fazendo as coisas no automático que não ouviu a porta ser aberta, porém a voz de alguém se fez presente no momento que ele fechou a panela.
— E aí, seus bundões, espero que ninguém tenha descumprido minha ordem — Jimin disse entrando na cozinha, Yoongi na mesma hora virou-se, observando que o Park ainda não havia o notado.
— Estamos com fome — Taehyung falou. — Então possivelmente se você não demorar a fazer comida, podemos fazer um multirão, não confiamos no Jihyun sozinho.
— Por deuses — Jimin suspirou colocando as sacolas sobre a mesa. — Vou levar isso pro Yoongi e já volto.
Achando que era sua deixa, o Min pigarreou e Jimin olhou em sua direção arregalando os olhos levemente.
— Hyung… — sussurrou, Yoongi notou que Jimin parecia surpreso e sem saber o que fazer, por isso ele se aproximou.
— O que você ia levar pra mim?
— Depois eu te dou já que você tá aqui, pode ser? — perguntou corado levemente e Yoongi quis sorrir, gostava quando Jimin era assim, inocente. — Quem te perturbou?
— Eu desci sozinho — adiantou-se livrando a cara dos mais novos. — Fiz arroz, você precisa de ajuda com algo?
— Pensei em fazer uma salada e tô em dúvida em mais alguma coisa, esse povo come demais — comentou, mostrando as sacolas para Yoongi.
Então os dois começaram a conversar como se nada tivesse acontecido e os três rapazes que estavam na mesa apenas observaram os dois, como ficavam envergonhados quando se tocavam. Riam baixo da forma como Jimin parecia desconcertado por ver Yoongi ali e notava como o Min pisava em ovos, mas não se intrometeram, apenas saíram da cozinha, deixando-os sozinhos.
Quando Jimin notou, ele suspirou e chamou atenção de Yoongi, ao lhe entregar uma cerveja.
— Eu trouxe um passaporte falso para você, um jatinho particular está disponível para você, uma arma nova e um celular novo, caso você decida, você sabe…
— Sim, eu entendo, mas não se preocupa com isso agora, eu vi o material que você me entregou — comentou. — Não estou surpreso, mas decepcionado, e com raiva, muita raiva acumulada e eu preciso extravasar.
— Você quer sair daqui? Você é livre, Yoongi — Jimin disse preocupado caso o Min achasse ser um prisioneiro.
— Quero dar uma volta, correr, atirar, sei lá, jogar pratos, qualquer coisa que me relaxe para eu pensar depois com calma, sobre o que fazer… E não diga sexo.
— Seu carro tá aqui já, então você pode sair e fazer essas coisas, só preciso falar com Jihyun pro Hobi hyung tirar o rastreador do carro.
— Não precisa, assim eles sabem que eu não fugi — declarou. — Só, você pode ir comigo?
— Onde? — Jimin perguntou confuso e Yoongi sorriu leve.
— Três dias, eu e você em qualquer lugar diferente daqui você topa? — o Min perguntou, com Jimin ele se sentia leve e ele sabia que se preocuparia com o mais novo se fosse sozinho, então para ele fazia sentido.
— Três dias? Você tem certeza que quer que eu vá contigo? Você não precisa se sentir obrigado a nada, sério hyung, não quero que se sinta pressionado… e eu nem quero que você ache que te contei sobre seu pai para tirar vantagem.
— Jiminie — chamou com carinho, nesses momentos entendia porque não sentia raiva do Park. — Eu quero que você vá comigo, você me acalma, você me relaxa e eu sei de tudo que você falou e eu repito eu quero que você esteja comigo.
Jimin não pôde impedir o sorriso que brotou em seus lábios, que alcançou seus olhos pelo jeito que Yoongi retribuiu o gesto. Eles abaixaram os rostos envergonhados e acanhados, mas com o coração a mil por hora.
— Então, eu tenho uma ideia para onde deveremos ir, e você vai gostar, eu acho — sussurrou o Park.
— Eu confio em você.
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