História Running With The Devil (RWTD) Yoonmin - Chapter Thirty-Two: A look says a lot.

O sonho de muitos adultos é entrar num ônibus e seguir em frente, ir para qualquer lugar, sem rumo, sem planos, apenas para fugir dos problemas e das obrigações, porque no momento em que pensamos não ser capazes de fazer algo, nós desejamos fugir, porque fugir é um reflexo involuntário.

Mas a verdade é que fugir nem sempre é a solução de todos os problemas, porque sempre vai ter um problema para ser resolvido.

Uma frase que todo adulto já disse para uma criança ou adolescente, é que eles sentiriam falta de ser criança e sem rodeios, é talvez a única verdade que um adulto já disse.

Porém, não me entendam mal, crianças e adolescentes, também fazem escolhas, mas talvez a mais importante que eles façam é: o que vou ser quando crescer?

E nem sempre a primeira escolha é a que eles decidem quando finalmente viram adultos, e de fato precisam tomar uma decisão, porque nessa hora, a gente compreende que uma escolha, é como uma vírgula errada.

Ela muda tudo.

Por isso temos que tomar cuidado com cada escolha que fazemos, cada caminho que seguimos, porque a vida, ela cobra, a roupa que você escolhe usar numa entrevista, o café da manhã que você decide tomar, a cor do seu esmalte, e do seu cabelo, são escolhas com toda certeza trarão consequências, elas podem ser boas ou ruins.

Mas mesmo tendo em mente que nós escolhemos cada caminho que vamos seguir, algumas pessoas, mesmo quando atingem a maioridade,  acabam não tendo a mesma oportunidade, por medo e dessa forma todos os rumos que tomam sua vida são escolhas de outras pessoas. E essa é a realidade de Min Yoongi.

Ele não pôde escolher sua profissão, onde moraria, o que faria, nem o que gostava.

Na verdade, a única escolha de Yoongi em toda sua vida foi não deixar seu sonho morrer, mesmo que para isso ele tivesse que se passar por outra pessoa, correr com outro nome, se esconder atrás de máscaras, óculos e toucas, e tudo mais que estivesse disponível para que ele vivesse um disfarce.

Talvez a vida de Yoongi, fosse viver uma vida dupla.

Porém, mesmo que não tenha escolhido ser policial, Yoongi gostava da sua profissão, a ideia de deixar as ruas sem os delinquentes o acalentava, e depois que ele se acostumou com o fato de que faria sua carreira dentro de uma sala do departamento de polícia, usando um distintivo, ele simplesmente aceitou o seu destino e passou a querer ser o melhor, porque se fosse para ser um policial que ele fosse melhor que seu pai.

Eu, particularmente, acho que o ego, ele é tão ruim quanto o ódio.

Aceitar o serviço em Busan, era matar dois coelhos com uma cajadada só. Ele teria um cargo maior, ganharia mais, teria mais respeito e ainda poderia dizer que atingiu esse marco em sua carreira numa idade que seu pai ainda estava servindo cafezinho para os detetives do departamento. Entretanto, acima do ego, veio o desejo de não precisar se esconder e nem fingir, pois por um tempo ele realmente iria poder correr, a vista de todos, sem medo.

Porque pior que ódio e o ego no coração de alguém, é ter medo de ser quem você é.

Só que devemos sempre lembrar, a vida é uma caixinha de surpresas e as escolhas trazem consequências.

E se apaixonar estava totalmente fora dos planos do pequeno Min.

— Onde vamos? — Yoongi perguntou quando Jimin o puxou para um canto antes de se sentarem para almoçar.

— Eu pedi ao Jungkook para preparar um carro pra gente, pegar um daqueles que nunca usamos e que ninguém conhece. Ele também vai desligar as câmeras para ninguém nos pegar saindo da cidade.

— Sinto que estou sendo sequestrado — o detetive brincou, recebendo um olhar arregalado de volta. — Estou brincando, relaxa.

— Certo… — Suspirou. — Vamos fazer o seguinte — disse olhando em volta. — Eu estou pisando em ovos aqui, e preciso saber, até onde eu posso ir.

Yoongi olhou para o mais novo e sorriu pela forma como Jimin estava totalmente sem jeito, nem parecia o mesmo cara que correu com ele e que lutou com ele. Muito menos o cara que transou com ele, por isso o Min aproveitou o momento para observar o seu Jiminie.

— Que foi? — Jimin perguntou ao não receber nenhuma resposta.

— Gosto de olhar pra você, me traz paz — Yoongi admitiu. — Vem cá — disse puxando o mais novo para perto. — Park Jimin, escuta bem, esses dias que vamos ficar fora, eu quero te conhecer, quero que você conheça Min Yoongi, sem mentiras e sem farsas, somente Min Yoongi e Park Jimin. Quero que você segure minha mão, beije meus lábios, sorria para mim, faça o que você quiser fazer, porque eu farei o mesmo, não pise em ovos, Baby, veja esse momento como uma oportunidade para  nós dois sermos quem sempre quisemos ser perto um do outro e nos privamos.

— Então, eu posso te beijar?

— Você deve me  beijar, Park Jimin!

O Park sorriu com o jeito resmungão do mais velho, mas não demorou a aproximar seu rosto lentamente do rosto do seu hyung, Yoongi suspirou em expectativa, ele precisava daquele beijo, e ele estava tão imerso no pensamento de ter os lábios do mais novo nos seus novamente, que nem percebeu quando Jimin apenas acariciou seus fios loiros e encostou a testa na sua, ele apenas fechou os olhos e esperou.

Mas o beijo, nunca veio.

— Você não vai me beijar? — perguntou acariciando a cintura do mais novo. — Estou morrendo aqui.

— Eu vou, só quero ver o quanto você é lindo e guardar esse momento na minha mente.

— Tão piegas… — resmungou envergonhado, abrindo os olhos e fechando a distância e selando seus lábios. — Tome atitude Park, ou agora você que é o covarde aqui?

— Min Yoongi, eu vou te matar! — bradou o mais novo, aprofundando o ósculo, encostando as costas do Min na parede.

— Com licença — Jihyun falou aproximando-se dos dois, fazendo com que eles se separassem. — Vocês são responsáveis pela comida, se lembram? Pelo amor de Deus, respeitem as crianças da casa e se agarrem quando estiverem fora.

— Que crianças? Porque Taehyung e Jungkook… — Jimin começou, pegando na mão de Yoongi. — Não acho que você vai querer saber o restante da frase.

— Por favor, não! — resmungou. — Vamos lá, estão nos esperando.

Os três caminharam juntos até a área onde os outros rapazes estavam e Yoongi precisava admitir, ele estava com medo de estar na presença de todos eles e talvez ele fosse realmente transparente.

— Anda rápido cunhado, senão Jimin vai arrumar sua comida e te dar na boquinha.

— Por deuses ele não faria isso, faria?

— Quer pagar pra ver?

— Não obrigado!

Jihyun riu quando viu Yoongi correr até a mesa e parando ao lado de Jungkook. Ele gostaria de verdade que as coisas fossem assim sempre, claro estava faltando duas pessoas ali, mas aquilo se resolveria em breve. Ele só precisava de mais alguns dias.

Depois que se juntaram e comeram juntos, os meninos sempre implicando um com o outro e tentando colocar Yoongi na conversa, o detetive se afastou um pouco para olhar em volta, não porque estava incomodado, mas simplesmente porque ele sabia que a bola que Taehyung e Jungkook estavam jogando o acertaria a qualquer momento e claro, porque ele queria olhar para Jimin.

Ele observou o Park, enquanto ele ria com Taehyung de algo que o Min não tinha ideia, mas provavelmente era sobre a bolada que Hoseok levou, porém Yoongi pouco se importava,  na sua mente do detetive, ele só conseguia pensar em como o Park era lindo, como sua risada era fofa, como ele era amoroso,  a verdade era que se Yoongi pudesse descrever Park Jimin, ele diria que ele era um anjo.

— Fecha a boca, vai entrar mosca — Jihyun implicou sentando-se ao seu lado.

— Posso ser sincero? — Yoongi ignorou completamente o comentário anterior. — Não entra na minha cabeça que esse anjo na verdade é alguém que mata. Sério, ele não pensou duas vezes ontem antes de atirar, não faz sentido ser a mesma pessoa.

— Sabe o que dizem, né? — Jihyun indagou olhando pro detetive e depois olhando para o irmão.

— As aparências enganam? — Yoongi questionou olhando para o “cunhado”.

— Não, apenas que Lúcifer também era um anjo Yoongi.

— Ou, o amor é cego — Hoseok comentou, sentando do outro lado de Yoongi. — Mas acho que a teoria do Lúcifer faz mais sentido. Jimin pode ser um anjo ou um demônio, depende de qual face dele, você merece receber.

— Preciso ter medo? — O Min olhou para os dois enquanto virava uma garrafa de cerveja. — Porque assim, se eu já conheci os dois, estou tranquilo. Mas se tem algo que eu ainda não sei, preciso me preocupar?

— Isso depende, sempre te colocamos com medo do Jihyun, mas a verdade é que você precisa ter medo do Jimin, porque por amor ele é capaz de tudo, até perder sua humanidade.

— Acho que eu vi um pouco disso — comentou incerto. — Mas eu tenho uma pergunta e é pra você Jihyun, por quê? Ele é seu irmão mais novo, não faz sentido pra mim, que você permita que ele sofra as consequências das suas escolhas quando criança.

— E desde quando a vida faz sentido Yoongi? — o Park disse. — Eu não posso dizer pra você que me incomoda, porque eu estaria mentindo, eu tenho medo sim, medo de perder meu irmão, mas esse medo existiria com ele dentro ou fora, a diferença é que ele dentro, eu tô de olho nele.

— Mas saiba que Jimin não faria nada que ele não quisesse — Hoseok continuou. — E que, definitivamente, quando ele quer algo, ele corre atrás. Você é a prova disso, Jimin te viu e por isso você tá aqui, ele te queria aqui, não parou enquanto não conseguiu.

— E agora eu tô aqui, mas…

— Mas ele não pode te impedir de ir, caso você queira ir — Hoseok completou. — Ele sabe disso e nós todos sabemos disso. Gostamos de você Yoongi — falou dando um tapinha nas costas do detetive. — Porém a escolha é sua, enquanto estiver conosco a escolha sempre vai ser sua, seja ela qual for.

— Uau, isso é novidade pra mim, poder escolher — sussurrou, mas não esperava que tivesse sido escutado.

— Bom, eu não sei sobre sua vida — Jihyun disse. — Sei muito pouco, mas sei que você é um lutador, você não desistiu de correr, você é corajoso e ousado. Você pode não ter escolhido o que fazer com sua vida em algum momento porque você apenas não tinha uma ideia melhor e no final aceitou a opção que te deram, mas eu acho que você aceitou apenas porque você não tinha ambição ou amor por algo que valia a pena lutar. Sempre que amamos algo ou alguém, nós sempre vamos lutar, nossa escolha sempre vai ser lutar, basta amarmos o suficiente para querer lutar.

— Então, por isso você escolheu viver assim, pelo seu irmão, para dar tudo que ele precisava, eu já sabia disso, mas continuo sem entender muito bem, eu teria feito ele fugir e ficar longe de mim, outro nome, outra realidade.

— Caro, detetive, eu dei essa opção a ele, mas o amor pela família, ele é o que move cada um que está aqui, essa é a minha família e tudo que eu quero é que eles sejam felizes, eu nunca vou escolher por eles. Eles merecem escolher o que querem da vida e terem seus contos de fadas.

— É… nem todos os contos de fadas possuem final feliz — Yoongi disse olhando novamente para Jimin. — Mesmo que o príncipe seja perfeito.

— Bom, você tem tempo com o príncipe ao menos. Aproveite então — Jihyun falou se levantando quando Jimin se aproximou. — Ele já bebeu muito, tá super dramático Jiminie, não me inscrevi pra isso.

— E você não é dramático? Cinco garrafas e você já tá falando o quanto ama os meninos. — Jimin riu, sentando-se ao lado do Min. — Aposto que você tava enchendo o saco do hyung.

— Na verdade estávamos contando pro Yoongi como você desacelerou seu carro para que ele ganhasse a corrida — Hoseok comentou com a voz mais alta, chamando atenção dos demais rapazes.

— Eu não … — Jimin começou, mas Yoongi colocou o dedo indicador sobre seus lábios.

— Calado Park Jimin, eu já sei que é verdade, por isso saiba que ainda vamos competir só nós dois — Yoongi disse olhando para o Park. — E sem trapaças, sem dinheiro envolvido para você não fazer gracinhas.

— Hum... que tal o ganhador escolhe o que quer? — Taehyung sugeriu. — Vocês podem escolher uma bala ou até mesmo um sexo com o carro em movimento.

— Não seja baixo Taehyung! — Jimin berrou. — Eu não sou você!

— Verdade você é pior que eu! Você lembra quando…

— Gente, vocês viram o Jin hyung hoje? — Jimin gritou. — Quando eu estive com o Namjoon, ele me ligou.

— Mudança de assunto sutil, Park — Yoongi comentou. — Mas adorei o assunto Namjoon, o que ele queria?

— Perguntar por você e pelo Taehyung, eu disse que batemos o seu carro e que Hoseok vai arrumar e aproveitei para dizer que você estava dormindo quando eu saí e que seu celular ficou perdido no carro.

— Ele falou que eu sou… ?

— Policial? Não, ele deu a desculpa de que como você atirou nele antes de sair, precisava saber se você tava bem pra te prender — declarou. — E perguntou pelo braço do Tae.

— Ele tá preocupado, deve ter sido um choque pra ele, ver Yoongi mirar nele e atirar — Taehyung comentou sentando-se por perto. — Mas você errou o tiro, já vi você atirando, você não fez na intenção de matá-lo.

— Claro que não fiz, ainda sou parceiro dele, isso seria assinar minha carta de demissão e mostrar para meu pai que ele tá certo e eu sou um fracasso.

— Você não é um fracasso, Yoon — Jimin disse, pegando sua mão e apertando. — Seu pai é um babaca, eu mataria ele rapidinho.

— Vou fingir que não ouvi isso — resmungou. — Sobre eu ser policial, eu preciso falar com vocês…

Yoongi olhou em volta quando todos ficaram em silêncio e percebeu que nenhum deles falaria nada, por isso disse:

— Eu não tenho nenhuma decisão tomada, eu sei que realmente preciso tomar uma decisão, mas tudo tá uma bagunça na minha cabeça, não falo apenas pelo Jimin, mas por todos vocês, é difícil fazer uma escolha agora, sabe?

— A gente entende hyung — Taehyung comentou. — Sinceramente, seria surpresa se você decidisse rápido demais.

— Pois é, eu achei que no final, eu saberia o que escolher, mas eu prometo que vocês vão ter a chance de fugir, ao menos vocês que estão aqui, caso eu escolha, vocês sabem.

— Isso é muito gentil da sua parte Yoongi, mas não se preocupe conosco, imagino que você vai contar ao Jimin sua decisão, desde que ele fuja, o resto de nós não precisa se preocupar — Jungkook que estava em silêncio até o momento o cortou. Yoongi não entendia porque só Jimin era protegido, mas ele não iria questionar.

— Agora vamos falar de coisa boa — Jimin disse. — Quando  vamos finalmente nos livrar da Solar? Por favor, quero comprar foguetes.

— Merda — Jihyun falou. — Esqueci de alimentá-la.

— Se preocupa não, cobra demora para morrer de fome — Taehyung falou enquanto jogava um amendoim para cima e tentava pegar com a boca.

— Jiminie já te arrumei um carro, você pode ir quando quiser — Jungkook disse mexendo no telefone.

— Coloca um rastreador nele — Yoongi pediu. — Não confio no Namjoon neste momento, então se ele for atrás, vocês vão saber.

— Justo, vou providenciar, Jihyun vem comigo — Jungkook se levantou chamando o Park que não questionou, apenas o seguiu. Yoongi precisava admitir que o comportamento do mais novo estava realmente estranho.

— Relaxa, ele só está sobrecarregado — Jimin comentou ao notar a feição preocupada de Yoongi. — Agora, quando você quer correr? Estou disponível agora!

— Ótima ideia Jiminie, nos colocar pra correr com Namjoon na nossa cola — Hoseok resmungou, recebendo uma língua infantil de Jimin como resposta. — Bebezão.

Yoongi riu da implicância dos dois, mas não fez mais nenhum comentário, gostando de observar em silêncio a interação dos rapazes e o detetive precisava admitir, ele gostava do caos que era quando aquele grupo estava reunido, ele sabia que sentiria falta caso escolhesse voltar a sua vida antiga.

Entretanto, o detetive não poderia estar mais tranquilo ao notar o quanto sentiria falta disso, porque isso significava que ele havia se apegado a esses rapazes e principalmente que ele não os julgava, pois sabia que ele sempre esteve certo no seu julgamento sobre a gangue, eram boas pessoas que se uniram e fizeram sua própria família, mesmo que tivessem escolhidos caminhos considerados ilegais pela justiça.

Eles não estavam o pressionando e nem tocando no assunto para causar algum problema, inclusive estavam tentando evitar falar sobre a gangue e o fato dele ser policial.

E o Min, sinceramente, ficava agradecido com essa consideração que eles estavam tendo por si, mesmo com todas as circunstâncias.

Agora que Yoongi havia pensado com clareza, ele tinha plena consciência de que ambos os lados jogaram um com o outro.

A gangue sabia desde o princípio sobre ele e mesmo assim permitiu que ele se aproximasse e fizesse seu trabalho — Yoongi tinha quase certeza de que as coisas que descobriu eram falsas, mas isso não vinha ao caso —, eles permitiram que o detetive brincasse de polícia e ladrão, mesmo quando na verdade, eles poderiam tê-lo eliminado muito antes.

E talvez o motivo para ele ainda estar vivo fosse o rapaz ao seu lado.

E talvez fazer uma escolha fosse mais difícil do que Yoongi imaginava, mesmo que no fundo do seu coração, ele já soubesse o que iria escolher.