História Saga do Meu Coração - A Culpa é Sua Por Ter Esse Sorisso

Saga:

Quando cheguei em casa vi um buquê de rosas todo estilhaço pela sala, fiquei sem entender o que houve, percebi que a porta da varanda estava aberta, segui até lá em silencio achando que talvez Milo estivesse com alguma companhia. Ao me aproximar notei a voz de Camus, mas não conseguia entender o que ele dizia, só olhei ele sentado com Milo na espreguiçadeira. Os dois estavam muito próximos, talvez mais do que o necessário, Milo passou a mão no rosto de Camus, eles pareciam estar chorando. Eu não deveria estar parado aqui espiando, mas minha intuição me impedia que eu revelasse minha presença, era como se eu precisasse ver algo.

Aguardei, mas nada aconteceu. Camus se levantou pegando algo no chão, me aproximei a tempo de ouvi-lo dizer que eu não poderia ficar sabendo de alguma coisa. Isso me deixou curioso mas talvez fosso algo com o casamento. Porém suas expressões de pavor demonstrava que não era somente isso. Algo de errado estava acontecendo .

- Do que eu não posso saber? - Perguntei olhando os dois desconfiado.

- Co-coisas do casamento. - Disse Camus gaguejando e desviando o olhar do meu.

- Saga quase você estraga tudo, eu estava tentado convence-lo sobre deixar eu lhe dar a melhor despedida de solteiro. - Milo se levantou da espreguiçadeira, parecendo nervoso.

- Estavam comemorando isso? - Perguntei olhando as taças e a garrafa.

- Na verdade isso era pra você. - Camus levantou seu olhar me encarando.

- A claro, assim como essas flores na sala?

- Saga eu fiquei bravo e...

- Você é totalmente insensível, age como se eu estivesse num bar cheio de mulheres e homens a minha volta. Eu estava em um hospital apoiando meu irmão. O larguei sozinho para vim aqui te ver.

- Calma Saga.

- Não se intrometa Milo. - Olhei meu irmão com certa raiva, eu não engoli a cena que acabei de ver.

- Desculpa Saga eu só não quero que briguem.

Enquanto ele falava meus olhos varreram o ambiente notando as roupas do meu irmão jogadas em outra espreguiçadeira, fui até ele e puxei a toalha que estava enrolada em sua cintura. Milo agiu com rapidez como se soubesse o que eu iria fazer antes que fizesse, segurando a toalha impedindo que a mesma caísse.

- Melhor você se vestir Milo.- Disse confirmando minhas suspeitas. - E você, melhor ir embora. - Olhei para Camus magoado com suas atitudes.

- Não precisa mandar, eu não tenho mais nada pra fazer aqui. - Ele passou por nós entrando no apartamento.

Eu não fui atrás, não queria brigar, não estava com cabeça pra isso. Minha preocupação era saber com Kanon estava e o que ocorreu aqui enquanto eu estive fora. Tudo que ouvi foi a porta bater quando ele saiu.

- Acho bom que minha intuição esteja errada Milo. - Os olhos de meu irmão dobraram de tamanho com que eu disse. Dei as costas pra ele e entrei indo para meu quarto.

Shaka:

Terminei de me trocar após o banho e fui à cozinha para tomar café antes de ir pra faculdade. Fiquei surpreso ao ver Asmita sentando à mesa tomando café. Abri um enorme sorriso ao observar essa cena. Meu pai estava sentado na cabeceira da mesa, Asmita sentava do lado esquerdo da mesa enquanto Mu sentava do lado direito. Só faltava minha mãe aqui conosco. Eu sentia uma saudade enorme dela.

- Bom dia. - Me anunciei sentando ao lado de Asmita.

- Bom dia, Shaka. - Disse Mu se servindo de café.

- Bom dia filho. - Meu pai abaixou o jornal que estava lendo enquanto comia uma torrada.

Olhei para Asmita ao meu lado esperando seu bom dia, mas ele passava manteiga em seu pão distraído como se estivesse sozinho á mesa. Cutuquei ele com o cotovelo.

- Está em Nárnia Mita? - Provoquei pegando um pãozinho na cesta sob a mesa.

- Ah, oi Shaka.

- Que oi o que lesado, é bom dia. - Disse Mu jogando o pano de prato na cabeça de Asmita.

- Deixa ele Mu, já é muito vê-lo comer ainda quer que ele raciocine. - Disse rindo.

- Eu ouço vocês, só os ignoro. - Asmita sorriu levando a xícara de chá aos lábios.

- Vocês dois não veem que ele é muito superior para se juntar a nós e ainda por cima ter que interagir. - Falou meu pai dobrando seu jornal.

- Não é nada disso Shion. - Asmita ainda não chamava Shion de pai, acho que era falta de costume. - Só estou distraído.

- Está pensando em que? - Perguntei com a boca cheia.

- Nem queira saber, deve ser nos mantras dele. - Disse Mu me fazendo rir.

- Deixem de ser chatos. Estou pensando em ir procurar emprego.

Todos paramos de comer para olha-lo, meu pai cerrou o cenho com cara de desconfiado.

- Você não interage nem conosco quer interagir com estranhos? - Falei olhando-o empolgado com a mudança repentina.

- Achei que iriam ficar feliz por mim.

- E estamos. - Nós três dissemos juntos causando risos pela sincronia.

- Ótimo. Shion você pode me levar pro centro da cidade?

- Desculpa filho estou indo em direção oposta.

- Eu te levo, vou passar no hospital para ver meu cunhado. - Ofereceu Mu.

- Como ele está? - Disse finalizando meu café.

- Mal, muito mal, preciso ficar ao lado de Aiolia que está definhando junto.

- Mu se precisar de nossa ajuda, em turnos, ou qualquer outra cosia não hesite em pedir. - Falei me levantado. - Preciso ir, senão vou me atrasar.

- Obrigado Shaka.

- Não agradeça Mu. Tchau família até mais.

- Até. - Falaram juntos. Ri da sincronia que estávamos tendo hoje.

Sai de casa entrando no meu fusca, abaixei a capota usando sua versão conversível, queria sentir o vento no rosto e usa-lo para secar meus cabelos ainda húmidos.

Não demorei muito para chegar na faculdade, sai do carro subindo a capota novamente, peguei minha mochila jogada no banco traseiro, fechei o carro e segui até a sala de aula.

Entrei na sala ainda vazia, me sentei na carteira ao lado da mesa do professor, lembrando que minhas duas primeiras aulas seriam com Saga. Só de lembrar dele me sentia nervoso, e as borboletas em meu estômago começavam a voar. Aproveitei meu momento sozinho e abri o caderno no desenho que havia feito do rosto de dele. Olhei seu sorriso desenhado no papel branco, passei o dedo pelo mesmo sorrindo feito besta.

- Ei Shaka, chegou cedo. - Levantei o olhar para ver Shura sentando ao meu lado.

- É, acabei chegando cedo, não tinha transito hoje.

- Poxa isso é o professor? Está perfeito. - Ele esticou a cabeça para analisar meu desenho.

Acabei fechando os caderno me sentindo envergonhado.

- Cara que safado, você está com tara no professor.

- Shiiiuu alguém pode ouvir você falar essas suas besteiras. – O repreendi.

- Esta sim, seu tarado. Não tiro sua razão ele é muito gostoso.

- Cala a boca Shura.

Os outros alunos foram entrando na sala e se acomodando em seus lugares, não muito depois o professor entrou na sala fazendo meu coração disparar ao vê-lo.

- Um puta gostoso. - Sussurrou Shura pra que só eu o ouvisse.

Ri baixo e levei o indicador até os lábios pedindo silencio.

- Bom dia. - Saga nos comprimento com aquela voz grossa que me causava arrepios, eriçado até os pelos de minha nuca.

- Ei. – Disse Shura chamado minha atenção novamente. - Imagina ele sussurrando seu nome ao pé do ouvido, gemendo enquanto te come gostoso. – Concluiu gargalhando baixo.

Fiquei com tesão só de imaginar o que ele disse. Olhei para Saga que veio até sua mesa ajeitando suas coisas sobre ela, ele se sentou e abriu uma pasta com nossos trabalhos. Seu olhar cruzou com o meu, sorri timidamente, provavelmente fixando vermelho. Ele não sorriu de volta, na verdade parecia bem triste e abatido. Será que era por causa do cunhado de Mu? A noticia poderia ter afetado o irmão gêmeo dele e o deixado mal com isso. Ele se levantou e se voltou pra lousa escrevendo nela.

As duas primeiras aulas passaram rápido demais, Saga chegou a sorrir de vez em quando com alguma piada dos outros alunos presentes. 

No fim da aula após copiar toda a lição, me peguei escrevendo na última folha do caderno, me distrai tanto que não percebi que havia ficado novamente sozinho com professor na da sala de aula.

- Hoje está escrevendo e não desenhando? - Falou parando de surpresa ao meu lado.

Saga pegou meu caderno olhando o que eu havia escrito.

- Professor isso é invasão de privacidade.

- Então de quem é a culpa por ter esse sorriso? Está apaixonado? - Perguntou ignorando o que eu disse.

- E-eu? N-não claro que não. – Droga gaguejei feito besta.

- Mas aqui diz que a culpa é sua por se apaixonar pelo sorriso da pessoa.

- Isso é só a letra de uma música. - Disse pegando meu caderno de volta.

- A claro, música. - Disse sendo irónico e saindo do meu lado indo até lousa apagar o que havia escrito nela.

Ficamos em silencio enquanto eu arrumava minha mochila e ele apagava a lousa. Me levantei pra sair da sala mas ouvi um choro baixo, estranhei olhando em volta procurando por uma terceira pessoa que pudesse ser dona do mesmo. Só depois notei que era Saga quem chorava. Fui até ele com cautela sem saber se era melhor deixa-lo sozinho ou tentar ajudar.

- Está tudo bem professor? – Perguntei mesmo sabendo que não estava, pois ninguém chora por nada

- Está sim. - Ele se virou pra me olhar passando a mão no rosto secando suas lágrimas.

- Não me parece isso. Eu posso ajuda-lo? - Ele se encostou em sua mesa e me olhou por alguns estantes antes de responder.

- Não seria ético da minha parte desabafar com um aluno.

Fiquei triste no mesmo estante que ouvi sua resposta, tive uma atitude infantil ao dar as costas a ele indo em direção a porta.

- Mas... - Ele voltou a falar me fazendo parar e voltar a encara-lo. - Acho que não teria problema de conversamos como amigos.

Sorri

- Podemos nos encontrar após a aula. - Sugeri ajeitando meu cabelo atrás da orelha. - Conheço uma cafeteira muito boa.

Ele só sorriu e balançou a cabeça em confirmação.

- Ótimo, me espera no estacionamento após a aula ao lado de um fusca azul. - Falei empolgado, talvez até um pouco a mais do que o necessário.

Sai da sala com um sorriso de orelha a orelha pensando que ao fim do dia letivo eu sairia com o gato do meu professor e, que ele sentaria no banco de carona do meu fusca, fazendo o carro ficar com seu cheiro maravilhoso.