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História Salvatore - Summer Dress


Escrita por: staargirl

Capítulo 8 - Summer Dress


Fanfic / Fanfiction Salvatore - Summer Dress

POV ISABELLA

Sorri internamente quando a porta da despensa fechou, como se o universo, os astros e a porta da cozinha também aprovassem e incentivassem o meu plano de ter Kirk, de expor pra fora meu desejo por ele e ver se ele corresponde ou não, flertar com ele face a face, sozinha, cara a cara, colocando pra fora e sentindo na pele, nas mãos, no coração e nos olhos todo o desejo e interesse em meu corpo ansiando sentir o cheiro do perfume dele, o toque quente, o corpo mais alto e o cheiro agradável de perfume queimando em minhas narinas.

Já me interessei por outros homens antes, já fiz jogos de flerte com outros homens antes, mas todos homens fáceis demais, normalmente homens excitados de faculdade...mas Kirk...Kirk é um alvo difícil, o americano de cabelos cacheados é diferente, ele é tímido e ao mesmo tempo poderoso experiente e vivido ou só dono de uma moral gigantesca com medo dos meus pais que não o deixa olhar pra mim ou talvez ele só me acha desinteressante, e esse é o meu maior medo, dar um tiro no escuro flertando e me envergonhando caso leve um fora, caso Kirk não queira, medo dele não ter interesse em mim, medo de me achar uma caipira do interior pacata. 

Torci para que não. Só de pensar em ser rejeitada por ele o aperto ruim voltava ao peito. Só de pensar que um dia ele vai embora da pousada, dos meus olhos, para a América, o aperto voltava, só de pensar em nunca mais ver ele e por isso, tomada pela angústia e o calor em meu corpo, a tristeza de pensar que um dia ele vai embora, pensar nele dançando com outras mulheres, decidi agir e tirar a prova hoje: ele tem ou não interesse em mim? E se tem, resolveria isso hoje, agora, já, sentiria ele agora, hoje, já, não o deixaria escapar por entre minhas mãos ansiosas para tocar nele. Não perderia tempo.

Sentiria na pele o magnetismo do homem que vem me puxando, alimentando meu cérebro com a curiosidade sobre ele, a vida dele, alimentando meu coração com os sorrisos, gentileza e perfume dele e consequentemente aumentando o calor entre minhas pernas que me faz pensar nele antes de dormir, no cavanhaque, cabelos grandes, mãos grandes e me dá vontade de fazer coisas que certamente precisaria me confessar diversas vezes ao padre para não perder minha vaga no céu. 

Uma vaga que eu talvez nem tenha mais depois do que estou pensando em fazer agora, nesse exato momento com o americano trancado num cubículo ao meu lado, o cheiro do perfume dele entre as paredes e chegando em uma onda densa de aroma até minhas narinas, me fazendo tremer só de pensar em chegar até a fonte daquele cheiro de perfume caro rico amadeirado e masculino: a pele dele. 

Pensei nos lugares onde ele deve esguichar o perfume, talvez esfregue um pulso no outro, talvez jogue na nuca, no peito, não importa, mas eu gostaria de passar o nariz em cada um desses pontos. 

Louca por ele.

Talvez seja a novidade, o fato de que nunca vi um homem como ele antes, cabelos longos, vivido, cheio de experiências, gentil e ao mesmo tempo magnético, tão magnético que meus pais não me querem perto dele, que a física nem ao menos saberia explicar o porque quero tanto ele.

Notei quando Kirk olhou para trás, analisando a porta fechada, pude ver quando ele engoliu em seco através do pescoço exposto, a blusa branca que ele veste com os dois primeiros botões abertos, expondo a pele do peito caramelo. Umedeci os lábios automaticamente com a visão. 

Fiquei escorada numa das paredes quentes e apertadas da despensa de alimentos que mal cabia uma pessoa, cheia de prateleiras apertadas, aumentando o calor italiano e a iluminação baixa de uma luz amarelada já queimando pelo tempo com a qual está ali.

- É aquele ali? - Kirk nem me fitou, encostou em uma prateleira e apontou para cima, ele tinha a voz firme, porém baixa. Ele mantinha distância de mim, uma distância proposital, sempre olhando para o chão, procurando meus pés para saber meu paradeiro, como se ele se preocupasse com minha proximidade.

- Uhum - respondi com um som suave na garganta e desencostei da parede, meu coração batendo rápido e ansioso ao ver ele se esticar na prateleira e quase pegando o pote, quase. Me desesperei, pensando que se ele pegasse o pote logo, em seguida sairia da despensa e eu perderia meu tempo sozinha com ele. Preciso ganhar mais tempo, preciso que ele se aproxime mais.

E com isso, tive uma ideia da qual não me orgulho, mas também não me arrependo. Chamar atenção para prolongar o tempo dele ali comigo naquela despensa apertada e longe do mundo, só eu e ele. 

E qual foi a ideia infame que me faria ter a atenção do americano pra cima de mim como a de uma abelha ao mel? Oras, eu andei com meus pés descalços pelo chão limpo da despensa e sem ele perceber, pois Kirk ainda estava de costas procurando o tal pote de açúcar que pedi pra ele pegar só pra ficar sozinha com ele, pois eu não precisava de açúcar coisa nenhuma. Sem Kirk perceber derrubei algo de uma prateleira, algo pesado pra fazer barulho e sentei no chão, fingindo que tinha caído e me machucado...ó pobre Bella, precisa da ajuda dele. 

Sorri baixo, contente, ao ver que minha atuação, meu plano para tê-lo perto e com a atenção 100% voltada para mim deu certo. Quando Kirk escutou o barulho que causei de propósito, virou imediatamente, desesperado com o susto e me fitou sentada no chão, correu até mim, preocupado, com os olhos saltados - Meu Deus, Bella, você se machucou? - ajoelhou-se no chão ao meu lado, os olhos em choque, se certificando de que estou bem, como se zelasse por mim mais do que qualquer coisa no mundo, como se eu fosse um vaso raro que não pode quebrar, e eu queria ser o vaso dele, um vaso raro e caro de uma coleção que ele não deixa ninguém botar as mãos, dele, só dele.

A preocupação de Kirk aqueceu meu peito e me fez sorrir internamente de contentamento ao ver que ele caiu na minha farsa e estava sentado no chão, ao meu lado, preocupado, a poucos centímetros de mim.

- Eu caí - menti, respondendo e olhando pra ele com os olhos mais pidões que consegui forjar em meu rosto, impressionada comigo mesmo e com o quão dissimulada estou, sorri internamente - Fui pegar um pote na prateleira e acabei deslizando no chão.

- Você se machucou? Está doendo? Bateu em algo? Você está bem? Onde dói? Quer que eu te leve a um hospital? - Kirk estava ajoelhado ao meu lado, os olhos preocupados, falando tudo de forma rápida e desesperada, realmente demonstrando preocupação, sorri internamente contente com isso e sorri ainda mais ao ver que ele queria me tocar, com se quisesse se certificar de que estou bem, mas toda vez Kirk recuava a mão, se afastando de mim, não me tocando, como se eu fosse proibida ao toque.

- Eu to bem - respondi firme, com medo de que a preocupação excessiva em cima da minha queda de mentira só pra chamar a atenção dele fosse tamanha que Kirk me levasse a um hospital e tudo que eu quero é só não sair dessa despensa apertada sozinha com ele - Não tá doendo. 

- Você precisa de gelo? Eu posso buscar.

O gelo está fora da despensa. Não. 

- Eu to ótima. Só me ajuda a levantar, por favor - falei, os olhos pidões de novo olhando lateralmente pra ele, abaixando as sobrancelhas para deixar o olhar ainda mais convincente assim como franzindo levemente meus lábios, atenção, quero a atenção dele. E finalmente vou ganhar o que tanto estou querendo...finalmente, finalmente sentir o toque dele. 

Notei quando Kirk ficou sem jeito, sem saber como me erguer do chão, então resolvi dar uma ajuda e abri meu braço para que ele pudesse me sustentar.

Oh, Deus...suspirei fundo quando ele se aproximou de mim. A quentura do corpo dele, mais alto, mais forte. 

Kirk abaixou, se apoiando com firmeza ao meu lado e então, cada poro meu se arrepiou, como cubos de gelo deslizando por cada poro quente no exato momento que senti a mão dele suavemente tocar em minhas costas, arqueei com o toque, quase chegando na cintura, cada um dos cinco dedos no tecido do meu vestido, ele me puxou suavemente para perto, apoiando todo o meu corpo na lateral do corpo dele, firme, quente, seguro e suave. Tremi nos dedos dele. Aproveitei para tocar nele, encaminhei meus dedos por entre a nuca dele, meu braço sentindo a pele morna embaixo dos cabelos longos e ele me levantou. 

Kirk me colocou em pé, eu deveria tê-lo soltado, mas não soltei, continuei me apoiando nele, minha mão direita na nuca dele enquanto a esquerda dele ainda me segurava, dedos no vestido, a lateral do meu corpo toda apoiada nele. Um toque na minha cintura, Deus como eu queria que o vestido não estivesse no caminho agora. A lateral da minha coxa descoberta pelo vestido e panturrilha encostando suavemente na calça jeans dele, o tecido direto na pele, arrepiando-me ainda mais.

- Prontinho - e então Kirk me soltou e pude observar ele se distanciando e minha mão automaticamente deslizar para longe do contato da pele - Tem certeza que você não se machucou?

- Uhum, to bem - respondi, sorrindo, olhando no olho dele, querendo mais, voltar a sentir o corpo dele colado no meu, Kirk me encarou por dois segundos e então virou de costas, pigarreando baixo como se procurasse o que fazer. 

- Ok - falou suavemente, a voz baixa e sussurrada - Que bom.

- Só estraguei meu vestido - olhei pra baixo, falando alto sem perceber que minha brincadeira fez eu sujar um dos meus vestidos favoritos com a gosma vermelha do tempero  que derrubei no chão quando fingi a queda, um pingo pequeno porém não limpável.

- Que pena - Kirk respondeu.

Levantei os olhos, captando outra oportunidade. Fitei o chão, meus pés dando passos lentos até ele, perna na frente, outra atrás, como os felinos gatos que ficam no quintal de madrugada, devagar, minimamente - Gosta do meu vestido?

- S-sim - Kirk gaguejou depois de quase um minuto sem resposta, sorri por dentro, alimentada com o nervosismo dele e me perguntei como um homem famoso, vivido, com 30 anos, experiente e poderoso como ele podia se sentir nervoso e gaguejar. Isso me animou ainda mais - É bonito. 

- Você tá nervoso? - perguntei, na cara dura, sem vergonha alguma, ainda andando até ele, notando Kirk pigarrear, fitar o chão, dar alguns passos para trás até esbarrar as costas na prateleira.

Ele deu um riso arfado com ar, quase de incredulidade com minha boca de palavras soltas - N-não, por que? - gaguejou, comprovando que sim, está nervoso.

Meu coração bateu ainda mais rápido. Talvez o nervosismo dele fosse a resposta para minhas perguntas. A resposta que eu quero. Sim, ele sente atração por mim.

Resolvi provocar mais.

Sorri internamente, o peito aquecendo. 

- Eu te deixo nervoso? - perguntei baixo e encostei numa prateleira, perto dele - E eu? Você me acha bonita também ou só meu vestido? - adorando Kirk engolindo em seco, o choque dele ao ouvir minhas perguntas, os olhos piscando rápido, a voz suave e levemente falhada.

Contei 35 segundos de silêncio puro, meu coração já batendo rápido achando que ele não tem interesse algum, que estou sendo uma boba por estar fazendo isso. Então ele parou de fitar o chão e olhou diretamente pra mim, olho no olho, escorado na outra prateleira, engolindo o nervosismo em questão de segundos, o olhar mudando completamente e foi minha vez de tremer - A mais bonita. Incrivelmente bela. Surreal o quão bonita é. Tão bonita a ponto de tirar o fôlego - Kirk disse cada palavra olhando pra mim, os lábios dele se movendo minimamente entre o bigode e o cavanhaque, olhos em mim, corpo escorado na prateleira, olhos escuros, pupilas dilatadas, olhar suave, olhar fixo no meu, lábios volumosos, a camisa aberta, dois botões abertos, pele do peito exposta. 

Tremi. Feliz com aquela resposta. Meu corpo reagindo com calor, com tremor, com felicidade, contente com a atenção que recebi - E você perde o fôlego? - perguntei, arqueando minhas costas e quadril na parede fria involuntariamente levada pelo olhar fixo dele em mim, um olhar firme e zero tímido e sem nem perceber senti meu dente em meu próprio lábio raspando quase mordendo a carne molhada da minha boca, me controlei, o coração batendo rápido de ansiedade, felicidade, alimentada com as palavras saindo da boca dele.

Kirk sorriu baixo, fitou o chão, não de timidez, mas aparentemente incredulidade, ergueu as sobrancelhas, um riso baixo, balançou a cabeça negativamente, os cachos se movendo, sorrindo sem mostrar os dentes - Bella, Bella, Bella - foi a única coisa que ele respondeu até parar de me alimentar com aquele jogo e virar de costas, fugindo dos meus olhos - Qual é o pote que quer que eu pegue? - Kirk se apoiou na prateleira, senti o desapontamento em meu peito ao ver que ele só queria pegar o maldito pote e sair da despensa, fugindo das minhas provocações enquanto eu sucumbo de curiosidade para saber o que ele quis dizer com “Bella, Bella, Bella” e um sorriso quase que incrédulo, debochado, quase como quem diz “não brinque com fogo” ou “não acredito que está fazendo isso”.

- É o pote de açúcar - respondi vagamente, sabendo que haviam muitos potes na parte de cima da prateleira ao qual ele estava com a mão esticada, bem mais alto que eu, não precisava ficar na ponta dos pés, e Kirk não saberia qual é e isso prolongaria o tempo dele aqui.

Respirei fundo adorando ver o rosto dele, os olhos em outra dualidade, não mais tímidos, fixos, pupilas escuras, adorando ver o rosto e o corpo dele embaixo da luz quente alaranjada, deixando os traços do rosto ainda mais bonitos, lábios volumosos entre bigode e cavanhaque não aparado, imaginando como deve ser senti-lo em minha pele, pinicando, fazendo cócegas. E por um momento me questionei como fiquei tão obcecada pelo homem, tão mais interessante que os idiotas de faculdade que frequentam a pousada. 

- Qual? - ele virou o rosto, me fitando, as mãos confusas tateando a parte de cima do móvel, dedos longos raspando em potes de plásticos. Invejando os potes malditos por estarem sentindo o toque dele.

- O do canto - respondi vagamente mais uma vez, crispando os lábios e me divertindo com a expressão confusa de Kirk. Me aproximei, exato dois passos de pés descalços e silenciosos no chão até chegar atrás dele, dois centímetros de distância, o calor do corpo dele chegando perto da minha barriga atrás dele - Aquele ali - e sem pensar duas vezes, me aproximei do corpo de Kirk, colando a frente do meu corpo nas costas dele, meu colo, braços, clavículas e ombros nus pelo vestido sentindo o tecido da camisa de linho que ele usa, macia, o cheiro do perfume em minhas narinas fazendo minhas pernas encostadas na dele tremerem, deixando minha garganta seca, sedenta, incapaz de negar a vontade correndo entre minhas veias. 

Sangue quente. Desejo. Senti quando o corpo de Kirk tremeu em contato com o meu, talvez do susto pois não esperava o toque, talvez não. Prensei meu quadril nas costas dele, respirando fundo e vendo quando o ar que saiu de minhas narinas fizeram alguns fios dos cabelos cacheados dele voarem e pude ver a nuca de Kirk, pele de poros eriçados. Sorri baixo. Ergui a mão, subindo meu braço pelo dele, encostando nossos pulsos e antebraços, pele com pele, podendo sentir os pelos macios do braço masculino passando suave pelo meu, cotovelo com cotovelo - Ali - sussurrei e toquei no dorso da mão dele com meus dedos em direção ao pote. 

Kirk pegou o pote finalmente, desci a mão quando a dele também desceu. Respirei fundo, meu coração batendo rápido quando ele virou e ficou de frente pra mim, notei mais uma vez nossa diferença de altura, meu rosto na exata altura do peito dele, pele quente pela iluminação, um pedaço da pele exposta pelos dois botões da camisa aberta, o queixo dele na altura da minha testa, Kirk segurando o pote de açúcar nas mãos e o maldito pote separando meu corpo de colar no dele, agora apenas minhas pernas encostavam de leve nas dele, pois quando Kirk virou quebrou meu contato abraçando suas costas  - Aqui - me entregou o pote e me arrepiei ao sentir o tom da voz dele tão perto de mim, o ar quente da boca dele em contato com meus cabelos. 

Levantei o olhar, erguendo meu rosto pra conseguir fitá-lo, arqueei as sobrancelhas e sorri grande - Obrigada - peguei o pote. Olho no olho, notei o olhar escuro de Kirk, olhando pra mim.

- Você sabe que podia ter usado o banquinho pra pegar, né? - Kirk perguntou, num tom quase divertido, ele moveu os olhos lateralmente apontando para o chão onde o banco que servia para subirmos e pegar coisas no alto estava.

- Sei - respondi descarada, revirando os olhos e erguendo as sobrancelhas, meu rosto todo no campo de visão dele - Mas eu queria que você pegasse - subi a mão, brincando com o perigo, e com o dedo indicador toquei suavemente no botão da camisa dele, o fitando, os olhos só pra ele, no olho dele, mordendo meus lábios pra ele. 

Kirk tremeu. Os olhos cresceram de surpresa ao me ver flertando descaradamente. Kirk puxou o ar entre os dentes de forma delicada, disfarçada e não proposital no momento que minha unha raspou sutilmente na pele dele, dentro da camisa.

Ele se afastou. 

Kirk ficou sem resposta por alguns segundos, pude ver ele engolindo em seco de novo, ele abaixou o olhar, desviando do meu rosto e sorriu de novo, um riso de tristeza e incredulidade, balançando mais uma vez negativamente a cabeça em meio a suspiros - Isso é errado, Bella - foi a única coisa que escapou por entre os lábios  - Vamos voltar pra festa - deu dois passos pro lado, se afastando mais. 

Frustrada de novo - O que é errado? - perguntei, me fazendo de sonsa.

- Você sabe do que eu to falando - Kirk respondeu, baixo, sussurrado, já de costas pra mim, quase saindo da despensa. Meu coração bateu forte, muito forte, a frase dele comprovando que ele sente atração também, que ele captou meus flertes, meus olhares, meus toques nele. Minha linguagem corporal dizendo que sim, eu quero ele. A resposta deixou claro que sim ele sente a tensão entre nós dois desde aquele maldito dia na mesa quando o vi pela primeira vez. 

- Você não precisa fugir de mim, Kirk - sussurrei, olhando para as costas dele, um sussurro tão baixo que torci para ele ouvir - Você sabe o que eu quero - encostei na parede, esperando que ele não saísse e caminhasse até mim, que minha frase o fizesse destrancar as armaduras que o mantém longe de mim. 

- Bella, Bella, Bella - repetiu meu nome, arrepiando minha nuca a forma como a palavra saía sussurrada por entre a boca dele, raspando na garganta, um tom de voz sussurrado - Você sabe que não podemos.

- Então você também pensa em mim? - perguntei, esperando que ele olhasse logo pra mim, Kirk ainda de costas, se mantendo afastado, quase na porta. Esperei que o meu "também" deixasse claro que eu penso sim nele, que eu quero sim ele. 

Notei a reação de Kirk assim que minha pergunta chegou aos seus ouvidos. Ele tremeu da cabeça aos pés, apertou uma mão na outra, ergueu o rosto, tocou na parede, quase como um autocontrole misturado a surpresa. 

- O dia todo - Kirk respondeu baixo, quase como uma confissão ao padre, a voz baixa esperando que eu não ouvisse - O tempo todo, cada segundo, você tá me deixando sem sanidade mental, garota e isso é errado, você sabe que não podemos. 

- Por que é errado? - perguntei, também sussurrando, meu corpo queimando.

Kirk respirou alto, puxando o fôlego do fundo dos pulmões antes de falar - Você sabe cada um dos motivos.

- Até sei, mas nenhum deles me convence de que é errado.

- Seus pais me matariam. Eu vou embora daqui 40 dias. Estamos em momentos diferentes da vida. 

Sorri incrédula - E daí? Nenhum desses motivos proíbe algo. Nada disso é errado. Meus pais não precisam saber.  A única coisa que deveria importar é que eu quero e você também. 

- Bella, não devemos fazer isso e você sabe. É complicado demais. 

- Você está complicando. É bem simples na verdade. Eu tenho o que quero e você também e depois seguimos nossas vidas como se nada tivesse acontecido, ninguém precisa saber, estamos sozinhos aqui e você vai embora em 40 dias afinal - dei de ombros sentindo o desconforto de lembrar que um dia ele vai embora - E vai doer quando você for embora, porque já estou acostumada a olhar pra você e deslumbrada a conhecer você, então...antes de ir embora você podia...me dar algo que me fizesse lembrar de você, sensações e memórias duram pra sempre, sabia?

- Não sei se vou conseguir seguir minha vida depois de sentir seu gosto. 

Um arrepio percorreu cada espinha minha, aumentando a quentura em todo o meu corpo ao ouvir essa frase. Tremi da cabeça aos pés. Sorri grande. Minha vontade era de gravar aquela frase em uma fita e ouvir sempre. 

Não falei, Kirk falou de novo - Eu nunca me senti assim antes, nunca. Eu não sei o que você tá fazendo comigo, jogou algum feitiço, sei lá, você tá me deixando louco, no sentido real de loucura, perder a mente, a cabeça, eu só penso em você. E não posso deixar isso acontecer. 

Dei alguns passos silenciosos, saí da parede e fui até ele, me aproximei, sussurrando nas costas dele, perto do ombro, Kirk tremeu de novo - Se você me quer o tanto que eu quero você, é simples, vamos matar o que está nos matando, consumando de uma vez, você me dá o que eu quero e eu te dou o que você quer - toquei no ombro dele, sentindo a camisa em minhas mãos - Ou pode me ignorar, sair por aquela porta e ficar 40 dias pensando em como eu te quero e você não fez nada, enquanto eu ando por aí olhando pra você. E depois pode voltar pra América e pensar em como nunca mais vai me ver ou me tocar e aí eu só vou existir em seus pensamentos. Consegue viver com isso? Nunca saber qual é a sensação de me sentir com suas mãos? Como é o meu beijo? Deixar a oportunidade passar.

Kirk respirou fundo de novo, notei quando ele fechou os olhos e levou a mão até a boca, buscando ar. Minhas palavras sendo um tortura pra ele. Sorri ainda mais. 

- Você é perigosa, garota - disse entre dentes - Tá escutando as coisas que tá me dizendo? 

- Eu sei - gargalhei baixo ainda segurando o ombro dele - Ao contrário de você, eu prefiro falar e expor tudo. Não gosto da sensação de saber que deixei a oportunidade passar. Sua mente diz uma coisa, mas seu coração diz outra - dei a volta, soltei o ombro dele e me aproximei, colando minhas costas na porta de saída e ficando de frente para Kirk, respirando fundo e fitando o chão - Sua mente diz o mesmo que o seu coração na verdade, você só tá tentando controlar ela.

- É o que você acha? - perguntou, subindo o olhar e me fitando de canto de olho.

- Tenho certeza. Você está com medo dos meus pais - sorri e ergui as sobrancelhas, sentindo minhas costas na porta, minhas pernas esticadas na direção dele, dobrando e desdobrando o joelho quase encostando nele - Eu vejo o jeito que olha pra mim, desde a primeira vez - dei de ombros propositalmente querendo chamar a atenção de Kirk e levantei minha mão, passando despretensiosamente pela minha própria perna, encostando a ponta da unha e subindo milímetros do vestido enquanto fingia estar entediada.

- Chega, chega, Bella, já chega, chega disso - Kirk balançou a cabeça negativamente diversas vezes, respirando fundo, engolindo em seco, ele deu alguns passos em minha direção, na porta. 

Meu coração doeu em descontentamento, Kirk certamente estava com o pensamento de ir embora, abrir o trinco, passar pela porta e continuar fugindo de mim, não cedendo ao desejo, a nenhuma provocação minha. 

Movi o corpo pro lado com falta de vontade, com raiva, porque não consegui convencê-lo a me beijar. Respirei fundo e fui pro lado apenas para liberar a porta e deixar ele sair. Fitei o chão, decepcionada, minhas costas na parede fria. 

Me surpreendi com a onda de calor da proximidade de frente para mim e no cheiro de perfume quando meus olhos baixos viram os tênis brancos e limpos de Kirk parados de frente, quase colados em meus pés descalços, subi o rosto e meu coração bateu forte de alegria ao vê-lo longe da porta e perto de mim, dois centímetros de distância. 

Sorri baixo. Segui o olhar dele e arqueei em ansiedade, minhas pernas queimando e tremendo quando vi a mão dele se encaminhar lentamente, me deixando cada vez mais ansiosa, devagar, até ele por fim encaixar a mão direita em minha cintura e de repente, me puxou pela cintura, me colando no corpo dele. 

Soltei um gemido baixo e que escapou sem perceber com aquele toque, arqueei meu corpo trêmulo e puxei o ar entre os dentes com força com a sensação de sentir meu corpo colado no dele, a mão dele apertando suavemente minha cintura me trazendo até ele, colando todo o meu corpo no dele, na quentura dele, ao ponto que só meu rosto estava erguido na direção de Kirk, meus olhos nos olhos dele e meu corpo todo grudado, sentindo cada pedaço dele em mim - É isso que você quer? - ele perguntou baixo, sussurrado, o ar quente da boca batendo em minha testa.

- Uhum - assenti com a cabeça devagar. O cheiro do perfume tão perto me fazendo tremer. 

Soltei outro grunhido de prazer quando as duas mãos de Kirk tocaram em minha cintura, o tecido do vestido amassando entre as mãos de toque suave e quente, a sensação de tremor quente subindo em meu estômago, explodindo em meus pulmões, acelerando meu coração cheio de vontade e crescendo no meio úmido de minhas pernas quando Kirk me ergueu do chão, me subindo com delicadeza por entre a parede e o corpo dele, tirando meus pés do chão, me segurando com uma firmeza cuidadosa e deixando meu rosto na altura do seu.

Olho no olho, respiração com respiração, mordi a boca esperando que ele me beijasse logo, mas Kirk só me segurou no corpo dele, olhando pra mim. Tão ansiosa que eu mesma tomei a atitude, passei meus braços por entre a nuca dele, me colando com ainda mais firmeza no corpo dele, sentindo meus seios prensados no peitoral dele, a pele da minha clavícula grudando na pele exposta do peito dele, a pele dos meus braços em sua nuca, tão colados que nem um pedaço de ar passaria entre nós dois. 

Me arrepiei e arqueei o corpo nas mãos dele quando senti a ponta do dedo indicador em minha nuca, afastando os cabelos do meu rosto, o dedo traçando um caminho delicado por minha pele, nuca, ombros, ele olhando pra mim enquanto me segurava pela cintura com apenas uma mão e o corpo dele me prensando delicadamente na parede - Você é linda. Puta merda, nem parece real. Linda demais - suspirou, olhos nos meus. Kirk desceu o rosto me arrepiando e me fazendo contorcer mais uma vez em suas mãos quando ele desceu o rosto e deixou um selinho molhado em meu pescoço, a barba e cavanhaque me arrepiando. 

Sem pensar duas vezes, me segurando na nuca dele, abri as pernas, o vestido subindo automaticamente e rodei minhas coxas entre o quadril dele, notando Kirk suspirar alto com a boca aberta e apertar os olhos os fechando com força quando grudei o calor das minhas pernas em seu quadril, o tecido da minha calcinha provavelmente encharcada sentindo o jeans da calça dele, minhas panturrilhas me segurando no colo dele, grudando meus pés e me rodeando - Me beija - subi o rosto, passando minhas unhas curtas em sua nuca e sussurrei entre os lábios de Kirk - Me beija - sussurrei de novo ao ver que ele ainda estava de olhos fechados e apertei ainda mais minhas pernas ao redor dele, minha vez de suspirar quente na boca dele quando minha movimentação me fez sentir o botão gelado do jeans no interior da minha coxa quente, pegando fogo.

Kirk não abriu os olhos, mas numa movimentação rápida, ele subiu a mão do meu ombro para meu maxilar e me puxou na direção dele.

Gemi na boca dele quando senti os lábios úmidos e fechados encostando nos meus e sem pensar duas vezes abri a boca e senti o ar quente entre nós quando a língua dele, quente, molhada adentrou o interior da minha boca. 

Suspirei entre o beijo no primeiro encontro de línguas, nossas bocas juntas, me arrepiando quando o tecido quente e áspero, as papilas da carne macia e molhada da língua dele rodeou a minha conforme a boca volumosa engolia meus lábios, meus olhos fechados me fazendo me grudar ainda mais nele, inclinar o rosto e puxar a nuca dele pra sentir mais do beijo desesperado e molhado, a forma precisa com a qual ele me beijava, sabendo o que estava fazendo, a movimentação da língua dele controlando o beijo, rodando a minha, os lábios molhados raspando um pelo outro, o cavanhaque e bigode dele pinicando em meu rosto macio me enlouquecendo completamente, me fazendo arquear o corpo nas mãos dele e ao mesmo tempo me forçando ainda mais nele, grudando meu corpo mais, me amassando nele, sem ar com aquele beijo, a quentura entre minhas pernas me enlouquecendo com cada toque da boca dele. 

Kirk me prensou mais na parede, o quadril dele segurando meu peso, me fazendo sentir o volume saliente e desperto, duro por dentro da calça jeans tocando em minha calcinha conforme minhas pernas estavam ao redor dele.

Me apertei ainda mais, apertando minhas pernas no quadril para sentir mais, para me esfregar mais nele, naquele volume me fazendo arfar. Querendo mais, querendo que a calça jeans provavelmente úmida por mim não estivesse no caminho.

Soltei a boca dele para gemer baixo entre o beijo com gosto de pêssego quando a mão vaga de Kirk chegou em minha coxa, os cinco dedos acariciando minha coxa, só a ponta, me arrepiando, até que os dedos dele rodearam minha perna, agarrando minha coxa com a mão toda, palma quente e dedos firmes, pele com pele, o vestido subindo e quase em minha barriga, deixando minhas pernas toda à mostra.

O puxei de novo, voltando a beijá-lo com força, cada movimento da língua dele me arrepiando por completo, a pele da palma da mão segurando minha perna, me fazendo suar na despensa apertada e pedir por mais. 

- Isabella, cadê você?

Soltei a boca de Kirk na mesma hora que ele também me soltou. Ambos surpresos e assustados quando a voz abafada atrás da porta me chamou. 

O maior medo dele, o medo que faz ele se manter longe de mim. Meus pais, velhos conservadores que me prendem e odeiam americanos. Minha mãe me procurando na cozinha.

- Merda - me soltei de Kirk, descendo do colo dele e reclamando quando perdi o contato do corpo dele, do beijo, das mãos em minha cintura, minha coxa, meu maxilar, o gosto, do beijo molhado, da língua, do cavanhaque raspando em meu queixo, me arrepiando quando ele soltava minha boca por dois segundos e beijava meu pescoço, a barba roçando em mim.

Me arrumei, sequei meus lábios, desci o vestido e arrumei os cabelos ainda ouvindo minha mãe me chamando na cozinha. Raiva porque ela atrapalhou tudo. Peguei o tal pote de açúcar e me aproximei de Kirk - Eu saio primeiro, você sai daqui cinco minutos - levei meu dedo até o queixo dele e limpei meu batom que estava em seu rosto. Antes de sair deixei um selinho rápido e sorri baixo.

Por fim, saí correndo da despensa e fechei a porta para que minha mãe não desconfiasse.

- Onde você estava? - perguntou, brava, meu coração bateu rápido com medo dela entrar na despensa e encontrar Kirk lá.

- Fazendo ponche - apontei para as frutas picadas na mesa - Vamos voltar pra festa - peguei a bacia de ponche e puxei minha mãe para longe da cozinha, finalmente respirei aliviada quando chegamos no quintal. 

Dei um gole no suco e sorri feliz pensando no que tinha acabado de acontecer e exatos cinco minutos depois vi Kirk de volta a festa e conversando com o amigo Lars.

POV KIRK

- O que foi? Você parece atordoado - Lars perguntou assim que cheguei ao lado dele, meu coração acelerado.

- Eu tô fodido, muito fodido - respondi tremendo - Fiz exatamente o que não deveria fazer.

- O que?

- Eu e Isabella nos beijamos - sussurrei e esfreguei meu rosto tremendo mais só de lembrar de cinco minutos atrás na despensa com a garota - Os pais dela vão me matar, já era, sou um homem morto - rodei de um lado pro outro nervoso.

- Finalmente!! - Lars gritou de felicidade e gargalhou, o sorriso mudou e ele balançou a sobrancelha duas vezes com malícia, só então segui o olhar dele e vi Isabella caminhando até nós.

Engoli em seco ao ver os olhos da garota em mim, o sorriso dela, lábios avermelhados quase entregando o que fizemos - Gostando da festa, meninos? - perguntou dissimulada e rodando no vestido de verão - Trouxe ponche pra vocês, acabei de cortar as frutas - piscou em minha direção e quase caí duro no chão. Ela entregou um copo pra Lars que agradeceu e em seguida se aproximou, entregando um pra mim, quase colada em mim, o cheiro de verão, gloss e hidratante em meu nariz como estava naquela despensa, tão perto a ponto que nossos dedos e mãos se encontraram. 

Isabella sorriu e saiu andando para longe de nós.

-Como tá o coração? Acho melhor você ter convênio médico porque ela vai te matar de infarto daqui pro fim das férias - Lars gargalhou alto batendo em meu ombro. 

Dei um gole longo no ponche gelado para me acalmar e foi quando vi que havia um bilhete embaixo do meu copo, Bella o colocou ali quando nossas mãos se encontraram quando me entregou o ponche.

O puxei e li longe dos olhos curiosos de Lars.

“Minha boca não esqueceu seu gosto e não parou de pensar em você desde que nos beijamos há dez minutos atrás. A ideia de te beijar de novo tá presa na minha cabeça que não para de pensar em você desde que te vi pela primeira vez. 

Me encontre no meu quarto, a última porta do corredor, às 01:30 quando todos estiverem dormindo.

Estarei te esperando. Ansiosa.

Isabella. Sua Isabella.”

 



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