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História Sangue de Demônio - Sasuke Uchiha


Escrita por: Desdemonia

Notas do Autor


"Abra bem suas pálpebras, deixe seus demônios fugirem"
Beat the devil's tattoo - Black Rebel Motorcycle Club

Capítulo 1 - Sasuke Uchiha


Fanfic / Fanfiction Sangue de Demônio - Sasuke Uchiha

I

 

A tarde nublada dava a certeza de que uma chuva iminente iria se entregar ao chão daquelas ruas ainda ao cair da noite. No mesmo pavimento, um sapato lustroso tilintava contra as pedras, tocando uma música única aos passos suaves do homem que a explorava.  O terno negro, da mesma cor que seus olhos e cabelos, dava ao rapaz uma postura séria e elegante, mesmo ele aparentando no sorriso a jovialidade e energia de seus vinte e quatro anos.

Poucas pessoas se arriscavam a deixar suas casas naquele fim de tarde, tendo em vista o quão desagradáveis eram os temporais que Jezero sofria no meio do outono. Avistavam-se naquele quarteirão alguns poucos corajosos que se viam obrigados a procurar armazéns ou lojas por seus diversos motivos. Para o rapaz, estar naquela rua tinha o único e complexo motivo de se alimentar, e para isso precisaria encontrar a vítima perfeita. Não demorou muito para que seus olhos negros caíssem sob a silhueta curvilínea de uma jovem que saía esbaforida de um mercado; nos braços carregava um embrulho parto lotado de compras, o que era a deixa para que ele se aproximasse.

— Senhorita, com licença... — O rapaz se aproximou da jovem que tentava olhá-lo através do embrulho referto que a impossibilitava de enxergar. — Deixe-me ajudá-la com suas compras. Onde mora?

— Obrigada pela gentileza. — Ela sorriu agradecida pelo gesto de cavalheirismo tão raro nos dias atuais. — Não se preocupe, minha casa fica a quatro quadras daqui.

— E por que está fazendo compras sozinhas quando um temporal claramente se aproxima? Seus pais com certeza não ficarão satisfeitos.

— Eu moro sozinha na cidade. Vim de Verona para Jezero estudar música e não conheço ninguém ainda. Não fazia ideia de que as chuvas aqui tinham propensão a virarem temporais.

Os jovens caminharam brevemente contra o vento que começava a ganhar força. A moça acreditava estar entretendo seu benfeitor com histórias, que iam desde sua vida universitária até seu talento em culinária internacional. Não demorou muito para que ambos parassem em frente a um prédio de arquitetura antiga, que a garota anunciou como seu.

— Bom, é aqui que eu moro. Gostaria de entrar para que eu lhe prepare um chá ou algo do tipo?

— Não sei se é adequado, senhorita.

— Não seja bobo. Venha, suba comigo. Não poderia ser tão deselegante ao ponto de não lhe retribuir uma gentileza.

O rapaz seguiu a garota pelo hall de entrada do prédio e ambos entraram no elevador. Era uma arquitetura agradável a ele, que tinha um certo desgosto com a falta de criatividade das tendências atuais. Talvez essa propensão ao gostar do antigo se manifestasse até na maneira em que se portava e vestia. Os tempos modernos eram a desgraça da raça humana.

— Agora que me dei conta que não perguntei seu nome. — Os olhos de cor exótica da moça miravam as orbes negras do rapaz que carregava sem esforço o embrulho de mercado. — Permita-me apresentar. Sou Ino. Ino Yamanaka.

— Belo nome, Ino... — Ele depositou o embrulho no chão logo após saírem do elevador. Seus olhos captaram, rápidos, o movimento da mão de sua acompanhante a procurar as chaves do apartamento. Com um gesto, levou sua mão de encontro com a da jovem, trazendo-a para um beijo de cumprimento. Ino corou com a educação de seu acompanhante e benfeitor.

— Vejo que sua mãe criou mesmo um cavalheiro, hein? — Ino sorria; suas mãos procuravam pela fechadura da porta instintivamente, já que os olhos da moça estavam cravados aos do rapaz.

Quando Ino finalmente conseguiu vencer a maçaneta, a porta aberta revelava um apartamento de muito esmero. Ao cruzar a porta, o rapaz sentiu uma onda abalar suas costas. Procurou com o olhar por qualquer sinal que fosse responsável por isso, nos mínimos detalhes da decoração da sala que o recebia.

— Ino, se assim me permitir chamá-la...

— Claro, por favor. Não gosto do tal "senhorita".

— Me diga uma coisa... Você é religiosa?

— Claro! Sou extremamente devota! Olhe, tenho até uma cruz acima da porta. Tá, talvez seja um pouco de exagero ou superstição, mas meu pai me deu antes de me mudar; disse que trás proteção.

— Homem sábio, o seu pai. — O rapaz olhou para a cruz tentando controlar os calafrios intensos que dominavam o seu corpo. — Ino, eu sinto que terei que visitá-la em uma outra ocasião. Acabo de me lembrar de um compromisso marcado para daqui a pouco. Perdoe-me a grosseria de não apreciar um chá contigo.

— Ah, é uma pena... — Ino parecia sincera em seu desapontamento. — Posso pelo menos perguntar seu nome?

— Meu nome é Sasuke. Príncipe Sasuke Uchiha. Mas pode me chamar de Sasuke, se preferir.

— Príncipe Uchiha? — Ino espantou-se, curvando imediatamente em uma reverência exagerada. — Meu Deus, eu não acredito que não reconheci vossa majestade.

— Que bobagem, Ino. Eu sequer me apresentei. E para falar a verdade, prefiro ser esquecido como um membro da realeza. — Sasuke a olhou sorrindo, disfarçando muito bem o desapontamento por ter de prolongar ainda mais sua fome. — Agora preciso ir. Foi um prazer conhecê-la.

Sasuke a olhou por uma última vez e se despediu com um aceno e imediatamente o sorriso que sustentava verteu-se em uma linha reta. Deixar aquele prédio sem se alimentar era a declaração do fracasso de sua caçada; não teria mais tempo de buscar por uma outra vítima. O jovem olhou o relógio de pulso e constatou a limitação de tempo que tinha. Desanimado, refez o caminho até a rua onde havia encontrado Ino Yamanaka, localizou o lustroso Bel Air 57 preto e cortou as ruas contra os primeiros pingos de chuva que prenunciavam a tempestade que não tardaria a chegar.

 

II

 

Sentada frente ao piano de marfim, uma silhueta esguia deslizava as mãos, arranjando graciosamente as notas de Clair de Lune, deixando a sala de música imersa na melodia limpa e sensível. Aos umbrais da porta Sasuke observava de braços cruzados a jovem de cabelos cor-de-rosa atingir as teclas que destilavam emoções a qualquer mortal que passasse aos arredores. Não contente em apenas assistir, o rapaz sentou-se ao lado da jovem, surpreendendo-a com sua presença e ao participar dos dedilhados precisos da harmonia.

Sasuke tinha maestria em dividir as notas com a garota ao seu lado. Sequer precisava manter os olhos abertos ao tocar; apreciava de olhos fechados a melodia doce composta por Debussy que tão perfeitamente combinava com o aroma de morango que emanava dos fios cor de alvorada da jovem ao seu lado. Ao atingirem os movimentos¹ finais da suíte², o rapaz sentiu seu peito pesar por ter que se despedir do breve momento compartilhado com ela.

— Príncipe Sasuke, vejo que finalmente chegou ao palácio. — A garota o olhava, impassível. — Seus pais e sua irmã chegaram hoje mais cedo e avisaram que tinha ido até a cidade.

— Princesa Sakura, é um prazer vê-la também. — Sasube abriu um breve sorriso, virando-se de costas para o piano no banco que compartilhava com a princesa. — Eu precisava resolver umas coisas, entende?

— Sim, eu entendo. — Os olhos verdes amendoados da moça pairavam aos negros despreocupados do rapaz. Sabia do que ele estava falando, embora raramente pudessem discutir sobre tal. — Conseguiu o que procurava?

— Tem certeza que quer saber a resposta desta pergunta, Sakura? — O desafio estava presente nas entrelinhas de sua pergunta.

— É, tem razão… Eu não quero saber a resposta.

— E aí, onde está o idiota do seu noivo? Cruzei metade do palácio e não vi nenhum sinal dele.

— Sasuke, eu não vou até seu reino insultar você. — O censurou. Sasuke tinha o dom para tirá-la do sério quando algo o irritava.

— Eu não estou insultando você. Estou insultando o idiota que resolveram te dar como noivo.

— Sasuke, já chega. Demonstre um pouco de respeito pelo meu primo, por gentileza.

— Ok, tudo bem. — O Uchiha a observou ficar corada. Sentia-se inclinado a provocar a princesa em ocasiões como aquela.  — Agora, me diga uma coisa. Seu noivo, cujo o qual merece todo o respeito do mundo, sabe que você se diverte com um certo príncipe... Qual era o nome dele mesmo? Ah, sim... Príncipe Uchiha! — Ele fez uma pausa dramática e prosseguiu. — O Conde Hyuuga sabe que você visita os meus aposentos quando faço visita ao seu reino?

— Cale a boca, seu mentecapto! Tem criados em todos os cantos deste castelo.

— Me faça calar. — A desafiou.

— Tenha a certeza que posso. Não seria sacrifício nenhum para mim dizer que o herdeiro do trono de Fernweh nada mais é que um demônio.

— Vão dizer que você é louca. — Brincou, segurando nas mãos uma mecha dos fios cor-de-rosa da moça.

— Não me importo. — Ela se levantou, fazendo menção de deixá-lo sozinho. — Nos encontramos no jantar de hoje à noite. Acredito que já esteja a par do assunto a ser discutido, não é?

— Reforço militar e armamento eficiente. É a mesma coisa de sempre.

— Pois bem, vou me retirar para meus aposentos. Espero vê-lo apresentável hoje à noite. E quando digo "apresentável" me refiro ao ato de pentear o cabelo.

— Sakura, antes de ir... — Ele a chamou, fazendo-a parar aos umbrais da sala de música. — Por favor, não se esqueça de providenciar as trocas dos talheres meus, da minha irmã e do meu pai em segredo. Nada de prata, lembra?

— Jamais me esqueceria. E você, não esqueça de pentear o cabelo.

A princesa deixou o jovem ao piano. Sasuke sabia que a culpa provavelmente a estaria corroendo e que agora mesmo ela estaria se encontrando com o Conde Neji para cercá-lo suas juras de amor vazias que lhe eram obrigadas a serem ditas. Sasuke não a culpava, afinal, não poderia dar a ela o que precisava. Sua relação de "amizade" era aclamada por entre os reinos, mas escondia uma necessidade de abnegação que ele próprio não tinha.

Jezero era um reino rico e bem desenvolvido às margens do Mar de Argúnio. Seu porto era a entrada do crescimento gigantesco de seu povo e o minério era a fonte de ganância de muitos. A Rainha Mebuki, a décima oitava de sua linhagem, era conhecida por governar com justiça e clemência seu reino matriarcal; e era aí que o problema começava para Sasuke.

Diferente da maioria dos reinos, Jezero era governado por mulheres. O cajado real era passado de mãe para filha por gerações, o que significava que Sakura seria a próxima a governar. Não que de fato isso fosse o problema em questão, mas o Uchiha também era herdeiro de um reino e, se caso a relação com a Princesa de Jezero viesse à tona, um dos dois, em algum momento, deveria abrir mão de seu futuro como governante. Não era isso que ele queria para si e muito menos para ela. Era seu destino ser rei e governar o império que seu pai um dia reergueu das ruínas.

Perder Sakura era um preço justo para garantir a felicidade de ambos. Porém, os dois eram mal perdedores. Visitas diplomáticas, eventos de caridade e jogos de golf eram momentos em que ansiavam confirmar presença. Sasuke ainda não compreendia como ainda não haviam sido descobertos, tendo em vista os holofotes voltados para a princesa que havia recentemente contraído compulsoriamente um noivado e o alistamento dele próprio para o exército. Ambos estavam sob a perspectiva da mídia que comicamente os apontava como melhores amigos entre alianças reais. Uma risada brotou dos lábios finos de Sasuke quando se lembrou de uma capa de revista adolescente em que ele e a princesa de Jezero estampavam com título "Os maiores exemplos de amizade entre homens e mulheres: Dá sim para ser BFF sem interesse!". A foto da capa em questão havia sido tirada momentos após uma situação que tinha tudo para ser uma saia justa, caso os paparazzi tivessem chegado antes. Aquele dia seria uma das muitas vezes em que a princesa declararia que seria a última vez e que nunca mais deveriam se encontrar.

 

III

 

Sasuke consultou o relógio de pulso e constatou que era a hora de subir para o salão de jantar e ouvir os discursos resultantes de uma tarde inteira de conversa entre governantes. Seus pais estavam aos pés da escadaria o aguardando. Seu pai vestia um terno negro que lembrava muito suas vestimentas e sua mãe estava belíssima em um longo vestido azul royal. Se permitiu demorar um pouco a admirar a beleza da mãe; os cabelos negros, a pele tão pálida quanto a dele, os olhos serenos... Sasuke se perguntou lá no fundo a razão pela qual uma humana se apaixonaria por um demônio, abdicando de toda uma vida normal para se dedicar a esconder o segredo de um ser que só aparentava ser um homem. Só poderia ser amor com uma boa dose de loucura. Aliás, nos devaneios de Sasuke, o amor nada mais seria que a expressão da loucura mor dos seres.

— Aparentemente sua mãe está bem cansada pela viagem, mas continua bela — Seu pai parecia ter lido seus pensamentos antes mesmo de pensar em dizer alguma coisa.

— Você está um belo cavalheiro, docinho! — As mãos delicadas da bela Rainha Mikoto correram pelos cabelos negros do filho, os alinhando.

— Obrigado, mãe. — Agradeceu ao elogio beijando-lhe a mão e emendou — Precisamos ir. A Rainha Mebuki provavelmente já está nos aguardando.

Chegando à porta da sala de jantar foram guiados por uma das governantas do reino até seus acentos. Os cumprimentos já haviam sido feitos um pouco mais cedo em uma partida de golfe, então eram desnecessários apertos de mão. Quando sentou ao seu lugar reservado o jovem não conseguiu conter o sorriso; paralelo a ele sentava Conde Hyuuga, o noivo de sua amada. Mais cedo, quando se encontraram na partida de golfe, tentou ao máximo parecer simpático a ele, mas havia algo naquele idiota prepotente que não descia pela garganta do jovem demônio. Seria o cabelo escovado ou o olhar de soberba que o deixava mais idiota? pensou.

Após serem servidas a entradas e bebidas, começou o mesmo falatório de sempre. A Rainha Mebuki, sempre cordial em seus floreios, dissertou sobre a importância da união dos reinos, a beleza dos campos de floridos e o atual conflito que abalava a estrutura do atual governo, o perigo do aumento considerável de pessoas aliando-se aos ideais de Glostgorn... Tudo como esperado por Sasuke. Não que não fosse importante, mas as pautas já eram de conhecimento geral desde que o primeiro acampamento inimigo surgiu e expôs quão frágil estava o controle da rainha e, consequentemente, a vulnerabilidade do reino. Na cabeça do rapaz tudo o que se passava entre seus devaneios, onde ele tinha a princesa nua em sua cama, era um constante "blá, blá, blá". Só quando o Rei Kizashi citou seu nome que o rapaz foi puxado de volta à realidade:

— Então o jovem Sasuke vai entrar para o exército. — O Rei de Jezero, Kizashi II, erguia uma taça de vinho em comemoração ao alistamento do rapaz. — Meus parabéns pela coragem. São raros os filhos da realeza que saem de suas zonas de conforto para se embrenhar nas raízes de uma guerra em estouro.

— Acho que devo isso ao sangue do meu pai. — Sasuke inclinou a taça em direção ao pai, que retribuiu com um aceno de aprovação. — Fui preparado para este dia desde que me entendo por gente.

— Ser filho de um general como o seu pai com certeza deve ter lhe despertado esse espírito de dever para com o reino. Meu futuro genro, Conde Neji também estará entrando para as forças de nosso reino.

— É sério? — Sasuke mascarou o sorriso com tons de surpresa fingida. — Conde Hyuuga, como pretende servir?

— Médico de combate. — Neji o respondeu sem tirar os olhos da colher que levava à boca. — Me formei recentemente em medicina. E você, como vai atuar?

— A princípio não sei, mas minhas aptidões em combate podem me designar para praticamente tudo em uma guerra. De qualquer forma, arrisco a dizer que fuzileiro seria uma opção que me apetece.

— Você vai ser combatente, Sasuke? — A princesa o olhou surpresa, tentando disfarçar o tremor em sua voz.

— Você me conhece, princesa... A linha de frente é meu lugar.

— De fato. — Neji comentou, pela primeira vez olhando o convidado. — Vai precisar de sorte, Príncipe Uchiha.

— Ah, Conde Hyuuga... Você não tem ideia do quanto sou sortudo. Não tanto quanto você, claro. Comprometer-se com a princesa Sakura Haruno é a maior conquista que um homem poderia alcançar.

— Falando desse jeito eu até fico preocupado. Por um acaso está aos sentimentos por minha noiva, Sasuke? Saiba que eu costumo ser ciumento. — O conde provocou, mas esse era um jogo que Sasuke também sabia jogar.

— Bobagem, Sasuke! Nós dois sabemos o quão essa mulher é apaixonada por você! Ora, sei disso porque somos quase irmãos. — Sasuke trocou um olhar com a princesa. — Sakura, lembra-se daquela revista adolescente em que fomos capa? Você não tem ideia do quão popular fiquei entre o público feminino.

— Eu imagino, Sasuke. Você chama a atenção das garotas por onde vai. Minhas amigas ainda me imploram por seu número de telefone. — Sakura revirou os olhos, contendo a irritação que a situação lhe evocava.

— Se eu sobreviver à guerra, prometo que arranjo um tempinho para cada uma delas.

— Sasuke, esses são modos? — A Rainha Mikoto o censurou e o som de sua voz lembrou Sasuke de sua presença. A mãe era tão discreta em eventos sociais que era fácil passar despercebida pelos presentes.

— Me desculpe, mamãe. Acabei deixando meu bom humor se elevar. — O rapaz fez sinal para ser servido de mais uma taça de vinho. — Mas voltando ao motivo de nossa reunião, acredito que vossa majestade tenha passado por uma extensa discussão com meus pais sobre a guerra atual, não é mesmo?

— Isso mesmo, Sasuke. E o principal motivo por realizarmos este jantar é justamente comunicar vocês, futuros governantes de seus respectivos reinos, as ações e decisões que serão colocadas em prática nesta guerra. — A Rainha Mebuki tomou a palavra. Era a soberana de seu reino matriarcal e respeitada entre todos os outros, aliados ou inimigos. — Em conversa com o Rei e Rainha de Fernweh, chegamos à decisão de estreitarmos ainda mais nossa aliança ao ponto de tornar esta guerra um interesse mútuo.

— Nossos exércitos agora serão um só. Irei me reunir com o general de Jezero o quanto antes para reformularmos juntos um novo plano de ação. Temos estilos diferentes de combate e isso precisa ser aperfeiçoado o quanto antes. — O General explicou.

— Interessante. A princípio eu pensei que esta reunião se tratasse apenas de reforço parcial ou acordo de armamento. Essa aliança tem alguma vantagem além das chances de sobrevivência? — O jovem demônio cortava o bife em seu prato, liberando o sangue da carne ao corte. A satisfação em ver o vermelho tingir a superfície branca da louça era quase que a de observar uma obra de arte rara.

— Glostgorn está ganhando território com muita rapidez. Um exército maior se torna mais ofensivo, de fato. O êxito na guerra nos renderá a conquista do território deles, que será dividida entre Jezero e Fernweh.

— E os reinos vizinhos, como se posicionam?

— Ninguém mais parece querer entrar na disputa. O General Uchiha é temido pela maioria que se posiciona neutramente nesta guerra. Com sorte em nossas estratégias, teremos o sucesso em breve.

— E pensar que Glostgorn começou tudo isso motivado unicamente pela cobiça de nossas minas de urânio. As vezes me pergunto se essa guerra poderia ter sido evitada com algum acordo ou algo do gênero.

— Majestade, com certeza não seria. Sei que vocês se propuseram a analisar as investidas de acordos com Glostgorn e consideraram todas as possibilidades e resultados. Você saberia qual destino o urânio retirado das terras de Jezero iria tomar? — O Rei e general Fugaku tentou mostrar solidariedade à aflição que a Rainha Mebuki demonstrava em seus olhos. — Analisando as atitudes tomadas pelo Rei Yagura em sua negativa, só posso imaginar que talvez ele tivesse intenções nucleares para seu minério.

— Foi o que Kizashi constatou ao analisar a declaração de guerra. — A Rainha segurou a mão do marido e Sasuke lembrou-se do fato que, mesmo Jezero sendo um reino matriarcal, muitos de seus reis atuavam como conselheiros diretos de suas rainhas, garantindo assim participações diretas nas decisões políticas.

— Pois bem, acho que já foi dito tudo o que deveríamos saber nesta noite, não acham? Não aguento mais falar de guerra e acho que todos os presentes também, não é mesmo? — A Princesa interrompeu a conversa educadamente ao perceber o rumo lamurioso que o diálogo estava tomando. — Agora, vamos aproveitar em paz nosso jantar que já deve estar perdendo a temperatura.

— Isso mesmo. Mas antes, um brinde ao tratado celebrado entre dois reinos que são, acima de tudo, amigos. — A Rainha levantou sua taça em iniciativa ao brinde.

Os convidados se juntaram e uniram suas taças em um brinde alegre. Entre o tilintar das taças, Sasuke mirou os olhos da princesa e sentiu o cheiro da luxúria emanar dela.

 

IV

 

Era quase meia noite quando Sasuke finalmente conseguiu se retirar para seus aposentos e enfim repousar. Após o dia cansativo que tivera, descansar era tudo o que ele mais queria naquele momento. Sendo assim, bateu as portas atrás de si e jogou para o lado o blazer preto. A camisa vermelha que usava por baixo estava quase colada ao corpo pelo  suor. Seu corpo estava fervendo e sua mente estava inquieta pela luxúria despertada. Sua vontade o obrigava a ir de encontro à brisa que entrava pela sacada aberta.

Sentado na imensa e confortável poltrona de veludo, Sasuke tentou fugir de seus devaneios ao observar a lua brilhante sob a noite de Jezero. Entre os corpos celestes, alguma estrelas brilhavam mais que outras, o que fez com que ele sentisse seu coração apertar de forma silenciosa. Enquanto se inclinava para tirar seus sapatos, o barulho abafado de batidas nasceu em sua porta:

— Sasuke? Sasuke você já está aí? — A voz que o chamava poderia estar ressoando à quilômetros de distância, mas jamais seria confundida por ele. Aquela era a voz eufórica daquela que roubara seu coração tempos atrás; Sakura Haruno, a futura rainha de Jezero.

Um sorriso de satisfação brotou em seus lábios. Com um aceno de mão abriu a porta, dando passagem para aquela que iria saciar sua sede por concupiscência.

— Sempre bem-vinda, Princesa Haruno.

 

 



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