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História Sangue de Demônio - Tornando-se profundo na sombra do céu azul


Escrita por: Desdemonia

Notas do Autor


"Tudo está claro agora
A vida é apenas um sonho, sabia?
Isso nunca acaba
Eu estou ascendendo..."

Blue - Cowboy Bebop

Capítulo 20 - Tornando-se profundo na sombra do céu azul


Fanfic / Fanfiction Sangue de Demônio - Tornando-se profundo na sombra do céu azul

I

 

Sua mão se uniu às dela e, com um giro, a embalou ao som da valsa lenta tocada pela pequena orquestra do salão. O vestido branco e volumoso movia-se ao seu redor, reluzindo os pequenos cristais contra as luzes da festa. Optou por casar-se com as vestes de gala militar de Fernweh, exibindo o orgulho que tinha de seu povo e reafirmando seu compromisso com ambos os reinos.

Finalmente poderia chamá-la por sua, na frente de todos.

Um mês havia se passado depois de toda a turbulência e naquela noite, mesmo ainda havendo vestígios de tristeza acumulados no coração de todos, ali, naquele casamento, tinham um motivo para alimentar as esperanças de tudo ficaria bem.

Os convidados rodeavam-os, assistindo aquilo que deveria ser o certo desde o princípio. Sakura, com um sorriso verdadeiro no rosto e carregando todo o brilho do mundo nos olhos, e ele, a guiando pela mão e exibindo para o mundo que esteve o tempo todo ao lado dela.

— Você acha que eles estão percebendo o tamanho da minha barriga? — Sakura juntou seu rosto ao dele e sussurrou.

— E isso importa agora? — Respondeu com satisfação. — Já entrei numa guerra por você, não acho que qualquer um tenha a coragem de querer tentar mais nada contra o seu nome, minha rainha.

Do outro lado do salão, Karin dançava com o pai. Girava tranquila em seu vestido preto, cor que adotou definitivamente após a morte de Suigetsu. A maioria das pessoas não compreendiam, mas Sasuke sabia bem como eram intensos o sentimento de um demônio que é tocado pelo amor. Era o desejo dela tomando forma, junto de sua nova postura.

“— Você acha que pode haver um lugar para mim lá em cima? — Ela havia lhe perguntado naquela noite.”

“— Sinceramente, se há perdão até para um assassino, não imagino como poderia ser diferente para alguém que não escolheu nascer assim.”

A mudança de Karin e o amor de Sakura o inspirava a ser uma pessoa melhor também, embora controlar a si mesmo em sua própria natureza estivesse longe de ser uma tarefa fácil.

— Ela vai ficar bem, Sasuke. — Sakura repousou o rosto em seu ombro enquanto terminavam a canção. — É a Karin.

— Você tem razão. — Soltou o ar de seus pulmões.

Quando a canção acabou, tomou-a pelas mãos e a conduziu até o trono, ficando de pé ao seu lado. Ainda não era, dentre os costumes de Jezero, de fato o rei. O momento para tornar-se viria no ato de receber a coroa do antigo - e verdadeiro - rei anterior.

— Venha aqui, meu garoto. — Kizashi lhe abraçou apertado e o levou até o centro do altar.

A atenção de todos voltava-se para aquele momento. Câmeras, emissoras autorizadas, súditos e membros das famílias reais dos reinos aliados. Era uma coroação diferente da de todas que já haviam presenciado.

— Que esta coroa, que hoje entrego à você, represente muito mais que um posto e uma imagem. Que sirva como estímulo para ser alicerce e te mostre como um homem que preza, acima de tudo, pelo povo que lhe recebe como um rei.

Com ambas as mãos, Kizashi ergueu a coroa dourada incrustada de diamantes azuis, que um dia lhe pertenceu, para que todos pudessem vê-la. Perante o olhar de todos, Sasuke se prostrou apoiado pelos joelhos frente ao rei e recebeu em sua cabeça o peso simbólico e as obrigações que viriam com aquela coroa.

E ele sabia, mesmo o rei sendo uma figura de autoridade menor que a rainha, serviria ao lado dela a todo momento e tomaria para si a responsabilidade das forças armadas de Jezero, seguindo como um general, assim como o seu pai.

 

[...]

 

Karin finalmente se sentia tranquila, embora seu coração ainda carregasse o peso de meia tonelada no peito. Ali, enquanto dançava com o pai, fechou os olhos e se permitiu desligar a mente pelo menos por uma dança, embora fosse quase impossível.

Agora, depois de tudo, compreendia o irmão e o sentimento que o ensandecia. O amor romântico, uma face sentimental que julgava ser totalmente domável, havia lhe domado em uma intensidade que apenas alguém de sua natureza era capaz de vivenciar. E agora, sabendo que o teve por um período efêmero, não tinha a mesma capacidade de olhar para as ações do irmão de forma tão técnica. O que teria feito ela em seu lugar?

Suas obrigações em breve seriam outras e ela sabia, por tudo o que existia de belo naquele mundo, que teria que seguir em frente com aquilo no peito.

Dias atrás, logo após observar o pai dar um fim aos traidores de Jezero com as próprias mãos, tiveram uma conversa séria que mudaria sua vida antes do que esperava.

“— Agora temos o rei de Godstorn detido. O que me aconselha a fazer? — Seu pai limpou as mãos e a lâmina da espada na toalha preta de seda.”

“— Dividimos o perímetro territorial com Jezero. Nada mais justo, já que praticamente ganhamos a guerra para eles. — Karin encostou-se na parede de pedra da masmorra e refletiu. — Daremos à Sakura o direito de decidir o destino do Yagura conforme as leis de Jezero. Já tem sangue demais em nossas mãos.”

“— Imaginei que fosse dizer isso. — Fugaku se pôs de frente à filha com um semblante sereno. — Fico feliz em poder finalmente descansar tranquilo e deixar isso tudo em suas mãos.”

“— Como disse?”

“— Após o casamento do seu irmão, terminarei algumas obrigações políticas e pretendo transferir a coroa à você. Já tive tempo o suficiente de reinado e quero aproveitar o que me resta de juventude com sua mãe.”

“— Mas, senhor… — Karin dedicou seu olhar à ele, sem saber como se sentir. Sabia que isso viria a acontecer, mas não tão repentinamente.”

“— Obedeça o rei. — Fugaku deu um raro sorriso. — Acredite ou não, passar essa coroa para você me deixa mais tranquilo. Fernweh merece uma governante justa como você”.

 

Com o coração preenchido por um caleidoscópio de emoções, muitas delas ainda não perfeitamente compreendidas, Karin manteve-se de olhos fechados e deixou que o futuro viesse em seu próprio tempo. Era uma nova mulher agora e saberia, como sempre soube, lidar com tudo que viesse de encontro ao seu peito.

 

 

II


 

O chão sob seus pés balançavam com o ritmo do mar, inconstante e sereno. O veleiro, atravessando o mar de Argúnio, sempre havia sido o lugar reconfortante de Sasuke, longe de qualquer caos ou guerra. Em seus tempos de príncipe, quando queria privacidade com sua princesa comprometida, sumiam do mapa ali, próximos do oceano.

— Caramba, como elas dormem. — Karin cruzou os braços, sorrindo para a figura de Sakura e da pequena Sarada de três anos.

Mãe e filha descansavam tranquilas na cama confortável que balançava pelo acalento das ondas. Sasuke poderia ficar ali, observando-as por horas, mas o sono leve de Sakura era um estraga prazeres.

— Vocês dois não tem nada melhor para fazer além de assistir as pessoas dormindo? — Sakura se sentou, sorridente. Seus cabelos emolduravam seus ombros como uma densa cortina de seda cor-de-rosa.

Com delicadeza tirou Sarada de seus braços e a acomodou entre os travesseiros, deixando-a aproveitar a despreocupação típica da infância. Momentos como aquele, em que podiam deixar os reinos e fingir serem uma família normal era raro.

— Está com fome? — Sasuke foi até ela e lhe estendeu a mão para se levantar da cama.

— Obrigada, querido. Não sinto fome, mas bem que queria algumas lichias. — Beijou-lhe o queixo com ternura.

— Vou dar um jeito de providenciar. — Sasuke assentiu, satisfeito. Estavam no meio do mar, mas não haveria nada que ela lhe pedisse que eu não fosse capaz de fazer.

— Vocês dois não mudam mesmo. — Karin riu, mas seu semblante não permaneceu suave por muito tempo. — Bem, eu detesto ser aquela que acaba com o clima de romance, mas preciso discutir com vocês algo importante sobre o futuro de Fernweh.

— Política mais uma vez, Karin? — Sasuke suspirou. Sabia que viajar com a irmã não era uma experiência de total imersão em uma fantasia em que eram apenas pessoas sem obrigações.

— Vamos nos sentar. — Sakura indicou os sofás, relevando a provocação do marido com a irmã.

Sentaram-se de frente um para o outro e Karin manteve a expressão séria, a mesma que sempre moldava o rosto quando precisava lidar com assuntos sérios.

— Precisamos conversar sobre o futuro de Fernweh, quando eu não estiver mais em condições de governar. Pensei bastante e…

Porém, antes que pudesse completar a frase, um barulho constante no convés despertou a atenção imediata de todos.

— PAPAI, PAPAI! — Um par de perninhas gordinhas dispararam pela escada. Os cabelos negros e olhos de igual intensidade lembravam Sasuke de si mesmo em plena infância.

— Qual o problema, Suigetsu? — Sasuke olhou para o filho com uma expressão fraterna.

— Olha isso! — Ergueu uma pena grande e branca, brilhante como uma estrela. — É pra vocês!

— Onde conseguiu isso, Suigetsu? — Karin a olhou de perto, encabulada.

— Um moço me entregou, lá em cima. — Apontou para o convés, acima deles. — Ele disse para eu tomar conta de vocês e para entregar essa pena bonita.

— Não pode ser… — Sasuke boquiabriu-se.

No mesmo instante, Karin correu para o convés, sendo seguida pelo irmão e cunhada. O que presenciaram, jamais seriam capazes de esquecer.

Quando Karin chegou perto da popa do veleiro, milhares de penas brancas e brilhantes formaram um vórtice prateado ao seu redor, numa suavidade incompatível com a do próprio vento. Imediatamente, e Sasuke sabia que a ruiva não tinha qualquer controle disso, suas asas se revelaram contra a luz do sol.

— Papai… — O filho segurou sua mão e observou, impressionado. — O moço pediu para eu falar uma coisa para a titia antes de ir embora.

As asas negras pareciam desbotar, perdendo a escuridão e vertendo-se em acastanhado, como plumas de uma coruja da montanha.

— Vá, diga à ela. — Sakura encorajou o menino.

Calmo, ciente dos segredos que muitos dos homens dariam a vida para conhecer, o pequeno Uchiha caminhou até Karin e segurou sua mão. Ela chorava sob a consciência de que daria uma vida toda para poder estar ali.

— Ele tá te esperando tia, mas não tá com pressa não. — Suigetsu sorriu para a tia, feliz. Erguia as mãozinhas para tentar amparar as plumas que começavam a se acalmar. — Vocês vão se ver mais uma vez.

— E quando for a hora, meu pequenino… — Karin ajoelhou-se de frente para o sobrinho, secou as lágrimas que molhavam seu rosto e acariciou sua bochecha. — Você vai assumir o meu lugar como rei.

— Eu sou ser rei? — O garoto tentou compreender.

— Assim como o homem que seu pai homenageou ao lhe dar o nome, você também tem um imenso coração, puro o suficiente para poder enxergar os anjos. — Sorriu. — Na hora certa a tia irá ensinar tudo o que você precisará saber e você governará com a justiça de seu pai e a bondade de sua mãe e anjo da guarda.

E, junto da paz que transbordou daquele momento sublime, Sasuke e Sakura souberam que o futuro prometia carregar a perspectiva de ser ainda mais tranquilo e de paz, onde cada uma de suas crianças teriam a liberdade de viver o que lhes era de direito e não cometer os mesmos erros dos que vieram antes deles.

— Um futuro bonito espera todos nós. — Sakura repousou a cabeça no ombro do marido.

— Sim… — Tomou a mão da esposa e levou até os lábios, beijando cada um dos nozinhos dos dedos. — Para todos nós, minha rainha.

 

 


Notas Finais


Muito obrigada à todos vocês que estiveram aqui comigo, presentes nessa empreitada narrativa tão importante para mim. Sangue de Demônio é um enredo original meu e que fico satisfeita em poder tê-lo adaptado para mostrar à vocês. Talvez, quem sabe um dia, torne-se um livro de fato. Se isso realmente acontecer, minha dedicatória será à vocês <3


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