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História Saron de Sangue - Amor e Poder P. 1


Escrita por: RivaMika55

Notas do Autor


Ola! Como o prometido, é sexta feira, são 19:00 e aqui está o capítulo novo de Saron de Sangue <3
Esse capítulo foi muito divertido de fazer, foi complicado também, mas teve muitas cenas que eu adorei de verdade fazer. E quero agradecer a todo mundo que me deu um grande apoio para que eu terminasse esse capítulo grande e ficasse verdadeiramente satisfeita com ele <3
O plot já está andando, o relacionamento Taekook já está andando, os mistérios já estão sendo expostos... Prestem atenção nas cenas do Jk, ele é uma parte da chave que vai desvendar tudo. Jimin meu reizinho <3 Taehyung meu anjo <3
Obrigada a @Taepurple por betar o capítulo e por deixá-lo muito melhor <3
Obrigada de coração a todo mundo que anda me inspirando todos os dias para continuar escrevendo a fic, vocês são leitores fantástico cujo os comentários estão me dando um apoio maravilhoso.
Obrigada <3
Espero que gostem e até o próximo <33

Capítulo 5 - Amor e Poder P. 1


Fanfic / Fanfiction Saron de Sangue - Amor e Poder P. 1

Ano 1200 depois da Lua Vermelha.

Castelo dos Kim.

 

Taehyung caminhou pelo corredor calmamente, virou a esquerda e desceu uma pequena escadaria. Ajeitou a gola da blusa que vestia, puxando-a um pouco para cima, para que cobrisse as marcas que suas veias ficando escuras estavam fazendo em sua pele amorenada. 

Sua garganta estava doendo um pouco menos, consumiu muitas bolsas de sangue ao longo daqueles dias em que estavam voltando de viagem, concentrou-se em sua carruagem e bebeu, bebeu e bebeu por horas o enorme estoque de bolsas de sangue que os vampiros levaram para Áustria. Taehyung andava mantendo aquela rotina de tomar mais sangue que o normal para diminuir a dor que estava sentindo não apenas em sua garganta, mas em seu corpo inteiro. Sentia cada vez mais vontade de se deitar no caixão que tinha e repousar por um tempo, e sabia perfeitamente que aquele desejo deixava claro o estado Mumi em que já se encontrava. 

Era preocupante, claro que era, mas não iria pressionar Jeongguk a nada para que tudo aquilo se resolvesse. 

Foi dando mais alguns passos pelo corredor que levava para o seu quarto particular, sentindo a frieza que aquelas paredes carregavam. Mordeu o lábio inferior e deu meia volta, parando em frente a um espelho que havia ali, fincado na parede de concreto. 

Abriu um pouco a blusa social vermelha simples que vestia. Viu o reflexo de seu peito levemente definido aparecendo ali, as veias escuras, como raízes tóxicas sendo mostradas em sua pele amorenada que agora ficava enrugada, como se estivesse secando de dentro para fora. Leves olheiras estavam começando a se mostrar evidentes também e suas unhas estavam adquirindo a coloração preta, como se tivesse pintado as pontas com carvão. 

Era uma aparência bem distinta da que tinha naturalmente. Se fosse humano, seria nítido que estava doente, gravemente doente. 

Passou a língua pelos lábios secos e ajeitou novamente sua blusa, fechou cada um dos botões e passou as mãos pelo fios cinza de seu cabelo que também estavam ficando secos. Soltou um suspiro pesado apenas de forma teatral e voltou a caminhar por aquele corredor. Manteve sua postura ereta quando tocou a maçaneta e a girou, abrindo a porta de seu quarto particular. 

Assim que seu olhos conseguiram ver o interior daquele cômodo, o vampiro surpreendeu-se um pouco, coisa que era bem rara de acontecer. A visão de um Jeongguk sentado na cama, de pernas cruzadas em frente à uma bandeja de prata com sua própria comida ali e também à frente de uma outra bandeja – essa com uma bolsa de sangue simples – em cima do colchão fez com que o Kim abrisse um pouquinho seus lábios em surpresa, recobrando a compostura segundos depois. 

Um sorriso se formou no canto dos lábios de Taehyung. O vampiro fechou a porta, caminhando até a cama de forma calma, analisando toda aquela surpresa enquanto via as bochechas do mais novo corando, provavelmente envergonhado pela coisa que planejou. Queria olhar para os olhos redondos cor da noite, mas eles estavam voltados para baixo e apenas observou os fios longos, macios e escuros do mais novo. 

O cabelo dele estava realmente crescendo de uma forma bonita.

— O-oi — Jeongguk cumprimentou baixinho, levando a mão até a própria nuca, coçando-a um pouco sem jeito.

— Temos alguma data importante para comemorar hoje? — Taehyung perguntou de forma mansa e levemente brincalhona, não querendo deixar o humano mais envergonhado do que já estava. Sentou-se no espaço da outra ponta da cama oposta de onde o mais novo estava, ficou em frente a bandeja com a bolsa de sangue. 

Jeongguk olhou para si, abriu a boca e a fechou segundos depois. Ainda demonstrava-se incerto demais com o que poderia lhe falar naquele momento. 

Taehyung foi esperando, dando os minutos que o garoto parecia precisar para finalmente contar as coisas. Contar o porquê daquilo. 

— Hoje... — Começou de forma baixa — depois que eu acordei, eu fui almoçar porque acordei tarde, sabe... — Foi mantendo seu olhar no próprio prato, focando-se nele para ter coragem de continuar falando aquelas coisas que eram importantes sim, e talvez por isso, não estava conseguindo confessar tudo aquilo. 

Taehyung conseguia perceber o coração do moreno ficando acelerado, demonstrando todo o seu óbvio nervosismo. Não queria que ele estivesse se sentindo daquela forma. Mas também não conseguia esconder seu apreço por ver o garoto daquela forma, tinha uma pequena vontade de abraçá-lo crescendo dentro de si. 

— Sei que acordou tarde — Taehyung soltou uma pequena risada. Achava fofo como o mais novo sempre ficava lendo por horas durante a noite e acordava tarde demais, mal tomando café da manhã.

Tempos atrás o garoto estava se mostrando estar se adaptando à rotina noturna das criaturas da noite, enquanto estavam indo para a Áustria ele havia comentado sobre aquilo. Todavia, parecia ter perdido tal costume na viagem de volta para a Coreia e os hábitos diurnos fizeram-se presentes novamente.

Jeongguk achou que não fosse possível corar mais, porém acabou ficando com as bochechas ainda mais ruborizadas depois de ter ouvido o que o vampiro falou. 

— Bom, então, depois que eu almocei e tomei banho, eu fui na biblioteca e peguei alguns livros para ler e depois fui até o Gran Sae com a Somin — foi contando, baixo e calmo, soltando as informações de forma suave — e a gente viu o Yeontan, ele está bem lindo, o biquinho dele é muito fofo, ele logo vai crescer e eu tenho que ler como ter os melhores cuidados com águias, acho que as unhas... — sorriu lindamente, se interrompendo após perceber que se perdeu um pouco no que estava contando. 

Taehyung sorriu também. Achando adorável.

Jeongguk limpou a garganta.

— Eu fiquei lá com ele, e, bom...

— Hoseok lhe deixou desconfortável? Alguma coisa lhe deixou desconfortável lá? — Perguntou com um pouco de pressa. Gostaria de ter acompanhado o garoto quando ele fora para o Gran Sae pela primeira vez, mas sua falta de tempo o impediu. Teve que resolver diversos assuntos do clã, sem falar nas longas reuniões mais formais sobre o comportamento que mostrou durante o casamento de Annemarie e Mozar. 

Não recebeu uma punição por ter saído antes da dança principal, muitos cochichos foram feitos sobre como Taehyung e Jeongguk fugiram para ter uma espécie de momento privado em que iriam descontar a excitação que o confronto contra os Lee os causou. 

O Kim não compreendeu muito bem como as pessoas puderam achar que Jeongguk ficou realmente excitado com aquilo ao invés de horrorizado, mas não iria debater sobre tal coisa. Se aquela confusão havia servido para alguma coisa, tanto importava agora. Diversos clãs estavam lá e muitos devem ter caído da isca de que agora o temido Kim Taehyung tinha um ponto fraco que poderia ser usado para atingir os Kim. 

E era claro que todos do clã principal estavam esperando esse ataque, e iriam revidar com força máxima a qualquer sinal de traição que fosse demonstrado por qualquer um. 

— Não, nada me deixou desconfortável — Jeongguk respondeu seguro, sem nenhum sinal de que estava mentindo — Hoseok parece ser bem legal — acrescentou. O garoto respirou fundo, preparando-se para continuar o que estava dizendo. — Bom, eu fiquei com o Yeontan por um tempo enquanto lia e depois voltei para cá, Somin continuou comigo e Matthew Kim também, às vezes eu o via me seguindo. — Levou uma das mãos até a nuca, massageando aquela área com certa força, novamente voltando a demonstrar sinais de que estava bem envergonhado. 

— Seja o que for, pode me dizer, Jeongguk...

O humano levantou o olhar, respirando fundo.

— Conversei com Somin sobre o estado Mumi, inventei que queria saber sobre isso porque li em algum lugar, mas ela deve saber que eu estava mentindo, sabe, ela é uma vampira e você como é um vampiro também deve saber que eu estou bem nervoso agora, mas a questão nem é essa, é que mesmo sabendo que eu estava mentindo, ela conversou comigo e me contou como era prejudicial para um vampiro se encontrar nesse estado em determinadas situações e que alguns não sentem prazer algum em executar tais práticas contra si mesmos, então eu, sei lá, não sei mesmo, mas eu apenas não queria que você ficasse desse jeito, afinal você cuida de mim... — Parou de falar, respirando de forma alta enquanto tentava recompor o ar que perdeu após falar tanto de uma vez só, literalmente colocando tudo para fora.

Taehyung abriu a boca novamente por alguns segundos, sorrindo. 

Estava surpreso, era claro que estava, e estava feliz também. Jeongguk tomar aquela atitude significava muitas coisas, o Kim somente não sabia ao certo o que elas poderiam ser exatamente naquele momento. 

 — Está me dizendo que vai me deixar morder você para beber seu sangue? 

— Não. 

O sorriso do vampiro morreu no mesmo instante e as sobrancelhas ficaram franzidas. Não estava mais compreendendo onde o garoto poderia estar querendo chegar com aquilo. 

— Não? — Deixou que sua cabeça tombasse levemente para o lado.   

— Não, — repetiu a palavra de forma mais envergonha — mas eu tirei meu sangue pra você — explicou baixo, observando os olhos vermelhos de Taehyung quase dobrarem de tamanho novamente. — Eu tirei com ajuda de Somin, está nessa bolsa. 

— Está me dizendo que é seu sangue aqui? — A voz rouca perguntou baixo, enquanto um dos dedos longos apontavam para a bolsa de sangue em cima da bandeja de prata bem a sua frente. Não demorou nem meio segundo para o vampiro começar a sentir sua garganta queimar como a lava de um vulcão agora que tinha a real noção de que aquele sangue à sua frente pertencia a Jeongguk.

— Sim, e... — O humano engoliu em seco, parte por conta de sua vergonha em contar que tinha realmente feito aquilo pela preocupação que estava sentindo com o vampiro a sua frente e parte porque sabia que logo o Kim iria beber seu sangue na sua frente, tendo a sua permissão e aquilo lhe provocava um sentimento que Jeon ainda desconhecia completamente. — Você pode beber, sério. — Tentou soar o mais confiante possível — Não me incomodo. 

No mesmo segundo, Taehyung pegou a bolsa de sangue, rasgou a pequena parte onde os cabos usados para a coleta ficavam e começou a beber todo o líquido quente e gostoso rapidamente. O aroma era doce de um jeito que fez o vampiro fechar os olhos e tomar tudo em uma velocidade surpreendente, tão rápido quanto um raio caindo. 

Em menos de dez segundos, a criatura da noite havia bebido todos os 500ml de forma altamente necessitada, fazendo com que Jeongguk arregalasse os olhos, vendo o vampiro sugar até a última gota de seu sangue daquele jeito. Era como se ele não tivesse se alimentado há muito tempo. 

Viu o Kim passar a língua pelos lábios, os olhos completamente vermelhos por conta do prazer irresistível que sentiu ao saborear aquele sangue. Colocou a bolsa vazia em cima da bandeja de prata outra vez. Conseguia sentir seu corpo levemente melhor, era estranho, era como se tivesse injetado uma dose de adrenalina em suas veias, que agora deviam estar menos escuras. Era como se estivesse com um pouquinho mais de energia, mas não sabia se as características de um Mumi ainda estavam ali, se fazendo presente. 

— I-isso ajudou? — Jeongguk perguntou baixo, deixando seu corpo mais tenso enquanto na verdade tentava se tranquilizar após testemunhar tal cena  Pegou seu prato, uma porção simples de bulgogi, molho de kimchi e uma porção de kimbap que já estava há certos dias com vontade de comer. Também pegou os dois jeotgarak e começou a comer, distraindo-se para não surtar pela imagem de Taehyung bebendo tão rapidamente o seu sangue. 

— S-sim, ajudou sim, Jeongguk — soltou a mentira parcial de forma competente. — Muito obrigado. — Agradeceu e observou o momento que Jeon sorriu mesmo que ainda estivesse mastigando. 

Na mais pura realidade, por mais que tomar o sangue de Jeongguk naquele momento tenha sido muito bom, tal coisa não anulava o efeito Mumi como o humano parecia acreditar. A união ainda não tinha sido devidamente feita, Taehyung precisava beber o sangue de Jeon diretamente da veia do garoto, mas por hora não iria lhe esclarecer aquele fato. Apreciava a atitude que ele teve, agradecia por ele ter passado por cima dos medos e receios que sentia. Por ter passado por cima do ódio que sentia pela sua raça. 

Um humano nunca recebeu a opção de negar sangue a um vampiro e o condenar àquele sofrimento que Taehyung estava sentindo, mas Jeongguk teve tal privilégio, e ainda assim, abriu mão dos sentimentos negativos que tinha e permitiu tirar 500ml de sangue de seu corpo apenas para alimentar o Kim.

— Eu sei que precisa tomar diretamente da minha veia, mas ainda não me sinto pronto para isso, então vou tentar tirar mais um pouco de sangue depois para te dar de novo, tudo bem? — Soltou assim que terminou de engolir, fazendo com que Taehyung ficasse surpreso outra vez. O brilho indomável estava fortemente reluzente nos olhos escuros e tão bonitos do mais novo à sua frente. Ele mantinha-se firme sentado do outro lado da cama após ter dito aquilo, fazendo com que o vampiro soltasse uma pequena risada. 

Jeongguk então sabia dos fatos. Jeongguk parecia conseguir saber facilmente de muitas coisas.

— Você realmente é surpreendente, Jeonggukie... 

— D-do que me chamou? — E toda a firmeza que o humano mantinha anteriormente se dissipou assim que ouviu seu nome ser pronunciado daquela forma. Um rubor nas bochechas surgiu. 

Fazia muito tempo que uma pessoa não lhe chamava daquele jeito. Na realidade, fazia muito tempo que sua mãe ou uma das amas que cuidavam de si não lhe chamavam daquele jeito. Jeonggukie sempre fora um apelido carinhoso que fazia o coração do humano bater rápido, não apenas por conta das lembranças que tinha de sua progenitora chamando-lhe daquela forma doce. O apelido em si fazia o corpo do Jeon parar por alguns segundos, apreciando o ato que geralmente significava que a pessoa que disse tal coisa tinha algum tipo de sentimento bom por si.

E Jeongguk gostava daquilo. 

E gostou ainda mais de ouvir a voz rouca e poderosa de Taehyung falando. 

— Jeonggukie — repetiu baixinho, analisando o rosto bonito do moreno para saber se ele havia realmente apreciado ou não de ser chamado daquela forma. — Não é do seu agrado? 

— Ah, não, quer dizer, eu gosto, eu gosto quando me chamam assim — Jeon soltou rapidamente, balançando a cabeça positivamente para dar mais ênfase ao que estava dizendo. — Gosto desse apelido. 

Taehyung balançou de forma vagarosa a cabeça em sinais positivos. 

— Então quer dizer que outras pessoas chamam meu marido assim, é? — O vampiro perguntou de forma provocativa, vendo Jeongguk tossir levemente por ouvir aquilo. O garoto estava ficando sem jeito. — Relaxe, não precisa se preocupar, é simplesmente uma brincadeira da minha parte. 

— Minha mãe me chamava assim — revelou baixinho, pegando um dos pedaços de kimbap e começando a mastigar. Estava muito mais confortável com o vampiro ali do que imaginou que um dia estaria com qualquer criatura da noite. 

— Citando ela, eu já comecei as investigações sobre o assassinato dela, enviei alguns vampiros de minha confiança para o porto de Busan, onde me disse que ela morreu — contou baixo, ajeitando-se um pouco em cima do colchão, ficando de uma forma mais confortável enquanto observava Jeongguk comendo e mantendo seus olhos redondos em si, atentos ao que o Kim estava dizendo. 

— Não achou nada ainda? 

— Não, lamento profundamente por isso, mas não vou desistir até saber quem foi o responsável e o punir. — Assegurou de forma firme, olhando para o rosto bonito do Jeon. 

Poucos minutos se passaram com tudo em silêncio.

— Você sabia que tem uma janela no Gran Sae que dá 'pra ver bem essa parte do castelo onde fica seu quarto? — Jeongguk perguntou abrindo um sorrisinho pequeno, desejando mudar de assunto, não queria voltar a se sentir mal pelas lembranças que a morte de sua mãe carregava. 

Estava construindo aos pouco uma confiança com o Kim e não queria acabar com aquilo. 

— Sério? — Taehyung já sabia, mas queria ver o humano falar com aquele resquício de empolgação que ele estava mantendo. 

— Sim! — Era absurdamente adorável ver Jeongguk empolgado daquela forma —, a Somin me disse e eu fui ver, é bem legal, dá 'pro Yeontan sair daqui e ir direto 'pra lá sem mais problemas. — Abriu um sorrisinho feliz apenas por imaginar uma cena como aquela. 

— E como Yeontan está? Você chegou a falar um pouquinho sobre ele...

— Ele está ótimo, ele é muito esperto, é só eu colocar minha mão em frente à ele que ele sobe e começa a bicar meu dedão, aqui — esticou a mão, mostrando as marcas avermelhadas que o pássaro tinha feito em si. Taehyung soltou um risinho. — Será que ele ainda vai fazer isso quando ficar maior? — Sem nem perceber formou um pequeno bico nos lábios, franzindo as sobrancelhas escuras ao questionar sobre aquilo. 

— Vai sim, Terror dos Céus ainda faz isso algumas vezes comigo. 

— Sério? Acho que se o Yeontan fizer comigo quando crescer, ele vai me machucar — resmungou com desânimo, olhando para baixo enquanto ia ficando amuado por conta daquilo. Imaginar seu bebezinho crescendo e lhe machucando lhe magoava um pouco. Queria cuidar do bichinho e lhe dar todo o amor que também dava para seus irmãos. 

— Eu permito que ela faça, Jeonggukie... — Esclareceu baixinho — mas você pode treinar o Yeontan 'pra que ele não machuque você e sim os outros. — Piscou, fazendo com que o mais nosso soltasse uma risadinha divertida por aquilo. 

— Se eu treinar ele para bicar os vampiros, alguém irá machucar ele? — Perguntou preocupado no mesmo segundo, parando de sorrir e formando outro bico nos lábios. 

— Só se desejarem me enfrentar depois. 

— Você fala dessa forma comigo, é todo sincero e me conta muitas coisas, porque todo mundo acha que você é misterioso e praticamente ninguém sabe sobre você? — Perguntou ainda mantendo o biquinho nos lábios rosados, levando uma de suas mãos até os fios de cabelo escuro que tinham caído em seus olhos. 

Era lindo. Era uma arte viva que Taehyung desejava tocar e continuar apreciando. 

— Porque os outros não me importam o suficiente para que eu revele as coisas — o vampiro falou de forma simplista, deixando que seus olhos vermelhos brilhassem ainda mais —, você é totalmente diferente deles. 

— Sou? 

— A maioria aqui quer saber sobre mim para inventar fofocas e boatos. Usar meu nome para inventar mentiras é comum, e por isso muitas coisas sobre mim se tornaram um mistério, mas eu não me importo com tal coisa. — Foi explicando de forma baixa, deixando sua voz ainda mais rouca. — Porém você quer saber sobre mim e só. Tem um desejo por conhecimento que eu admiro demais. E agora você é minha família, Jeongguk, gosto de contar as coisas para você. 

Jeon se esforçou ao máximo para não deixar bem evidente o quanto aquela última frase havia mexido consigo.

— Eu gosto de saber que apenas eu sei dessas coisas — Jeongguk comentou abrindo um sorrisinho convencido. — Me sinto importante. — Sentiu-se na liberdade de brincar um pouco.

— Você é. 

Jeongguk mordeu o lábio inferior, pensando um pouquinho. 

— Você diz essas coisas porque um dia quer realmente transar e ter uma relação sexual frequente comigo? — Jeongguk perguntou de forma direta, estava a certo tempo querendo ter coragem para perguntar aquilo, e naquele momento mais leve e suave entre os dois, realmente conseguiu. 

— Já falei, se nunca quiser consumar esse casam-

— Eu sei, eu sei disso — interrompeu o mais velho, surpreendendo até a si mesmo com aquela coragem que estava tendo. Era como se já fosse muito próximo do vampiro à sua frente e por isso conseguia agir daquela forma. — Mas eu quero saber se você quer isso de mim. Se tem esse tipo de interesse comigo.

— Tenho. 

Os dois pares de olhos se encaram por alguns segundos. O quarto todo se mantinha silencioso enquanto ambos continuavam focando-se apenas um no outro. Era intenso demais e nos primeiros segundos foi como se qualquer ato que fizessem fosse arriscado demais, então continuaram com seus olhos conectados, esta sendo a única opção até o momento que o vampiro voltou a falar.  

— Você é lindo e é óbvio que eu tenho interesse sexual em você, Jeongguk. A diferença é que nenhuma atitude minha é feita na esperança de que você vá para a minha cama. E apesar do meu grande interesse em beijar você, dormir com você e morder você, eu sei que o seu não significa a sua falta de desejo nisso tudo, e portanto você tem o meu total respeito quanto a essa questão. 

O vampiro também foi altamente direto consigo, fazendo Jeongguk engolir em seco. O tal clima suave entre os dois havia sumido e agora uma tensão estranha se fazia presente no cômodo bem iluminado pelas velas espalhadas. 

— Desculpe por nunca realizar essas coisas. 

— Não tem porque se desculpar por isso, Jeongguk. Somente peço que não volte a pensar que qualquer coisa que eu faço é para te levar para minha cama — sussurrou de forma rouca, olhando para o prato do humano ainda com comida ali presente. — Afinal, você já está na minha cama agora. 

Jeongguk soltou uma risadinha, sacudindo levemente seu corpo por conta do que tinha escutado. Foi bonito ver a cabeleira ir para trás, ver os dentes branquinhos do mais novo aparecendo enquanto a risada gostosa que ele tinha preenchia todo o local. 

Viu atentamente quando o garoto voltou a se ajeitar na cama, ajeitando a roupa que vestia: um suéter preto largo que fazia seu corpo parecer maior, a calça de linho branca comprida cobria seus pés que estavam envolvidos por um par de meias pretas com algumas linhas verdes. Ele estava agradável demais daquela forma. E Taehyung gostava de observá-lo. 

— Posso lhe fazer uma pergunta, Jeongguk? — O vampiro perguntou de forma baixa, atraindo a atenção do mais novo para si outra vez. 

O humano manteve seus olhos escuros presos por alguns segundos nos brincos que Taehyung usava, nas argolas e correntes que enfeitavam a orelha bonita. 

— Pode sim.

 — Se eu não fosse um vampiro, você me beijaria? 

— E-eu-

Batidas na porta atraíram a atenção dos dois no mesmo segundo, Jeongguk calou-se, abaixando o olhar e focando-se no resto da comida que ainda estava em seu prato. Pegou o último kimbap e o mastigou enquanto ouvia Taehyung dizer um “entre” de forma firme. Ali o humano já conseguiu reparar na diferença de como o vampiro fala com os demais e como fala consigo.

Tudo era mais manso e suave quando o assunto era o humano, e tudo era mais forte e potencialmente bruto quando era com qualquer outra pessoa. 

Baekhyun apareceu segundos depois de abrir a porta do quarto, curvando-se de forma respeitosa antes de enfim falar o que queria. 

— Senhor Taehyung, a senhora Hyuna está chamando pelo senhor, é algo de suma importância. — Curvou-se outra vez, olhando para toda a situação que cercava os dois homens sentados na cama. Era mais do que óbvio que havia interrompido algo importante entre os dois, mas não tinha culpa alguma. 

— Onde ela se encontra? — Levantou-se rapidamente, falando da mesma forma potente que costumava antes de Jeongguk conhecer o Kim de forma levemente mais íntima. O vampiro tinha uma postura firme e o olhar era intenso agora, como se o vermelho de suas orbes tivessem ganhado um novo brilho. 

— Está na Sala Amarela senhor. 

— Tudo bem, estou indo para lá imediatamente — comentou de forma rouca, virando-se para Jeongguk no outro seguinte. Curvou-se à frente do humano, tocando na parte de trás da cabeça do mais novo com delicadeza enquanto selava a testa alheia com carinho. — Volto logo, e vou querer ouvir sua resposta, Jeonggukie...

E caminhou em direção a porta, saindo do cômodo segundos depois, deixando Jeon sozinho, ainda paralisado pelo beijo gelado que recebeu, pelos lábios macios tocando sua pele por breves segundos, tão breves quanto um piscar de olhos. A mão firme em sua cabeça, a aproximação que aconteceu ali... Tudo acelerou o coração do garoto que não sabia colocar em palavras a reação de seu corpo ou o pane que sua mente estava sofrendo.

Tudo isso e nem tinha recordado de que ainda tinha que responder ao mais velho sobre a pergunta que havia lhe feito.

[...]

— Então ele teve que sair? — Jeongguk perguntou baixinho, um pouco encolhido nos edredons da cama. Estava bem frio naquele dia. 

Era aproximadamente onze horas da manhã quando o humano despertou. Logo após a saída do Kim, uma equipe veio retirar as duas bandejas de seu quarto enquanto Jeongguk escovava os dentes, e quando voltou, apenas deitou-se na cama, ainda pensativo demais sobre as coisas que Taehyung havia feito e dito. 

Adormeceu sem fazer esforço nenhum enquanto abraçava alguns dos travesseiros e encolhia-se debaixo dos macios e quentinhos edredons. Aquela era de fato a melhor cama que já havia se deitado e nela já tivera as melhores noite de sono de sua vida. 

Assim que acordou no dia seguinte, chamou Baekhyun para perguntar sobre o paradeiro do Kim já que não sabia se o mesmo ainda estava em reunião ou se tinha retornado para o quarto, porém partido ao ver que o humano tinha adormecido.

— Sim, surgiu um assunto muito urgente e o senhor Taehyung teve que sair do castelo para resolver — Baekhyun explicou de forma calma, organizando alguns dos papéis que estavam em cima da mesa do Kim. 

— Sabe que assunto é esse? — Jeon perguntou curioso. 

— Não sei, senhor... 

— Sabe quando ele volta? — Perguntou formando um biquinho inevitavelmente, não entendia realmente por que aquele sentimento estava se apossando de si, por que estava realmente desejando que Taehyung voltasse a estar ali, que os dois retornassem a conversa que estavam tendo, ao clima bom que havia sido criado na noite anterior.

— Não sei lhe dizer, senhor. 

As respostas vagas e sem emoção alguma de Baekhyun estavam lhe irritando mais do que o normal. Não entendia ao certo por que nutria certo ranço do garoto que na realidade não havia feito nada para si. Nem mesmo os próprios questionamentos sobre o fato de Baek e Taehyung já terem tido alguma relação sexual haviam voltado a se fazer presentes em sua cabeça, então descartava que fosse por conta daquilo que não conseguia gostar do garoto. 

Era alguma coisa a mais. 

Olhou para os lados, para a pequena pilha de seis livros que já tinha lido e para o livro sobre as eras vampiras que ainda não tinha coragem de retomar a leitura. Alguma coisa dentro de si lhe dizia para esperar e estar mais pronto para tal coisa. Mordeu o lábio inferior. 

Respirou fundo e levantou-se da cama, colocando seus pés cobertos pela meia no piso e se pôs a andar em direção ao banheiro. 

— Ah! — Baekhyun falou de repente — seu café da manhã logo será servido, são gunkans, arroz tradicional e tteokbokki picante. 

Jeongguk balançou a cabeça positivamente. Adorava gunkans e tteokbokki. 

— E há empregados do castelo que estão terminando de arrumar e limpar toda a biblioteca, o senhor Taehyung me orientou a não permitir sua entrada naquele local até que tudo estivesse perfeitamente limpo para que nada ataque sua alergia ou provoque qualquer tipo de incômodo no senhor. 

Jeongguk abriu a boca. Gostou de parte do que ouviu. Adorou saber que a biblioteca, lugar que mais gostava de estar, estava sendo devidamente limpa e arrumada. Gostou de saber que Taehyung ainda se recordava de sua alergia e ainda parecia se preocupar e importar com a mesma. 

Mas Jeongguk não gostou de saber que teria que manter distância por sabe-se lá quanto tempo fosse daquele lugar. 

— Onde eu vou pegar algum livro para ler? — resmungou — eu já li todos aqueles. — Apontou para a pequena pilha que estava próxima. 

Baekhyun olhou sem muito interesse para os objetos e depois focou seus olhos escuros em Jeongguk, olhando para o rosto ainda amassado do garoto que era marido de seu amo. Byun não sabia ao certo que tipo de coisa nutria pelo garoto. 

— Há alguns livros na sala do senhor Taehyung, ele também possui um gosto pela leitura como o senhor, talvez encontre algo lá que seja do seu agrado — comentou de forma baixa, voltando sua atenção para as papeladas na mesa do Kim. Precisava organizar todas. 

Jeongguk balançou sua cabeça positivamente outra vez, agradecendo de forma igualmente baixa antes de ir para o banheiro. Tomou um banho longo e quando saiu do cômodo, viu seu café da manhã já em cima do mesmo carrinho de sempre, tudo tampado, sendo aberto apenas quando o humano se sentou na cama e começou a comer, sentindo sua barriga roncar de fome. 

Saboreou cada pequeno pedaço de sua deliciosa refeição e assim que terminou, escovou os dentes, sorrindo um pouquinho por ver que a cada semana era uma escova nova que lhe era dado, assim como os cinco tipos diferentes de pasta de dente. Eram muitas regalias que lhe eram servidas, não apenas porque Taehyung mandava, mas tudo parecia fazer parte do pacote de ser marido de um dos Kim principal. 

Ajeitou seu cabelo escuro que ficava um pouquinho mais comprido a cada semana, a blusa social verde escura e a calça também social preta. Saiu do quarto e deu um sorriso simples para o vampiro Matthew Kim que estava parado em frente à sua porta, mantendo a postura firme e impedindo que qualquer um que não fosse autorizado entrasse ali. 

Caminhou em direção a sala de Taehyung, nem mesmo pediu ajuda de Baekhyun para aquilo. Jeongguk simplesmente foi andando, pé por pé até a sala de seu marido, passando por alguns vampiros que lhe lançavam olhares tortos (esses significando a inveja por ser ele a ter o título de marido de Kim Taehyung, segundo Somin), desceu a escadaria, passou pelos corredores vendo todas as janelas sendo cobertas pelas grossas, escuras e pesadas cortinas de sempre já que ainda era dia. 

Depois de alguns minutos, finalmente parou em frente à porta. Tirou a chave que tinha de dentro do seu bolso e a usou para finalmente ter acesso à sala, abrindo a porta com certo receio apesar de tudo, colocando apenas sua cabeça dentro do cômodo para espiar se havia alguém ali, não importando qual fosse o motivo. Seus olhos estavam atentos e arregalados, focados em tudo. 

Depois de alguns segundos, entrou, fechando a porta e deixando Matthew Kim do lado de fora.

Viu o mesmo quadro grande cujo a moldura era feita de ouro, caminhou até à mesa larga que ainda continham as mesmas diversas pastas de cores distintas, os papéis escritos em idiomas diferentes e arquivos que Jeongguk ainda não entendia. Virou seu olhar para o divã vinho, e buscou pelos tais livros que Baekhyun havia mencionado. 

Não tinha nada ali. 

Caminhou em direção à cadeira confortável que ficava atrás da mesa e sentou-se, abriu a primeira gaveta da mesa, observando o mesmo caderno de capa dura que tinha visto semanas atrás. O caderno de registros de Kim Taehyung. 

O folheou outra vez, e nenhuma informação havia mudado, não que ele pudesse ter percebido ao menos. 

O número de vampiros mortos por Taehyung era de 8.675, mas Jeongguk não se recordava do número exato que já tinha lido. E talvez por isso, caçou em cima da mesa uma folha sem nada escrito, anotando aquela informação ali para caso voltasse a ler aquele caderno e desejasse checar outra vez se alguma mudança tinha sido feita. 

Colocou a folha no bolso de sua calça. Guardou o caderno e abriu a segunda gaveta, não vendo mais aquela pasta preta com o texto antigo que tinha lido. Não se recordava dos nomes ocidentais que estavam escritos ali, mas sabia que tal arquivo parecia pessoal demais para Taehyung e Jeongguk fixou em sua mente que deveria o perguntar sobre aquilo.

Fechou a segunda gaveta que estava vazia. Focou seu olhar na terceira gaveta, essa que nem tinha chegado a abrir por conta da aparição repentina de Jimin quando esteve naquele lugar pela primeira vez, mas agora tinha a chance de saber o que poderia conter ali. 

A abriu, achando livros ali dentro.

Jeongguk deixou que um sorriso involuntário surgisse em seus lábios, pegando os três objetos rapidamente e os colocando em seu colo. Observou a capa do primeiro. 

Pontos importantes da Europa no século XV.

Jeongguk franziu o cenho. Não havia compreendido o que aquilo poderia significar. Colocou o livro em cima da mesa e olhou o título do próximo. Todavia, esse não era bem um livro, era apenas um caderno como o de registros de Taehyung.  

Nomes proibidos:

Yoon Jeonghan. 

Choi Seungcheol.

Park Hyungsik. 

Gabriel. 

Vlad. 

Kim Heechul.

E só havia aquilo. Jeongguk passou folha por folha daquele caderno e não encontrou mais nada escrito ali. Era apenas uma minúscula lista de seis nomes que eram considerados proibidos por algum motivo. 

— Yoon Jeonghan... — Leu o nome tão baixo que qualquer pessoa que estivesse naquela sala não iria conseguir ouvir. De fato, nunca havia visto aquele nome, nenhum deles na realidade, exceto é claro, por Heechul.

E então... 

...Como uma raio acertando sua mente, Jeongguk chegou seu corpo para trás, afundando suas costas no estofado da cadeira enquanto arregalava os olhos. 

Park Hyungsik e Choi Seungcheol, Jeongguk recordava-se sim daqueles nomes. Tentou buscar em sua mente, forçando-se a se lembrar de onde eles eram. 

“Choi Seungcheol, esse era o nome do primeiro vampiro registrado na história de toda a humanidade. O homem que foi tocado pela Lua Vermelha quando a mesma estava em seu maior ápice e logo seus olhos adquiriram a mesma cor e seu desejo por sangue começou, levando-o a atacar todos os humanos normais que via pela frente, começando um verdadeiro banho de sangue.

Jeongguk nem sabia há quanto tempo aquilo de fato tinha acontecido ou se era apenas uma lenda para lá de fantasiosa contada para fazer as crianças dormirem ou obedecerem seus pais. Mas o moreno sabia que foi Park Hyungsik quem estabeleceu o primeiro império vampiro da Ásia, dominando os humanos e escravizando-os para exercerem seus vários desejos e prazeres. 

Diversos reinos entraram em guerra quando outros países passaram a fazer o mesmo, e logo o Antigo Mundo entrou em caos total. Pelo que todos sabiam e estava registrado nos livros ancestrais, a guerra do Antigo Mundo durou mais de 400 anos e, depois disso, outra Lua Vermelha apareceu no céu, chamando por mais filhos na noite e aumentando suas forças. Todos os países e reinos foram se reconstruindo conforme os vampiros queriam que os humanos fizessem, transformando o mundo no que ele é atualmente.”

— A lenda... — Cobriu sua boca no mesmo segundo, lembrando de cada pensamento que teve enquanto era preparado para se casar. Enquanto vampiros o arrumavam, era aquilo que se passava na cabeça do jovem garoto que subiria ao altar para ser marido de uma das mais temidas criaturas da noite. — Será que os nomes proibidos são de pessoas importantes? — Perguntou-se sozinho de forma baixa, fazendo seus próprios contestamentos de forma solitária sabendo que ninguém iria lhe dar as respostas para eliminar suas dúvidas.

Mordeu o lábio inferior, colocando a mão no bolso de sua calça e tirando de lá o mesmo papel que havia usado para escrever o número de vampiros que Taehyung havia matado. Pegou uma das canetas obviamente caras do Kim e escreveu aqueles nomes abaixo do número. Especificando o que eles eram e o que o próprio Jeongguk achava que poderiam significar. 

Conhecia três e poderia ter uma ideia do porquê serem proibidos, mas os outros três ainda eram um mistério que fazia o moreno se coçar para desvendar. 

Guardou aquele caderno e olhou para o terceiro objeto. Esse era um livro mesmo. 

A capa dura era completamente branca e havia apenas um único morango, vermelho e suculento bem no centro. 

Abriu o livro. 

“Fumaça com cheiro de morango”

Escrito por: Park Jimin, vampiro do clã Kim. 

Jeongguk abriu sua boca outra vez, surpreso com aquilo. 

Por algum motivo ele sentia que tinha que ler aquele livro. 

[...]

Jeon Jeongguk não demorou-se muito mais na sala de Taehyung, logo o humano colocou tudo em que havia mexido no seu devido lugar e retirou daquele cômodo apenas o livro com o morango na capa. Estava curioso para saber do que aquela obra se tratava embora já tivesse certos palpites de poderia ser alguma coisa relacionada às receitas de comida ou vivências do próprio Park. 

De forma pouco apressada, o humano subia a longa escadaria do Gran Sae depois de sair do castelo e deixar Matthew Kim para trás. Cruzou o gramado sozinho, sendo protegido pelos raios de sol. 

Olhava para algumas das janelas cobertas do lugar e se apressava um pouco mais ao subir aqueles degraus. Quando enfim chegou ao último andar, onde diversos ninhos estavam perfeitamente limpos pelas paredes de pedra, Jeongguk olhou para aquele lugar de forma impressionada mais uma vez. Era como uma biblioteca, prateleiras para cima em que a pessoa deveria pegar uma escada, subir e assim entrar no segundo andar, sustentado por um fino corredor. 

E era em um daqueles andares que Hoseok se encontrava, arrumando de forma mais perfeita ainda o ninho de um dos falcões que pertencia a algum membro do clã, mas Jeongguk não conseguia ler a placa de ouro sobre quem era dono do animal.

— Ah, olá senhor Jeongguk! — O vampiro cumprimentou abrindo um sorriso largo ao acenar para si brevemente. 

— Oi — Jeon acenou também —, eu trouxe um livro para ler, não vou incomodar né? — Perguntou mantendo seus olhos redondos no rosto do vampiro que incrivelmente lhe passava uma segurança estranha. Só o havia visto uma vez e já sentia-se confortável para falar livremente com a criatura da noite que tinha os fios de cabelo vermelhos e um sorriso largo e caloroso. 

— Claro que não, senhor Jeongguk. — O vampiro apoiou-se um pouco na pequena grade de um metro de altura que cercava todo o corredor do andar em que estava. — Já disse que pode vir aqui sempre que quiser passar seu tempo que nunca será um incômodo. 

O humano abriu um sorrisinho. 

— Como Yeontan está hoje? — Perguntou rapidamente — ele já se alimentou? 

— Já sim, mas Terror dos Céus teve que sair para entregar uma carta do senhor Taehyung — informou virando-se para um dos falcões, pegando o animal e o deixando em seu antebraço enquanto começava a descer pela escada até estar no mesmo andar que o humano. 

Jeongguk formou um pequeno bico, pensativo. Até Terror dos Céus tinha ido embora. Alguma coisa muito séria parecia ter acontecido. Mordeu o lábio inferior, morrendo de vontade de perguntar ao Jung se ele sabia de alguma coisa, mas não queria ser tão cara de pau assim.

Todavia, uma pequena faísca de dúvida surgiu em sua mente assim que olhou mais uma vez ao redor. 

O Gran Sae ficava levemente afastado do Castelo dos Kim, Hoseok parecia ficar ali grande parte do seu tempo, todavia, já tinha escutado o nome daquele vampiro algumas vezes e imaginava que às vezes ele saia daquele lugar. Mas como ele fazia aquilo quando o sol estava brilhando no céu? Todas as janelas eram cobertas assim como as janelas do castelo, pelo o que Jeongguk pôde observar a mísera única vez. 

— Hoseok — Jeongguk chamou baixinho, apertando o livro em suas mãos enquanto via o vampiro caminhar até uma das janelas daquele andar, parando antes de chegar ao limite em que o sol entrava, esticou seu braço e viu o falcão levantar voo, saindo apressado do Gran Sae e partindo para um local que o humano desconhecia.

Engoliu em seco quando o vampiro virou-se para si. 

— Quando está sol, como você sai daqui? 

O vampiro sorriu baixinho, seguindo em direção ao espaço reservado que Taehyung havia mandado fazer para que Jeongguk pudesse ficar sem ser incomodado por ninguém. 

— Ah, um pouco antes da porta principal, tem uma parede com uma passagem secreta que dá para um caminho subterrâneo, eu cruzo todo o percurso até o castelo debaixo da terra até encontrar outra parede com a passagem secreta, e então já estou no castelo, sem me ferir — falou e abriu um largo sorriso, deixando Jeongguk boquiaberto. 

Aquilo era completamente diferente do que Jeon achou que seria a resposta do mais velho. 

— E-e h-h-há m-mais dessas passagens secretas? — Perguntou rapidamente, sua mente já borbulhava com teorias e sua garganta estava seca, precisava beber mais informação, precisava saber mais sobre qualquer coisa que envolvesse as criaturas da noite. 

— Sim, mas antes que me pergunte, não posso lhe dizer, senhor — respondeu e abaixou um pouco a cabeça, pegando uma caixa de ferro com conteúdo desconhecido. — O senhor Taehyung que é a pessoa mais qualificada para lhe dar essas informações — curvou-se para Jeongguk, saindo de seu campo de visão no segundo seguinte.

Jeon mordeu o próprio lábio e forçou sua mente a se lembrar de mais aquela informação para poder conversar com o Kim. Mas por hora, decidiu esquecer realmente. Não valia a pena surtar ali sozinho por algo que não iria obter respostas naquele momento.

Caminhou até o ninho onde Yeontan parecia estar dormindo e sentou no espaço de mármore, ficando ao lado do pequeno animal adormecido. Ousou fazer um pequeno carinho em sua pequena cabecinha e despreocupadamente, abriu um sorrisinho, vendo como ele já parecia um pouquinho maior desde que fora apresentado a ele. 

Continuou fazendo carinho lentamente por mais alguns segundos, só parando por temer que pudesse acordá-lo. Voltou a se encolher no cantinho. 

Abriu o livro. 

Capítulo 1 - Olhos azuis e jeans pretos. 

Era uma noite de sábado quando Antony entrou naquele bar como se fosse dono do lugar. Todos os olhares, tanto dos desconhecidos quanto os dos meus amigos focaram-se apenas no garoto. O caminhar despretensioso era charmoso de alguma forma e foi apenas ele se apoiar no balcão e pedir uma bebida que eu não ouvi, que logo eu já estava levando meu olhar para todos os seus movimentos. 

O cabelo estava tão bagunçado que nem parecia que não havia vento algum batendo do lado de fora daquele bar, a calça jeans tinha rasgos no joelho, expondo lindamente a pele amorenada de suas pernas. Antony era lindo, bebia de forma sexy e soltava a fumaça desagradável do cigarro de forma despreocupada. 

Naquele dia não demorou tanto para ele se aproximar dos meus amigos e sorrir com eles, não demorou para que estivesse jogando sinuca conosco, não demorou para que Antony se tornasse o centro das atenções. E aquilo não me incomodou, nem de longe na verdade, Antony era uma lua gigante e brilhante e eu apenas mais uma estrela à sua volta que ficava encantado com seu brilho. 

Eu estava como os outros. 

Eu ria de seus comentários, eu bebia ao seu lado, porém desviava meu olhar quando ele virava seu rosto para mim. Eu olhava para o chão, para Mike ou Ben do outro lado, para as bebidas sendo servidas no bar, mas eu não conseguia olhar para os olhos azuis de Antony. Parecia intenso demais e o ar fazia questão de sumir da face da terra. 

As costas ficavam bonitas por debaixo da jaqueta de couro, e meu coração acelerou quando eu enfim me toquei de que era apenas aquela peça de roupa que ele vestia naquele dia. Era apenas aquele traje simples que cobria a parte de cima de seu corpo. Era sensual e me fez soltar um suspiro que eu implorei aos céus para que ninguém tivesse escutado. 

Todavia, parte de mim sabia que Antony havia escutado. O sorriso que ele soltou junto com a fumaça me fizeram paralisar naquela noite, foi como se a próxima Foy tivesse me chamado atenção novamente dentro da sala de aula. 

O meu mundo parou de girar quando as músicas que eu gosto começaram a ser tocadas e meus amigos começaram a me provocar, me destacando no meio daquela multidão. Eu não queria aquilo, não queria que os olhos de todos fossem ficar focados em mim, aquilo era terrível e minha vergonha implorava para que eu saísse correndo. 

E bom, quando meu relógio bateu as onze horas da noite, eu afirmei de forma alta que precisava ir embora, inventei que minha mãe tinha posto alguma regra sobre minhas saídas de casa e consegui convencer todos de que precisava realmente ir embora. 

Acenei para todos e tomei a última dose da bebida com gosto de morango que eu estava tomando. Caminhei para fora do lugar com as minhas mãos dentro do bolso e assim que pus meus pés do lado de fora, observando a rua parcialmente deserta, que eu senti meu pulso sendo segurado. 

Naquele segundo eu torcia para que fosse um assaltante e não Antony, mas era ele. Realmente era ele, surrando de forma exageradamente sedutora o meu nome. 

— William, a gente pode conversar? 

 

Província de Jeolla do Sul. 

Banco de Sangue 247-KH-03 de Mokpo. 

 

Taehyung continuou andando, olhando para toda a destruição que cercava aquele lugar. Lembrava-se perfeitamente de quando viu aquele local ser construído, tinha administrado cada uma das construções dos Bancos de Sangue de cada cidade. Gostou de fazer aquilo, de se ocupar daquele jeito e não tinha arrependimento algum quanto ao tempo gasto. 

Todavia, estar ali, no meio dos destroços e dos corpos, tanto de humanos como de vampiros; todos mortos, era decepcionante. Era uma afronta contra sua pessoa em particular.

— E realmente não há nenhuma pista do humano que pode ter causado isso? Não há nenhum registro de nada? — Hyuna perguntou soltando um rosnado agressivo ao olhar para os vampiros que serviam de guarda para os dois Kim do clã principal que estavam ali. 

Mas ninguém sabia a resposta daquela pergunta. Todos eles já estavam ajoelhados, suas cabeças já estavam abaixadas e voz alguma saia de suas gargantas. Temiam que qualquer palavra errada que usassem causa-se sua morte. 

E Kim Hyuna era completamente implacável quanto aquelas coisas.

Taehyung continuou olhando ao redor, afastando-se um pouco e segurando o cabo roxo de sua espada com força, trincando seu maxilar ao se aproximar de um dos corpos: o de um vampiro morto por um estilhaço de madeira que atingiu certeiramente seu coração assim como diversas outras partes do corpo.

O ataque havia ocorrido há poucas horas; quando vampiros eram mortos tinham um intervalo de dois dias até que os corpos começassem a secar e virassem pó. Caso o vampiro fosse tocado pelo sol, o corpo inteiro se incendiava até que apenas o esqueleto restasse. Se o vampiro fosse morto pela espada de um dos Kim, o corpo tinha o mesmo intervalo de dois dias até começar a secar e apenas ia ficando em um estado Mumi eterno. 

— Essa foi uma bomba meticulosamente pensada para nos matar... — O Kim mais novo murmurou, cerrando os olhos vermelhos. 

Tirou a espada de sua bainha, a empunhando de forma elegante demais, movendo o objeto em sua mão como se fosse uma simples caneta cortando o ar. Virou-se para Hyuna que trajava um sobretudo longo demais que quase arrastava no chão coberto por sangue e destruição. 

Os saltos finos de seu sapato estavam intactos perante tudo aquilo, a vampira caminhava com elegância e poder em demasia por todo aquele lugar, soltando sua voz intimidante para todos os seus servos.

— Eu quero que vocês entrem em cada casa humana em Mokpo e revirem tudo até encontrar alguma prova de quem está por trás disso — Hyuna rosnou a ordem enquanto apertava com força o cabo amarelo de sua espada. 

Taehyung se aproximou um pouco, mantendo a postura completamente firme ao seu colocar ao lado da vampira mais velha que si, olhava para os fios de cabelo laranja que ela tinha e que caiam perfeitamente até seu busto coberto pela blusa social branca que era esmagada pelo espartilho escuro. 

Hyuna parecia selvagemente poderosa. 

— Essa situação é absurda, o povo vai ficar irritado por terem suas casas invadidas dessa forma, faz mais de duzentos anos que algo assim não acontecia-

— Eu não me importo com o que o povo acha, Taehyung. — A vampira o cortou de forma baixa, porém não menos fatal. A fala saia afiada e furiosa, as presas cresciam lentamente enquanto a ira queimava mais nas orbes vermelhas. Kim Hyuna odiava fracassos.

Não tolerava erros vindos daqueles que a serviam. 

Taehyung enxergava aquela intolerância de sua companheira como uma fraqueza, afinal, eram humanos, estavam taxados a cometer falhas em suas vidas. E mesmo diversos de seus servos sendo vampiros, ainda assim mais da metade não haviam completado um ciclo de 50 anos de criação. Chegava a ser exagero exigir perfeição de criaturas assim. 

— Um humano se atreveu a executar um ataque direto contra mim, contra nosso clã, todos os humanos vão pagar por esse erro — falou ameaçadoramente e apertou o cabo da espada —, tenho certeza de que alguém estava a par desse ataque, e quando eu descobrir quem é, ele pagará com a vida! 

— É certo que um humano não pensou sozinho em tudo isso, houve ajuda de fora e é nisso que também devemos levar nosso foco. — O Kim mais novo comentou, movendo sua espada no ar mais uma vez, mantendo a mesma postura de quando ia atacar um inimigo. 

Estavam em um local que serviu de ponto para o início do seria uma guerra, era mais do que claro que eles deveriam manter-se atentos a qualquer coisa. 

Qualquer um poderia ser o inimigo. 

Taehyung olhou para os três vampiros ajoelhados do outro lado dos grandes destroços, os três haviam fugido logo após o ataque ter ocorrido. Porém, foram capturados  – pelas caçadoras de elite de Hyuna – menos de uma hora depois e levados de volta para a cena do crime. 

Talvez a pior coisa para um vampiro não fosse ficar sem beber sangue, talvez fosse sofrer um julgamento de Taehyung; seja pelo olhar ou pela espada que empunhava. Estar na mira de ambos era monstruosamente assustador.

— Você tem algum palpite? — Hyuna perguntou enquanto levava o olhar para os corpos que começavam a ser recolhidos. Corpos vampiros iriam queimar, e corpos humanos seriam enterrados juntos em uma cerimônia para os familiares. 

— Minha intuição particular me faz pensar no clã Lee — comentou deslizando a língua pelo lábio inferior vagarosamente —, todavia, minha outra intuição me faz pensar que é um inimigo que ainda temos conhecimento. 

— Fazer esse ataque enquanto estamos aqui me faz levantar dúvidas, assim como me pergunto por que esse banco, por que o meu banco... — Hyuna olhou para um dos corpos de seus servos que estava irreconhecível no chão. Taehyung deixou que seu olhar vagasse por todo o lugar, desde as paredes que conseguiram se manter de pé, até parte do teto que caiu por conta do impacto daquela explosão. 

Aquela era realmente uma boa pergunta: por que o Banco de Sangue de Hyuna? 

— Ocasionalmente ataques são feitos a mim já que é minha cabeça que vale mais para os clãs alheios, um ataque direto a você pode nos fazer pensar que: ou alguém está confrontando diretamente, ou este não foi um ataque selecionado a dedo, e sim aleatório... — A voz rouca do vampiro explicou baixo, capturando toda a atenção da vampira que começou a balançar sua cabeça positivamente, compreendendo perfeitamente a linha de raciocínio que  seu companheiro estava percorrendo. — Se a primeira opção for a real, suas cidades deverão dobrar a quantidade de segurança e você está certa em revistar todas as casas. Mas se a segunda opção que estiver correta — olhou para a vampira que também lhe retribuiu aquele mesmo olhar intenso —, devemos emitir um alerta entre todos os vampiros do nosso clã, porque... Estamos, provavelmente, no início de um confronto em que não sabemos quem é o inimigo. Ainda...

Hyuna rosnou em resposta, já conseguindo sentir seu corpo borbulhando de ódio apenas por imaginar que alguém estava atacando seu clã. Depois de séculos, alguém realmente havia ousado fazer algo como aquilo. E antes que pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, a vampira viu Taehyung caminhar até os três vampiros que estavam sendo mantidos para o interrogatório que iria correr na sala da criatura da noite de fios cinza; uma sala que não era usada a certo tempo... 

— Irei proferir a perguntar apenas uma vez — Taehyung colocou-se à frente dos três vampiros que já sabiam que a morte os iria chamar. — Qual dos três tem a útil informação que me fará poupar sua vida? 

E no mesmo segundo, dois vampiros que estavam cada um em uma ponta começaram a falar, soltar de forma alta que eram eles quem sabiam das coisas. Olhavam desesperados para o Kim à sua frente, nem conseguindo perceber as leves olheiras que ele carregava. 

Taehyung não estava nem de longe nos seus 100%, estava se esforçando muito para manter sua aparência de implacavel. 

Continuou escutando as lamúrias dos dois vampiros de forma calma, esperou que mais um minuto se passasse até que em um ato rápido, segurou a cabeça do vampiro ajoelhado que estava no meio, o único que tinha ficado calado durante todo aquele tempo. Fez com que ele se abaixasse ainda mais, tocando a testa no chão enquanto Taehyung apertava com força o cabo da espada, preparando-se para dar o golpe fatal. 

Em um ato rápido demais e em um único movimento, o Kim cortou a garganta dos dois vampiros que haviam afirmado ter informações. Fincou a ponta da lâmina vermelha de sua espada no chão e colocou apenas um dos joelhos no chão, segurando os fios de cabelo do único vampiro que sobreviveu. 

— As informações que possui, você considera que são mais preciosas que sua vida, respeito que pense assim — sussurrou de forma rouca bem perto do ouvido da outra criatura da noite — mas contra mim você não tem a mínima chance, então me conte o que sabe...

 

Castelo dos Kim.

Quarto de Kim Taehyung. 

 

Jeongguk afundou-se ainda mais no colchão macio, passando a próxima página do livro que tinha pego na sala de seu marido.

Mordeu o lábio inferior, movendo suas pernas em cima da cama. Sentia uma coisa estranha dominando seu corpo, como se estivesse ficando mais quente embora a temperatura ao redor estivesse ficando mais fria a cada hora conforme a noite ia chegando. Jeongguk não imaginava que aquele livro pudesse conter uma história tão intensa daquele jeito. 

Jeongguk não era nenhuma criança e sabia muito bem o que era sexo, o que eram beijos intensos e toques íntimos, ele entendia perfeita o que tudo aquilo era. Somente nunca havia experimentado tais coisas, nunca tinha os sentido. 

Jeongguk nunca teve em suas mãos, a junção de palavras que descreviam tão bem o que tais coisas poderiam ser. E era quente. Lhe provoca as mesmas sensações de quando acordava com uma ereção matinal. Só que melhor...

Quando ainda morava com seu pai, o moreno corria para o banheiro em algumas manhãs, se aliviando escondido, sentindo o prazer sair de corpo enquanto cobria sua boca, não sabendo ao certo o que pensar para que conseguisse atingir seu ápice. Costumava imaginar mãos aleatórias no lugar das suas próprias, lhe acariciando daquela forma acelerada. 

Mas bem ali, encolhido no canto da cama enquanto ia lendo sobre as descrições de William sobre o que estava acontecendo em sua vida, Jeongguk sentia algo bem diferente, apesar de similar em tudo aquilo. Seu corpo gritava querendo alguma coisa, Jeon apenas não sabia ao certo o que era.

 

"Assim que Antony sentou-se no banco de seu carro, ele tocou no meu joelho sem dizer mais nada. Assim que seus olhos azuis ficaram cravados em mim e aquela porra daquele cheiro de nicotina invadiu todo o local, eu mirei meus olhos em sua boca. 

Sua bem curvilínea boca. 

Ela tinha um machucado ali, bem no cantinho, resultado do soco que levou na última briga em que tinha se envolvido. Eu não gostava daquilo, sempre que aquele assunto entrava em pauta eu e Antony começávamos uma discussão feia. Se eu estava na casa dele, ia embora assim que começava a nutrir certa vontade de jogar algo naquela cabeça dura, e se ele estava na minha casa, as discussões eram mais calmas por conta dos meus pais. 

Tínhamos sempre que sussurrar já que Antony não tinha permissão para subir a lateral da minha casa e entrar pela minha janela, mas ele fazia assim mesmo, e era por aquela mesma janela que ele ia embora quando brigávamos. 

Eu já estava cansado de brigas, tanto nossas, quanto as brigas físicas em que ele se envolvia e depois tinha a cara de pau de mentir afirmando que seria a última. Já estava um pouco farto do cheiro de nicotina que ele tinha, das botas sempre sujas de lama e daquelas falsas afirmações. 

Antony era maravilhoso. 

Mas suas manias não. 

Mas lá estava eu, depois de ficar com ele por quase três horas deitado no gramado do parque enquanto o ouvia falar sobre destino. Vimos todas as estrelas, apontamos para a maioria e trocamos nossos beijos mais quentes. 

E ainda assim, dentro daquele carro, sentindo ele tocar em meu joelho, era como se eu estivesse prestes a receber meu primeiro beijo. Sua mão subia pela minha coxa coberta pelo jeans velho e surrado, mas segundo Antony, eu ficava sexy vestindo ele. 

Meu cabelo cacheado já me levou a receber diversos tipo de apelidos idiotas, mas Antony dizia que aquilo me dava um charme único. Eu acreditava nele. 

E também acreditava quando ele dizia que me amava após a gente se beijar. 

Acreditava que os carinhos que ele fazia no meu corpo, tanto quando estávamos nos beijando, ou quando estávamos apenas sentados em um bar vendo algum dos nossos amigos falar algo; era especial. 

Antony me fazia sentir especial, e não foi surpresa nenhuma me sentir assim novamente quando ele me puxou para seu colo, beijando meu pescoço para provocar antes de realmente tomar meus lábios. 

Eu sempre fui considerado tímido e envergonhado para os meus amigos, mas em cima do corpo de Antony eu não tinha vergonha de soltar aqueles gemidos que também o provocavam, motivavam suas mãos a me tocar com mais vontade, apertando os lugares certos, passando por toda a minha espinha e descendo outra vez apenas para repousar em minhas coxas, puxando-me mais para si."

 

Jeongguk mordeu ainda mais o lábio inferior, remexendo-se na cama enquanto não desgrudava os olhos do livro. Sua mente corria solta, imaginando despudoradamente sentir aquilo que William descrevia estar sentindo. 

 

"Era como se Antony precisasse de mim. 

Precisasse mais do meu corpo, e eu certamente pretendia me entregar a ele, me entregar àquele amor que eu já sentia, somente não confessava. 

A falta de coragem me dominava e no momento eu não queria pensar naquilo. Gemer seu nome de forma baixa era mais atraente e parecia ser a coisa que o garoto de olhos tão azuis quanto o mar desejava ouvir. 

O beijei novamente.

O melhor beijo da minha vida. 

Silenciando toda a confusão que existia ao meu redor e no meu interior.

O cheiro de cigarro não me incomodava mais naquele momento, eu estava preferindo focar em sua voz bonita dizendo como amava o fato de que minha boca sempre tinha gosto de morango."

 

Jeongguk fechou os olhos, queria imaginar receber um beijo como aquele. 

 

Sala Roxo.

Domínio de Kim Taehyung. 

 

O Kim de seiscentos anos não sabia ao certo que horas eram, não sabia a quanto tempo estava sem ver Jeongguk, mas sabia que estava extremamente irritado por ter sido impedido de ver seu marido assim que chegou ao castelo. Como a situação tinha sua delicadeza e importância, teve que ir direto para sua sala, tratar daqueles assuntos enquanto o vampiro que poupou a vida era levado até a Sala Índigo para que tentassem obter alguma informação do próprio. 

Assim que entrou no cômodo, Taehyung já viu todos reunidos ali, parecendo esperar por sua chegada. Viu Hyuna tomar seu posto na mesa e sem se demorar, o Kim dono da sala jogou sua espada em cima do planalto feito de prata, sentando-se na cadeira principal.

A sala estava escura, o chão não estava tão perfeitamente limpo e muitas velas já tinham se apagado. Talvez a sala de Taehyung fosse a mais simples, o vampiro não fazia questão de fazer uma ótima decoração em um local que servia apenas para que o clã se reunisse e determinasse qual clã a criatura da noite deveria matar. 

Era espaçosa o suficiente para que uma longa mesa ficasse perfeita no centro e houvesse muito chão para se caminhar ao redor. As paredes pretas e feitas de cimento liso deixavam o ambiente levemente mais escuro, porém uma simples linha roxa de trinta centímetros cruzava todas as paredes, desesperada para dar algum tipo de charme.

— Eu estou cansado, então vamos acelerar essa reunião. — Olhou para cada um dos membros de forma cansada. 

— Eu vou colocar minha tropa de elite aqui no castelo assim que terminarem de pegar todas as informações com os vampiros que estavam no meu banco de sangue. — Hyuna informou baixo, olhando para todos os membros reunidos. 

— Certamente que as Dreamcatcher vão atrair bastante rumor servindo aqui no castelo — Kibum comentou relaxando em sua cadeira, observando o momento em que Yongsun balançou a cabeça positivamente, assim como Taehyung, mexendo em seus fios de cabelo castanhos. 

— Nesse momento isso não importa muito, nosso foco é achar possíveis traidores que podem estar aqui também — Hyuna falou firme — Minji é ótima para essa função, a não ser, é claro, que algum de vocês tenha uma recomendação melhor? — Levantou uma das sobrancelhas, esperando para ver se alguém iria se opor àquela decisão. 

— Então tudo bem, vou deixar isso registrado aqui — Seokjin comentou ao abrir uma pasta azul que sempre carregava, fazendo suas costumeiras anotações —, lembre-se de me informar a data exata em que elas chegarão, Hyuna. 

— Certamente. 

— Pode ser possível que humanos realmente tenham planejado isso sozinhos? Sem ajuda alguma, apenas um ataque terrorista contra nós? Contra nosso império? — Kibum perguntou de forma baixa, deixando-se ficar preocupado por aquela questão. 

— Não  — Taehyung respondeu de forma baixa e rouca, olhando brevemente para as cortinas que cobriam as janelas apesar de já ser noite. — A arma que desenvolveram é muito superior à capacidade de planejamento humano, não os subestimando, claro... Mas os recursos que usaram, as cápsulas de madeira, tudo parecia bem feito demais para que um grupo de humanos tivesse desenvolvido em segredo. 

— O gás que foi usado para dar pressão à bomba estava ligado a um fio revestido com um silicone que não produzimos aqui... — Hyuna acrescentou a informação. — Estão acontecendo reuniões bem debaixo do nosso nariz em que o foco é fazer nosso povo se virar contra nós. — A vampira ruiva soltou com mais irritação na sua voz. 

— Taehyung — Heechul o chamou inesperadamente, cortando o assunto e fazendo todos fixarem sua atenção no líder do clã —, você sabe o significado da Sala Vermelho? — Perguntou atraindo o olhar intenso do vampiro. 

— É a sala responsável pelo planejamento de qualquer situação em que os Kim se envolvam. — O Kim de seiscentos anos respondeu de forma firme. Cada um deles sabia o significado de cada sala, era uma das regras mais básicas que existia. — Uma sala pronta para resolver qualquer ataque que o clã sofra. 

— Como o ataque foi feito no Banco de Sangue de Hyuna, é notoriamente óbvio que essa reunião estivesse ocorrendo na sala dela, — Heechul falou baixo, olhando para as próprias unhas pintadas de preto. Todos do clã abaixaram suas cabeças, como se estivessem recebendo uma grande bronca, todavia, estavam simplesmente assimilando as palavras de seu superior. Taehyung era o único que mantinha sua cabeça erguida, olhando para o rosto de seu criador. — Mas a Sala Vermelha pertence a Yongsun, a que é de responsabilidade de Hyuna é a Sala Amarela; responsável pelos assuntos da criação dos vampiros. 

O homem de fios brancos e olhos mais intensos que o de qualquer outro juntou suas duas mãos, entrelaçando seus dedos pálidos um no outro.

— Não estamos em nenhuma das duas... Estarmos aqui significa algo para você? 

— Significa que o plano de vocês deu completamente certo, estamos atraindo inimigos por conta do casamento que foi feito, e eu não sou o único alvo — respondeu de forma firme, não desviando nem por um segundo seu olhar de Heechul — todo o nosso império está em jogo. 

— Mais ataques irão ocorrer, na realidade devemos dobrar toda a nossa segurança. — Namjoon levantou sua cabeça, mantendo seu maxilar firme. 

— Tirar vampiros daqui para servirem nas ruas não é nem de longe uma opção viável — Seokjin interviu —, nosso castelo é nossa fortaleza suprema, há coisas aqui que são certamente de suma importância. 

—  Então a medida que temos que tomar é ignorar tudo o que possa ocorrer na Coreia inteira e focar em manter nossa segurança aqui? Como se fossemos apenas coelhos assustados? — Yongsun rebateu feroz, cerrando seus olhos vermelhos enquanto olhava para Seokjin. 

— Nosso inimigo certamente nos iria ver como vampiros fracos. Um clã debilitado! 

Taehyung virou seu rosto para as cortinas pesadas que cobriam as janelas mais uma vez, focou-se ali por alguns segundos, recordando-se da carta que tinha escrito para Jeongguk semanas atrás. Lhe dando um assento em sua mesa, uma voz em sua sala, Um poder que humano nenhum jamais teve. 

— Taehyung. — Heechul o chamou outra vez, parecendo ignorar tudo o que estava sendo dito pelos demais. Almejando apenas a atenção do outro Kim. E o vampiro deu aquele foco para seu criador. — Sua sala exige que haja uma colaboração vinda de ti, seja para decretar a ordem final de um ataque, ou para que você elimine um clã. Mas aqui estamos nós, reunidos para debater sobre o que fazer quanto a esse atentado que sofremos — falou e pousou firmemente suas palmas na mesa, dando um leve impulso para se levantar e ficar de pé, atraindo atenção de todos. 

— Onde o senhor quer chegar? — Hyuna perguntou de forma baixa, não compreendendo mais aquela linha de raciocínio. 

— O plano era que Taehyung se casasse com o menino Jeongguk, — continuou passou a língua pelos lábios, ocultando mil coisas em sua íris sempre misteriosa. Heechul era um homem que continha milhões de planos em sua mente, milhões de alternativas a se tomar, mas apenas poucas frases saiam de sua boca. Era mais do que nítido que o vampiro líder do clã principal estava escondendo coisas, aquilo nem mesmo chegava a ser uma novidade. — Que fosse visto como fraco. 

Começou a caminhar em direção a Taehyung enquanto continuava a falar.

— Você desempenhou um bom papel no casamento de Annemarie e Mozar, achei louvável sua ação de retirar seu marido do salão quando viu que ele não estava bem, todos viram e todos os outros clã comentaram.

— Comentaram inclusive sobre a roupa que trajava. — Yongsun rosnou baixinho, revirando os olhos — Uma piada completa. Onde já se viu querer mostrar que estava nas mãos de um humano! 

— Queriam que eu mostrasse que estava rendido ao garoto, que ele era minha fraqueza... — Taehyung rosnou rebatendo tudo de forma firme. — Foi isso que eu fiz. 

— O que você fez foi nos envergonhar! — A mulher bateu suas mãos na mesa, olhando irritada para o vampiro mais novo. — Aquilo foi vergonhoso! Todos comentaram sobre! Todos os clãs zombando sobre a grande piada que seu ato se tornou. 

— Essa não é a questão que quero tratar no momento — Heechul interrompeu a discussão paralela que havia se iniciado, finalmente parando na frente de Taehyung que o olhava com bastante atenção. — Quero apenas tocar no ponto em questão que foca em sua atitude para com esse casamento. 

— E que ponto é esse? 

— Acredito que o teatro que você perfeitamente montou para atrair nossos inimigos mostrando sua vulnerabilidade, está se tornando real demais. Perigoso demais. 

Todos os olhares ficaram confusos, encarando a cena que estava se desenrolando à frente dos outros seis membros do clã. 

— Ao que você está se referindo, Heechul? — Taehyung perguntou embora já soubesse o que seu líder queria dizer. 

— Abra sua blusa e mostre para todos nós o que está acontecendo com você — Heechul deu a ordem de forma mansa. 

Não precisou de dois segundos a mais para que todos percebessem o que estava acontecendo com o Kim. Bastou um mísero segundo olhando mais atentamente para ele que todos os membros do clã repararam em todos os sinais de Mumi que o corpo de Taehyung estava dando. Estava tão óbvio que a surpresa foi ainda maior por ninguém ter reparado em tal coisa antes.

Yongsun levantou-se rapidamente, avançando em cima do vampiro de fios cinzas para rasgar sua blusa, mostrando o peito amorenado com veias escuras. 

— Como você não reparou nisso quando foram a Mokpo? — Yongsun rosnou alto para Hyuna que levantou-se também. Todos os demais também se colocaram de pé, os olhares estavam em uma mistura obscura de fúria e indignação.

— Eu virei alguma espécie de babá dele? Acredito que você e Namjoon que mais deveriam estar atentos sobre isso, — rosnou e bateu suas duas mãos na mesa, conseguindo a amassar no exato formato de suas palmas. Antes que qualquer outro conseguisse dizer alguma coisa, a vampira continuou a falar: — não eram vocês dois que estavam suspeitando de que algo estava errado? Me chamaram até mesmo para uma reunião para questionar sobre os planos que estavam sendo feitos por Heechul. 

Taehyung arregalou seus olhos, realmente surpreso. Todos estavam. O próprio Heechul parecia ser o único que mantinha uma expressão neutra em seu rosto. 

Como uma reunião havia sido feita apenas por alguns membros para questionar sobre os planos de Heechul? Do líder do clã? Taehyung estava tão chocado que permaneceu atônito durante algum tempo, imaginando se aquele tipo de coisa havia acontecido apenas uma vez ou se era algo recorrente.

— Como você ousa? — Namjoon rosnou. 

— O foco disso tudo está sendo completamente distorcido! — O outro Taehyung gritou, apontando para o Kim dono daquela sala. — Eu quero saber por que caralhos você não mordeu logo aquele garoto. O que você mantém em sua cabeça para não beber logo o sangue dele. 

O Kim de seiscentos anos era o único ainda sentado, mostrando o peito amorenado como se já estivesse daquele jeito a muito tempo. 

— Morder eu mordi no meu casamento, mas não tomei o sangue de Jeongguk porque ele não quer isso, — levantou-se — estou casado como vocês queriam, mas não irei tocar nele se não tiver sua permissão, achei que esse tipo de comportamento vindo de mim já estaria bem óbvio. 

— Você acha mesmo que isso é algum tipo de brincadeira? Acha que essa sua forma de tratamento para com esse garoto irá resultar em algo além do seu estado Mumi e na destruição do nosso clã? — Namjoon urrou, aproximando-se do vampiro. 

— É completamente irresponsável da sua parte ficar vulnerável assim, ainda mais quando você é o principal soldado de nosso clã — Kibum se intrometeu, deixando seus olhos completamente vermelhos, os dentes maiores e mais afiados. 

Todos eles já estavam adquirindo aquela aparência. 

Estavam prontos para fazer qualquer coisa que pudesse reverter aquele estado Mumi em Taehyung.

— Saia agora desta sala e vá beber o sangue desse garoto. — Yongsun ordenou em um rosnado feroz, apontando para a porta. 

— Se você ficar pior será difícil impor nosso poder sobre os demais, compreenda isso — Seokjin tentou apelar pelo tipo de fala mais suave, falando baixo para com o vampiro que não mudava sua expressão de que não iria sair dali. — Tente compreender que nos sentimos traídos nesse momento, é claro que em nossas mentes já ficou claro que você não iria consumar o casamento sem o desejo do garoto estar presente, respeitamos isso e fizemos um casamento o mais simples possível, mas isso — apontou para o corpo amorenado — isso não é aceitável, Taehyung. Você está se prejudicando por nada.

— Os desejos de Jeongguk não são nada? Sua insegurança? Medos? Ele não quer ter seu corpo violado por mim e quem sou eu para não respeitar isso Seokjin? — As perguntas foram direcionadas para o vampiro alto de ombros largos, mas o olhar de Taehyung cravou-se em todos daquela sala, até mesmo em Heechul que apenas observava tudo em silêncio, como sempre fazia. — Até o atual momento não deixei de cumprir nenhuma das minhas obrigações, fui tão fiel a esse clã quanto qualquer um, e eu falhar com meu princípios não irá me fazer mais leal a vocês. 

Recuou um passo. 

— Eu não vou tocar no Jeongguk e não vou tolerar que qualquer um de vocês o intimide por conta disso. 

— Eu não vou aceitar isso. — Hyuna rosnou, avançando até a porta. 

Em um ato assustadoramente rápido, Taehyung correu até a vampira, segurando em sua cintura antes de erguê-la e jogá-la para o outro lado da sala. Todos os outros vampiros colocaram-se em posição de ataque, incrédulos com a cena que estavam presenciando. 

Hyuna não caiu no chão. Muito pelo contrário, a vampira pareceu pousar suavemente com os saltos finos no chão, olhando feroz para Taehyung, pronta para atacá-lo caso precisasse. 

O Kim deixou seus olhos completamente vermelhos, sentindo as presas ficando maiores enquanto olhava seus companheiros. Aqueles que mais considerava seus irmãos no mundo. Olhou também para seu criador, olhou para todos aqueles que cuidaram de si assim que foi transformado e olhou para aqueles que explicou as regras quando foram transformados também. 

Tinham um elo complexo demais com eles para que a humanidade pudesse compreender. 

Mas estavam em posições de guerra um para o outro. 

Uma rachadura sendo feita bem no meio da família que permanecia unida a séculos, fortalecidos pelo propósito na qual foram criados. 

— Esse é o seu plano? — Taehyung soltou de forma alta, olhando para Heechul. — Era isso que você queria quando disse que apenas eu lidaria melhor com essa situação? Você sabia que eu não iria fazer nada com aquele garoto, então também deve saber que isso aqui iria acontecer! — Bateu em seu peito com força. 

— Não jogue a culpa em cima do Heechul! — Kibum gritou. 

— É você quem está ficando cego! Está colocando um humano acima de seu clã! — Namjoon urrou. 

 — Está ficando fraco! Nos deixando vulneráveis! — Hyuna rosnou. 

— Não vou passar por cima dos meus valores! Ainda estou aqui para achar o Jeonghan tanto quanto vocês! Já disse que não sou menos leal por isso, todavia meus assuntos com Jeongguk resolvo eu! — Foi como um trovão rasgando a sala, como se o chão estivesse se abrindo e puxando todos para a sensação de calafrios que a voz de Taehyung causava sempre que rugia daquela forma. 

Não havia como rebatê-lo quando o vampiro estava daquele jeito. 

Mais assustador que aquilo, seria somente se Taehyung estivesse com sua espada na mão. 

Na realidade, nenhum dos vampiros estavam verdadeiramente querendo comprar alguma briga com o Kim dono daquela sala, eles sabiam bem o significado daquele cômodo onde estavam, sabiam o tamanho do poder que Taehyung possuía. Era uma ideia extremamente estúpida desafiar aquele que eliminava clãs há séculos. 

Taehyung era o soldado do clã principal. 

Era o mais feroz e capacitado para matar qualquer um. 

Era e sempre seria assim. 

— Nunca duvidei da sua capacidade para com essa situação, meu amado Taehyung — Heechul soltou de forma baixa, juntando as duas mãos na frente de seu corpo. Olhou para o peito amorenado da quarta criatura que transformou. Seu quarto filho. — Dói-me ver que está em uma situação que não desejas, sei que o estado Mumi é algo que não lhe agrada, vê-lo dessa forma me machuca, sabes disso. — Deu um passo em direção ao vampiro — mas, sobretudo, como você mesmo disse, eu que montei esse plano a princípio, e eu sei quem você é e do que é capaz, e por isso não vou impor o que você deve fazer com o seu marido, mas peço que tome cuidado. 

Acariciou suavemente as bochechas amorenadas. 

— Eu estou tomando. Como disse, não estou falhando em nenhuma das minhas obrigações, estão completamente focado em nossa missão principal e mais do que apto em fazer ataques contra nossos inimigos. 

— Compreendo, compreendo, iremos todos respeitar isso — falou de forma mais forte e todos os outros vampiros abaixaram suas cabeças — mas me responda uma coisa, parte dessa sua preocupação para com esse garoto, é porque algum sentimento já se fez presente para ti, Taehyung? 

 

Castelo dos Kim. 

Quarto de Kim Taehyung. 

 

Jeongguk mordeu ainda mais seus lábios, precisava  a todo custo conter o gemido que queria sair de seus lábios. Precisava conter aquele som que denunciava o que o garoto estava fazendo por debaixo daquele edredom. 

Se contorceu ainda mais no colchão, acelerando os movimentos que fazia em seu membro duro, aumentando a intensidade de seus próprios toques. 

Não aguentou mais ler aquelas coisas quentes que estava bem especificado nos livros, Jeongguk não conseguiu controlar mais as vontades que seu corpo parecia tanto desejar. As palavras descritas por William mexiam consigo, Antony era tão envolvente e sexy que fazia Jeongguk pensar o que faria caso ele fosse o William. 

Nunca pensou realmente se gostava de garotos ou garotas. Nunca teve uma resposta já que nunca havia se apaixonado, mas não excluía ambos os sexos. Talvez gostasse de um no futuro. 

Mas naquele momento, não era tempo de ter aqueles questionamentos sobre si mesmo, era o momento de apertar seus olhos, contorcer seu corpo e aumentar a velocidade de sua masturbação. Imaginando que era alguém ali, eram outras mãos ou até mesmo uma boca que estava cobrindo seu membro duro, expelindo o pré-gozo enquanto um baixo gemido conseguia escapar.

Afundou seu próprio rosto no travesseiro, abrindo um pouco mais as pernas, se masturbando com mais vontade. Nunca tinha sentido tanto tesão como naquele momento tão íntimo. Em outras ocasiões sempre que se masturbava era por conta das ereções matinais que tinha, mas agora era diferente. Era um fogo dominando seu corpo, era uma vontade real de dar prazer para si mesmo. E Jeongguk não queria dizer não para aquilo.

Gemeu mais um pouquinho, apertando os olhos, sentindo seu pré-gozo melar ainda mais os seus dedos. Brevemente imaginou a boca bonita de Taehyung tocando aquela parte de seu corpo, imaginou ser encarado pelos olhos do Kim enquanto recebia aquilo. 

Não aguentou mais. 

Abriu a boca, mas nada saiu. 

Arqueou as costas enquanto gozava, afundando-se em um prazer que nunca tinha sentido antes, que nunca tinha se permitido. Tremendo de uma forma intensa e desconhecida, expelindo todo o prazer que seu corpo sentiu durante aqueles minutos quentes e extraordinários. 

Tirou o edredom de cima de seu rosto, jogando-o apenas para cobrir suas pernas enquanto respirava fundo, sentindo e vendo seu peito subir de forma acelerada. Tentava se recuperar de tudo aquilo. Sentiu suas bochechas corando ao se recordar o que pensou segundos antes de gozar. 

Questionou-se caso de fato foram aqueles pensamentos que o haviam levado ao ápice. Olhou para baixo, para seu membro flácido ainda em sua mão, para seu peito coberto pela blusa suja de sêmen, para a bagunça que tinha feito em si mesmo, na cama do vampiro que era casado e que não tocava em si. 

— Jeongguk, você não vai acreditar! Finalmente agora vo-

Tanto os olhos de Jimin quanto os do moreno deitado na cama ficaram arregalados no mesmo segundo. A troca de olhares não durou mais que dois segundos já que rapidamente Jeongguk cobriu-se com o edredom outra vez, afundando-se em uma grande vergonha nunca sentida antes por si. E tudo apenas aumentou quando a gargalhada alta de Jimin ricocheteou pelo quarto inteiro. 

Um baque também conseguiu ser ouvido. Provavelmente do corpo do Park indo ao chão de tanto continuar gargalhando. 

— Ess-essa, ai-ai, m-m-meu, no-nossa — rasgou-se ainda mais em risadas altas. 

Jeongguk ainda debaixo do edredom implorava para que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Implorava a Deus para poder voltar no tempo e nunca ter feito aquilo, ou que pelo menos tivesse trancado aquela maldita porta. Não conseguia nem mesmo respirar, como se todo o ar estivesse mais pesado. 

Queria chorar. 

Queria sumir da face da terra. 

Os minutos foram passando e quando menos esperou, sentiu o peso do corpo de Jimin em cima do seu, puxando o edredom para que pelo menos conseguisse ver o rosto do moreno. 

— Pra que essa vergonha toda? Todo mundo bate punheta aqui dentro, Jeongguk! Não precisa se condenar por isso — falou ainda sorrindo, mas aquilo não bastou. Jeongguk cobriu seu rosto novamente, fechando seus olhos enquanto sentia o vampiro sair de cima de si, ajeitando-se em outra parte do colchão. — É sério, olha — começou a falar — eu nem vi muita coisa, e nem vou contar para alguém... Bom, vou contar para o Yoongi porque eu conto tudo para ele, mas não vou contar para o Tae. 

— Não quero falar disso, Jimin — resmungou encolhendo-se um pouco mais. 

— Sério que você está com tanta vergonha assim? — Jimin revirou um pouco os olhos, vendo o corpo encolhido do mais novo debaixo daquele pedaço grande e macio de pano. Levou seus olhos pequenos para o quarto, vendo a arrumação que Baekhyun sempre deixava impecável. E no chão, bem ao lado da cama o Park conseguiu ver um livro bem específico ali.

Sorriu.

— Você estava se tocando por conta daquele livro ali, é? 

Sentiu-se ainda mais envergonhado. Imaginar que Jimin sabia que Jeongguk havia se masturbado por conta do livro que tinha escrito era o cúmulo. 

 — Sai daqui... — Pediu baixinho, encolhendo-se mais, segurando a vontade de chorar. 

— Jeongguk, não precisa disso, você não fez nada de errado garoto, é só uma pu-

— Por favor, sai daqui... 

O cheiro de seu gozo ainda podia ser sentido, tanto por ele quanto pelo vampiro, obviamente. Ouviu um suspiro alto e teatral feito pela criatura da noite, mas também ouviu ele se levantando e batendo a porta. Havia realmente saído do quarto. 

Esperou alguns minutos, queria ficar ali pelo resto da vida, não vendo mais ninguém, nunca mais interagindo com nenhuma pessoa. Mas também corria risco de que o próprio Taehyung chegasse ali. Não podia deixar aquilo acontecer. Não podia abaixar sua cabeça para aquilo. 

De nada adiantaria sentir pena de si mesmo, precisava resolver aquilo e levantar sua cabeça.

Respirou fundo, mordeu seu lábio inferior e juntando seu próprio ódio por aquela situação, Jeongguk se levantou, ajeitando a calça que vestia e que tinha deixado até seus joelhos enquanto se masturbava minutos atrás. Antes de tudo correu para o banheiro, lavou seu rosto e tirou sua blusa. A jogou em cima da cama, e puxou todo o lençol que cobria o colchão, puxou tudo, incluindo o edredom e os dois travesseiros. Fez uma trouxinha com tudo e mesmo estando sem blusa alguma, abriu a porta e saiu daquele quarto. 

Segurou aquela trouxa e caminhou pelo corredor, não sabia bem onde iria, mas cerrava o maxilar e ia mantendo seu olhar mais focado e raivoso. 

Estava farto de se encolher e abaixar sua cabeça diante de tudo que vinha acontecendo, mesmo antes de ter se casado. Sua vida era resumida em fazer aquilo.

Enquanto caminhava pelo castelo, ainda movido por sua raiva, mas estando completamente sem rumo, Jeongguk viu que todos os vampiros olhavam para si e Baekhyun quase se desesperou quando viu o marido de seu amo daquele jeito. O perguntou diversas vezes o que ele estava fazendo, mas não obteve resposta alguma. Jeongguk estava focado em algo que nem sabia ao certo, mas não ia deixar que aqueles tantos olhares vermelhos o atrapalhassem. 

Não tinha vergonha de seu peito nu sendo exposto. 

Foi vendido pelo seu pai. Teve que se casar e se submeter às regras dos vampiros. Era sempre visto como um garoto bobo que Taehyung fodia quando queria ou um pedaço de carne que todos gostariam de provar. Era um troféu para os Kim mostrarem em um casamento, ou um acordo para seu pai ter dinheiro. 

Jeongguk ouviu risadas porque ia ao banheiro, sentiu olhares nojentos em si quando ia tomar banho. Tinha que ser arrumado, penteado, cuidado, alimentado, depilado, educado, ensinado... Jeongguk era um mero boneco para todos aqueles que o cercavam. 

E estava farto daquilo. 

Taehyung havia mencionado sobre o brilho que os olhos do humano tinham e sumiam quando o garoto se sentia encurralado. Mas aquele brilho não ia mais sumir. 

Não ia deixar que mais nada fosse contido dentro de si. 

— Senhor, pelos céus, o que ocorreu? — Baekhyun insistiu mais uma vez em perguntar, acompanhando o garoto enquanto viravam em um dos corredores que certamente nem sabia para onde levava. 

Jeongguk não respondeu. 

Sem que esperasse, Jeongguk atravessou outro corredor, passou por um grande hall e observou a longa escadaria que levava até um grande salão cujo os lustres maiores que uma carruagem iluminavam todo o local. Mas os olhos escuros do garoto focaram apenas na imensa lareira acesa que ficava na outra extremidade do salão. 

E foi naquela direção que Jeongguk caminhou de forma intensa. 

Não piscava seus olhos, Jeon apenas desejava chegar lá, descendo por toda a escadaria coberta pelo tapete vermelho. Não segurou o corrimão feito de ouro, foi segurando com mais firmeza a trouxa com aquela roupa de cama que embolou. Pisou no piso linóleo e foi atravessando todo o salão a passos fortes. 

— Senhor, senhor! — Baekhyun continuava o chamando. 

Mas Jeongguk não deu a mínima, apenas parou quando estava a um metro de distância da lareira, observando o fogo e sentindo toda a quentura daquelas chamas que queimavam os pedaços grandes de madeira. O som da crepitação ecoava e aquilo aquecia o corpo do humano. 

Sem esperar muito mais, Jeon jogou a trouxa no fogo. 

Não sabia qual era seu plano quando saiu daquele quarto, mas estava feliz por ter terminado daquela forma. 

Viu a roupa queimar, eliminando o que tinha feito, destruindo os últimos sentimentos de impotência que nunca mais desejava sentir. 

Uma grande parte de si esperava que aquele fosse o ponto final de todos os sentimentos negativos que sempre o faziam se sentir horrível. Queria acabar com aquilo, queria eliminar tudo aquilo. Acabar com o antigo Jeongguk e deixar o novo assumir total controle.

— Senhor, o que aconteceu? Por que está fazendo isso? — Baekhyun perguntou outra vez, insistindo em saber o motivo daquela atitude que o garoto estava tendo. Em saber por quê Jeongguk estava vestido apenas com uma calça no meio do castelo.

— Baekhyun! Chega! — Taehyung interviu repentinamente, deixando sua voz cortar o grande salão, arrepiando o corpo inteiro de Jeongguk. Mas o garoto se esforçou para continuar olhando aquele fogo, não queria olhar para seu marido, não queria fazer nada que não fosse sentir aquela quentura que parecia tocar em sua pele.  

— Senhor, eu juro que não compreendo o que ocorreu-

— Está tudo bem, não precisa me dar explicações, melhor você ir procurar por um novo conjunto de roupa de cama, deixa que eu falo com meu marido — ordenou de forma suave, e Jeongguk ouviu o humano se afastar. Finalmente parando de falar.

Seu peito continuava exposto, sua calça era a única coisa que cobria seu corpo. Nada mais. E nem mesmo se importava. Havia passado por humilhações muito piores para perder tempo sentindo vergonha daquilo. 

Lentamente atreveu-se a ir levando seu olhar para ao redor da lareira, para a grande quantidade de ouro que a cercava, para as pinturas que enfeitavam as paredes, para os objetos caros que estavam pendurados, fazendo parte da decoração. Os vasos que pareciam ter pintura estrangeira que eram mantidos em uma exposição pela bancada de vidro. 

Observou as grandes janelas que eram escondidas pelas cortinas, ao lado haviam buquês imensos que pareciam ser bem cuidados. O chão parecia ser tão limpo quanto os talheres que Jeongguk usava na hora de alguma refeição. 

Observou novamente os lustres, observou as pinturas tão bem feitas que cobriam o teto largo. Olhou com atenção para a pequena sacada do segundo andar que ligava a grande escadaria até o local de onde o moreno tinha vindo. E diversos vampiros estavam ali. Todos estavam olhando para a cena que estava se desenrolando bem ali. 

Dava para observar perfeitamente na expressão deles que nunca tinham visto algo como aquilo acontecer no castelo. E ninguém gostaria de perder tal acontecimento. 

Jeongguk conseguiu reconhecer Somin ali, reconheceu Matthew Kim e outros vampiros cujo os rostos já tinha visto mais de duas vezes enquanto se aventurava pelo castelo. 

Taehyung estava ali também, e de forma calma foi descendo a escadaria em direção ao salão, atraindo toda a atenção dos demais para si próprio. E até mesmo Jeongguk via-se hipnotizado pelo caminhar do vampiro. O Kim, depois de alguns minutos, finalmente parou no centro do salão, olhando para o humano como se estivesse tentando decifrar algum tipo de código de suma importância. 

— Pode me dizer o motivo dessa sua ação... — pediu baixo, suave. 

E Jeongguk concentrou seu olhar no peito amorenado do vampiro a mostra. Taehyung estava claramente expondo para todos do castelo que Jeongguk nunca o havia permitido uma mordida, que o Kim estava entrando em estado Mumi porque não encostava em seu marido de forma alguma. Estava assumindo aquele risco, estava focando no Jeon à sua frente e não se preocupando com mais nada. 

Por alguns segundos o humano ficou de boca aberta, não esperando aquele tipo de ação vindo do mais velho. Conseguia ouvir os cochichos, conseguia ver pelo canto de seus olhos diversas criaturas da noite cobrindo suas bocas. Todos surpresos demais. 

— Eu não sou um boneco, não sou uma peça de jogo, não sou um puto que aquece sua cama  — rosnou baixinho, não estando bravo com o Kim especificamente, mas descontando um pouco nele sem conseguir se controlar. — Eu sou Jeon Jeongguk e não vou aceitar ser visto como algo menor que isso! 

— Você está absurdamente certo...

Conseguiu sentir seu corpo ficar mais tranquilo, mais confiante. Taehyung aparentemente estava lhe apoiando e de uma forma feliz, Jeongguk não estava surpreso com aquilo. Receber um apoio de seu marido não estava lhe surpreendendo. E após obter tal apoio, um gás de coragem aumentou e lhe deixou ainda confiante para dizer as coisas que queria. 

Mesmo na frente dos demais vampiros.

— Eu quero participar de todas as reuniões que forem feitas na sua sala, quero que nunca mais o clã principal me veja como um inseto e quero que Yeontan fique no castelo comigo, quero treiná-lo para atacar qualquer vampiro que olhar de forma negativa para mim, que possa ser uma ameaça — rosnou virando seu rosto para os vampiros que estavam ainda mais chocados, tanto pelas palavras de Jeongguk, quanto pela forma mansa na qual Taehyung estava se impondo sobre o marido. 

O Kim não era nem de longe o monstro temido que cruzava por aqueles corredores fazendo todos tremerem de medo. 

O vampiro estava demonstrando fraqueza, estava mostrando que estava no estado Mumi contra sua vontade e estava permitindo que Jeongguk, um humano, fosse preferindo tais coisas. Fossem fazendo tais exigências e mostrando que tinha a voz bastante ativa naquele relacionamento.

— Assim será então, Jeongguk... 

Proferiu como se não houvesse dificuldade alguma em realizar tais coisas.

Olhou para Somin, a vampira mantinha as duas mãos cobrindo sua boca, muitos estavam daquele jeito. O temível Taehyung estava figurativamente de joelhos para o humano. 

Aquela notícia com toda a certeza iria se espalhar como folhas ao vento. Ele havia feito tudo aquilo por Jeongguk de forma indireta, mais uma vez o Kim se tornou um alvo de comentários e mais uma vez estava mostrando que o humano realmente o tinha em mãos. 

— Eu não quero que me vejam como um garoto idiota e indefeso, eu não vou mais ser assim — rosnou irritado, sentindo lágrimas de raiva começarem a se fazer presentes em seus olhos. Taehyung avançou alguns passos em sua direção, olhando admirado para tudo aquilo, para Jeon. Estranhou, mas apenas tal coisa pareceu importar.

— O mundo néscio fez sua grande força despertar, Jeonggukie — proferiu rouco, olhando nos olhos do humano, colocando suas mãos para trás e mantendo a posição sensualmente poderosa — e agora o mundo temerá porque ninguém poderá lhe conter.

 

[...]

 

Castelo dos Kim. 

Escritório de Kim Taehyung. 

Dois dias depois. 

Aproximadamente Onze horas da noite. 

 

— Quantas já foram? — Jimin perguntou baixo, olhando para a grande chuva que caía do lado de fora do castelo. Era como se o mundo estivesse acabando, mas o Park sabia que aquilo estava longe de ocorrer. 

— Apenas mais uma bolsa. — Taehyung respondeu de forma baixa, parando de escrever e focando seu olhar para a janela, tal como Jimin estava fazendo. 

— Não está sendo o suficiente... Não é? — O Park sussurrou a pergunta, virando-se para encarar seu criador. Estava preocupado. 

— Logicamente que não, mas aprecio que ele esteja tentando... — respondeu rouco, vendo um raio cortar o céu. — Ele não mudou muito depois do que aconteceu no salão leste, antes que pergunte, ele continua sendo o mesmo comigo, mas é agradável ver que o brilho que ele possui nos olhos não sumiu nesses dias. 

— Você parece um marido apaixonado Taehyung... 

O vampiro mais velho franziu o cenho, como se tal coisa fosse um completo absurdo de se ouvir. 

— Que tipo de alucinação você está tendo para chegar à uma conclusão tão absurda? — Os olhos estavam brincalhões, mas a voz saiu séria, coisa que apenas provocou um revirar de olhos no Park. 

— Basta analisar tudo o que anda acontecendo, Taehyung! — Jimin resmungou aproximando-se do vampiro, sentando na mesa bem próximo do Kim, levando suas mãos pequenas até as bochechas amorenadas do mais velho, acariciando com um carinho fraterno, um carinho gentil e doce que nutria pelo seu criador. 

Além de ter tido sua vida salva por Taehyung, Jimin também conseguiu um amigo, conseguiu alguém para lhe dar segurança. Alguém que foi de suma importância para que seu relacionamento com Yoongi conseguisse florescer tão lindamente como havia florescido.

— E o que está acontecendo, Jimin? — Perguntou com descrença nos olhos vermelhos e na voz rouca, agora um pouco curioso para saber onde o Park queria chegar. 

— Você está dando o mundo para ele... Na verdade, parece que ele está se tornando o seu mundo — fez uma careta, mostrando que aquilo chegava até mesmo a ser um pouco brega —, isso é sério. 

— Você está falando isso para me irritar, para me provocar ou apenas por quê está viajando em seu próprio ciúme? — Provocou um pouco, cerrando seus olhos enquanto levava suas mãos até as coxas bonitas do Park, acariciando suavemente enquanto o mais novo continuava lhe fazer carinhos nas bochechas. 

— Sabe... O Yoongi é tudo na minha vida, tudo mesmo — confessou baixinho, olhando nos olhos daquele que havia lhe transformado há muito tempo. — Eu fico sempre buscando respeitar ele, entender ele, ser o melhor parceiro possível para ele e sei que ele faz o mesmo por mim. É algo como que se não me falha a memória, começou da mesma forma que você e o Jeongguk, não? 

— Você e o Yoongi foram obrigados a se casar para que planos de guerra fossem executados? — Perguntou em puro sarcasmo, levantando uma das sobrancelhas e recebendo e um tapa forte no ombro da única pessoa que realmente poderia lhe bater. 

— Não seu tolo, mas eu queria protegê-lo, você sabe, e no fim, ele que literalmente me salvou...

— Eu que salvei você. 

— Vocês dois fizeram isso, foi um trabalho em equipe e você sabe... — Soltou melancólico, aproximando-se um pouquinho mais do mais velho, aumentando o contato íntimo que estavam tendo.

Jimin era o único que poderia fazer aquelas coisas e Taehyung sabia que era casado. Mas sabia que Jeongguk não nutria sentimento algum por si, não desejava toque algum, porém assim que realmente deixasse exposto que queria fazer o casamento de ambos ser real, que desejava manter uma relação real de casamento, iria cortar muitos daqueles contatos com Jimin. 

Yoongi depois de muito tempo passou a não se importar com o afeto que nutriam um pelo outro, mas o Kim sabia que Jeongguk poderia se importar e nunca iria o magoar ou deixar inseguro. 

Todavia, naquele momento, iria continuar apreciando o contato que as mãos pequenas sempre faziam em seu rosto. 

— Tudo bem, e onde você quer chegar com tudo isso, Jimin? — Taehyung perguntou. 

— Quero que você pare e pense em tudo o que está fazendo com o Jeongguk, Tae... — sussurrou — Sei que o respeita, sei que você nunca vai fazer qualquer abuso com ele, sei que nunca vai ser alguém que o fará se sentir desconfortável, mas não parece ser só isso, sabe? — Perguntou baixinho — Você tem um carinho que parece ser especial, um carinho bonito e você está o colocando muito acima dos seus assuntos no clã, Jeongguk está sendo uma grande prioridade no seu dia a dia, não por conta dos seus valores, mas por uma vontade real dentro de você. 

— Você acha isso? — Perguntou baixinho e rouco. 

— Sim...

— Heechul também acha isso...

— Não acha que é um sinal? — Levantou uma das sobrancelhas. 

— Nesse momento não sei o que achar... — comentou baixo, sendo completamente sincero e arrancando uma risada gostosa do Park. 

— Acho que isso é inédito, Tae, deve ser por isso que está chovendo tanto lá fora. — Brincou, fazendo o mais velho sorrir também enquanto os dois direcionavam seus olhares vermelhos em direção a janela que era banhada pelo temporal. 

 

Castelo dos Kim

Biblioteca. 

Ao mesmo tempo. 

 

Outro trovão rasgou o céu.

Jeongguk segurou com mais força o castiçal de ouro em suas mãos. Haviam apenas três velas queimando ali, e aquilo mal conseguia iluminar todo o local em que o humano estava. A escuridão continuava tomando conta de tudo e a chuva forte ainda estava caindo por todo aquele lugar, batendo contra o vidro das janelas fechadas. 

Desde o ocorrido de sua masturbação, Jimin ficou mais de um dia sem aparecer, ou pelo menos lhe procurar para falar qualquer coisa. E quando os dois estiveram frente a frente outra vez, Jeon agradeceu profundamente pelo Park não citar em nenhum momento sobre o que tinha ocorrido. Simplesmente mencionou que a biblioteca já poderia ser usada por ele; informação que iria dar no momento inesperado em que os dois se encontraram. 

Outro trovão.

Jeongguk avançou alguns passos em direção a prateleira mais próxima, forçou os próprios olhos e conseguiu ver os livros ainda ali, seguros. Tinha terminado o livro e precisava de outro, precisava ler outra coisa, alguma outra obra que tirasse de sua mente o quão envolvente o relacionamento de Antony e William era. Mesmo que ficasse envergonhado em admitir, Jeongguk gostaria de ler outras obras de Jimin e gostaria que o livro fosse tão bom quanto o que já tinha lido, embora duvidasse bastante de tal coisa.

Continuou caminhando, tentando enxergar mais do que estava conseguindo naquele momento, adentrando mais no lugar escuro e assustador que a biblioteca havia se tornado. 

Deu mais um passo, conseguindo ouvir perfeitamente o som que seu pé fazia ali, sua audição estava muito mais apurada e por conta disso, Jeongguk conseguiu ouvir quando um barulho incomum se fez presente perto de seu corpo. 

 Girou rapidamente, apontando o castiçal para frente de seu corpo enquanto arregalava os olhos, deixando que sua respiração fosse ficando completamente desregulada. 

Seu peito subia e descia rapidamente, suas mãos pálidas apertavam com mais força o objeto, mesmo que estivessem trêmulas naquele momento. Recuou um passo, tentando se manter o mais atento possível diante da situação em que estava se encontrando. 

Outro trovão rasgou o céu e mais barulhos estranhos foram feitos dentro da biblioteca, dessa vez à sua direita, e foi naquela direção que o humano virou seu corpo, respirando alto enquanto conseguia sentir aquela escuridão lhe engolindo completamente. Mordeu o lábio inferior assim que uma das velas se apagou, restando apenas duas para lhe ajudar a enxergar melhor. 

Queria correr para longe, mas sabia que aquilo poderia ser pior dependendo de quem estava ali. Jeongguk sabia que vampiros sentiam um grande prazer em caçar suas presas, ouvir o coração humano batendo com força enquanto morriam de medo de serem mortos. Eles gostam de jogar com a vida das pessoas e nem morto Jeon estava disposto a dar aquele gosto para a criatura da noite. Preferia continuar ali, saber quem estava brincando consigo e usar sua inteligência para ganhar tempo. 

Jeongguk era esperto, ele mesmo sabia disso apesar de não deixar que aquilo o cegasse. 

Com sorte poderia ser salvo por Taehyung ou qualquer outro vampiro que tinha noção de que caso algo acontecesse consigo, muitas coisas ruins iriam ocorrer com o vampiro responsável já que Jeongguk estava percebendo ser uma pessoa bem importante e agora lutava para mostrar que não iria mais abaixar sua cabeça para alguém. 

Não deixou seus pensamentos lhe distraírem, concentrou-se no som que surgiu do seu outro lado, tão repentinamente quanto os que haviam antecedido.

Tentou controlar sua própria respiração, nervoso demais, assustado demais. Suas mãos continuavam apertando com força o castiçal de ouro, apesar de estar trêmulo e traços de medo estarem brilhando em sua íris escura. 

Outro trovão rasgou o céu, iluminando um pouquinho toda a biblioteca que mostrava-se vazia. 

Jeongguk recuou um passo, prendendo sua respiração enquanto voltava a se concentrar no que estava fazendo antes. Virou-se para a grande prateleira e começou a procurar pelo título do livro que poderia ser atraente. Não estava conseguindo dormir, pensou que Taehyung iria para o quarto lhe fazer companhia, mas aquilo não aconteceu, então foi na literatura que o humano escolheu recorrer para tentar distrair sua cabeça. E teria perfeitamente continuado com sua busca se o som de passos próximos de si não tivessem roubado toda a sua atenção novamente.

Jeon virou-se para o lado, esticando o braço e tentando iluminar mais daquele cômodo escuro. Prendeu a respiração. 

— Q-quem está aí? — Ousou perguntar mesmo sabendo que poderia não obter resposta alguma de quem o estava aterrorizando daquele jeito. 

Outro trovão. 

Prendeu a respiração assim que sentiu algo passando por trás de seu corpo, fazendo o moreno se virar rapidamente, iluminando aquele espaço e não vendo nada ali. 

Estava tremendo mais do que o normal, seu coração iria explodir a qualquer segundo. 

Olhou brevemente para a chuva que caía forte do lado de fora, para a grande quantidade de água que ia escorrendo pelos vidros das janelas. Mordeu o lábio inferior, talvez a melhor coisa a se fazer fosse realmente ir embora, deixar para pegar o livro em outro momento. 

Engoliu em seco e virou-se para o outro lado, dando de cara com uma criança tão próxima de si que assustou-se por não ter conseguido sentir sua presença antes. 

Ela olhava para baixo, os fios de cabelo escuro e comprido cobriam seu rosto quase que de forma completa. Jeongguk deixou que seus olhos duplicassem de tamanho enquanto a observava, sem saber o que fazer ou dizer. 

De forma lenta, a criança foi levantando sua cabeça, mostrando os olhos vermelhos que tinha e brilhavam como uma pedra preciosa apesar da escuridão. Jeongguk aproximou o castiçal da figura infantil à sua frente, iluminando a túnica longa e branca que vestia. 

Mas também esperava que o fogo de duas míseras velas fizesse aquela criança se afastar de si. Fazê-lo o temer de alguma forma enquanto sua mente tentava saber o que deveria fazer. 

— Q-quem é você? — Perguntou tenso, temendo por sua vida, mas também por aquele serzinho que parecia frágil e indefeso apesar das orbes vermelhas. Parecia ser apenas poucos anos mais velho que seu irmão, Jungsu, e aquilo apertou o coração do Jeon. 

— O senhor é Jeon Jeongguk? — Perguntou baixinho, deixando que seus olhos ficassem maiores e um biquinho se formasse nos lábios. — O senhor é aquele que se casou com Kim Taehyung? 

Jeongguk recuou um passo. 

— Por que quer saber disso? Quem é você?

A criança também recuou, pendendo sua cabeça para o lado enquanto olhava o humano nos olhos. Parecia analisá-lo e Jeongguk não gostou daquilo, não gostou de parecer estar sendo avaliado de alguma forma estranha demais.

— Se o senhor for Jeon Jeongguk, em minhas mãos tenho uma coisa que precisa ser sua — e quando a criança falou aquilo, o humano realmente reparou que ela mantinha seus braços para trás de seu corpo, como se escondesse algo. Sentiu-se lento e burro por não ter conseguido perceber aquilo antes. 

Outro trovão. 

— Eu não quero! — Jeongguk soltou de forma bruta, recuando dois passos, querendo se afastar daquela criança enquanto outro trovão tremia todo o castelo. Estava sendo mais frequente. 

Seu coração estava acelerado, não podia acreditar que realmente estava podendo correr risco de vida por uma criança tão pequena e aparentemente frágil. 

— O senhor não entende, eu achei isso para o senhor — finalmente estendeu seu próprio braço, mostrando um objeto pequeno que era embrulhado por um lenço verde musgo com o brasão dos Kim estampado ali. 

A criança havia roubado tal coisa para lhe dar? 

Não fazia sentido algum já que nunca a tinha visto antes, nunca nem mesmo soube sobre a existência de crianças ali. E por que ela iria correr o risco de roubar algo do clã para entregar a um humano? 

— De quem roubou isso? Me diga seu nome! — Aumentou o tom de voz ao ditar tais coisas, apertando com mais força o castiçal enquanto ia vendo a figura da criança se aproximar de si, lentamente, mantendo seus olhos com uma doçura que não combinava com o vermelho brilhante que carregava em sua íris. 

 — Sou — engoliu em seco apenas teatralmente já que era uma criatura da noite  — Yoon Jeonghan, senhor, — sussurrou, olhando para baixo por alguns segundos antes de voltar a mirar Jeongguk de forma intensa — não roubei o que seguro, apenas achei e sei que deve ser do senhor.

— Por quê? Você não me conhece! Nem ter certeza de quem eu sou! 

— Tem seu nome nela... 

De forma lenta e parecendo querer mostrar sua boa intenção, Jeonghan começou a desembrulhar o lenço, mostrando a pequena chave que estava ali. 

— Viu, tem seu nome bem aqui — apontou cuidadosamente para a parte em que tinha “Jeon Jeongguk” escrito de forma minúscula no objeto. Jeongguk inclinou-se para frente, lendo aquilo e ficando fascinado com o objeto dourado exposto ali. — É seu, não é? 

— O que isso abre?

— Eu não sei senhor, mas deve ser seu — avançou rapidamente, segurando com força a mão de Jeongguk enquanto colocava a chave e o lenço em sua mão. Correu para longe no segundo seguinte, atraindo a atenção desesperada de Jeongguk que tremeu assim que outro trovão iluminou o local, conseguindo ver os últimos segundos em que Jeonghan ficou na biblioteca completamente escura.

Engoliu em seco, querendo correr atrás dele, mas concentrou-se no grande peso que aquela chave parecia fazer em sua mão. De forma desajeitada, colocou o castiçal perto da janela e abriu o lenço, observando a chave perfeitamente dourada outra vez. 

Começou a passar seu polegar por ela delicadamente, arregalando os olhos quando seu nome foi sumindo. A tinta foi retirada de forma absurdamente fácil, mostrando que havia sido escrita por cima de forma relaxada apenas para enganar Jeongguk.

Sentiu-se idiota outra vez.

Fora enganado por uma criança, uma criança vampira, mas ainda assim uma criança. 

Teve uma grande vontade de socar a parede com força, jogar a chave o mais longe que conseguia, mas a semente da dúvida foi plantada com sucesso em sua mente. Mesmo que tenha sido enganado, por quê ser enganado daquele jeito? A criança poderia lhe dizer para ir em algum lugar que outro vampiro iria o matar. Poderia ela mesma o ter matado, mas não. Tudo o que aquela criança fez foi querer lhe entregar uma chave porque afirmou que tinha seu nome escrito nela. 

Mas por que aquilo? Por que ir até ali, fazer aquele teatro, lhe entregar aquela chave e sumir tão repentinamente? 

Outro trovão rasgou o céu enquanto os olhos redondinhos e escuros de Jeongguk continuavam se focando no objeto em sua mão, seu polegar deslizando suavemente pela chave, tentando entender o que ela poderia abrir, o que ela poderia representar. 

Alguém poderia ter enganado a criança para que ela lhe entregasse aquela chave. Alguém poderia querer dizer alguma coisa a Jeongguk e tinha medo de se expor, alguém poderia querer lhe ajudar e não queria ser um alvo dos Kim. 

Jeongguk mordeu o lábio inferior com certa força, pegando o castiçal mais uma vez e optando por caminhar para fora da biblioteca. Enquanto caminhava já tendo alguma coisa para pensar por toda a noite, ou talvez por toda a semana. Deu mais alguns passos e por fim parou, sentindo alguma coisa forte martelar em sua cabeça. 

Outro trovão cortou o céu e Jeongguk engoliu em seco, virando-se para o lado, olhando a vasta escuridão que os corredores das prateleiras proporcionavam. Lá, bem ao fundo, estava a área restrita. A área de arquivos que humano nenhum poderia ler, que ninguém que não fosse do clã principal poderia se aventurar. 

Era um lugar de sumo desejo de Jeongguk para explorar. 

A chave pareceu ficar mais pesada em sua mão. 

Cerrou os olhos, imaginando mil possibilidades do que poderia acontecer, imaginando mil realidades em que o que estava pensando poderia dar errado, certo ou lhe prejudicar ao ponto de causa sua morte. Parecia impossível, e talvez fosse realmente, cem por cento impossível, mas ainda assim Jeongguk correu até às grades da área restrita. 

Parou de frente para o portão de aço, não conseguindo ver com clareza como ele naturalmente fortificado com alguns espinhos de madeira e selado com correntes pesadas e um cadeado do tamanho de seu punho fechado. 

A chave pequena em sua mão não parecia ser capaz de abri-lo, mas a mente desesperada do humano o fez colocar o castiçal no chão, se arrepiar com outro trovão que rasgou o céu e se concentrar em encaixar o objeto no cadeado.

Suas mãos tremiam levemente, mas conseguiu encaixar, fechou os olhos por curtos segundos e prendeu sua respiração, girou. 

O clic foi o melhor som que ouviu naquele dia. 

Jeongguk abriu a boca e olhou chocado para o cadeado aberto sendo iluminado de forma fraca pelas chamas pequenas das duas velas. Puxou lentamente as correntes, e de forma ainda receosa, abriu o portão. 

Realmente abriu a área restrita com aquela chave. 

Chocado demais com tudo aquilo, Jeongguk já imaginava os milhões de conhecimentos que iria adquirir lendo o conteúdo de tudo o que estava ali. Não conseguia ver quase nada e sentia pena por aquilo, queria gravar os milhares de detalhes que aquele lugar poderia ter. 

Avançou dois tímidos passos assim que pegou o castiçal do chão e concentrou-se ali, ficando completamente desligado para a figura de Heechul atrás de si, oculto nas sombras e apenas sendo revelado quando outro trovão ecoou e a biblioteca se iluminou por menos de um segundo. 

O líder do clã principal cerrou seus olhos vendo Jeongguk entrar cada vez mais dentro da área proibida. 


Notas Finais


Se você chegou até aqui, muito obrigada <333
Gente, quero pedir um favor, deem rt nesse tt por favor, me ajudem a divulgar a fic lá também, obrigada <3
https://twitter.com/Kurara1402/status/1154441523582386176?s=20

Qualquer comentário é muito bem vindo, isso me estimula MUITO a continuar a fic e me deixa sempre boba de amores <3


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