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História Scare - Shawn Mendes - Ala B.


Escrita por: hummelbeatriz

Capítulo 25 - Ala B.


Entrei em choque. Eu sabia exatamente o que significava aquilo: Sr. Hessen estava se vingando. Ele avisou que ninguém o ameaçava, mas eu não levei a sério. Como não desconfiei de nada? Foi muito fácil conseguir a liberdade da Liz, claro que o preço seria alto.

Liz se aproximou de mim e tocou em meu ombro.

— Ele levou minha irmã! – gritei enquanto caía no chão, chorando – Aquele maldito levou minha irmã! Ele sabia que eu não suportaria saber que ela está naquele lugar...

— Vai ficar tudo bem. – disse Liz com uma voz doce, tocando de leve meu ombro.

— Não, não vai! – explodi, empurrando-a com força - Ele avisou que haveria consequências para qualquer ato meu, e isso serve pra deixar bem claro que ele não estava brincando.

— Desculpa, tudo isso é culpa minha... – sussurrou a loira, se arrastando em direção ao sofá.

— Claro que é! Se eu não tivesse ido lá te buscar nada disso teria acontecido e minha irmã estaria em casa agora!

A essa altura eu gritava muito, mas, por um instante, percebi o que eu havia falado e como ela reagira a isso. Liz me olhava com um olhar muito diferente daquele que eu conhecia. Não havia mais superioridade ou raiva naquele olhar, apenas dor e muito medo. Ela se encolheu ao lado do sofá e começou a chorar silenciosamente, abraçando o corpo como se tentasse esconder cada pedacinho seu para que nada a atingisse.

— Liz...

Tentei me aproximar, mas a cada centímetro que eu avançava ela recuava ainda mais. Ela estava com medo de mim e parecia que, quanto mais perto eu estava, mais dor ela sentia.

— Desculpa. – falei sem coragem de olhar pra ela – Você não tem culpa de nada, eu fui te buscar porque eu quis, porque eu precisava de você aqui. Mas não consigo imaginar minha irmã sofrendo as mesmas coisas que nós sofremos naquele lugar.

Senti a garota esticando o braço e encostando a ponta dos dedos em meu braço. Não ousei retribuir o gesto, talvez ela se assustasse e recuasse. Mas aquele toque tão sutil teve um impacto gigante no amor que crescia dentro de mim e, mesmo que breve, era como se ele me acalmasse e me desse forçar para continuar.

Ouvi o barulho da caixa de correio e algo me disse para que eu fosse até lá buscar a correspondência. Levantei com esforço, secando o rosto, e fui em direção ao portão. Abri a porta da caixa e vi que havia um único envelope. Peguei-o e trouxe para dentro de casa, analisando quem poderia ter enviado.

Não havia nada escrito no envelope, nem emitente nem destinatário, era apenas um envelope branco bem simples. Abri uma das pontas e retirei o pequeno bilhete dobrado ao meio. Nele estava escrito apenas: “Saudações da Ala B.”

Ala B? O que isso quer dizer? Espera, Ala B? Minha irmã está na Ala B?

Um desespero tomou conta de mim e eu senti meu coração acelerar como há muito não sentia. Minha respiração ficou ofegante e comecei a me sentir fraco e enjoado. A sala começou a girar e eu só conseguia ver escuridão, até que enfim perdi os sentidos.

.

— Shawn?

Senti uma mão tocando de leve meus cabelos.

— Shawn, acorda, por favor...

Abri os olhos devagar, ainda sentindo tudo girar. Olhei para a loira que estava ajoelhada ao meu lado e esqueci por um momento o que havia acontecido. Observei cada detalhe de seu rosto, a intensidade das suas olheiras, a sobrancelha por fazer, mas isso não diminuía em nada sua beleza. Eu poderia ficar horas olhando para ela e admirando cada pedacinho de seu rosto, mas ela se levantou de imediato e, assim que eu sentei, percebi que o bilhete ainda estava na minha mão.

Então, lembrei-me de tudo que havia acontecido naquela manhã. Peguei meu telefone e liguei para Cameron, que chegou à minha casa em menos de 20 minutos.

— O que é Ala B? – perguntou meu amigo.

— Eu não sei direito, mas é uma ala proibida no reformatório. Dizem que é bem pior do que a que eu e Liz ficávamos.

— Eu estava na Ala B... – sussurrou Liz.

Aquelas palavras foram como um soco no estômago. Olhei estupefato para a garota e percebi que a simples menção da Ala B causava nela dores que eu nem conseguia imaginar.

— Liz, você foi pra Ala B quando eu saí? – questionei com cuidado.

Ela fez que sim com a cabeça e segurou para não chorar, sem efeito.

— E o que acontece lá? – perguntei receoso.

Ela se levantou e virou de costas para mim e para Cameron e levantou a camiseta na altura da nuca, deixando suas costas nuas. Entrei em choque quando percebi que suas costas estavam em carne viva, com várias fissuras profundas e muitos hematomas e queimaduras.

— Ele te batia com chicote?

— Os 15 primeiros golpes eram com chicote molhado, os demais eram com barras de ferro em brasa. – disse Liz envergonhada.

— É isso que acontece na Ala B? – sentia meu rosto queimando e a raiva aumentando cada vez mais.

— Umas das coisas.

— Liz, você precisa contar pra gente tudo que acontecia lá. – pediu Cameron – Isso não pode continuar. Posso fotografar suas costas?

Ela fez que sim e levantou novamente a camiseta para que Cameron registrasse o estado em que as costas de Liz estavam. Corri até o armário de primeiros socorros e peguei gazes, remédios e água para cuidar dos ferimentos.

— Liz, nós precisamos cuidar dessas feridas para que não infeccionem. Pode ser que doa um pouco, mas eu prometo que vou cuidar delas até que sarem completamente.

Ela me olhava desconfiada, como se estivesse em dúvida se realmente aquelas coisas iam fazer a dor melhorar.

— Por favor, confia em mim. Eu jamais machucaria você, Liz. – falei olhando-a nos olhos.

A garota fez que sim, sentando-se em um dos bancos da cozinha. Cada vez que eu encostava a gaze úmida ela gemia, se contorcendo de dor. Eu podia imaginar o que ela estava sentindo, e se eu pudesse tomaria a dor dela pra mim, pra que ela não precisasse passar por aquilo. Enquanto eu cuidava dela minha mente ia até Aaliyah: será que ela estava passando por tudo que Liz passou?

Eu precisava fazer algo para resgatar minha irmã o mais rápido possível, mas agora eu sabia do que o Sr. Hessen era capaz e eu não podia arriscar mais. Olhei para Cameron suplicando que ele tivesse alguma solução, mas ele estava imóvel junto à janela, observando a casa ao lado.



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