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História Scars - Capítulo 2


Escrita por: MissDramaQueen

Notas do Autor


Oi Oi Oi ! Então... Eu nem sie o que dizer! Vocês me alegraram muito nesse começo, obrigada por tantos favoritos e pelos comentários <3 meu coração está aquecido nessa noite de natal. Feliz natal a todos!! Esse é meu presentinho pra vocês ok? E... Já que amanhã é o aniversário do todo poderoso Boss dessa bagaça, teremos uma participaçãozinha do Sr. Jared Leto, o jovem de 44 anos, e no próximo... Prometo que ele aparece mais ok?
Ok, sme mais delongas, ai vai. A apresentação dos personagens aos poucos, se as descrições não forem o suficiente, darei o nome das pessoas que me inspiraram ok?(só de um em específico na verdade, vocês entenderão o porque ;D)
Enjoy!

Capítulo 2 - Capítulo 2


                                             So who’s gonna be

                                     The one that you only need

                                     I gave it all and all you gave

                                           Was sweet misery

Com os oito meses de trabalho incansável e desgastante, Emma percebeu que aquele novo cargo não seria tão fácil quanto havia imaginado. As pessoas em Nova York eram muito mais sérias, apressadas e rudes que em Los Angeles, e ela aprendeu a ser ainda mais defensiva e direta do que já era.

O caso de assédio de um dos investidores espertinhos, unido com a falta de possibilidade de revidar ou denunciar aquilo para que o escândalo não prejudicasse a empresa, quase a deixaram louca, e no mesmo dia ela havia se transferido para a área burocrática e deixado a parte de “lidar com gente” para Abel, o co-diretor e seu amigo desde sua mudança repentina.

Então qual não foi sua surpresa quando o tal investidor rompeu ligações com a empresa e resolveu processá-la, assim como a corporação, por calúnia e difamação? Jared havia quase explodido uma veia quando o problema surgiu, ameaçou seu amigo de anos para que ele retirasse a queixa, e Emma apenas assistia a situação se desenrolar nas videoconferências entre os três.

Até o fatídico dia.

Naquele dia, por volta da hora do almoço, o homem havia dado um passo em falso e acusado Emma de se insinuar para ele.

No mesmo instante Jared perdeu a linha, gritando contra a câmera, mandando uma enxurrada de xingamentos raivosos para o ex-amigo e empresário enquanto defendia a amiga que agora trabalhava na chefia de sua marca. A raiva subiu pela garganta e aqueceu seus olhos azuis injetados, que fuzilavam a imagem do homem frio e sereno sentado ereto na cadeira acolchoada, e intercalavam com o rosto assustado e pálido de sua amiga de anos. Em um impulso para resolver tudo aquilo, ele simplesmente gritou um “então processe!” e fechou o flip do computador, encerrando a conferência da maneira mais brusca possível.

Emma continuou parada, estática enquanto a janela de Skype do Leto se fechava, e a deixava sozinha na conversa com aquele homem nojento.

-Ainda dá tempo Emma, é só...- ela puxou a tela do computador com calma, tentando segurar seu estômago para não desperdiçar o almoço delicioso que havia acabado de ingerir, e respirou fundo, limpando o rosto.

Era a primeira vez que chorava desde o dia em que havia expulsado Caleb de seu apartamento e escutado seus passos arrastados em direção ao elevador.

Desde aquele dia, ela não havia aguentado mais ficar perto da porta enquanto alguém passava. Muito menos conseguia dormir bem... Mas jurava para si mesma que aquele não era o motivo. Não. Não era porque sentia falta do abraço que se lembrava da noite no hotel, ou das mãos suaves acariciando o rosto dela no dia da despedida. Ou da liberdade que ela se dava ao estar ao redor dele. Não. Ela tinha Luke para ajudá-la.

Respirou fundo, voltando a focar o olhar no rosto de seu novo companheiro, que ela insistia em chamar de “amigo”. Ele lhe sorriu de seu jeito meigo e arrumou os óculos com cuidado, piscando os olhos castanhos de maneira despreocupada e depois estendendo a mão para acariciar a bochecha dela.

-Você estava longe- ele sussurrou baixinho, a fazendo sorrir tristemente.

-Me desculpe eu só...

-Não se desculpe Emma. Tem o direito de estar nervosa... Eu estou nervoso por você- ele sorriu meio de lado, demonstrando sua tristeza também, e ela fechou os olhos, deixando que ele a beijasse. Mesmo que não gostasse de demonstrar afeto em público, ele gostava quando ela lhe permitia chegar mais perto e senti-la contra si.

Os lábios se encaixavam com uma naturalidade alarmante, e Emma deixou que sua língua tocasse o lábio inferior dele de leve, que o abriu imediatamente, deslizando a mão pelos cabelos macios dela, a puxando para mais próximo ao ouvi-la suspirar cansada. Interrompeu o beijo e a permitiu encostar a cabeça em seu peito.

A mão, que envolvia seus fios morenos, se enrolou mais a eles, proporcionando carinho e conforto enquanto o homem observava o movimento de pessoas entrando e saindo pelo corredor onde eles esperavam serem chamados. Ao longe, na curva ao fundo, via Abel conversando com Jared, ambos nervosos e se mexendo muito, apostaria seu braço que ainda estavam na mesma conversa que debatiam como iriam matar o homem que havia tocado Emma e ainda tinha a cara de pau de dizer que ela o havia acusado falsamente.

Luke grunhiu irritado quando viu o empresário entrar de cabeça erguida, sorriso presunçoso e uma escolta de quatro advogados ao redor de si, andando confiante pelo corredor em direção à porta da sala de audiências. Acenou de longe para Jared, que parou imediatamente de falar e o fuzilou com os olhos.

O Leto se inclinou para fora da porta onde estava parado e puxou o braço de alguém lá, chamando a atenção da pessoa, e Luke apenas observou quando o moreno alto de terno claro e cabelo longo observava o lado que Jared apontava, tendo a mão de Abel lhe segurando pelo cotovelo quando este pareceu tentado a se lançar na direção do homem que ria despreocupado.

O moreno sentiu o sangue ferver com a expressão vitoriosa dos advogados ao redor de Brandon Carter, que parecia se divertir com o circo armado por sua causa.

Emma pareceu perceber a mudança de postura de Luke, pois levantou a cabeça e olhou para a mesma direção que ele. Ela fechou a expressão ao ver Brandon a olhando com um sorriso travesso, se aproximando mais do homem ao seu lado; porém logo depois disso sentiu um arrepio lhe atingir e atravessar sua espinha, a fazendo sentir uma sensação ruim. Uum olhar queimando suas costas a obrigou a olhar para o outro lado do corredor, onde encontrou os olhos tão completamente escuros e líquidos que a faziam sentir um nó na garganta.

Caleb se remexeu incomodado e encarou o braço forte que rodeava a mulher que ele desejava. Emma percebeu e pareceu se mover como se tivesse levado um choque elétrico, se ajeitou e, mesmo tendo saído dos braços do moreno de cabelos encaracolados, pareceu se inclinar em sua direção procurando apoio, que o homem deu com calma e naturalidade.

Caleb sentia a pele pinicar e as mãos tremerem ao vê-la com aquele homem, e quando questionou Jared sobre aquilo e nem mesmo o amigo soube lhe informar quem era, ele ficou ainda mais enraivecido. Abel tentou amenizar, dizendo que não era nada sério, mas Caleb achava difícil acreditar naquilo vendo o modo como ela se escondia dele entre os braços do outro. Ele bufou, grunhindo alto que já deveriam entrar na sala.

Os três homens se moveram, o tecido dos ternos bem cortados se movendo e o risca de giz de Caleb o fazendo se destacar, as pernas grossas eram bem escondidas pelas calças sociais, e a gravata azul clara fazia seus olhos escuros parecerem ainda mais sombrios. Olhou para trás, com a intenção de vislumbrar a mulher com quem vinha sonhando há meses, e a viu falando rapidamente com o moreno baixo, parecendo nervosa, parte do corpo de Jared tampando o que acontecia ali.

Caleb voltou a olhar pra frente somente quando Abel o chamou, lhe passando a pasta de planejamento para a defesa do caso antes de ultrapassarem a porta da sala. O homem lhe explicava meio rapidamente o que achava que poderia acontecer, quais eram os possíveis argumentos do empresário, e lhe afirmando que não recuariam enquanto o senhor, que estava sentado já em seu lugar conversando com os advogados, não retirasse a queixa contra Emma.

O moreno não tinha medo nenhum daquilo, faziam anos que não entrava em um tribunal para fazer uma defesa, mas não tinha dúvidas que conseguiria desmentir aquela palhaçada toda. Travou o maxilar, sentindo o ódio lhe subir pelas veias ao se lembrar do relato de Abel sobre como Emma havia sido assediada.

Ele agradecia a todas as divindades da terra que o homem não havia chegado a tentar as vias de fato, pois se houvesse tocado o corpo que lhe pertencia, ele sabia que não sairia daquele tribunal de outro jeito senão preso por agressão.

Sorriu o mais leve possível quando o amigo lhe estendeu a mão e desejou boa sorte, se encaminhando para fora da sala, e quando Abel passou por ele, apertando seu ombro em apoio, e foi em direção à porta também, Caleb acompanhou seus movimentos, vislumbrando a contragosto quando Emma parou à porta, com uma postura incerta, e recebeu um beijo no pescoço do homem que a acompanhava, meio desajeitado, acompanhado de um aperto na cintura que a incentivava a continuar andando, e ela retribuiu com um beijo rápido na bochecha dele logo antes de se virar e caminhar sala a dentro.

Ela andou rápido quando sentiu todos os olhares sobre si e ouviu a juíza pedir que ela tomasse seu devido lugar. Tinha plena consciência de que estava em uma situação extremamente aterrorizante, como se não bastasse o descarado do ex-investidor, que ela tinha certeza que estava secando deliberadamente suas pernas que mal apareciam sob a saia lápis cinza, ainda tinha que lidar com suas pernas extremamente moles e tremendo por conta do olhar duro e fixo do homem à sua frente, sentado na cadeira ao lado da qual ela mesma deveria sentar, as mãos grandes pousadas sobre o tampo de madeira escura a faziam vacilar com as lembranças, e a roupa tão refinada e bem cortada que ele vestia a fazia querer dar meia volta e sair correndo dali por medo de si mesma.

Não confiava em seu autocontrole quando estava ao redor daquele homem, e por isso mesmo havia ficado extremamente satisfeita quando chegou à Nova York e não encontrou ninguém com um olhar tão intenso ou uma presença tão forte quanto a dele. Naquela cidade ela era dona de si mesma, mas quando ele invadiu seu espaço naquele tribunal, sua pose autoconfiante havia ido pro espaço, e agora o rosto dela expressava claramente sua confusão e nervosismo por todos os problemas terem se juntado e a desestabilizado tão rapidamente.

Caleb ficou incomodado com o estado visivelmente bagunçado que Emma exibia. Se moveu puxando a cadeira ao seu lado para que ela se sentasse e esperou que ela se acomodasse para depois sentar na sua própria cadeira novamente e mexeu nos papéis enquanto a juíza dava início.

-Está tudo bem?- ouvir aquela voz grossa depois de tanto tempo a fez se arrepiar, seu emocional caiu mais um nível, a deixando a beira de um colapso e ela, em resposta, apenas abaixou os olhos e assentiu- Emma, olhe para mim- ele exigiu e ela apenas balançou a cabeça, levantando o olhar para o lado, tentando entender o que a juíza falava, ignorando a carranca nervosa que o moreno fazia em sua visão periférica.

O julgamento avançou em um ritmo lento, se arrastando por toda a tarde. A discussão se tornava cada vez mais cansativa e maçante, com o empresário aumentando cada vez mais as mentiras em suas acusações para que pudesse ganhar a causa, até que chegou a um limite onde Caleb não suportava mais ouvir calado todas as acusações absurdas que ele tinha plena certeza que eram infundadas só de olhar para a expressão torturada e ressentida da mulher à sua esquerda. Ele se conteve, decidindo desviar levemente do planejado e usufruir de todo o circo que o empresário havia montado. Já que ele queria levar aquilo até os últimos níveis da provocação e se afundar cada vez mais em um mar de mentiras, o advogado iria fazê-lo cair em contradição.

Levantou a voz alguns tons, sentindo todos o observando enquanto começava a rebater uma acusação especialmente infantil, feliz em não ter perdido a mão em sua maneira controlada e dominante de ser. Se inclinou sobre a mesa, o olhando com todo o desprezo que possuía dentro de si antes de se virar em direção a juíza e continuar a discursar longamente.

Sua defesa foi contundente e a juíza parecia estar se deixando convencer, Emma parecia menos nervosa quando se remexeu na cadeira e cruzou as pernas, os dedos se enrolando nervosamente na barra da saia. A juíza pareceu se impressionar com o quão completamente diferente a história relatada por Caleb era da contada pelo ex-investidor em seu depoimento depois.

Caleb conseguiu captar várias inconsistências quando os advogados de Brandon respondiam às suas perguntas. As mentiras mal contadas foram aumentadas, os detalhes absurdos foram expostos, até que o loiro que antes pareciam tão confiante, resolveu tentar se golpe de misericórdia.

-Ela queria dormir comigo a qualquer preço, chegou a me chantagear com o novo contrato de divisão de lucros- disse Brandon, e Caleb, que estava nesse momento falando com a juíza, ficou estático com a acusação gravíssima ao mesmo tempo em que ouviu o barulho da respiração da morena sendo forçada para dentro.

O movimento fraco de cabeça o permitiu ver os olhos dela se enchendo de lágrimas em tempo recorde, e ele sentiu a raiva aumentando a níveis alarmantes.

-Bom senhor Carter... Acho engraçado isso...- o moreno se curvou até alcançar sua pasta, puxando uma folha estrategicamente colocada ali para casos como esse- Pois antes de mim a empresa não possuía um advogado ou uma firma legalizando seus documentos. Era tudo lançado pelo mesmo pacote burocrático da banda à que ela serve- ele se manteve calmo enquanto explicava com calma, levantando devagar os olhos. Percebeu pelo cantinho do olho que Emma tentava se manter, segurando as lágrimas e apertando com força a barra da saia, a essa altura já completamente amassada. O moreno segurou na mão dela por alguns segundos, pouco tempo, mas o suficiente para que ela respirasse fundo e entendesse que ele estaria ali por ela- Isso significa que em minhas mãos, estão todos os registros oficiais de reajustes de lucros, aprovados ou não, nos últimos 8 anos- e Caleb virou a folha, mostrando o papel timbrado do cartório, com o cabeçalho devidamente preenchido pela empresa, com nomes, e um índice- Exatamente, senhora meritíssima. Nenhuma proposta semelhante a essa foi feita, nunca. E para, como o senhor mesmo diz, poder te “chantagear com o NOVO contrato”, a diretoria deveria estar ciente de algo desse tipo...

-Protesto!- gritou o advogado do empresário, beirando o desespero.

-Negado- falou a juíza em um tom frio. O advogado se remexeu incomodado, e Brandon pareceu querer se matar ali mesmo, percebendo a burrada que havia feito.

-Encerro por aqui, meritíssima- disse Caleb antes de se encostar de maneira ereta na cadeira e encarar fixamente os quatro advogados, que pareciam desesperados pensando em algo a se fazer para contornar a situação.

-Acusação?- a juíza chamou o advogado que parecia extremamente irado.

-Peço um recesso, meritíssima, para conversar com meu cliente- ele disse de forma dura, ao que a mulher loira assentiu.

-Recesso de meia hora- o som do burburinho começou assim que o martelo foi batido momentaneamente. Emma se assustou quando levantou o rosto e sentiu uma mão grande agarrando com força seu braço, mas sem brutalidade.

-Você vem comigo- ele exigiu baixinho, e a ajudou a levantar, quando ela abriu a boca e olhou ao redor, em direção à porta do corredor onde o restante os esperava, Caleb sentiu seu sangue ferver- Sem mais Emma. Vamos.

Ele a puxou em direção à porta do corredor, e sem falar nada a nenhum dos três homens que estavam ali parados, continuou a rebocando até chegarem a curva do corredor, a levando em direção aos banheiros e, depois de abrir a porta do masculino e perceber que era feita de apenas uma cabine, conduziu-a para dentro e os trancou lá.

-Se recomponha. Estava quase chorando na frente daquele cretino arrogante- ele disse sério, observando enquanto ela se virava, de costas para ele, e levava as mãos ao rosto, a respiração superficial- Emma...

-Cale a boca- ela disse alguns tons mais alto que de costume, assustando o homem que estava prestes a tocar seu ombro- Shut your fucking mouth- seu tom mostrava que estava com raiva antes mesmo de se virar. Os olhos marejados o assustaram, mas foi a expressão raivosa que o desconcertou e fez apoiar a mão na parede, como se o mundo saísse de seu eixo- Você não tem o direito de depois de tanto tempo vir até mim, agir desse seu jeito ridículo e achar que eu vou aceitar, Hanson. Eu não sou, e nunca serei, a mulher que aceita o que você diz sem questionar.

-Será que pode dar um tempo?- ele grunhiu, se endireitando, os ombros tão tensos que era visível o seu nervosismo- Eu estou aqui pra te ajudar...

-Como se eu fosse acreditar- ela riu amarga- Você veio aqui pra atormentar a minha vida...

-Quem me deixou foi você- ele respondeu raivoso.

-E mesmo assim você voltou- ela atacou, se arrependendo assim que as palavras saíram de sua boca. O cenho franzido e o brilho magoado nos olhos escuros faziam a mão dela queimar para tocá-lo. Seu peito parecia se comprimir como uma embalagem a vácuo ao ver o quanto ela o magoava ao tentar se proteger, e aquilo somente a fez querer chorar ainda mais.

-Pois é... Foi um erro- ele soltou baixinho e desviou o olhar do rosto choroso, se sentindo a pior espécie de ser humano quando se virou e decidiu sair daquele espaço tão pequeno que parecia querer sufocá-lo.

Qual não foi a surpresa dele, enquanto sua mente divagava no que poderia ter feito para magoá-la tanto, quando a mão dela o puxou com força, fazendo o corpo grande se virar e absorver o impacto dela ao se jogar nos braços dele.

Emma o abraçava como se daquela forma eles pudessem formar um só, se fundindo de qualquer forma possível, e o cheiro conhecido a envolveu, fazendo seu corpo tremer ao perceber que aquilo não havia mudado.

-Não pode ficar- ela disse, fazendo referência às entrelinhas da audiência há pouco, onde ela entendeu que ele seria o novo advogado que havia requisitado a Jared. Nunca lhe passara pela cabeça que o amigo faria isso, mas agora, tudo fazia até que um grande sentido na cabeça dela.

- Você parece uma bagunça, gatinha...- ele ignorou o comentário dela, a mão grande passando pelas costas diminutas, provocando um arrepio de fora a fora na espinha dela.

-Tem que ir embora- ela reforçou e se afastou devagar, sentindo a relutância dele em soltá-la.

-O que houve Emma? O que aconteceu com nós?- ele esticou a mão para tocar a ponta dos dedos na bochecha dela, e a mulher sentiu as pernas vacilarem com a expressão de dor no rosto dele ao empurrar sua mão antes de tocá-la.

- Eu não sou o que você espera, não posso dar o que você quer...

-De novo não Emma- ele se enraiveceu.

-Eu tenho alguém agora- ela replicou, mais tentando convencer a si mesma, como sempre era quando eles estavam frente a frente.

-Quem? O moreninho com cara de bobinho? Ah Emma...- sua expressão de incredulidade a fez ficar incomodada e até mesmo irritada

-Luke me ajudou muito. E eu o respeito- ela respondeu firme, o encarando sem vacilar.

-Nem mesmo Jared sabia desse seu namorico. E Abel disse que não é um namoro, não é o bastante para me afastar Emma...- ele fazia movimentos nervosos com a mão antes de ela o interromper, não mais aguentando ouvir como ele derrubava barreira por barreira de sua resistência.

-Tem que voltar, não pode ficar- ela voltou a insistir.

-Meu emprego já está acertado, meu apartamento já está comprado, a Leather está sendo administrada por pessoas de confiança e eu me afastei do cargo de Controlador... Agora, depois de todos esses meses me martirizando querendo saber o que eu havia feito para te afastar de mim, depois de chegar aqui e dar de cara com você enrolada nos braços de outro, eu entendo que o problema não é comigo... E eu não vou recuar dessa vez enquanto você solta mentiras que nem eu, muito menos você acredita... É você quem não quer aceitar Emma. E não adianta negar, pois eu reconheço o brilho que você tinha nos olhos quando estava comigo... Do que tem medo Emma?

-Eu não vou me abrir com você em um banheiro público Caleb- ela bufou irada, e ele revirou os olhos, observando ao redor sem nem ligar muito para o local onde tinha se enfiado.

-Então vamos jantar, conheço muito de Nova York e sabe que eu ainda estou disposto a ter aquela conversa de 8 meses atrás...

-Jantar para que?- ela o cortou, cruzando os braços na esperança de se conter diante do arrepio que subiu por sua espinha só de pensar em sair com aquele homem para jantar. Tentava não ficar a fantasiar como seria sair com ele, conversar mais do que as simples palavras que trocaram enquanto transavam, tentando enterrar a curiosidade que tinha no fundo de seu ser, trancá-la lá com a raiva que se obrigava a sentir- Só para poder me comer em paz depois?-ela atacou e o viu dar um passo para trás em surpresa- Não posso.

-Você faz um péssimo juízo de mim, menina. Assim como todo o resto do mundo- ele fez uma careta de desaprovação, como se esperasse mais dela, e Emma sentiu seu peito arder para dizer em voz alta o quão em alta conta o levava, o quão admirava sua proteção e lealdade com os amigos, e o quanto a assustava a forma estranha que ela tinha de querê-lo ao seu lado, mas toda aquela ânsia faria mal aos dois, então mordeu o lábio com incerteza, tentando manter a expressão o mais limpa possível para que ele não pudesse lê-la de maneira nenhuma- Sabe? Eu nunca fui de ligar para a opinião dos outros... Mas o seu rechaço me machuca. Como se só de estar ao meu lado todos iriam apontar pra você e te rotular como submissa- ele fez um muxoxo, abaixando o olhar para o chão e andando meio nervoso, tentando permanecer um pouco afastado dela- Não que ser uma submissa seja ruim, pois acredito que te libertaria de todas essas correntes que te prendem. Você não se aceita Emma, tem certas coisas...- ele suspirou fundo, abanando a cabeça para se livrar das lembranças daquela noite há tanto tempo- Isso te faz mal, não me aceita perto porque te faço lembrar de como se sente quando permite que outra pessoa te domine, te submeta da forma mais pura...

-Isso não tem nada de puro- ela fechou os olhos, se lembrando dos instrumentos que pra ela lembravam a tortura, expostos como prêmios ou decoração nas paredes daquele clube, sentindo os pelos se arrepiarem ao lembrar do dia em que havia conhecido Caleb de fato, quando Jared fora acertar seu acordo com Sage...

-Se engana- ele rebateu, o cenho franzido em incredulidade- Você não é tão careta a ponto de não saber que há muito mais do que dor no mundo em que vivo.

-Exato. Você o vive. Não eu, não quero- ela respondeu, sentindo um nó na garganta enquanto sua mente se rebelava em decidir se as imagens provocadas por aquela conversação a faziam se sentir quente, imaginando como Caleb a conduziria, ou se a fazia se sentir mal, se lembrando de sua mãe. Era um passado que não queria relembrar- Por favor Caleb, isso não tem nada a ver com você...

-O que é Emma?- ele se aproximou um passo, ainda deixando o espaço pessoal dela intacto, mas se fazendo presente, ignorando as palavras dela, e ela o odiou. Odiou como podia ver através dela, e como sempre acertava tanto.

-Não vou te contar. Não hoje. Provavelmente nunca. É uma coisa que somente eu devo lidar, e me fez ser quem eu sou hoje. Sou uma mulher independente, que não precisa dessas coisas de grilhões e amarras para sentir prazer...

-Mas gosta- ele interpôs, o rosto sério. Não a estava provocando. Era uma constatação que ela não podia negar, e o moreno sabia perfeitamente disso, ela não se atreveria, seria uma mentira descarada que quebraria um pouco mais a relação dos dois- Emma, eu me lembro o quão formosa e entregue ficou aquele dia, o quão nervosa estava e o quão ansiosa e distante ficou depois. Sabia que algo havia arrebentado dentro de você, mas esperava que deixasse eu me aproximar para lhe ajudar... Quando saiu por aquela porta, minha vontade era ir atrás de você e trazê-la de volta para meu colo. Mas não o fiz... Sabe por que Emma?- ele puxou o queixo dela para cima, obrigando-a a olhá-lo enquanto observava fundo em seus olhos- Porque acredito fielmente que me pertence. Ao menos por alguns minutos naquela noite, me pertenceu. Duvido que seu namoradinho possa lhe oferecer tal entrega, e tão pouco vai poder te ajudar a se entender depois dessa ruptura. Eu respeitei-a aquele dia pois reconheço sua individualidade, sua independência. Não sou como você acha que sou, e sei que o melhor seria esperar uns poucos dias para lhe falar. Mas ai tudo aquilo aconteceu, você não me retornava, e quando fui te ver...

Emma engoliu em seco quando ele soltou seu queixo, seus dedos soltando a pele como se ela o tivesse queimado, os olhos revelavam o quanto seu orgulho havia sido ferido naquela noite, e ela nada podia fazer quanto aquilo. Segurava-se para ficar quieta diante de tudo aquilo...

-Estou aqui. E vou ficar. Cabe a você me deixar entrar ou não; eu não serei insistente, Sage está ai como prova de que minha insistência dá resultados, mas eu estou cansado Emma. Cansado de me impor, vir para Nova York teve sim muito a ver com você, mas ao chegar aqui e ver como estava, percebi que me enganei- ele suspirou fundo, meio irritado, mas parecia esgotado, e ela quis estender a mão e acariciar o cabelo longo, tocar o rosto com a pele lisa e barba recém-feita, mas obviamente não o faria, não tinha esse direito depois de tudo o que disse, e engoliu em seco enquanto o observava encarar seu corpo e subir o olhar até chegar ao seu rosto- Imaginei que tivesse lhe deixado uma marca, mesmo que mínima, mas percebi agora que quem me marcou foi você... Sabe que a desejo, mais do que simplesmente para uma foda como insinuou quando te chamei para jantar, e sabe que não deixarei nenhuma oportunidade em branco, mas não mais vou me humilhar como acabei de fazer nesse banheiro, ou como fiz meses atrás só para que pudesse reforçar essa sua raiva infundada que tem de mim... Eu sou experiente o suficiente para entender esse seu olhar surpreso e assustado, me diz que está com medo do futuro, mas lhe asseguro... Não farei nada que não gosta- ele a olhou fixamente, os olhos escuros queimando contra o bicolor dos dela, e a fez estremecer profundamente, sua alma vibrando em antecipação, antes de ele estender a mão e abrir a porta do sanitário, desviando o olhar- Agora, com sua licença, tenho um cliente a quem prestar contas e lhe dizer que provavelmente ganhamos esse maldito processo- e se foi, fechando a porta com um clique.

Emma se recostou com força na parede à sua esquerda, suspirando fundo e pensando na avalanche de palavras que acabaram de a soterrar. Pensou em como Caleb ficava verborrágico e gostava de saídas triunfais, e seus joelhos ainda tremiam com as promessas em sua voz, com a frieza nas palavras quando disse que havia se humilhado de forma indevida frente a ela, e suas mãos ainda suavam enquanto as palavras ecoavam em seu ouvido.

Ele disse que ela o havia marcado, mas quem era marcada permanentemente era ela, a ferro quente, sua alma se rebelava para arrancar as marcas de sua mente e a deixar livre, para se “aceitar”, como ele mesmo disse, mas a imagem de sua eu mais nova, sofrendo ao conviver com a mãe, a fazia ter ainda mais medo do temperamento forte e dominante do homem que a fazia tremer.


Notas Finais


Epa! Tretas né? Os que já me conhecem sabe onde isso vai dar... Anyway, Luke foi inspirado em... *rufem os tambores* ... Hugh Dancy. Sim, meu amorzinho de Hannibal veio parar aqui, sem me dizer que ele não é o amigo colorido mais perfeito do mundo que dou na cara de vocês ok? Ok. Me digam o que acharam! Amo quando deixam um comentariozinho, nem que seja só um "gostei por isso isso isso". qualquer coisinha. joinha? Bye! See you guys #soon !


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