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História Scars - Capítulo 3


Escrita por: MissDramaQueen

Notas do Autor


Opa! Cheguei mais cedo, eeeeeh! :D Ok não tão bom, porque é uma atualização adiantada, porque no fim de semana eu vou viajar... Aaaah :( Mas pelo menos eu postei né? KKK Amo vocês tá vendo? E obrigada a todos os novos favoritos, os comentários, e tudo o mais... Amo tudo isso, estou escrevendo o máximo que eu posso e talvez adiante algum capítulo semana que vem... Anyway...
Enjoy'

Capítulo 3 - Capítulo 3


I’m the truth that you’re afraid of

I’m a fever that you made up

Just martyr on a bridge that’s burning down

Caleb ganhou o processo, depois da exposição ao ridículo do acusante, mas obviamente a corja de advogados de Brandon tentou um recurso desesperado que iria se arrastar por um tempo. Ele saiu do tribunal cansado, exausto na verdade, não tinha cabeça para nada depois da discussão com Emma. E vê-la daquela forma frágil e confusa quando voltou para ouvir a sentença parcial, o deixou pior ainda.

Sua cabeça parecia se dividir em diversas atitudes possíveis, se espremendo e tentando decidir o que ele deveria fazer em seguida, mas o corpo parecia querer recusar todas as sugestões de seu cérebro e simplesmente se deitar para tentar dormir tudo o que ele não havia dormido desde que chegara a Nova York, ansioso para vê-la. E foi exatamente o que ele fez.

Chegando ao apartamento jogou as chaves do carro em cima da mesa, ouvindo-as cair no chão mas se recusando a andar até lá para pegá-las. Trancou a porta em um giro, chutou os sapatos sociais para um canto, jogou o paletó sobre o sofá, foi momentaneamente até a cozinha pegar um copo d'água, e aproveitou para despejar comida na tigela de aço inox no chão. Estranhou não ouvir barulho algum no apartamento, mas decidiu ignorar, andando pelo corredor até chegar ao quarto, rezando para que nada estivesse sendo estragado pelos dentes afiados quando ouviu o barulho de sua pequena companheira correndo desesperada pelos cômodos, sorrindo quando ela se enroscou em suas pernas.

Se abaixou, passando a mão no longo pelo de sua cachorra, sorrindo quando ela se jogou no chão e rolou para indicar que preferia o carinho na barriga. Achava engraçado como todas as ações do animal pareciam ter uma personalidade tão fofa e infantil; abaixou e coçou sua barriga até que se deitasse toda esticada e ganisse quando ele se levantou e rumou quarto adentro, passando direto pela cama, se obrigando a ir ao banheiro antes de se deixar cair no colchão macio. Tirou a roupa e a deixou em um canto, se enfiando sob o chuveiro, demorando bastante enquanto se limpava, saiu, escovou os dentes, olhou no espelho por um momento antes de ignorar a fome que rugia em seu estômago e ir em direção à cama. Precisava resolver seu problema com o sono, as olheiras profundas já eram plenamente visíveis, e ele agradecia por sua pele meio morena escondê-las um pouco. Assim que se enfiou debaixo do cobertor, ouviu o ganido de reclamação vindo do chão. Apenas colocou um braço pra fora e bateu com a palma da mão no colchão, imediatamente a cadela pulou e aterrissou pesadamente sobre o colchão, ganindo baixinho e se revirando enquanto procurava uma posição confortável para si.

Acordou como se tivessem colocado uma rocha sobre seu peito, a respiração difícil e o corpo ainda mais cansado. Bufou, levantou-se, encaminhou-se para o banheiro e passou a se arrumar no automático, como fazia antes em Los Angeles, sem pensar muito. Acariciou atrás da orelha de Sky enquanto esperava o café ficar pronto, e ouviu o lamento do animal enquanto fechava e trancava a porta do apartamento espaçoso.

O dia seria cheio, tanto ele quanto Emma chegaram a mil na empresa, Caleb sendo escoltado por Abel, apresentado a sua nova sala, bem ao fundo da empresa que ele percebera que tinha poucos funcionários, a área administrativa no segundo andar da pequena edificação que servia como centro de distribuição, sendo que o primeiro andar era quase uma recepção e atendimento ao público, e onde estava percebia que era dividido entre a sua sala, a sala de reuniões que parecia ter sido o único lugar realmente reformado, a sala de Emma, e as subdivisões da diretoria, como a de Marketing, Distribuição e Criação, além da sala de Abel ao lado da sua.

O homem respirou fundo, sentindo os olhos da ruiva, que haviam lhe apresentado como coordenadora geral de distribuição, subir e descer por seu terno, mas foi o arrepio em sua espinha que o fez olhar para o lado e ver Emma saindo de sua sala e correndo em direção a ele e Abel para dizer que poderiam começar a reunião.

Caminharam pelo corredor até a sala ao fim dele, com Caleb tentando se manter compenetrado em sua ligação para Jared, apressando-o enquanto sentia o cheiro da morena ao seu lado bater em seu nariz e provocar um aperto em seu estômago.

Aquilo o fazia se lembrar de tudo, e se tornava difícil manter-se afastado como lhe disse que faria, mas considerando que as mãos dela não paravam de ser limpas contra a calça jeans, ela também deveria estar nervosa por estar ao lado dele. Isso o fez sorrir satisfeito.

Abel não estava ciente de tudo o que acontecia às suas costas, continuando a andar despreocupadamente, parando conforme avançavam e chamando as poucas pessoas que ficavam no caminho para a sala de reuniões. Caleb conteve o sorriso satisfeito quando passaram em frente e a uma das últimas salas e ele viu seu nome escrito na porta. Gostava de ter seu próprio espaço.

A reunião passou dolorosamente devagar. Emma já estava cansada de coordenar tudo, falar sobre o fechamento do mês e o que viria pela frente com os novos projetos de Jared. Assim que ela entrou no assunto, o Leto passou pela porta tranquilamente, e Emma abaixou a cabeça rindo baixinho com a cara que o amigo fazia por conseguir fazer uma entrada triunfal. A equipe toda do The Hive o saudou, e ela o acompanhou com um sorriso de reconhecimento enquanto o via se sentar ao lado de Caleb e se inclinar para dizer algo. Ela imediatamente desviou o olhar, envergonhada de cruzar com os olhos castanho escuros e sentir o típico arrepio que sempre a acometida.

Olhou para frente e seguiu a reunião, se apoiando no rosto sereno e atento de Luke enquanto continuava falando. Quando finalmente acabou sua parte, Abel se levantou, discursou rapidamente e apresentou Caleb para a equipe. A morena viu quando a maioria das mulheres se ajeitaram nas cadeiras, arrumando as blusas e sorrindo levemente, e se sentiu estranha, como se aquilo a irritasse, mas algo dentro de si lhe dizia que não deveria sentir-se assim. Respirou fundo e abaixou o olhar, arrumando os anéis em seus dedos.

A voz grossa de Caleb saudando a todos e fazendo uma rápida apresentação de objetivos, fez Emma ter que fechar os olhos para conter o arrepio que atravessava sua espinha. Quando finalmente todos começaram a deixar a sala, ela se levantou, sorriu de leve na direção de Jared e viu Caleb se mexendo para olhá-la logo antes de ela virar e ir em direção a porta. Suas pernas pareciam tremer conforme caminhava, com plena consciência de que ele ainda tinha os olhos cravados em suas costas. Respirou fundo, sentindo-se mal por gostar daquilo. Durante os oito longos meses que estava ali, havia evitado pensar nos motivos que a fizeram se afastar dele; depois de tudo, eles pareciam fúteis, infantis, amedrontados. Mas era exatamente assim que ela se sentia perto dele. Uma criancinha com medo do que ele poderia fazer, sentia-se com seus 13 e poucos anos, quando observava o que acontecia ao seu redor sem poder fazer nada.

Balançou a cabeça, dispersando os pensamentos pesados assim que colocou os pés para fora da sala. Ficou surpresa ao dar de cara com Luke encostado na parede, a esperando. Ele sorriu fraco, claramente percebendo seu estado de espirito enegrecido, e estendeu a mão, oferecendo ajuda a ela. Emma abanou a cabeça e olhou ao redor, vendo que estavam sozinhos no corredor.

-Venha até minha sala daqui alguns minutos, por favor?- ela pediu, deixando claro que não tinha nada a ver com eles dois quando deu um passo para trás e Luke, como sempre, não esboçou nenhuma reação que não a compreensão.

Ele assentiu, confirmando, e assistiu ela se virar e andar de maneira tensa pelo corredor até sua sala. Poucos segundos depois os três homens que ainda estavam dentro da sala de reuniões começaram a sair e ele se apressou para pegar seus relatórios e gráficos, e ir encontrar Emma.

Disse baixinho a Cotton, seu companheiro de sala, que logo estaria de volta, arrumou os óculos no lugar, bagunçou os cachos escuros em sua cabeça e caminhou rápido, de cabeça baixa, até parar de frente à porta da morena e bater com firmeza. Esperou por alguns segundos a resposta, e quando ela não veio, bateu novamente, ouvindo um resmungo, então decidiu entrar.

Andou a passos largos pela sala de tamanho médio, até chegar a mesa e olhar fundo nos olhos com dicromia. Observou o quão assustados eles se pareciam, e se sentiu machucado, desesperado por fazer alguma coisa.

-O que aconteceu?- ele disse baixinho e ela apenas balançou a cabeça. Ele repetiu o gesto de poucos minutos atrás, estendendo a mão para ela, que desta vez aceitou a oferta e se aproximou, levantando devagar da cadeira e se deixando envolver pelos braços quentes. Enfiou o rosto na curva do pescoço dele, sentindo os cabelos encaracolados fazerem cócegas em seu rosto e o peito se aquecer em reconhecimento quando respirou fundo.

Deixou-se ser levada quando ele a puxou para trás, se sentando na poltrona e a puxando para seu colo. Emma esboçou um sorriso triste quando ele a acolheu e ela só sentiu aquele calor morno que sempre tomava conta, aquele reconhecimento que só podia significar que ela confiava demais naquele homem para ele ser algo mais que um amigo, e se entristeceu ainda mais por olhar fundo nos olhos castanhos, e reconhecer o pensamento que tinha a alguns dias, de que aquilo poderia dar certo, mas que agora havia sido esmagado assim que o novo advogado da empresa havia chegado.. Caleb havia voltado a se impor em sua vida, lhe mostrando o quanto suas estruturas poderiam ser abaladas.

Se mexeu, puxando os ombros pra longe dos braços dele, tentando levantar um pouco o queixo para conseguir olhar para o rosto que parecia preocupado.

-Me beije- ela pediu.

-O que você tem Emma?- ele disse baixinho. Com os meses de amizade e as horas de intimidade que tinham, Luke julgava saber ao menos o mínimo dela para poder afirmar que algo havia mudado, e podia apostar que tinha a ver com o homem com cara de bravo e bufos ocasionais que tinha rondado a empresa, mas não iria pressioná-la... Não tinham nada sério para que pudesse cobrar a tão desejada explicação e segurá-la.

-Só... Me beije Luke- ela pediu mais uma vez e ele suspirou, resignado com o silêncio típico dela.

Se inclinou e beijou os lábios macios da mulher que lhe faziam tão bem, mas que desde o começo demonstrava que iria lhe escapar pelos dedos. Não precisava ser um gênio para entender que ela tinha deixado alguém em LA, alguém que a fez sofrer, e Luke tinha raiva, sempre quis por as mãos nesse homem que tinha a capacidade de tentar machucar uma mulher tão doce como Emma, que apesar das cicatrizes da vida se mantinha receptiva ao contato amigável.

Demorou quase dois meses para que ela cedesse; depois de muitas piadinhas bestas e convites para sair ela, por fim, concordou em dar o que ele tanto queria, mas deixou claro que não passaria daquilo. Na época Luke achou justo, dois adultos se envolvendo sexualmente sem nenhum cunho amoroso, mas a natureza gentil e as arestas ríspidas que apareciam naquela personalidade tão diferente, não batiam, ela parecia se transformar, colocar uma máscara, e ele gostava das duas Emmas, mas queria tirar o melhor dela...

Impossível.

Nada feito.

Ao que tudo indicava, o cara que ele mais odiava sem nem sequer saber o nome, tinha chegado na cidade para reclamar seu posto, e tudo o que ele podia fazer era esperar para confirmar e ver se valeria a pena ou não lutar. Por ela, tudo valeria a pena, mas não sabia se queria fazê-la passar por isso...

Ficou irritado com isso, com a posição passiva que tomava mais uma vez em sua vida, e com esse pensamento caindo como uma moeda no chão, ele se deu conta e passou a beijá-la com mais força, e seu peito quase rugiu quando ela hesitou, mas logo o correspondeu.

A mulher enfiou os dedos entre os cachos castanhos e macios, e o puxou para perto, o fazendo gemer bem na hora em que a porta do escritório se abria de supetão. Ela sentiu... Nada. Nada além da irritação de ser interrompida em sua busca por alguma coisa a mais.

Deslizou sua língua de volta, fechou os lábios calmamente e os separou de Luke, recolhendo as mãos e se separando com um barulho. Seus olhos confusos focaram primeiro os pés em um sapato social muito bem engraxado, depois a calça bem cortada envolvendo as pernas torneadas, a cintura tipicamente masculina, tórax, até encontrar o queixo com barba por fazer, a boca fechada em uma linha fina de irritação, o nariz reto, os olhos furiosos, as sobrancelhas juntas, uma mão apertando os fios castanhos e grandes que lhe caíam parcialmente no rosto enquanto a outra apertava com força o batente da porta.

-Não sabe bater?- foi a pergunta irritada que Luke fez sem nem ao menos ver de quem se tratava, e Emma tremeu com o olhar ainda mais raivoso, beirando a intenção de assassinato, que Caleb jogou na direção do homem sob si.

-Eu bati, mas aparentemente você estava ocupada demais, não é Emma?- ele disse baixinho, respondendo a provocação de Luke, mas, mesmo assim, o ignorando completamente.

-A sala é minha- ela respondeu sentindo a garganta se fechar com o olhar dele sobre si. Fechou a cara, tentando sustentar o olhar dele com o máximo de compostura que tinha.

-É contra as regras da empresa- ele rebateu, trincando o maxilar com o comentário dela, dando alguns passos para dentro enquanto olhava fixamente para a mão de Luke na cintura fina.

-Eu sou a Diretora aqui, não é você quem vai me punir- ela respondeu e segurou com mais força o ombro de Luke, que ofegou baixinho e apertou de volta a cintura dela. Caleb bufou alto, se irritando ainda mais e tirando a mão do cabelo para puxá-la pelo braço, tentando ao máximo não machucá-la e segurar sua raiva, mas não suportando vê-la refestelada e tão confortável sobre as pernas daquele outro homem.

-Desça do colo desse homem e se dê ao respeito, está em um local de trabalho!- ele grunhiu raivoso e ela apertou os dentes, irritada. Luke se pôs de pé imediatamente, e viu quando ela perdeu a linha de pensamento diante do insulto dele, sua teoria de segundos atrás se confirmou, e ele não esperou para agir.

-Solte ela ou quem vai ir contra as regras da empresa sou eu- ele disse ameaçador e estendeu a mão, apertando o pulso do moreno que soltou o braço de Emma imediatamente, como se tivesse levado um choque com o contato de Luke.

-Não toque em mim, quem pensa que é?!- Caleb se virou totalmente para o cacheado e a diferença de altura era visível, com Caleb tendo que olhar para baixo para encará-lo, e isso tornando-o ainda mais ameaçador.

-O babaca violento que está fazendo uma cena ridícula, com certeza que não sou- Luke rosnou e Emma pareceu sair de seu transe e se meter na conversa. Suas mãos tremiam com a situação, e não sabia se fora pelo arrepio que atravessara seu corpo quando sentiu a mão quente contra si, ou o medo que lhe sufocou quando ele a puxou com força para cima.

-Você não é ninguém para me dizer o que fazer- ela rebateu e o observou fechar as mãos em punhos e dar um passo para a frente em direção a ela. Emma queria ver o que ele faria, queria ver até que ponto ele chegaria. Ela rezava para que ele não se rebaixasse ao nível de raiva extrema, não queria acreditar que ele era capaz de uma coisa daquelas, apesar de seu comportamento indicar o contrário... E ele pareceu ter ouvido as preces dela quando se deteve.

Respirou fundo, uma veia pulsando com força em seu pescoço revelava o esforço sobre-humano que ele fazia, então se virou e rapidamente saiu batendo a porta com força.

Ao andar pelo corredor em direção a sua sala, Caleb não pode ver a feição aliviada e insegura da morena que tanto desejava, não pode ouvir os agradecimentos internos dela porque ele não comprovara o tipo de possessividade que ela tanto temia, também não pode arrastá-la para os seus braços e levá-la para longe, como era a sua vontade.

Sua sala parecia ser o único local seguro naquele momento, a respiração superficial e rápida quase o fazia pensar que teria um ataque cardíaco a qualquer momento, as mãos tremiam, e ele não sabia se de raiva ou de necessidade de pegá-la pelo braço, afastá-la dali e socar o rosto bonzinho e sonso do homem que a fez gemer baixinho quando entrara na sala.

Era difícil admitir que algum outro homem teria a oportunidade de tocá-la como ele próprio a tocara, quase torturante imaginá-la se entregando a alguém, e se segurava para não deixar seu pensamento ir ainda mais além e assim levá-lo a loucura.

Se obrigou a sentar-se na cadeira, os cotovelos apoiados nos braços altos permitiam que ele enfiasse os dedos nervosos entre seus cabelos, e foi nessa posição, com a cabeça baixa, que ele ouviu a porta ser aberta despreocupadamente, e a voz de Jared brincando com Abel antes de os dois pararem, Jared se despedir e fechar a porta rápido.

-Achei que estaria na sala de Emma, então ia esperar aqui até poder falar com ela...- ele disse cauteloso e caminhou em direção ao amigo que parecia transtornado.

-Vai lá na sala dela, e aproveite o show obsceno que ela está dando a qualquer um que queira ver- Caleb respondeu com o maxilar trincado, levantando a cabeça para encontrar a expressão confusa do amigo- Eu fui até lá e a peguei sentada no colo daquele babaca, se beijando como se não houvesse amanhã.

-Ah Caleb, você devia ter dado espaço...

-Espaço?! Pro inferno com a porra de espaço! Eu venho pra essa cidade pra reencontrá-la, com tudo organizado, achando que eu finalmente teria minha chance de conquistá-la, e quanto eu chego tem a porra de um cretino baixinho no meu lugar! Ela tem um caso, porra Jared!- Caleb se levanta de supetão, batendo a perna na mesa de madeira, mas nem ao menos esboçando reação, apenas se reequilibrando e olhando para os pés enquanto andava de um lado para outro.

-Ah Caleb... Você realmente não entende nada sobre a Ludbrook não é mesmo?- Jared disse, abanando a cabeça em descrença com um sorriso triste no rosto- Como é que pode, você consegue lidar com a fúria raivosa e autodestrutiva da Sage, e eu demorei quase seis meses para entendê-la; mas você... Teve oito meses para analisar as maluquices dessa morena, e ainda assim não sacou a dela?

-Ah, então demonstre essa sua grande sabedoria, óh bonzão guru- Caleb respondeu irritado com o tom de descrença do amigo, e Jared soltou uma risadinha com a provocação infantil.

-Caleb, quando Sage se sente ameaçada, o que ela faz?

-Bate em você- ele respondeu deixando finalmente um sorrisinho divertido afetar seus lábios, ouvindo o bufo irritado do Leto.

-Além disso, você se prende muito aos detalhes- ele fez um gesto de desdem com os dedos.

-Ela se fecha- Caleb respondeu, voltando a ficar sério.

-Exato! A Sage tem quase a mesma reação de Emma quanto a isso, mas nossa amiguinha não é tão agressiva. A Emma, meu caro amigo, tem um histórico muito vasto de fugas- Jared andou até o amigo e tocou-lhe o ombro, indicando com o dedo a pequena poltrona a poucos passos dos dois, o moreno caminhou incerto e se sentou cansado, e o Leto se deixou cair na poltrona ao lado- Ela não vai deixar você se aproximar, porque pra ela, toda essa insistência e perseguição parece ser um jogo pra você, e ela não quer ser a trouxa da história, caindo na sua lábia de galã de novela mexicana- o chefe riu quando Caleb lhe deu um soco irritado no ombro, tocou o lugar com um “Ouch!” sussurrado e continuou falando mesmo que o sorriso divertido não deixasse seu rosto- Você tem que demonstrar primeiro que está ali para ela, antes de tentar qualquer coisa. Você, garanhão, foi o primeiro e único homem com quem ela se deitou sem nem ao menos conhecer direito. Eu não sei o que deu nela, e pelo que sei aquele não é seu comportamento normal também, então talvez os dois tenham enlouquecido, mas parece dar certo, e você vai ter que se esforçar um pouco mais do que simplesmente convencê-la a entrar no nosso mundo... Emma tem medo de várias coisas, ela tem marcas tão sutis que não se percebe, mas se mostram quando são pressionadas...

Caleb permaneceu quieto até o fim do pequeno discurso do amigo, pensando, a raiva ainda não havia saído de seu sistema, mas tudo o que Jared dizia, se encaixava tão perfeitamente com tudo o que havia acontecido... Ela só havia se tornado escorregadia a partir de um certo ponto, que ele não entendia, era o tal medo que ele sabia que ela tinha, o que a impedia de admitir o que ele conseguia ver lá no fundo que ela queria estar com ele, mas se negava a aceitar.

-Ok, vou falar com ela...

-Não você não vai- Jared segurou o pulso do moreno quando este se levantou rápido e tentou ir em direção à porta.

-Jared, qual a parte do “ela está se pegando com outro cara e eu não gosto disso” você não entendeu?- o homem quase gritou, virando o rosto irritado para o amigo, que soltou o pulso dele e levantou as mãos como que em rendição.

-Tudo, mas você e essa sua cara de dominador possessivo e durão não vai ajudá-la a decidir nada, pelo contrário, ela vai se esconder ainda mais nos braços daquele cara, que aparentemente é muito amigo dela...

-E tem o caralho de muitos benefícios...- Caleb grunhe alto mas se conforma, sentando-se na poltrona novamente.

-Deixe passar, deixe ela se acostumar com a ideia de ter você aqui. Daqui uns dias você pode ir confrontá-la com esse seu excesso de testosterona e cheiro de sexo.

-Eu não tenho cheiro de sexo.

-Pra mim não, mas tenho certeza que pra ela tem- Jared riu alto quando piscou para o amigo e este fez um muxoxo, parecendo uma criança contrariada.

Alguns dias depois Caleb já não aguentava mais. Ele via a movimentação na sala da morena, e percebia que o tampinha de cabelinhos enrolados era a pessoa que mais frequentava o cômodo. Então, quando chegava em casa, sua imaginação sempre fértil trabalhava, e ele passou a evitar ficar lá. No primeiro dia, ele foi a procura de seu amigo Manuel, dono do maior clube de Nova York, apenas para poder entrar, sentar-se e beber algo. Sentia-se em casa, e Manuel fez questão de que ele fosse tratado por seu pronome de tratamento que carregava em LA, mesmo não sendo o Controlador do lugar.

O Hanson agradeceu as boas vindas, mas não conseguia se distrair como deveria, então, no segundo dia, ficou até mais tarde e enfiou a cara nos processos que rondavam a empresa. Só saiu do prédio quando Abel, que era sempre o último a sair, o chamou, espantado, jurando que quase o trancou lá dentro porque não sabia de sua esticadinha no horário.

E ele foi se intercalando, seu corpo ficava cada dia mais cansado pois mal dormia, e o fim de semana foi uma tortura, quase fazendo besteira várias vezes durante o sábado, optando por se acalmar em alguns vários copos de whisky e passar o domingo de ressaca.

Na segunda feira, a situação já era insuportável, parecia que a carga emocional havia se transformado em peso, e ele já não mais sentia os efeitos do cansaço, já que ficara o dia anterior inteiro dormindo, mas, mesmo assim, sentia o corpo pesado. Suas idas à copa eram frequentes, chegou até mesmo a descer para a avenida e ir em busca do café mais próximo para pegar um expresso triplo e tentar manter-se de pé. Mal havia visto o dia passar até que o efeito do expresso passou e ele foi obrigado a levantar e ir diretamente para a copa buscar algo para comer. Olhou no relógio, viu a hora avançada, e enquanto andava, percebeu a luz sob a porta do escritório de Abel e, inusitadamente, sob a do escritório de Emma.

Ficou tentado a ir até lá e resolver aquilo, mas, mais uma vez, se impediu, indo diretamente em busca de umas bolachas.

Estava esticado, sentindo as costas protestarem enquanto tentava alcançar um pacote no fundo do armário quando ouviu passos, que pararam de repente e o fizeram virar-se com o suspiro alto.

Seus olhos castanhos bateram diretamente no rosto cansado, nas olheiras fundas e no cabelo preso de qualquer jeito da morena que ele tanto desejava. Ele viu perfeitamente o olhar de reconhecimento brilhando nela, e viu quando a decisão consciente de fugir foi tomada, a fazendo dar dois passos para trás e se virar para voltar ao corredor.

-Ah não- ele grunhiu alto, largando a porta do armário aberta, o celular sobre a mesa onde o havia colocado, e saiu a passos largos pelo corredor tentando alcançá-la- Quando foi que você passou a me evitar?

-Desde quando você tem o direito de fazer isso?- ela ignorou a pergunta, lançando um olhar sugestivo para a mão dele que a segurava pelo braço- Eu não vou tolerar isso Caleb, muito menos falar com você para ser obrigada a ouvir sermão de novo- ela sorriu irônica para ele.

Ele respirou fundo e, olhando ao redor, viu a luz do escritório de Abel ainda acesa. Tentou obrigar-se a soltar o braço dela, mas era quase impossível, não conseguia coordenar seus nervos para deixá-la ir, seu peito ardia com a frieza na voz dela, e ele evitava encará-la para não perder a linha de pensamento.

-Emma, por favor...

-Não. Não vou fazer nada por você, me solte Caleb- ela respondeu e ele finalmente olhou-a nos olhos. Viu o temor que começou meses atrás no apartamento dela, mas sentia a pele dela tão quente sob a sua, o corpo dela parecia reagir, os ombros levemente inclinados para ele, a respiração forte, e quando ela respirou fundo e ele viu o peito dela tremer quando liberava o ar, não conseguiu fazer nada além de trazê-la contra si e colocá-la entre seu corpo e a parede, assim envolvendo a cintura com o braço livre.

- Não vou soltar- ele respondeu e a sentiu se impondo de leve, tentando escapar. Percebeu claramente quando ela respirou fundo para juntar forças e estremeceu, as mãos que tocaram o peito dele eram indecisas e trêmulas.

-O que você quer comigo? De novo aquele papo de que eu te machuquei? De que não vai desistir? Eu deveria pedir um mandado para mantê-lo longe de mim- ela respondeu, mas ele deixou-se sorrir contra o cabelo dela quando aproximou seu rosto do pescoço e o corpo todo dela revelou que tudo o que saiu da boca dela era mentira.

-Mas você não vai- ele apertou a mão na cintura dela, a ouvindo gemer baixinho e esconder o rosto no ombro dele.

-Vou te denunciar por abuso...

-Não, não vai- ele voltou a negar, deixando seu nariz tocar o pescoço dela, vendo com seus próprios olhos o quão arrepiada ela ficou com o gesto, e puxou o cheiro dela pra dentro de si, sentindo-a estremecer mais uma vez sob seus braços.

-Se você quer ter uma daquelas conversas de novo, por favor, guarde para outra hora, em um lugar privado, não quero que ninguém...

-Cale a boca Emma- ele grunhiu irritado- Só... Eu não sei o que você pensou sobre mim todos esses meses, mas eu não quero ser aquele que você tem medo... Mesmo que seja um medo irracional, sou a personificação de tudo o que te dá medo, já deve ter admitido a si mesma, mas inventou algo para te impedir, algo te barra e eu não sei o que é... Por favor Emma...

-Caleb, eu não tenho cabeça para isso agora...

-I see- ele interpôs, soltando o braço e elevando a mão, tocando com o indicador bem abaixo dos olhos dela, onde as marcas esverdeadas de suas olheiras se colocavam- Não parece estar muito bem...

-Isso não é da sua conta- ela rebate, virando o rosto, sentindo seu coração se comprimir imaginando o quão desarrumada e terrível deveria parecer àquela hora da noite. Trincou o maxilar, não querendo deixá-lo ver sua tristeza, nem permitir que ele entendesse que o fato de ele, especialmente ele, ter percebido seu cansaço e suas olheiras, a machucavam ainda mais.

-Poderia ser- ele sussurrou- Me deixe cuidar de você Emma...

A reação que aquelas palavras provocaram no corpo dela a assustou, o sim estava entalado na sua garganta, louco para deslizar pela língua e escapar para fora, sua mão que antes segurava a blusa dele agora parecia não querer soltá-lo, e o cheiro dele a envolveu.

Ela se sentiu diminuir, como sempre acontecia, e ficou amedrontada por se mostrar tão frágil para alguém como ele, que ela tinha plena consciência de saber como lidar, mas que ela não queria que a ajudasse. Se empurrou com mais força e correu sem nem ao menos ouvir o que ele lhe falava, pareceu pegar a bolsa sob uma mesa no caminho, e desceu as escadas correndo.

Caleb havia visto claramente a expressão triste e amargurada da morena e, ao contrário de tudo o que ele imaginou possível, foi isso que a fez se afastar. Aparentemente, a urgência que ela tinha por ser cuidada, e a oferta sempre contundente dele, era o que a amedrontava, pois nem sequer um diálogo era estabelecido depois de suas ofertas.

O moreno suspirou, abriu a porta de Abel momentaneamente, avisando que ele e Emma já estavam indo, correu para a copa pegar seu celular, voltou a sua sala pegar a maleta e saiu em disparada atrás dela.

Não a achou na rua, mas sabia perfeitamente o caminho que fazia até a estação de metrô, pegou seu carro do outro lado da rua e saiu rápido, tendo que fazer uma volta grande por ter uma das ruas em contramão.

Virou à esquerda, e quando estava virando novamente para pegar o retorno e continuar pela rua onde ela passava, o advogado percebeu uma movimentação um tanto quanto suspeita, e logo em seguida um grito agudo, afeminado, que ele reconheceria em qualquer lugar. Caleb desligou o carro e pulou para fora no mesmo minuto, correndo e gritando com o cara que parecia prensar Emma contra a parede de tijolos.

O bandido pareceu se assustar com o grito de Caleb e a resposta de Emma chamando seu nome, e depois de um movimento brusco que Caleb não identificou e que fez Emma gritar, saiu correndo.

Caleb apressou o passo e a segurou pelos braços, entendendo que o movimento havia sido um soco. O covarde bateu nela. Aquilo o fez ter uma raiva que quase o cegou, mas a voz trêmula o fez se focar novamente.

-Ele m-me bateu porque eu o segurei- Emma fungou baixinho e, quando a puxou para perto do poste de luz, pode ver a carreira de lágrimas atravessando o rosto delicado- E-eu... Eu queria que você chegasse antes de ele sair. Ele levou meu celular- ela engasgou baixinho, sua respiração falhando com o soluço que se seguiu.

-Acalme-se Emma- Caleb a puxou contra si, desesperado para fazê-la parar de chorar- Nós vamos à delegacia prestar queixa, depois iremos à sua casa e bloquearemos o número do telefone. Mas eu vou precisar que você se acalme ok?- ele disse acariciando os longos cabelos dela, e ela assentiu, o rosto ainda contra o rosto dele, e o homem podia sentir as lágrimas molhando o tecido de seda da camisa, aderindo ao seu corpo. Os braços a apertaram ainda mais forte e ele a guiou meio de lado até o carro, o rosto dela ainda afundado no peitoral dele, buscando conforto, que ele deu de bom grado.


Notas Finais


OPA! Agora o negócio fica sério... Perceberam né? Comentem muito, favoritem, mostra pra deus e o mundo, to amando tudo isso <3
E antes que eu me esqueça... Feliz ano novo adiantado, que o ano de vocês seja muito muito foda... (e todo mundo já percebeu que eu sou péssima pra essas coisas de festividades. Nem queiram ver como eu desejo feliz aniversário... HAHAHAHA )
See you #soon guys <3


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