POV - Sakura
_ Ei, Sakura… Sakura… - Ouvi uma voz me chamando suavemente e uma mão afagar-me os cabelos.
_ Hm?! - Abri os olhos, vendo Sasori sentado na cama, apenas de calça. Nossa, aquilo era realmente uma tentação.
_ Eu preciso ir. Acabei de receber uma ligação do meu agente e temos uma reunião marcada para às dez… - Ele bufou. _ Coisas idiotas e chatas de trabalho.
_ Ah, sim!! - Eu me levantei rapidamente, pegando as peças de roupas espalhadas pelo quarto.
No meu consciente, era apenas uma desculpa para me chutar, mas o que eu poderia dizer?! Nós éramos apenas dois estranhos que estavam muito afim de um sexo casual e que agora, tinham que seguir com as suas vidas.
_ Calma, eu disse que “eu” preciso ir… - Ele riu, segurando a minha mão, enquanto eu passava o vestido pela cintura. _ Você pode sair daqui quando quiser, eu já conversei lá no saguão e acertei tudo.
_ Mas é lógico que não! - Disse séria.
_ Tudo bem, mas pode ao menos tomar um café, a mesa está posta na cozinha… - Ele me encarou, esperando uma resposta.
_ Tomo café quando chegar em casa. - Rebati, tentando fechar o zíper do vestido.
_ Ao menos pode deixar que eu feche o zíper?! - Ele se levantou da cama, parando atrás de mim. Calafrios me fizeram soltar todo o ar, quando suas mãos tocaram o meu corpo e eu corei. _ Não fique com vergonha, também causa esse efeito em mim.
_ Você disse que precisa ir, certo?! - Eu desviei o meu olhar e ele arqueou uma sobrancelha.
_ Sim, eu preciso. - Respondeu, me virando e dando um rápido selinho. _ Vamos, eu vou te deixar em casa.
_ O que?! Não, eu posso pegar um uber… - Disse, seguindo Sasori para fora do apartamento.
_ Olha, tudo bem você não querer ficar aqui ou simplesmente não tomar café, mas querendo ou não, eu vou te levar até em casa. - Ele me encarou seriamente e eu revirei os olhos assentindo. _ Ótimo.
Para falar a verdade, eu mal sabia como tínhamos chegado naquele Hotel, mas ao abrir a porta da sua Mercedes Conversível, pude jurar que fiquei um pouco boquiaberta. Não pelo fato de Sasori ser rico, mas por realmente não saber nada a respeito dele e ainda sim ter aceitado o seu convite sem avisar ninguém…
_ Você não me falou se trabalha ou apenas estuda… - Disse com os olhos presos no trânsito. _ Fiquei curioso…
_ Bom, depois das aulas, eu trabalho em uma cafeteria no centro. - Respondi timidamente.
_ Certo, parece um bom emprego. - Sorriu de canto. Dava para ver que ele estava se esforçando para tentar deixar uma última boa impressão.
_ É, eu gosto. - Foi a única coisa que consegui dizer depois de um longo e constrangedor silêncio.
Por sorte, em poucos segundos estávamos em frente ao meu apartamento. Quando abri a porta, senti Sasori puxar-me o braço mais uma vez. Vagarosamente, ele depositou um beijo nos meus lábios. Agora mais lento e com um toque de malícia que deixou o meu corpo quente em segundos…
_ Te vejo por aí?! - Arqueou uma das sobrancelhas com um cretino sorriso de canto.
_ Não seria difícil, agora que sabe onde me encontrar… - Falei, dando de ombros e seguindo para as escadarias, ouvindo ao fundo, ele arrancar com o seu carro.
Abri a porta do apartamento retirando os meus saltos e jogando-os em qualquer lugar entre a porta e o corredor. Fui direto para o quarto, me jogando na cama e sentindo toda a maciez dos meus lençóis. Depois de mandar mensagem para Naruto e conversar um pouco com a Temari, confirmando que todos estavam bem, voltei para a cama. O resto do meu dia foi como qualquer outro, eu apenas dormi.
================== um mês depois ====================
“TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM”
_ Alô… - Atendi com ódio.
_ Ei, menina! - A voz embargada do Shikamaru era como um deleite aos meus ouvidos cansados.
Depois que Temari terminou com ele, Shikamaru largou o emprego na cafeteria e simplesmente desapareceu. Eu liguei, mandei mensagens, fui até o apartamento dele, mas não adiantou em nada. Por conta disso, eu precisei dobrar os meus turnos na cafeteria e evitar pegar qualquer folga… Na verdade, esse era o primeiro dia de folga que eu tirava em semanas.
_ Shikamaru?! Shikamaru, é você?! - Me sentei na cama em um salto, ouvindo ao fundo a sua risada anasalada.
_ Claro que sou eu, sua idiota. - Abusou com escárnio.
_ Idiota?! Você que é um cretino, sabe o quanto eu procurei por você?! - Esbravejei, me levantando da cama e indo até a janela. _ Como você pode fazer isso, não só comigo, mas com a Temari?!
_ Eu já estava esperando pelas suas broncas, mas será que podem ser pessoalmente?! - Indagou com certo tédio.
_ Onde você está?! - Perguntei, pegando o casaco sobre a cama e já saindo do quarto.
_ Eu tô no restaurante perto da faculdade, vou pedir alguma coisa e ficar te esperando. - Disse, desligando.
Bufei, descendo as escadas e pegando o primeiro uber que aceitou a corrida. Parei em frente ao Itiraku, e pelas grandes janelas de vidro, eu já consegui ver o mais velho. Desci do carro, entrando no estabelecimento e indo direto para a sua mesa…
_ Como é bom ver essa sua cara acabada de novo! - Exclamei, me sentando na sua frente.
_ Eu sabia que alguém ficaria feliz em me ver… - Deu um breve sorriso de canto.
_ O que aconteceu?! - Perguntei com seriedade e ele torceu os lábios sem muito ânimo.
_ Eu sei lá… - Riu por acaso. _ Ela terminou comigo e eu me senti a pessoa mais vazia do mundo. Então, eu juntei tudo e fui embora para Osaka, arrumei um trabalho legal, conheci pessoas legais e estava tudo dando certo…
_ Deixa eu adivinhar, você ainda se sentia vazio?! - Deduzi e ele assentiu.
_ Eu sei que fui um idiota com ela, Sakura… - Ele passou as mãos no rosto com chateação. _ Mas na hora, eu senti tanta raiva. Ela me falou do aborto como se fosse uma coisa simples e eu só consegui sentir raiva…
_ Você nasceu em uma família ótima, então nunca poderia entender a realidade de outras pessoas… - Disse olhando em sua direção. _ Sabe como é ser criado por alguém que não te quer?! Eu sei. Saber que está atrapalhando a vida e a carreira da sua mãe?! Eu sei. Crescer em um lugar onde a sua presença é insuportável para a maioria das pessoas?! Bom, eu vivi isso até os meus dez anos, quando eu saí de casa e nunca mais voltei.
_ Você nunca me contou… - Ele disse com a voz baixa.
_ E porque contaria?! É apenas uma parte do meu passado e eu não vivo mais lá. - Dei um fraco sorriso de canto. _ Você é um homem bom ou não teria voltado, mas naquele momento, foi covarde…
_ Eu sei, falhei com ela, era para eu ter ficado e insistido… - Disse, olhando para a rua, evitando me encarar. Talvez pela vergonha ou apenas por saber que eu estaria julgando algumas das suas ações.
_ Era para você estar no meu lugar… - Exclamei, abaixando a cabeça e me lembrando do quanto Temari chorou naquele dia. _ Era para você ter segurado a mão dela. Era para você estar lá, Shikamaru. Para chorar junto com ela e perceber que ela não fez aquilo por egoísmo, porque ela sofreu a cada segundo do procedimento.
_ O que eu vou fazer se ela não me perdoar?! - Suspirou segurando as lágrimas.
_ Eu não sei, eu não perdoaria… - Afirmei, vendo o seu rosto em um tremendo conflito entre o choro e a raiva. _ Mas no fundo, eu acho que ela vai perdoar, porque não interessa o quanto algo nos machuca, às vezes nos livrar disso dói ainda mais.
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À noite, quando cheguei em casa, Temari estava na cozinha preparando algo que pelo cheiro seria a nossa janta. Da porta de entrada, eu fiquei observando os flashes dela passando de um lado para o outro e agradecendo, pois apesar de tudo o que passamos, o universo ainda foi gentil em nos aproximar…
_ Ei, finalmente você chegou, eu estou fazendo o jantar! - Exclamou da porta, me encarando com um sorriso. _ Achei que era a sua folga…
_ E era… - Suspirei, guardando o casaco, pegando um vinho no armário e me sentando no balcão da cozinha. _ Fui até a faculdade resolver alguns problemas.
_ Aconteceu alguma coisa? - Perguntou, enquanto mexia o risoto e eu servia-nos o vinho.
_ Nada demais, só algumas notas que caíram errado no sistema. - Menti. Eu não queria falar sobre o Shikamaru agora. Não era a minha obrigação traçar um caminho fácil para ele.
_ Eu já pedi mil vezes para que alguém arrume aquela porcaria, mas parece que ninguém daquele lugar conhece um técnico decente. - Exclamou, escorando o corpo no batente da pia.
_ Relaxa, loira… - Fiz um gesto de descaso com a mão, enquanto ela bufava. _ Aliás, porque não tiramos a noite de amanhã para sairmos?! Tipo, podemos ir ao cinema ou em uma daquelas peças de teatro que você ama?!
_ Mas você não vai trabalhar amanhã?! - Contrapôs se aproximando do balcão.
_ Vou, mas apenas no turno da tarde… - Informei, piscando. _ A noite eu sou toda sua.
_ Então, está marcado… - Ela estendeu a taça e brindamos, como duas senhoras ricas.
Depois do jantar, Temari foi para o quarto estudar para os seus exames da admissão, e eu, por outro lado, fiquei arrumando toda a bagunça. Ao terminar, peguei a garrafa de vinho e me sentei na varanda observando a noite. Era uma das poucas vezes em que não estava chovendo, mas o céu permanecia nublado.
“_ Sasuke, eu preciso falar com você… - Minha voz estava trêmula e eu sentia que o meu coração poderia parar a qualquer segundo.
_ Tem que ser agora?! - Ele parou de escrever e me encarou. _ Eu estava realmente afim de terminar isso aqui e ir jogar com os garotos.
_ Por favor… - Pedi, vendo o seu semblante mudar.
_ Está tudo bem, Sakura?! - Perguntou com preocupação.
_ Claro, eu só preciso que venha comigo… - Segurei a sua mão, puxando-o até a biblioteca. Era o lugar mais calmo da escola e a senhora que cuidava do lugar tinha um certo apego por mim. Logo, não seria um problema estarmos ali.
_ Está me preocupando… - Ele parou, me encarando com a sua famosa feição de entediada. _ Dá pra falar logo!
_ Eu… Eu amo você! - Exclamei. Talvez um pouco mais alto do que deveria. _ E eu morro de medo de amar você, mas eu te amo de uma forma ou de outra, Sasuke!
Os olhos alheios se arregalaram e um tom meio pálido tomou conta dos seus lábios. Por um segundo, eu pensei que Sasuke iria desconversar ou apenas dar as costas e me deixar falando sozinha como muitas vezes fazia com outras garotas. E enquanto o silêncio se tornava cada vez mais ensurdecedor, o meu peito parecia se espremer com a ideia de que ele poderia não sentir o mesmo ou até não sentir nada…
_ Ótimo… - Ele falou, sorrindo.
_ Ótimo?! - Repeti sem entender.
_ Agora eu não preciso mais de motivos idiotas para estar com você o tempo todo… - Segurou na minha cintura, se aproximando cautelosamente. _ Posso apenas dizer que a gente namora.
_ Espera, você… - Arregalei os olhos sentindo todo o ar se esvair dos meus pulmões. _ Quer dizer que você também gosta de mim?!
_ Eu te amo, Sakura… - Sorriu de canto, amolecendo-me um pouco mais em seus braços. _ E agora, eu vou te beijar!”
“TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM” “TRIIIMMM”
O barulho estridente do celular fez com que eu saltasse sobre a cadeira, pegando o aparelho com certo ódio e atendendo-o de imediato.
_ O que foi?! - Falei em um tom grosso.
_ Poxa, Saky, desculpa por te acordar… - Deidara murmurou choroso. _ Juro que não era a minha intenção.
_ Não acordou. - Falei, agora de uma forma mais gentil. _ O que aconteceu, Deidara?!
_ Será que hoje eu posso ir dormir aí?! - Pediu em um soluço seco.
_ Claro, já falei que você é uma das poucas pessoas que não precisam pedir, é só vir… - Respondi, me levantando e indo até o parapeito da varanda. _ Agora me fala, o que aconteceu?!
_ Te conto quando chegar. - Disse, desligando.
Em poucos minutos o loiro estava batendo na porta e ao abrir, eu fiquei boquiaberta com os machucados pelo seu rosto. Ele tinha um olho roxo, alguns cortes na bochecha e hematomas nas mãos. Deidara, sorriu envergonhado e esperou que eu desse passagem, o que fiz logo em seguida.
_ O que aconteceu?! - Perguntei, fechando a porta e seguindo ele até a varanda.
_ Eu me meti em uma briga idiota, nada demais… - Respondeu, olhando para a paisagem nublada. Logo, eu constatei que se tratava de uma mentira, mas não quis pressioná-lo.
_ Tudo bem… - Me aproximei, apoiando a mão em seu ombro. _ Quando quiser me contar, eu estarei aqui. Agora, vai tomar um banho e tirar todo esse sangue. Tem roupas do Naruto na última gaveta da minha cômoda e a toalha fica ao lado.
_ Obrigado… - Disse, passando por mim e indo em direção ao quarto.
Enquanto o loiro se banhava, eu voltei a me sentar na varanda. A garrafa de vinho estava pela metade e infelizmente eu ainda conseguia ouvir os meus pensamentos. Suspirei, enchendo mais uma taça e acendendo outro cigarro… Isso era estranho. Não pelo fato da noite estar mais escura que o habitual ou pela chuva tardar cair do céu, ainda que fosse visível o chorar das nuvens. Mas era estranho que depois de relembrar momentos passados, eu me sinta tão tranquila, como se o meu coração soubesse que apesar da saudade ou da dor, ele ainda continuaria a bater…
_ Atrapalho? - Deidara parou na porta, olhando-me como uma criança indefesa.
_ Claro que não… - Me ajeitei sobre o sofá, vendo ele se sentar ao meu lado. _ Se sente melhor?!
_ Não… - Respondeu em um sussurro vago. _ Mas estou vivo, não é isso o que importa?!
_ Deidara, quem te bateu?! - Fui invasiva, mas eu estava começando a me preocupar.
_ Olha, não foi por querer… - Disse, desviando o olhar. _ A gente discutiu e o Obito acabou perdendo o controle.
_ Não acredito, você está defendendo ele de novo?! - Exclamei, segurando na sua mão. _ Deidara, aquele cara sempre foi um otário, porque você voltou pra ele?!
_ Eu não voltei pra ele, tá legal?! - Vociferou, puxando a mão. _ Ele estava na festa, eu bebi e acabamos conversando, não achei que uma noite de sexo acabaria me levando pra isso…
_ Droga, você prometeu que não ficaria com ele novamente… - Passei as mãos no rosto indignada. _ Sabe que no final ele só te machuca…
_ Achei que fosse diferente, Saky… - Encostou a cabeça no meu ombro. _ Eu queria que fosse pelo menos.
_ Tem que parar de ficar dando chances para esse babaca, Deidara… - Acariciei os seus cabelos. _ Ele nunca mereceu você.
_ É fácil pra você falar, quando a pessoa que você ama simplesmente foi embora. Desculpa… - Falou, se desculpando segundos depois ao notar que foi rude.
_ Tudo bem, é verdade… - Falei, fitando o céu. _ Mas também é verdade que ele voltou.
_ O que?! Como assim?! - Deidara ergueu o rosto me encarando.
_ Eu vi ele na cafeteria algumas semanas atrás… - Respondi me encolhendo. _ Ele estava de costas e isso me ajudou a sair correndo, mas ele estava tão… Eu não sei, parecia que os anos não tinham passado.
_ Que droga… - Disse me abraçando. _ Somos dois babacas.
_ Não, eu sou uma babaca e você precisa dar um basta nessa merda que se enfiou. - Rebati, vendo ele bufar.
_ Vou falar com ele amanhã… - Disse, vendo a minha feição rispida. _ Na faculdade, onde todo mundo possa ver.
_ Ótimo! - Me afastei do abraço, segurando em seus ombros. _ Agora vai para a minha cama, deita e dorme um pouco. Você precisa descansar.
_ Mas e você?! - Olhou-me com uma das sobrancelhas arqueadas.
_ Vou daqui a pouco… - Respondi, vendo ele se levantar e entrar.
Minutos depois, o loiro voltou com um cobertor e se sentou novamente ao meu lado, nos cobrindo.
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