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História Se Eu Ficar - Capítulo XIII - Não há Como Negar...


Escrita por: IsobelCostles

Notas do Autor


Olá, fiquem com mais um capítulo, amores!!!

Capítulo 13 - Capítulo XIII - Não há Como Negar...


POV - Deidara

Eram quase oito horas da noite, quando acordei suado e trêmulo por mais um dos muitos pesadelos que eu sequer conseguia lembrar. A neve caía forte do lado de fora da janela, da mesma forma que as lágrimas escorriam incansavelmente dos meus olhos. 

Passei os dedos sobre as linhas d’água, secando-as e peguei o copo sobre o móvel de cabeceira. Bebi a água, desejando insaciavelmente que fosse um copo de whisky. Talvez assim os meus demônios se aquietassem. Estavam cada dia mais barulhentos e isso se tornava incômodo. 

Meio aos meus devaneios, ouvi o sonoro som da campainha e me levantei a contragosto, seguindo em direção a sala para atender quem quer que fosse.  Inicialmente, eu imaginei que fosse Naruto, já que Sakura ainda estava no trabalho. Apesar de que o loiro sempre me ligava, quando se tratava de uma visita… Ou pelo menos passou a ligar, depois que foi recebido por um cara pelado usando orelhas de gato. 

Joguei tais pensamentos para longe e abri a porta dando de cara com um homem de cabelos negros, orbes escuras e cicatriz. Sim, era Obito. Ele me encarava apreensivo, enquanto eu estava beirando o pavor de que ele tentasse qualquer coisa contra a minha vida…

_ O que você quer aqui?! - Falei com repulsa. _ Veio se certificar de terminar o serviço?!

_ Claro que não. Eu precisava saber que você estava bem. - Ele disse, fingindo preocupação ao se aproximar da porta, mas eu barrei a sua entrada. _ O que é?! Você não vai me deixar entrar?! 

_ Eu não quero mais isso, Obito… - Falei com a voz falha de um medo quase corrosivo. _ Na verdade, eu prefiro que você vá embora. 

_ Não pode fazer isso!! - Exclamou, batendo com a mão na parede ao meu lado, fazendo-me saltar sobre os calcanhares. _ Eu não queria ter causado aquilo, Deidara. Mas você me fez perder a cabeça como sempre faz… Como…

_ Vai embora daqui ou eu vou chamar a polícia… - Eu sentia todo o meu corpo tremer como se fosse desmaiar a qualquer segundo. 

_ Não, tudo bem. Eu vou… - Disse com o tom de voz calmo, denotando o passivo-agressivo que ele fazia tão bem. Obito tinha sérios problemas com mudanças abruptas de humor e era assustador. _  Mas me diz, o que você vai fazer sem mim, ein?! Acha que algum outro idiota vai querer comer um viado problemático como você?!

_ Eu só quero que você vá embora… - Não aguentei as suas palavras e chorei. O que foi apenas uma grande brecha para que ele sorrisse de canto, mostrando que estava conseguindo destruir o meu psicológico. 

E então, ele deu de ombros, saindo em direção ao elevador. Esperei que ele entrasse na maldita cabine de aço, desejando que ela caísse os 16 andares com ele dentro. E quando finalmente as portas do elevador se fecharam, eu bati a minha com uma força quase desumana, trancando-a por completo e deslizando com as costas até o chão. Você percebe que chegou ao seu limite, quando dói tanto que você não consegue respirar.

Eu estava sem fôlego. Não conseguia encher os pulmões e senti-me cada vez mais distante da realidade. Abracei os joelhos, sentado no carpete e me debulhei em um choro alto e sôfrego. Queria esvaziar a minha alma e o pior é que eu não tinha ninguém pra me abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. Que pela manhã, seria um novo dia. Que eu não precisava me ver como o Obito me via. 

Não tinha ninguém… Apenas eu em um apartamento completamente vazio.

 

POV - Sakura

A ficha parecia não cair e Sasuke ainda estava bem ali na minha frente. Parado com uma típica estátua em sua postura militar. Agora, olhando-o de perto, era possível notar algumas cicatrizes em seu rosto, as muitas olheiras, o cabelo cortado de forma relaxada e o semblante vazio. 

Ele parecia infeliz…

No meu peito, um coração cada vez mais apertado, dizia em alto e bom som o quanto eu estava sendo imatura. As mãos geladas e suadas, faziam companhia a garganta seca. Droga, eu estava à beira de um colapso…

_ A cafeteria não vai abrir? - A voz soou límpida, como se ele não se importasse com a minha presença. Só então, eu imaginei que ele poderia realmente não saber quem sou, por conta da falta de visão. 

_ Claro, nós já estamos abrindo, Senhor… - Tentei engrossar a minha voz, mas eu estava tão nervosa com toda aquela situação que fiquei parecendo um ventríloquo de algum circo barato. 

_ Você nunca soube disfarçar, Sakura… - Ele arqueou uma das sobrancelhas e eu senti-me ainda mais humilhada e envergonhada. _ Mas foi uma boa tentativa de fugir de mim.

_ Eu… Eu não estava… - Bufei. _ O que veio fazer aqui?

_ Quero conversar com você… - Respondeu, encarando-me com seus óculos escuros, enquanto o silêncio se perpetuava. _ Por favor, tem que me responder em palavras ou eu não vou saber o que fazer a seguir.

_ Eu estou no meu horário de trabalho, não posso te dar atenção agora. - Justifiquei, me sentindo cada vez pior. 

_ Tudo bem, eu vou entrar, tomar um bom café como qualquer cliente e quando estiver com tempo é só sentar comigo. 

Eu tentei questionar, mas ao abrir a boca nenhuma palavra saiu, só alguns sons estranhos que foram abafados pelo sino preso no batente de madeira. 

Felizmente, logo assim que entrei, Shikamaru apareceu. Então, eu tive algum tempo para fugir. Contei ao mais velho sobre Sasuke, o que deixou ele irritado. Shikamaru achava que tudo era um pretexto barato para ele se enfiar na minha vida novamente. O que é claro, fazia todo o sentido.

_ A nevasca está cada vez mais forte do lado de fora… - Shikamaru disse olhando pela vidraça. _ Acho que teremos poucos ou nenhum cliente. 

_ E o que eu faço?! - Olhei de relance para Sasuke tomando o seu café e escutei o moreno ao meu lado bufar. 

_ Apesar de odiar a ideia, você precisa ir falar com ele… - Arqueou uma das sobrancelhas. 

_ E dizer o que?! Obrigada por destruir com a minha vida e voltar depois de oito anos como se nada tivesse acontecido?! - Ironizei, vendo a fisionomia entediada do outro. _ Droga, eu estou com medo, Shika… 

_ Primeiro, muita coisa aconteceu nesses oito anos… - Ele tocou-me o topo da cabeça com carinho. _ Segundo, ele merece a oportunidade de se explicar. Todos merecemos… - Olhou para o balcão e eu imaginei que se tratava da Temari. _ Dê a ele algum tempo e se for ruim… Bom, se levante, despeça e saia. 

_ Sabe de uma coisa, você deveria ir atrás da Temari… - Sorri na sua direção, vendo ele retribuir com afeto. 

_ Não é tão simples… - Torceu os lábios. _ Uma pessoa pode conseguir falar, ouvir, e aconselhar alguém. Mas quando trata de si, não consegue fazer o mesmo com a própria vida e com o que sente.

_ Eu sinto muito por vocês dois… - Disse com pesar.

_ Eu também sinto, mas agora para de fugir do assunto e vai sentar naquela droga de cadeira, porque eu não aguento mais ver o quão patético ele fica te esperando. - Shikamaru exclamou se afastando. 

De trás do balcão, eu observei o moreno e pude sentir as minhas pernas falharem. Droga, não era hora de ser covarde. Então, eu respirei fundo e segui até a sua mesa, sentando-me de frente para ele. 

_ Bom, eu estou aqui… - Disse, enquanto mexia com os dedos impacientemente sobre a mesa. 

_ Ainda ansiosa?! Parece que você não mudou nada com os anos… - Segurou a minha mão, parando os movimentos. 

_ Olha, se você vai ficar me comparando com a Sakura de oito anos atrás, eu acho que não temos muito o que conversar… - Puxei a minha mão, ameaçando me levantar. 

_ Não vai, me desculpa… - Pediu e eu simplesmente me ajeitei sobre a cadeira, encarando-o melhor. _ Eu sei que não somos mais os mesmos. Quer dizer, nem se quiséssemos muito não seria possível, não é?! 

_ Sasuke, o que aconteceu?! - Olhei para o teto tentando não chorar. _ Naquele dia em que você foi embora, o que aconteceu?!

_ É difícil explicar, porque depois daquele dia a minha vida foi só um enorme poço de falhas. - Cerrou os lábios, formando uma fina linha. _ Eu prometi que nunca te abandonaria, me lembro disso perfeitamente. Também me lembro das palavras que usei quando fui embora e… 

_ Para… Você tem que parar com isso… - Interrompi, sentindo o meu estômago se contrair. _ Não quero saber sobre o quanto você sofreu, pois eu também sofri… Talvez até mais do que você, já que não fui eu quem decidiu ir embora, muito menos sabia que isso estava para acontecer… 

_ Espera, acha que eu sabia que isso ia acontecer?! Eu não premeditei os meus movimentos, Sakura… - Falou, enrijecendo a sua postura. _ Fiz aquilo para te proteger… 

_ O que?! - Franzi o cenho, tentando entender onde ele queria chegar. 

_ Os meus pais te odiavam. - Suspirou como se eu não soubesse do óbvio. _ Eles queriam que eu fosse o filho que carregasse o nome da família e sabiam que a única coisa que impedia era você e o quanto eu te amava. Então, o meu pai ameaçou fazer algo a respeito e a minha mãe concordou que seria o certo. 

_ Mas porque?! Eu… Eu não estou entendendo… - Forcei as minhas mãos sobre a madeira da mesa, tentando controlar a minha raiva. 

_ Foi uma coisa muito assustadora. Naquela época o Fugaku estava com câncer e nem eu ou o Itachi sabíamos disso. - Sasuke abaixou a cabeça, tentando não demonstrar o quanto as lembranças o afetavam. _ Então, ele me chamou um dia e disse que eu tomaria a frente da empresa depois de retornar do exército e cumprir com o meu dever. 

_ Ah, claro. E aí, você me deixou?! - Cuspi a pergunta com certa indignação. 

_ Não, eu não queria nada daquilo. - Exclamou. _ Eles me contaram da doença do velho e eu disse que isso não mudaria nada. Eu ainda iria sair de casa para morar com você. Eu só queria uma merda de vida simples. Fazer uma faculdade, ter uma casa e um emprego que ajudasse a nos sustentar. Mas eles estavam certos sobre o que fazer com a minha vida…

_ Não acredito… - Encolhi os ombros me encostando no estofado da cadeira. _ E porque simplesmente não saiu de casa como era o planejado?!

_ Porque depois que eu disse que estava indo embora, Fugaku aceitou muito facilmente e isso me deixou desconfiado. Então, o Itachi escutou eles conversando no escritório. - Sasuke cerrou os punhos, demonstrando irritação. _ O maldito tinha colocado uma pessoa para te vigiar. Eu não entendi onde ele queria chegar com aquilo, mas sabia exatamente o quão problemático seria se você não concordasse com os termos. Eles iriam tentar te chantagear com dinheiro e se isso não funcionasse… Bom, eu tinha medo que isso não funcionasse.

_ Porque você não me contou?! - Indaguei com astúcia. 

_ Você não entende, eu não podia arriscar a sua vida… - Inclinou a cabeça na minha direção. _ Não é como se ao saber do que estava acontecendo, você fosse ficar quieta. Talvez não hoje, mas naquela época era irritante a forma com que você gostava de brincar com a própria vida. 

_ Quer dizer que depois de tudo, você escolheu se acovardar?! Escolheu esconder a verdade e ir embora?! - Senti meus olhos marejarem. _ Você deveria ter me contado e não saído da minha vida como fez… Eu… Eu só tinha você... E… 

_ Desculpa… - Esticou a mão, procurando pela minha sobre a mesa. _ Eu me odeio pelo que fiz. 

_ Não, tudo bem… - Engoli o choro, retirando a minha mão de perto da sua e tentando não esboçar o quanto tudo aquilo me dilacerava. _ Sabe, depois que você foi embora, eu vivi dias em que a alternativa mais fácil seria morrer. Mas isso passou e eu me reergui com a ajuda de pessoas incríveis. Uma dessas pessoas foi quem me tirou do fundo do poço e eu devo tudo a ele…

_ Ótimo, você tem alguém?! - Perguntou, como se a resposta fosse vir carregada em uma arma de calibre 38. 

_ Não, o Naruto não é alguém, ele é um irmão… - Respondi, sentindo que não era necessário dar tantas informações. _ Ele ficou do meu lado, quando ninguém mais quis. 

_ Sakura… - Insistiu, mas eu já estava farta de tantas desculpas. 

_ Olha, eu tenho que trabalhar... - Me levantei, sentindo todo o corpo alheio retesar. _ Sei que você precisava do meu perdão, tanto quanto eu precisava te perdoar, mas agora você pode viver a sua vida em paz. Eu estou bem, os anos passaram e… É isso, eu estou bem… 

_ Ok, eu fico feliz em saber que você está bem… E feliz… - Disse, levantando-se. 

_ Adeus, Sasuke. - Falei, dando alguns passos para trás e me virando no segundo em que ele segurou a minha mão. 

_ Eu posso voltar mais vezes?! - Perguntou com um tom de voz infantil, como o de uma criança que pede pela permissão. 

_ O ambiente é público, eu não poderia negar nem se quisesse… - Falei, um pouco envergonhada.

_ Até logo, Sakura. - Respondeu, soltando-me.

 



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