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História Se Eu Ficar - Capítulo XVlI - A Escolha é Sua...


Escrita por: IsobelCostles

Notas do Autor


Espero que gostem do novo capítulo, amores

Capítulo 17 - Capítulo XVlI - A Escolha é Sua...


POV - Sakura

Apesar do frio e da roupa pesada, a noite estava incrivelmente bonita com todo o seu visual característico de fim de ano. Os bares estavam cheios, as ruas vazias e todos pareciam partilhar de momentos felizes ao lado de pessoas queridas. 

Por opção de Temari, escolhemos um ambiente mais refinado. Era um grande restaurante com vista para toda a cidade. Era lindo, elegante e extremamente caro. Mas a loira teimou em pagar por tudo e não seria eu a questioná-la. Como de costume, queria que fosse uma noite agradável para todos, principalmente para ela.

Temari, apesar de ser uma mulher independente e de aparência forte, tinha traumas dos quais ela não partilhava com ninguém. Acho que no fundo, todos nós éramos assim.  Crianças vindas de famílias problemáticas com a única intenção de ferrar com o nosso psicológico. Aliás, tínhamos tudo para dar errado. Tudo para não sermos próximos…

_ Sakura, você está bem? - A loira tocou-me o ombro e finalmente eu notei o garçom ao meu lado. 

_ Ah, eu… Eu estou ótima! - Sorri, olhando a preocupação dela comigo. _ Vamos aguardar um pouquinho mais, tudo bem?

_ Você está esperando alguém?! - Ela perguntou, estreitando o olhar na minha direção e eu sorri amarelo. _ Ah, não. Tá de brincadeira, Saky?!

_ Eu disse que ela iria odiar… - Naruto riu, puxando a carta de vinhos. _ Acho que vamos começar com álcool, porque as coisas prometem esquentar… - O loiro olhou para o garçom que já estava impaciente com a nossa demora. 

_ Você resolveu chamar o Shikamaru sem me contar? - Indagou, pegando a taça com água e tomando um gole farto. 

_ Eu não queria que você ficasse nervosa pela minha decisão, desculpa… - Respondi simplista. _ Fora que eu sinto falta dos meus amigos juntos e não posso ficar escolhendo quando chamar um e excluir o outro.

_ Tudo bem. - Ela bufou, dando um meio sorriso. _ Você está certa.

_ Enquanto estavam nessa picuinha, eu pedi um vinho seco para tentar acalmar os ares… - Naruto falou olhando-nos. _ E mudem essas caras, pelo amor de Deus. 

_ Olha, eu só espero que ele não demore como de costume. - Temari atentou, cruzando os braços. 

_ Ele não vai… - Afirmei, sorrindo de canto ao ver o mesmo adentrar no recinto com uma vestimenta completamente diferente do desleixado ao qual era comum o vermos. 

_ Desculpa pelo atraso… - O moreno disse, parando em pé ao lado da mesa, atraindo o olhar da loira que rapidamente fingiu não se importar. 

_ Não, foi nada. Ainda nem fizemos o nosso pedido… - Falei, vendo ele contornar a mesa e se sentar ao meu lado. 

_ Ótimo, eu estou faminto. - Sorriu de canto.

_ Desde quando usa roupas assim?! - Temari perguntou e Naruto me olhou com aquela expressão de “Vai começar!”.

_ Desde de hoje… - Respondeu com naturalidade, olhando para a própria roupa. _ Não gostou?!

_ Não… Quer dizer, sim, eu gostei… Ficou muito bom em você. - Ela afirmou, puxando o cardápio da mesa e disfarçando o comentário que pegou a todos de surpresa. 

Eu não contive o sorriso ao ver Naruto suspirar aliviado e me voltei ao cardápio nas mãos de Shikamaru, dando uma leve cotovelada em seu ombro enaltecendo o seu semblante radiante como o de uma criança.


POV - Sasuke

Eu odiava ter que sair para esses jantares formais, principalmente os que Itachi me obrigava a participar. Não que eu odiasse a sua presença, longe disso, eu só sentia incômodo ao ouvir os murmúrios alheios ou a forma “sensível” com que as pessoas insistiam em me tratar. 

Maldição, eu não era uma pessoa inválida. A cegueira não me fazia mais especial ou mais frágil do que as outras pessoas, muito menos tirava a minha percepção para o que estivesse à minha volta. Eu ouvia. Eu sentia… E quase conseguia ver o esmero, de tão nítido que se fazia.

Na minha frente, Itachi falava e falava, como se a sua rotina realmente fosse algo relevante na minha vida. Mal ele conseguia imaginar o quanto era doloroso para mim querer estar vivendo como ele e realizando sonhos aos quais eu nem sabia se algum dia se concretizariam. No máximo, eu só queria ter a minha independência de volta e não ser um fardo para ele. 

Todas as vezes que penso sobre, eu imagino como deve ser difícil para ele. Depois que o incidente aconteceu, eu fiquei meses trancafiado em um quarto sem querer ouvir, muito menos falar com alguém. Pouco a pouco os meus amigos foram se afastando, até que no final, só sobrou Itachi e sua persistência incurável. Ele ia sempre me ver antes de sair para o trabalho e quando chegava do mesmo. Me contava sobre o seu dia, comentava por alto sobre as ligações que eu recebia e em como os meus amigos sentiam a minha falta… O que era uma mentira, ninguém sentiria falta de um idiota cujo as últimas palavras ditas foram “Eu não preciso da piedade de ninguém, muito menos quero um bando de imprestáveis ao meu lado.”

Bom, eu sempre fui conhecido pela minha competência, só nunca imaginei que a maior delas era ser rude com aqueles que só queriam me ajudar… 

_ Ei, moleque. Você ao menos está me ouvindo?! - O tom de voz de Itachi mudou e eu voltei a dar-lhe a devida atenção. 

_ Claro. 

_ E sobre o que eu estava falando?!

_ Sobre trabalho, como sempre. 

_ Não, seu cuzão… - Estalou a língua no céu da boca, indicando chateação. _ Estava falando que a Sakura está aqui. 

_ Não seja idiota, ela odeia esses lugares. - Afirmei, como se ainda a conhecesse. E então, mudei o meu ponto de vista. _ Ela está com alguém em especial?

_ Se está querendo saber se ela está com algum cara, a resposta é sim… - Itachi respondeu e eu bufei. _ Mas ela também está acompanhada de mais pessoas e não parece, de fato, um encontro. 

_ Ótimo. - Eu cuspi tal afirmação, pegando a taça e bebendo todo o vinho em um único gole. _ Porque não vamos embora? 

_ Ah, nós nem começamos a comer, fora que você não consegue ver ela mesmo. - Ele deu uma risada anasalada, deixando-me ainda mais furioso. _ Não é como se fosse te ferir ela estar… CARAMBA, BEIJANDO O CARA AO LADO DELA?! QUE SAFADINHAAA…

_ Não seja patético, eu sei quando está mentindo. - Falei, torcendo os lábios e desejando que fosse realmente uma de suas mentiras. 

_ Bom, já que eu não consigo me divertir, é melhor irmos cumprimentar ela e os amigos. - Eu pude ouvir o arrastar de sua cadeira e o segurei pelo braço. 

_ Está ficando louco?! - Exclamei. 

_ Sabe, você não mudou nada… - Falou, se ajeitando de volta no assento. _ Ainda parece o mesmo garoto medroso do colegial. 

Eu queria contestar, mas era verdade. Eu não passava de um garoto medroso e anti-social. É desesperador quando nos sentimos insuficientes.

_ Já deu por hoje. Eu vou ao banheiro e quando voltar, pedimos a conta e vamos embora. - Ele se levantou, deixando-me sozinho com os meus pensamentos. 

Continuei sentado, olhando para frente e me julgando mentalmente com palavras cruéis. Às vezes, a gente até tenta olhar com calma pra dentro da gente, mas se assusta, com o estrago, com a escuridão e principalmente com todos os motivos que nos tornaram o que somos hoje. Nada além de nós mesmos. Quebrados. Feridos… Sozinhos.

Me tornei uma máquina de sonhos perdidos. 

Toda vez que eu sinto esse vazio, essa tristeza, eu tento me isolar ao máximo, porque não quero que ninguém se preocupe comigo. Mesmo que o único a fazer isso seja sempre o Itachi… Ou talvez por ser exatamente ele a quem eu irei preocupar. Eu não saberia dizer ao certo. Então, na maioria das vezes eu vou dormir, para não ter que transparecer essa angústia. Mas quando eu acordo, o mundo mudou e eu continuei igual. 

_ Eu já acertei a conta. - Itachi se aproximou, puxando o blazer da cadeira. _ Vamos embora?! 

Fiquei em silêncio por algum tempo. Talvez tempo o bastante para que ele desse conta de que algo estava mais do que errado. 

_ Tudo bem… - Voltou a se sentar, analisando com a sua peculiar calma a situação. _ Vamos tomar algo mais forte dessa vez. 

Naquele momento, Itachi pediu uma garrafa de whisky, dois copos e a minha atenção. 

_ Por quanto tempo mais você irá cuidar de mim?! - Perguntei, pegando o copo ao qual ele me serviu. 

_ Por quanto tempo mais você pretende viver?! - Rebateu em um tom irônico. 

_ Eu não sei, mas eu gostaria de não viver muito. - Ouvi Itachi suspirar pesado de insatisfação. 

_ Ótimo, você sempre escolhe o caminho mais fácil. - Afirmou com escárnio. 

_ Não é fácil pensar em suicidio, Itachi… - Atentei, ouvindo ele aspirar um riso baixo.

_ Cale essa sua boca, seu maldito idiota. - Me repreendeu. _ É claro que é fácil. Você só está fazendo o que fez da última vez. Você só está fugindo. Me diga, Sasuke, por quanto tempo mais irá fugir?! 

Fiquei em silêncio. E sim, o silêncio doía muito. 

_ Sabe, você fugiu dos nossos pais, da Sakura, dos seus melhores amigos e até mesmo de mim… - Ele esbravejou, alto o bastante para que as outras mesas ouvissem. _ Agora, quando não lhe resta fugir de mais nada, também quer virar as costas para a sua vida?! Vai fugir dela também?! 

_ Ei, senhor, eu peço que fale mais baixo no estabelecimento… - A voz do garçom era tranquila comparado a respiração de Itachi que se contrastava com o tilintar de alguns talheres ao redor. 

_ Tudo bem, eu já estava de saída. - Ele se levantou. _ Você sempre diz que eu me pareço muito com o nosso pai, mas sempre foi você que teve o coração idêntico ao dele. 

Por segundos pensei em segui-lo, mas preferi ficar sentado com o copo ainda em minhas mãos. A frase “ Você só está fazendo o que fez da última vez. Você só está fugindo.” ficava ecoando pela minha mente, como um turbilhão de vozes estridentes.

_ Sasuke?! - A voz dela ricocheteou, afastando todas as outras e me aproximando da realidade. _ Eu não queria me meter, mas o Itachi saiu furioso e eu pensei que… 

_ Sakura, eu acho que fiquei louco… - Falei, rindo com desânimo. _ Eu estou fazendo exatamente o que prometi a mim mesmo que não iria fazer. Estou desejando tudo o que não posso ter.

O barulho reconfortante da cadeira foi o bastante para saber que louco ou não, eu ainda não estava completamente sozinho. Naquele momento, eu estava com ela e isso era tudo.

_ Não é errado desejar algo. Na verdade, eu acho que é humano. - Ela falou com naturalidade, como se eu fosse um de seus amigos. 

_ Não me sinto mais humano há anos… - Cerrei os lábios em uma linha fina. _ Sabe, eu não falo disso com o Itachi, porque no fundo ele já se preocupa demais comigo. Mas eu sou realista, não acho que exista uma recuperação ao virar a esquina.  

_ Sasuke, se tem alguém em quem você deveria confiar as suas dores, esse alguém é o seu irmão. - Ela afirmou com a voz entrecortada do que parecia tristeza. _ Ele te ama. Você deveria ao menos deixar que as pessoas te amem. 

_ Você tem razão, como quase sempre… - Sorri, sabendo que ela também partilhava de seu sorriso. 

_ Bom, eu preciso voltar para a minha mesa… - Ela disse e eu senti o meu peito se comprimir ao ouvi-la se levantar. 

_ Você ainda me ama?! - Perguntei rápido, culpando-me segundos depois pela inconveniência dos detalhes que foram perdidos com a insensatez.

_ Não estamos falando sobre nós dois… - Respondeu de maneira curta e gentil, como era de se esperar.

_ Eu queria que ao menos uma vez falássemos sobre nós dois. - Insisti, já que não tinha muito a perder.

_ Eu amo. Queria com todas as minhas forças não amar, porque dói… - Ela respirou fundo e o meu coração pareceu se quebrar junto com o dela. _ Te amar dói tanto que eu me sinto sufocada, porque eu descobri que às vezes não importa o quanto você ame alguém, ele simplesmente não pode te amar da mesma maneira.

Naquele momento, foi muito fácil ver o que eu deveria ter feito no passado. Eu vi os meus erros. Vi exatamente como poderia ter evitado cada um deles. E então, ela se despediu com um murmúrio choroso. Eu me levantei, esperei que o barulho do seu salto deixasse de ecoar pelos meus tímpanos e caminhei para fora do salão. Chegando no saguão de entrada, eu chorei. 

Quem diria que eu estaria aqui, novamente, chorando por você? 



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