História Secret - Rescue

Dois meses se passaram e nenhum sinal de Nick. Estou sentada de frente para o delegado que analisa papel atrás de papel. Acabei de sair de um almoço com Justin e Pattie, eles decidiram esperar para confrontar Jeremy, já que ele foi para uma viagem de negócios que irá durar dois meses.

- O carro que você nos deu a placa finalmente foi rastreado. - Phil, o delegado me desperta.

- Por Deus, eu já estava achando que nunca iriam achar.

- O carro tem rastreador, mas o monitoramento é acessível apenas através de senha.

- E vocês hackearam o servidor?

- Sim. E finalmente achamos o paradeiro de Nicholas.

- Sabem onde ele está? - sinto meu coração apertar. Finalmente o acharam.

- Sim, e temos a intenção de intervir esta noite.

- Claro! - fico eufórica. - O quanto antes, meu Deus, sabe-se lá o que ele está passando com Scoot.

- Você já pode ficar mais tranquila e ir para casa, te daremos informações e te avisarei quando finalmente o resgatarmos.

- Não posso ir junto? - indago.

- Na operação? - ele pergunta sério e assinto. - Receio que não Cassie, pode ser perigoso demais.

- Por favor. Eu preciso vê-lo.

- Certamente ele será encaminhado para o hospital, poderá vê-lo lá.

- Não, o senhor tem que me deixar ir.

O delegado suspira como se negasse a se convencer.

- Você ficará dentro da viatura, à uma distância bem considerável e só sairá depois que todos os suspeitos estiverem presos e dentro das viaturas.

- Sim senhor. - faço sinal de sentido para ele que ri e balança a cabeça negativamente.

Me despeço dele com um aperto de mão e assim que me levanto sinto minhas pernas bambearem. Me seguro na guarda da cadeira e Phil se levanta para me ajudar.

- Está tudo bem? - ele faz eu me apoiar em seu corpo.

- Acho que sim. Talvez eu tenha levantado muito rápido.

- Suponho que não, não para ficar tonta desta forma. Vou ligar para Justin.

Me sento novamente enquanto Phil comunica Justin.

Mas que diabos está acontecendo? Esse mal estar está me perseguindo a dias, já tomei todos os chás, todos remédios possíveis mas as dores abdominais e tonturas não passam. Talvez Mama tenha razão e seja melhor procurar um médico.

Justin demora apenas alguns minutos para chegar, já me sinto melhor, mas ele insiste em me levar para o carro apoiada.

- Vamos ao médico agora, essas coisas não podem ser normais. Você com certeza está doente. - fala enquanto se concentra na estrada.

- Não, hoje não.

- Por que não? Quer esperar ficar pior? - ele me olha.

- Justin, eles acharam o cativeiro de Nick.

- Isso é ótimo! - ele exclama. - mas o que tem a ver você ir ao médico com o cativeiro?

- Eu vou com eles resgatar Nick.

Justin pisa bruscamente no freio, meu corpo trava por conta do cinto de segurança e posso ouvir buzinas soarem altas atrás de nós.

- Você ficou louca? - ele me olha sério.

- Meu Deus Justin. - olho para trás vendo os carros desviarem do nosso, parado no meio da pista.

- Você não vai a lugar algum. - ele retoma a direção vagarosamente enquanto olha os outros carros pelo retrovisor.

- É claro que vou. Justin, eles vão resgatar o meu melhor amigo.

- Eu sei Cassie, mas você estar lá é muito perigoso. E se houver troca de tiros? Acha que Scoot vai aceitar numa boa? É claro que ele vai revidar com a polícia.

- Eu vou ficar em uma viatura bem afastada.

Justin bufa.

- Não Cassie. Já chega desse assunto. Você não vai, pelo seu bem.

Não falo nada e Justin me olha, me concentro na estrada e não dou a mínima pra ele. Tudo bem que ele é meu namorado, mas não vai me impedir de ajudar no resgate do meu melhor amigo. Não estou a meses tentando encontrá-lo em vão.

Às 22:00 da noite, me deito antes de Justin vir deitar, estou arrumada para sair assim que o delegado Phil me mandar a mensagem. Coloco o cobertor até o pescoço, tampando a blusa. Justin sai do banho e sorri enquanto olho pra ele nu, secando o cabelo com a toalha. Ele caminha até o closet e veste uma cueca e uma calça de moletom.

- Está se sentindo melhor? - ele pergunta.

- Sim. - sorrio.

Ele se deita ao meu lado e apaga a luz, desta vez não me deito no braço dele.

- Está brava? - ele pergunta quase que sussurrando. Está cansado, preciso que ele durma. Se Phil me chamar antes disso, já era.

- Não, só estou desconfortável. Pode dormir, qualquer coisa eu te chamo.

Justin acaricia meu rosto, a pouca luminosidade vem da janela que permite que uma pouco de luz da lua entre. Olho para o relógio de cabeceira 23:30. Justin dorme profundamente ao meu lado. Me levanto vagarosamente evitando acordá-lo. Assim que saio do quarto meu celular acende. A viatura está lá fora.

- Eles estão na parte mais deserta de Los Angeles. Algumas áreas de camping ficam abandonadas nessa época do ano e são propícias para bandidos montarem seus cativeiros. - diz Phil enquanto dirige.

- Temos notícia de como Nick está? Está ferido? - pergunto.

- Não, são detalhes muito preciosos para se saber.

Ficamos 40 minutos na estrada, fomos para o Norte de Los Angeles. Sete viaturas faziam parte do comboio de resgate. Então entramos em uma estrada de terra, Phil diminui a velocidade para quase abaixo de 10km, parece querer não fazer barulho, as viaturas reduzem as luzes do farol e mais alguns metros à diante param.

Homens fardados, encapuzados e com suas armas em punho saltam das viaturas e andam com cautela e sincronia.

Phil pega o rádio e comanda.

- Cerquem a casa, preciso de 5 homens na porta frontal. Um homem em cada janela, preciso saber o que veem.

Em seguida uma resposta.

- Janela leste, civil amarrado a uma cadeira, saco preto na cabeça. Há sangue pelo chão.

Sinto meu estômago revirar e um calafrio dançar pelas minhas costas.

Estamos longe da casa, é uma casinha pequena, feita de concreto e mal pintada de branco. As janelas são de um marrom velho e algumas janelas possuem fendas por algumas partes terem caído.

O rádio fala novamente.

- Movimentação na porta da frente, suspeito saindo armado.

- Rendam-no. - ordena Phil.

Uma agitação começa mais a diante. A visibilidade é muito pouca, mas ao que parece os policiais renderam que saiu.

- Sem suspeitos na parte da entrada chefe.

- Ok. Preparem-se. No três, invadam.

Meu coração acelera ainda mais e aperto o banco do carro com as unhas. Phil coloca a cinta com uma arma e o colete a prova de balas.

- 1… - ele abre a porta sem largar o rádio. Seu olhar fixo a movimentação mais à frente. - 2…

Seguro a respiração, sei que o que vem a seguir vai ser determinante.

- Não saia do carro Cassie. - Phil fala. - 3… - ele sai do carro antes mesmo que eu termine de piscar.

Mesmo longe, consigo escutar o estouro de portas e janelas, há vozes alteradas e suspeito de sejam dos policiais. Fico paralisada, as janelas da viatura estão fechadas e o som externo é abafado, mantenho as mãos em frente a boca. Não sei ao certo como reagir.

Alguns minutos se passam e algo se choca contra o vidro do carro, olho em direção ao furo na parte superior do para-brisa. Um tiro. Outro barulho, mas agora é longe.

Agora uma sessão de tiros se inicia, avisto Phil caminhar em direção ao carro, ele esta com Nick. Os dois caminham com pressa, um pouco curvados para se desvencilhar dos tiros. Phil faz sinal para Nick caminhar até a viatura e então o deixa vir sozinho, abro a porta e estico os braços para que ele venha até mim.

Ele está ferido, bastante na verdade. Está caminhando com certa dificuldade e meu coração corta em vê-lo daquela maneira. Ele tem alguns hematomas pelo rosto, braços e pernas. Suas roupas sujas e rasgadas me permitem ver que não foi nem um pouco fácil estar ali. Nick está quase chegando perto, vou em sua direção, não posso ficar parada, tenho que ir até ele até por que todo esse tempo longe só me da mais vontade de abraçá-lo.

- Nick! - falo alto e eufórica.

Ele olha em minha direção e sorri, um sorriso que cambaleia em seu rosto. Noto uma movimentação estranha em alguns arbustos ao lado, barulho de gravetos se quebrando. Aperto um pouco os olhos afim de tentar ver o que é e então, Scoot está lá, com a arma apontada para a direção de Nick, que sequer o vê.

- NÃO! - Corro até Nick. Mas escuto um disparo.

Nick cai de bruços no chão e corro em sua direção. Olho para Scoot que ainda mantêm a arma apontada em nossa direção. Mais um disparo e sinto algo queimar. Mas a minha visão se escurece antes mesmo de eu ver o que é.