Washington, DC, EUA — 01h34min
Sakura Haruno
Os cabelos negros estavam presos no comum rabo-de-cavalo baixo, o qual ele sempre usava. Um sorriso assustadoramente sedutor me convidava a caminhar até ele e beijá-lo — mesmo sendo uma ideia terrível, era duvidável. Vestia apenas uma calça jeans preta, deixando seus músculos perfeitamente definidos à mostra. Então, para fechar com chave de ouro, tinham as asas negras e enormes, que faziam penas voarem pelo quarto. Sasuke, ao meu lado, mantinha os olhos arregalados e marejados, como se não acreditasse que a criatura à sua frente era seu imrão mais velho. Já Itachi apenas olhava-o como um alvo fácil, de forma que toda a relação de ternura que os dois sempre tiveram fosse brutalmente massacrada e jogada no lixo.
A mão do anjo caído se ergueu enquanto espada comprida brilhava sob a luz lunar que invadia o cômodo. As palavras que ele sussurrou naquele momento não foram legíveis; ele voou para trás de Sasuke. Arregalei os olhos e me movi, vendo que Itachi iria matá-lo cruelmente. O Uchiha mais novo fechou os olhos quando o irmão tocou-lhe o queixo, deixando sua garganta mais convidativa para ser cortada.
Mas eu não permiti.
Empurrei o demônio, vendo-o arregalar os olhos, surpreso. Ele caiu no chão, deixando a arma branca rodopiar pelos ares e pairar sobre os estilhaços. Nós dois vimos aquela espada e meu instinto de assassina falou mais alto quando eu saí correndo para pegá-la.
— Toque-a e meu irmãozinho será um homem morto — anunciou com uma voz tenebrosa.
Olhei para trás, vendo-o segurar a cabeça de Sasuke, à ponto de girá-la e quebrar seu pescoço. Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu me afastava lentamente, até que meu namorado deu-lhe uma cotovelada no estômago.
— Eu não sou o seu irmão! — gritou. — Pois irmãos não se matam!
Itachi tombou a cabeça para trás em uma risada sem fim; seus cabelos balançavam com ajuda da corrente de vento que vinha da janela.
— Realmente... O seu irmão morreu à muito tempo, Sasuke.
Eu balancei a cabeça com os olhos marejados e peguei a espada, caminhando até ele. Então, ele arregalou os olhos quando eu a estendi determinada.
— Eu não vou lutar contra você, Itachi — falei. — Não matarei o irmão do meu namorado.
— É, você realmente tem problema de dicção... Eu não sou...
— Você é um idiota! — bradei, com os olhos em chamas. — Como pode dizer isso?! Você tem uma família que o ama, Uchiha!
— Eu estou morto! — rebateu.
— E por isso vai matar o menino que tem o seu sangue, o seu sobrenome, que te ama?
Ele abaixou o olhar, fitando o chão. E, finalmente, aquela expressão de fortão deu espaço à algumas lágrimas, talvez, arrependidas.
— Para você, é fácil falar — respondeu, incerto.
Cruzei os braços e, quando fui dizer, Sasuke me interrompeu.
— Realmente, para ela é bem fácil falar isso! Não foi o namorado dela que a traiu, não foram os pais dela que morreram, não foi ela que viu o mais temível ser sobrenatural quando tudo já estava perdido, não foi ela que você matou!
Itachi balançou a cabeça, quando mais lágrimas rasgaram sua pele.
— Olha, eu não estou aqui tentando te humilhar. Só estou dizendo que ainda há tempo para você se redimir de seus pecados e não matar quem tanto te amou — acrescentei.
Ele me encarou nos olhos, como se enxergasse o fundo da minha alma.
— Está certo — disse. — Eu tenho que matar quem me matou.
E eu tremulei perante àquela afirmação, lembrando-me da história de Sasori, o ruivo imbecil que matou o Itachi. Tentei dizer que não, mas o moreno simplesmente sumiu de lá, largando-me aflita. Sasuke tocou meu ombro, se sentando na cama.
— Então é isso mesmo... Meu irmão é um demônio cruel.
Abracei-o.
Estava errado, tudo errado. Eu amava Sasuke, por isso, não poderia tratar sua vida daquela forma: expondo-o para o inferno. Aquilo era um problema meu, então quem deveria solucioná-lo seria eu.
— Eu... eu acho que nós temos que nos separar — afirmei. — Não no relacionamento, digo.
— E eu te entendo — murmurou. — Sabe, Haruno, eu sei lutar muito bem... Mas, apenas contra seres vivos.
Sorri internamente por ele ter me entendido tão facilmente.
— Não quero vê-lo machucado... Aquela visão que eu tive...
Ele tocou meu queixo e sorriu.
— Esqueça aquilo, sério.
— Mas, Sasuke, conhecendo o Sasori... — tentei argumentar.
— Ele não fará nada comigo.
Mordi o lábio inferior ao me lembrar dele. "Eísai mou". As seguintes palavras assaltaram-me os pensamentos, fazendo-me lembrar aquele dia no carro. O dia em que eu conheci. Então foi claro: ele tinha dito isso. Me levantei do colchão e peguei o celular, abrindo o Google Tradutor.
Grego: Eísai mou = Português: Você é minha.
Minha respiração se descompassou, logo que, Sasuke se aproximava. Guardei o celular e sorri amarelo, vendo-o franzir o cenho, desconfiado. Então, não falei absolutamente nada. Apenas, tornei a levantar e me jogar na cama espaçosa. O Uchiha nada disse e fez o mesmo que eu.
— Então... Acho que ele não irá voltar — Sasuke, incerto.
Sorri, já entendendo tudo o que estava acontecendo.
— Não, o Itachi não vai voltar — confirmei. — Eu tenho certeza, pode dormir tranquilamente.
Ele me abraçou e me beijou; eu correspondi da forma mais fervente. Nossas línguas travavam uma super batalha deliciosa. O abracei e deitei a cabeça em seu peito, suspirando.
— Eu te amo, Gótico Viado.
— E também te amo, despeitada.
E era isso. Para Sasori, eu o pertencia, então, seria óbvio que ele não queria que eu ficasse perto de Sasuke. E, aquela visão, foi apenas para me avisar o que aconteceria caso eu o desobedecesse.
Portanto, aquilo era uma despedida de meu namorado; talvez uma breve despedida, talvez um eterno adeus. Eu iria sair pela manhã, rumo ao país que eu quiser, afinal, eu voo.
Sasori me encontraria lá, dessa vez, sozinha.
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Sempre devemos nos despedir de quem amamos, pois nunca saberemos se nós vamos voltar.
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