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História Segmentos - 5 Anos Atrás


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


• OIEEE ♥ ♥
• Então, eu escrevi várias vezes esse capítulo e nunca fiquei satisfeita (até agora não estou satisfeita, mas não quero ficar enrolando pra postar)
• Minha principal dificuldade é escrever com os verbos todos certinhos no presente, então se tem algum erro me perdoem, irei revisar o mais rápido possível!
• Mudei uma coisa: cada capítulo não será narrado por 1 personagem e sim dividido em três partes, cada uma narrada por um dos principais.
• É isso, obrigada por estarem aqui!
• P.S: Esse capítulo se passa 5 anos atrás do 1o capítulo, o próximo se passará há 4 anos atrás do primeiro capítulo e assim por diante, até chegar no presente.

Capítulo 2 - 5 Anos Atrás


ETHAN

Meus olhos não conseguem desviar de seu rosto. Ele é como um ímã para mim; quero admirá-lo e não consigo parar aquela palpitação acelerada do meu coração.

Kanaam está falando alguma coisa para mim, mas não o escuto, perdido em pensamentos. Eu sei que o que sinto se chama atração e não paixão, mas quem sabe não posso transformá-la em algo mais?

Recém o vi e já sei que o quero. Comprimo meus lábios e engulo em seco, tentando não ser tão exagerado, mas é inevitável. Logo que o vejo sei que algo acontecerá entre nós. Sei também que não resistirei àqueles olhos azuis mais claros que os meus nem àqueles cabelos loiros que parecem ter brilho próprio. Por Deus, ele parece um anjo!

Um anjo no meio de uma sala de aula quieta e boquiaberta com sua beleza. Sento-me rapidamente ao ver o professor chegar, mas não paro de olhá-lo. Kanaam percebe meu comportamento estranho e me cutuca na barriga.

━Ele é rico? -pergunta baixinho

━Claro que é. -sussurro sem deixar de encarar o objeto de minha admiração

Eu sabia que ele era rico porque: a) ele havia chegado em um carro caríssimo e luxuoso; e b) suas roupas eram de marca; Além de tudo isso tenho a impressão de que o conheço de algum lugar. Seus traços delicados me lembram alguém que não consigo identificar.

A aula transcorre normalmente, comigo não prestando atenção em mais nada além da silhueta dele à minha frente. Mordo meu lápis durante todo o período, ansioso e impaciente para descobrir mais sobre aquele garoto. Preciso conhecê-lo e vou conhecê-lo; aquele torna-se instantaneamente meu objetivo nesse último ano de escola.

Não consigo conter minha agitação e balanço os pés sem parar, olhando para o relógio de segundo em segundo. O garoto bonito está apontando um lápis, concentrado e sério. Suas mãos são compridas e delicadas, como as de um pianista, a pele é quase da cor da classe branca em que nos sentamos e mordo os lábios com frustração, já imaginando como seria beijá-lo, em qualquer lugar que fosse.

Eu estou realmente desesperado, quase salivando atrás dele. Talvez seja o tempo que passei sem nenhum interesse romântico, talvez seja o rosto dele, mas tudo nele me deixa deslumbrado. Ainda há aquela aura misteriosa em sua volta, algo me dizendo que ele não é estranho para mim.

Quando a chamada começa aperto o lápis na mão ao descobrir que seu nome é Charlie Blanchard. Aquele sobrenome é conhecido. Sento com rigidez na cadeira, tentando me lembrar onde eu o conheço.

O professor o pronuncia erroneamente e Charlie o corrige com um pouco de timidez, mostrando um sotaque francês bonito e elegante. Sinto os cabelos da minha nuca arrepiarem ao ouvi-lo falar daquele jeito. Então me lembro: ele havia protagonizado programas na televisão quando ainda era pequeno! Os pais são famosos também, a mãe uma bailarina e o pai pintor, ambos renomados em suas profissões. Como eu posso ter me esquecido? Ele está muito diferente daqueles programas que eu havia assistido quando era criança.

 Uma sensação eletrizante atravessa meu corpo. Os programas que ele fez eram voltados para o público infantil, durou cerca de 1 ano e depois foram cancelados. Percebo que ainda estou boquiaberto, sem acreditar.

Durante o intervalo me levanto num pulo enquanto o vejo guardar os materiais. Coloco as mãos nos bolsos e ajeito meus cabelos(se soubesse os teria penteado antes de sair de casa). Caminho até sua classe e o encaro de cima. Espero ele me notar.

Quando seu queixo levanta e seus olhos se fixam nos meus fico paralisado, de boca aberta e esqueço o que ia dizer.

Os olhos azuis são amigáveis, mas também intensos demais; parecem encarar até o fundo da minha alma. Respiro fundo, sem conseguir prosseguir e ele ri timidamente, baixinho, os dedos finos tocando os lábios rosados.

Não me mexo, estou um pouco petrificado com o som da sua risada.

━Olá, tem algo a me dizer?

Ver suas bochechas corarem me deixa inquieto por dentro. Ele faz a pergunta e adoro o jeito como sua boca forma as palavras, movendo-se com atenção para não errar a pronúncia. Os orbes azuis me estudam, agora com curiosidade e tento desesperadamente encontrar as palavras que estava prestes a dizer.

━Oi. -falo e minha voz sai mais grave que o habitual, ao contrário do tom melódico da dele

━Qual seu nome? -Charlie morde os lábios e apoia o queixo na mão direita

Eu poderia gritar de frustração ao vê-lo fazer aquilo, mas acompanho com atenção seus dentes enquanto eles mordem a pele sensível dos lábios, fazendo-os ficarem mais vermelhos. Me perco por um minuto, olhando fixamente como um idiota sua boca e um cutucão em meu cotovelo me traz de volta a realidade.

━Ethan? -é Kanaam e ele olha de mim para Charlie com o cenho franzido, confuso

━Sim? -pergunto

━Vamos? Posso te ajudar a organizar suas coisas.

Eu quero dizer que não me importo com organização, que ele pode ir embora, porque eu apenas quero conversar com Charlie, pelo resto do dia, mas não posso. Kenny sempre me ajuda no início das aulas.

━Vamos… -murmuro, sem tirar os olhos de Charlie

━Prazer Ethan -Charlie murmura e se levanta, pegando a mochila

Sinto um perfume doce gostoso vindo dele e percebo que sou alguns centímetros mais alto e que seu corpo é magro e pequeno perto do meu. Ele é exatamente meu tipo. Por dentro estou sorrindo de felicidade por conversar com ele e frustração por ter de deixá-lo tão rápido.

Quando Charlie sai pela porta eu pressinto que minha vida mudará com sua presença, porque ele faria parte dela. Ao menos é o que eu quero.

      KANAAM

A casa dele está uma bagunça e não me importo de ajudá-lo. Ethan guarda alguns livros na estante da sala enquanto eu organizo as coisas em cima da mesa e do sofá.

O olho de soslaio e percebo que ele está mais animado do que o habitual para um primeiro dia de aula.

━O que achou do aluno novo? -ele pergunta, tirando-me de meus devaneios

━Nada demais… -respondo rapidamente

Claro que minto. Ele parece um desenho de tão bonito. Eu jamais poderia competir com tamanha beleza. Sou completamente o oposto dele: pele marrom num tom café com leite, olhos verde oliva e cabelos castanhos encaracolados. Além de tudo isso eu não sou nem um pouco rico e minha família é da Índia. Opostos totais.

Ver Ethan tão interessado me magoa, mas como sempre escondo meus sentimentos com maestria. Finjo não ligar enquanto ele fala sem parar, num tom animado do quão lindo Charlie é, de como encantou-se com o sotaque dele, de seus olhos… Tento não ficar afetado com sua nova paixonite, mas não consigo porque dentro de mim algo dói e cada palavra dele machuca.

━Você lembra daquele programa na televisão, para crianças, Junior Cuisine? -franzo o cenho

━Não, por quê?

━Era ele quem apresentava. -ele  ri sem acreditar- Eu via quando criança. Depois o programa acabou e ele nunca mais voltou a aparecer na mídia.

Arqueio as sobrancelhas com curiosidade. Então além de rico ele é famoso. Suspiro com a minha sorte. Agora sim não tenho nenhuma chance de competir.

Reparo em como seus cabelos pretos estão bagunçados, mas mesmo assim o deixam lindo. Na luz do sol que entra pela janela eu posso ver as linhas de seu rosto, que nas férias haviam se tornado bem mais expressivas e masculinas. Ethan está mais musculoso e alto do que o ano anterior. Além disso há um piercing em sua orelha, outro na sobrancelha e uma tatuagem de águia no antebraço esquerdo.

Eu sabia que seus pais odiariam aquilo, se eles se importassem com o filho que tem. Sua mãe está ocupada demais cuidando da filha mais nova, irmã de Ethan, enquanto o pai gasta seu tempo e dinheiro na nova esposa. Não sobra tempo para Ethan, mas o mínimo que fizeram foi comprar esse apartamento para o filho (mesmo sendo Ethan quem sofre para pagar o aluguel).

Termino minha arrumação e me sento no sofá.

━Kenny, acho que precisamos de um novo amigo, não? -engulo em seco ao observá-lo passar um pano na estante

Eu adorei aquele apelido porque ele havia inventado e toda vez que o ouço vindo de sua boca algo dentro de mim se arrepia.

━Por quê? Sempre fomos eu e você. -murmuro tentando não transparecer minha mágoa

Ele sorri de canto, aquele sorriso que me deixa boquiaberto e tonto. Os olhos azuis se fixam em mim e ele enfia a mão no bolso, vasculhando à procura de algo. O observo fixamente, sem deixar nenhum movimento seu passar. Eu o amo há tanto tempo...

━Não acha meio monótono, só nós dois? -suas sobrancelhas se arqueiam e ele comemora ao tirar uma carteira de cigarros no bolso

━Não acho, estamos bem assim, sempre fomos eu e você. -falo rapidamente, mais interessado no cigarro- Desde quando você fuma?! -arregalo os olhos ao vê-lo colocá-lo na boca

━Desde as férias, fico mais relaxado assim, estou agitado demais hoje! -ele acende a droga- Já estou pensando na aula de amanhã, acha que ele vai ter períodos com a gente? Aliás, como eu deveria me aproximar dele Kenny?

Respiro fundo com frustração. Ethan não vai largar aquele assunto enquanto não conseguir o que quer. Algo dentro de mim pulsa com medo de ser deixado para trás, mas me contento em fechar os olhos e tentar não pensar naquilo.

Ele quer minha opinião sobre como aproximar-se de Charlie. Dobro minhas pernas no sofá e olho pela janela com um pouco de mágoa.

Ele fica mexendo no cigarro com nervosismo, o que me deixa estático de surpresa. Ele havia mudado demais. Claro que o Ethan brincalhão, agitado e ansioso ainda está ali, mas é uma versão diferente, mais… Intensa.

Sempre fomos eu e ele na escola, unidos, estudando, fazendo trabalhos, brincando, contando piadas… Mas agora eu sinto que um interesse amoroso pode mudar tudo entre nós. Claro que antigamente eu tive que lidar com outros meninos e meninas com quem ele ficava, mas agora é diferente. Somos mais velhos e Ethan não parece querer apenas ficar com Charlie.

━Acho que devia convidá-lo para cá.

Eu não quis dizer aquelas palavras, mas elas saíram como um tiro da minha boca. Comprimo os lábios com um pouco de arrependimento e impaciência. Não quero que ele convide Charlie para cá porque esse é o nosso lugar e também meu refúgio quando as coisas em minha casa ficam feias.

Ainda não sei o que eu realmente quero dessa paixão que nutro por Ethan, mas posso apenas imaginar como seria beijá-lo e tocá-lo. Para piorar eu sai que ele me considera como um irmão e melhor amigo, o que não ajuda em nada. Por vezes me pego pensando em como seria namorá-lo, mas logo mando esses pensamentos impossíveis para longe.

O amo tanto que só de vê-lo me sinto alegre. Além de tudo isso eu o admiro como pessoa; Ethan é gentil e carismático e sempre cativa qualquer pessoa. Tudo aquilo fez eu me apaixonar por ele ao longo dos anos em que fomos amigos, até agora. Meus sentimentos ainda borbulham com ele por perto, mas não há nada que eu possa fazer. Nunca terei coragem para falar ou tentar alguma coisa.

━Convidá-lo para cá… Mas preciso de uma desculpa para fazer isso Kenny. -ele fica sério e sopra a fumaça longe

━Diga que pode ajudá-lo com o conteúdo.

O estou ajudando mesmo não querendo, mesmo sabendo que aquilo me machuca.

━Boa ideia! -ele sorri de orelha a orelha

Sinto meu coração se apertar e desvio o olhar para o chão, perdido em memórias felizes de nós dois juntos.

CHARLIE

Estou nervoso mas tento não aparentar. Eu sabia que ele estava a fim de mim, mas não fazia ideia de que iria investir assim tão rápido.

Eu já estou acostumado a ter atenção, principalmente por causa do meu passado e por causa dos meus pais: minha mãe é bailarina aposentada e meu pai é um pintor conhecido. Mesmo assim ainda fico vermelho ao ter a atenção de um garoto bonito voltada para mim.

Também estou ansioso, demais. Não deveria estar assim, mas eu quero muito causar uma impressão boa nos primeiros dias de aula. Tenho medo que alguém pense coisas idiotas e recorrentes a meu respeito. Admito que ser filho único me faz ser um pouco egoísta, mas fora isso tento ao máximo ser simpático e gentil com todos.

Nesse momento o sol toca minha pele e agradeço por ter colocado protetor antes de sair de casa.

No primeiro dia de aula minha mãe correu atrás de mim como uma louca, ansiosa e temerosa por me deixar ir para a escola sozinho (com o motorista, na verdade) em um país diferente, para onde havíamos nos mudado devido a uma oferta de emprego para ela dar aula de dança.

━Não é muito longe. -Ethan murmura, caminhando rápido e olhando para mim a todo o instante

Sorrio para ele e dou uma risadinha, mais interna do que externa. Parece que ele está mais nervoso do que eu.

Eu sei que não há conteúdo para ele me ensinar, mas eu não tenho nada melhor para fazer hoje. Além disso o acho muito bonito. Passo o trajeto todo o olhando de costas, apreciando os músculos na camisa de botões que faz parte do uniforme escolar.

O piercing na orelha e na sobrancelha lhe deixa mais interessante e a tatuagem no antebraço me agrada bastante. Ele é o tipo de cara que eu gosto: mais alto, mais forte e mais masculino que eu. Coro com aqueles pensamentos. Faz tempos que eu não fico com ninguém... Na França eu tinha um namorado, mas havíamos terminado há meses.

Por fim chegamos ao prédio em que ele mora. Parece bem modesto e pequeno, mas tento não julgar; repito a mim mesmo que apenas por ter crescido em lugares espaçosos não significa que todos lugares sejam assim. Eu nunca verbalizo esses pensamentos que podem ser considerados mesquinhos, ou infatis, apenas quando estou estressado ou nervoso. Ou com raiva, caso contrário sempre tento esconder esses traços da minha personalidade.

Entramos e subimos um lance de escadas pequeno, até ele abrir a porta no topo da escada, que nos leva para dentro do apartamento pequeno.

Está organizado, é pequeno e com uma decoração… Simples. Algumas paredes têm rachaduras pequenas, alguns móveis são antigos demais, mas gosto do ambiente, tem um cheiro bom, que depois reparo que vem de um incenso aceso na sala. Uma brisa fraca entra pela janela e levanta meus cabelos.

━Então… -ele fala nervosamente, mudando o peso do corpo de um pé para outro

━Sei que não me convidou para ver o conteúdo Ethan. -murmuro com um sorriso

Eu geralmente não sou tão direto assim, mas decido que um outro país merece umas mudanças de personalidade. Eu poderia lidar com a timidez e o remorso depois.

Ele está estático, me encarando sem saber o que dizer, como da primeira vez que falou comigo, dias atrás. Deixo minha mochila em seu sofá pequeno.

━Podemos beber algo…? -sugiro

Ele engole em seco e parece “acordar”, pisca e balbucia algumas coisas.

━Claro, claro. Um suco? -franze o cenho com dúvida e eu rio baixinho

━Cerveja? -arqueio as sobrancelhas com um risinho e ele fica por uns minutos boquiaberto

━Não prefere vinho?

Rio mais.

━Não, cerveja está ótimo!

Ele prontamente anda até a cozinha e ouço os barulhos de copos e da geladeira abrindo. Em 1 minuto ele está em minha frente, me entregando um copo com um líquido escuro. Bebo um gole rápido, sem parar de olhá-lo.

Talvez ele me conheça da televisão? Provavelmente sim, porque me olha como se eu não pertencesse àquele ambiente e parece um pouco paralisado comigo em sua sala.

━Não vai beber? -indago apontando para o seu copo

━Vou, mas… Você não prefere sentar para beber?

Estou em pé apreciando o vento em meu rosto, mas sento-me no chão de carpete rapidamente. O encaro e Ethan ainda parece surpreso.

━Por que está me olhando assim?

━É que… Bom, pensei que pessoas como você não faziam essas coisas. -o olho com impaciência e noto uma mania sua: passar as mãos nos cabelos quando nervoso

━Pessoas como eu?

━Eu assistia seu programa. -ele não me olha ao falar aquilo e relaxo minha expressão, tentando não ser um idiota

━Eu nem estaria aqui se fosse como as outras celebridades ou filhos de celebridades. Mas não me importo em sentar no chão, ou beber cerveja. Você parece chocado demais, será que podemos conversar normalmente? -murmuro a pergunta e doutapinhas ao meu lado no chão para ele sentar

Parece que eu sou o anfitrião ali.

━Desculpe, mas você fez programas de televisão quando pequeno, deu entrevistas… -ele senta-se

━Aquele programa durou o suficiente, não queria mais fazer aquilo, então meus pais resolveram me proteger daquela exposição toda. -tomo mais um gole da bebida- Mas não gosto de falar sobre isso, vamos falar sobre você. -sorrio e levanto meu copo em um brinde

━Eu?

━Você me convidou para cá, com quais intenções? -decido provocá-lo

Ficamos em silêncio e espero uma atitude dele, mas percebo rapidamente que eu terei de fazer algo. O encaro de soslaio.

━Você é a pessoa mais bonita que eu conheci. -as palavras escapam de sua boca e sei disso por causa da cor rosada das suas bochechas

Ele não é o primeiro a me dizer aquilo, mas fico lisonjeado mesmo assim. Sinto calor e largo o copo no chão ao meu lado.

━Obrigado -murmuro- você também é muito bonito. -não o encaro ao dizer aquilo, sentindo minhas bochechas esquentarem

Fico surpreso ao sentir sua mão segurar meu queixo e levantá-lo levemente.

━Posso te beijar? -ele pergunta

Sorrio e mordo os lábios.

━Só depois de tomar sua cerveja. -aponto para o copo cheio dele- Não posso ser o único a ficar bêbado aqui.

Ele ri e pela primeira vez o vejo descontraído. Gosto do jeito como seus olhos se fecham conforme o sorriso se alarga. Meu coração acelera e tento relaxar, sem sucesso. Estou nervoso, mas talvez seja porque aqui nos Estados Unidos tudo é muito diferente e intenso.

A tarde passa com rapidez, entre cervejas e conversas, até não aguentarmos mais beber, até ficarmos num silêncio constrangedor, que se quebra apenas pela voz rouca e gostosa dele me dizendo que quando me viu pela primeira vez quis desesperadamente me conhecer e me beijar. Nós dois já estamos bêbados e eu só consigo rir e me sentir zonzo.

Estamos deitados no chão e a brisa está mais forte. Fico preocupado ao constatar que já está quase noite. Eu preciso ir embora, mas também quero beijá-lo antes de ir...

Engatinho pelo carpete até ficar em cima dele, uma perna de cada lado de sua cintura. Ele sorri e acaricia meu pescoço, seu sorriso bobo e bêbado me faz gargalhar até minha cabeça latejar.

Inclino-me para frente, ainda rindo e o beijo lentamente, um beijo com gosto de álcool, misturando nossas salivas sem pressa, explorando sua boca com lentidão, como há muito tempo eu não faço. Gosto da sensação dos lábios dele sobre os meus, do jeito como sua boca me pressiona. Adoro o toque das mãos dele percorrendo o interior das minhas por cima do jeans… Os toques me deixam arrepiados e sorrio quando sua boca desce para meu pescoço.

━Preciso ir embora -digo com dificuldade

━Pode dormir aqui -ele murmura, beijando meu queixo

━Minha mãe teria um ataque -rio e o empurro para o chão

━Posso te levar, a pé. -fala com a voz sonolenta

━Eu sei andar sozinho.

━Você recém se mudou e já está escurecendo, eu te levo.

Nos levantamos com dificuldade e ajeitamos nossas roupas. Havíamos consumido umas 5 latas de cerveja e só imagino o que minha mãe dirá ao me ver nesse estado.

______

━Charlie, você está louco? E você, quem é? -ela está furiosa 

━Ele veio me trazer, mãe. -reviro os olhos

━Vocês dois estão cheirando a bebida! -ela quase grita

Ethan está envergonhado, mas eu já estou acostumado com aquele comportamento superprotetor. Tivemos que caminhar bastante e quando chegamos ele pareceu um pouco deslumbrado com o condomínio em que eu morava.

━Me desculpe. -Ethan murmura

Sei que minha mãe está olhando para os piercings dele e sua tatuagem, porque o nariz dela se torce quando me puxa para dentro e fecha a porta na cara de Ethan. Bocejo ao ser arrastado para o sofá com agressividade.

━Eu espero honestamente Charlie que esse não seja outro garoto com quem você está saindo. As roupas dele estavam amassadas! E aqueles piercings? E a tatuagem? -ela põe as mãos na cintura e me olha com irritação- Recém começou as aulas e você já vai arrumar confusão?

Não respondo nada, zonzo demais com suas palavras e pela bebida. Fecho os olhos e adormeço no mesmo instante.

 

 


Notas Finais


• Nesse segundo capítulo já deu pra perceber um pouco a personalidade de cada um, o Ethan é meio impulsivo e nervoso, o Kanaam é introvertido e calmo, já o Charlie é mais extrovertido e alegre.
• Me pergunto quem será que vocês vão odiar RSRSRSSR
• Obrigada a todos que estão acompanhando, se possível comentem, para me estimular a escrever mais!
• Beijinhos, nos vemos nos comentários ♥
Lembrando que também posto essa fanfic no Wattpad: https://www.wattpad.com/story/119375733-segmentos


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